Capítulo 11

952 Words
  PONTO DE VISTA DE STELLA   "Você vai dar aula particular para o Tyler Lewis?" Os olhos de Vince se arregalaram de empolgação por trás dos óculos grossos.   "Vince, fala baixo. Foi o que o Sr. Clark me disse." Respondi, puxando a manga de sua camisa.   "Sabe que este ano será o melhor da sua vida? Vai conhecê-lo melhor. Quem sabe, são feitos um para o outro." Vince ergueu as sobrancelhas de modo cômico, e eu ri. "Estou tão feliz por você, Stella."   "Do que está falando, Vince? Não vou aceitar ser tutora dele. E como pode dizer que somos feitos um para o outro? Ele só me notaria para me perturbar, não como garota. Não sou o tipo dele. Nem consigo competir com a beleza e popularidade da Maxine."   "Você é linda, Stella. Especialmente seus olhos. Se tirasse esses óculos e usasse lentes." Vince me analisou da cabeça aos pés. "Se se livrasse desse cabelo cacheado volumoso, aparasse as sobrancelhas, vestisse um vestido sexy e salto alto, seria mais bonita que a Maxine."   "Ha-ha. Muito lisonjeiro."   "Estou falando sério, Stella. Levo você ao salão onde minha prima trabalha, e começamos pelo cabelo. Vamos cortar e alisar." Vince tocou meu cabelo postiço, e afastei suas mãos.   "Por favor, não toque." Retruquei.   "Espera, tem um fio vermelho aparecendo—"   "Vince!" Empurrei-o para longe. "Disse para não tocar no meu cabelo!"   "Stella..." Ele ficou chocado com meu outburst repentino, e senti-me culpada. Não quero que ninguém descubra minha verdadeira identidade.   "Desculpe, Vince. Só não gosto que mexam no meu cabelo." Olhei para baixo e verifiquei o relógio. "Vou para a biblioteca. Quer vir?"   "Vou depois. Preciso entregar este projeto para o Sr. Grey." Vince mostrou um ensaio de três páginas. Concordei com a cabeça e toquei seu ombro ao me afastar.   No quarto degrau da escada da biblioteca, tentando alcançar um livro de Física na prateleira mais alta, vi pelo canto do olho Tyler olhando ao redor e pegando um livro aleatório da seção N. Ignorei-o e estiquei o braço quando senti sua presença abaixo da escada.   "Pode colocar isso de volta para mim?" Tyler pediu, estendendo o livro que pegara.   Olhei surpresa e franzi os olhos. Examinei a capa e balancei a cabeça.   "Isso é Ciências Naturais, fica na seção C, não aqui no P." Respondi secamente, descendo da escada. Por que não me pedia diretamente para ser sua tutora? Sabia que era disso que precisava.   Revirei os olhos quando ele coçou a nuca e colocou o livro em qualquer lugar. Continuei descendo e levei um susto quando meu pé direito escorregou do último degrau. Fechei os olhos, preparando-me para o impacto, mas alguém me segurou.   Era Tyler.   Tudo parou. Meu coração disparou quando nossos olhares se encontraram, sentindo suas mãos quentes me sustentando. Fechei os olhos quando seu rosto se aproximou, mas o momento se desfez rapidamente. Voltei à realidade ao ouvi-lo tossir constrangido.   "Saia de perto de mim!" Disse, tentando disfarçar a vergonha e o rosto que certamente estava vermelho.   "Desculpe?" Tyler respondeu com voz rouca. "Acabei de salvá-la de uma queda, e é só isso que me diz?"   "Ah, claro, obrigada! Pedi para me salvar?" Virei-me, peguei o livro que ele deixara na seção O e o devolvi à seção C. "Não é tão difícil, né?" Comentei ao colocá-lo no lugar correto.   "Tudo bem, escute aqui, S-Stella, né?" Ele gaguejou. "Preciso da sua ajuda."   Olhei para ele e ergui uma sobrancelha. Então agora era "Stella", não "nerd". "Ajuda?" Ah, era sobre as tutorias. Cruzei os braços e o ouvi.   "O Sr. Clark disse que eu poderia pedir para você me dar aulas." Não respondi. "Estou indo m*l mesmo e não posso jogar futebol. Espero que você possa me ajudar."   "Então está me pedindo para ser sua tutora?" Perguntei, vendo-o corar e baixar os olhos.   "Sim."   "Não." Virei-me para ir embora, deixando-o perplexo. Sorri ao sentir que ele me seguia.   "O quê?" Ele perguntou. "Espere! Stella!" Correu até mim e segurou meu braço — uma corrente elétrica percorreu meu corpo. Ele também deve ter sentido, pois me soltou imediatamente.   "Mas o Sr. Clark disse que você era minha melhor opção," argumentou.   "Que pena, terá que encontrar outra pessoa, porque não estou interessada."   "Sabe, Stella. Se é sobre o que fiz no passado... Quero dizer, o bullying. Sinto muito," explicou. "Preciso de notas melhores para entrar na faculdade e jogar futebol de novo. Suas aulas me ajudariam, por favor?"   "Uau, o garoto rico, popular e bonito não consegue entrar na faculdade com suas notas. Parece que terá que fazer o que todo rico faz nessa situação."   "Espere, está me dizendo que sou bonito?" Ele sorriu, e minhas bochechas queimaram. "E o que quer que eu faça? Está sugerindo que suborne minha entrada na faculdade e no futebol?" Ele riu. "Isso foi baixo, Stella. Não pensei que você sugeriria algo assim."   Meus olhos se arregalaram. "Não disse para subornar! O que estou dizendo é—"   "Realmente não entendo por que não quer me ajudar," ele me interrompeu. "A maioria das garotas morreria por esta chance. Estar comigo e me ensinar." Deu-me seu sorriso característico.   Ergui uma sobrancelha e mostrei uma expressão entediada. "Bem, Sr. Lewis. Sinto muito, mas não sou como a maioria das garotas. Não passo meu tempo atendendo a garotos mimados que esperam que eu faça o trabalho deles. Encontre outra pessoa! Adeus, Sr. Convencido, Mimado, Riquinho!"   "Espere—!" Virei a esquina antes que ele pudesse se defender.   Exalei profundamente ao ver que não me seguiu desta vez. Graças a Deus. Um pouco de resistência contra suas súplicas não foi tão difícil, né? Apertei o livro contra o peito e voltei para a aula com um sorriso no rosto.
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