Capítulo 5

898 Words
  Anneli   “Preciso mesmo ir vê-lo? Ainda estou com soro”, protestei.   “Acho que o soro já está vazio”, Henrik respondeu, entrando no quarto.   Suspirei quando ele confirmou que de fato estava vazio.   Henrik desconectou o soro e repetiu:   “O Sr. Remy quer vê-la urgentemente.”   Respirei fundo e me sentei. Não era como se pudesse evitá-lo quando quisesse.   Ele era meu marido.   Saí da cama e segui Henrik escada abaixo.   Encontrei Marceau em sua cadeira de rodas.   Minha mala estava no centro da sala, com todas as minhas coisas espalhadas pelo chão. Nem tivera tempo de desfazer as malas – o que era aquilo?   “Por que mexeram nas minhas coisas?”, perguntei.   Henrik aproximou-se e explicou:   “O Sr. Remy não está acostumado com pessoas por perto. Como deve ter notado, ele é muito cético em relação à senhora, especialmente por ter sido noiva do primo dele. Então tivemos que revistar seus pertences e…”   Antes que Henrik terminasse, Marceau jogou algo em mim.   Era uma necessaire.   “Você é ainda mais desprezível do que imaginei.”   Franzi a testa ao abri-la. Havia vários frascos de pílulas. Nem sabia o que eram – tive que ler cada rótulo.   Alguns eram afrodisíacos, outros para fertilidade, e alguns para potência s****l.   Engoli seco.   Como isso foi parar na minha mala?   “Já está tão ansiosa para ter meu filho? Esse é seu plano? Casar comigo porque sou o mais rico da família Remy. Veio para mim, mesmo obviamente amando o Claude.”   “Não sei do que está falando”, retruquei, irritada.   “Aquela caixa deve explicar. A caixa que trouxe para minha casa, cheia de suas memórias com o Claude”, zombou.   Meu coração acelerou ao me aproximar da caixa para ver melhor.   Abri e vi diversas fotos minhas com Claude – parecíamos ter um lindo romance, quando na verdade nunca saímos sequer uma vez. As fotos eram claramente forjadas, photoshopadas!   O que estava acontecendo?   Havia também colares em forma de coração, uma pulseira, até cartas de amor.   “Realmente me achou i****a? Ouviu que sou aleijado e pensou que seria fácil me manipular? Conheço mulheres como você, já vi muitas – e vai se arrepender muito de ter tido a audácia de se tornar minha esposa!”   Encarei seus olhos frios e vazios.   Mesmo num casamento sem amor, sabia que aquelas “lembranças” eram um insulto – algo que nenhum homem engoliria facilmente.   “Não trouxe nada disso, eu juro. Claude e eu nunca…”   Parei, sabendo que ele nunca acreditaria.   Qualquer explicação soaria como mentira ou desculpa esfarrapada.   Engoli seco e soltei: “Desculpe”.   “Você não vai durar muito nesta casa.” Com isso, afastou-se em sua cadeira.   Olhei para as coisas espalhadas, tentando entender como foram parar ali.   E então lembrei da noite em que fazia as malas.   Quando terminei, fui ao banheiro. Ao voltar, vi Candy saindo do meu quarto.   Não pensei muito na época, pois estava aliviada por estar deixando aquela casa.   Então era isso que ela foi fazer!   Candy sempre teve ciúmes de mim desde pequena.   Sempre me perguntei o motivo.   Ela tinha tudo, eu não tinha nada.   Ela sempre recebeu tudo, mas se me via com o mínimo que fosse, também queria.   Não era só ciumenta – era pura maldade.   Por isso não me surpreendi ao vê-la com Claude.   Mas ela claramente não queria o Marceau!   Então por que faria isso comigo?   Não precisei pensar muito. Ela claramente não queria que eu tivesse paz, não importasse para onde fosse.   Queria que Marceau me detestasse, me visse como interesseira – e conseguiu.   Acho que não havia como eu e Marceau nos darmos bem algum dia.   Os dias passaram e não vi Marceau, mesmo morando na mesma casa. Era como se não suportasse minha presença, fazendo de tudo para não cruzarmos.   Tentava ver o lado positivo. Pelo menos não me machucava fisicamente.   Uma manhã, meu celular tocou.   Era Georgette, minha melhor amiga.   “Oi, Georgette”, atendí.   “Anneli, as coisas não estão boas. Candy sabotou seus projetos. Trouxeram um novo estilista.” Como estilista, sempre trabalhei no mesmo círculo que Candy, e ela adorava interferir nos meus negócios.   Por que ela não me deixava em paz?!   “Vou investigar isso.”   Georgette ficou em silêncio um instante antes de dizer:   “Então… não vai me dar notícias do seu casamento repentino? Como está? O Marceau Remy é tudo o que dizem?”   Suspirei fundo, saindo do quarto ainda ao telefone. Só queria descer para pegar uma bebida.   “Ele é, e pior. É c***l e um completo idio…” Parei no meio da escada ao avistar alguém sentado no sofá da sala.   Arrepiei-me quando ele olhou na minha direção.   Era Marceau.   Estava de terno preto e parecia incrivelmente atraente.   Lançou-me um olhar glacial antes de desviar o rosto.   Engoli seco.   Ele me ouvira insultando-o ao telefone?   Meu Deus.   Não devia fazer nada para que me odiasse mais ainda.   “Te ligo depois”, disse à Georgette, desligando.   Pensei em me explicar. Poderia mentir, dizer que não falava dele.   Enquanto reunia coragem para encarā-lo, vi-o levantar e dirigir-se à porta.   Meu Deus, era tão alto e atraente. Nunca entenderia por que precisava fingir ser aleijado.   Nunca imaginei que a postura de um homem andando pudesse ser tão… sensual.
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