Meu nome é Aurora Monteiro, tenho 27 anos e trabalho como contadora na montadora de carros do meu pai, o grupo Monteiro C.I.A, desde que me formei na faculdade. Sou casada há 07 anos com meu marido Júlio e tenho um filho de 05, Théo, a luz dos meus olhos. Meu marido é chefe de um restaurante de luxo aqui em São Paulo, onde vivemos, mas sonha em ter seu próprio negócio. Meu pai até chegou a oferecer dinheiro para que ele abrisse o tão sonhado restaurante, mas Julio recusou, já que não se dá bem com o meu pai. No começo eu até achei que fosse implicância dos dois, ou, ciúmes da parte do meu pai por eu ser sua única filha, mas com o passar dos anos, essa inimizade apenas aumentou, ainda mais depois que meu marido recusou a ajuda do meu pai com o restaurante, fato esse, que foi visto por ele como um orgulho medíocre e sem cabimento. Minha mãe, Liliane, tenta conciliar da maneira que consegue, coitada, se nem eu que sou filha e esposa consigo fazer com que os dois se deem bem, como ela poderia? Não muito sobre o que reclamar de Julio, ele é um bom marido e bom pai, embora seja um pouco ausente por causa do seu trabalho no restaurante. Eu entendo, sei que ele quer crescer e por isso precisa se dedicar, embora Théo e eu sintamos muito a sua falta em casa. Meu filho se queixa mais do que eu, e eu tento confortá-lo, dizendo que o papai precisa trabalhar e que em breve terá seu próprio restaurante e as coisas irão melhorar, pois assim, ele conseguirá passar mais tempo conosco. Contudo, a verdade é que Julio anda cada vez mais distante, tanto de mim, quanto do filho, eu tento entender, mas está difícil, pois além de distante, ele também está mais calado e pensativo. Eu já até pensei em conversar com ele sobre isso, mas como? Se ele nunca está em casa?
Hoje é só mais um dia de trabalho na empresa, minha mesa está cheia de papéis, graças a Deus a montadora vai muito bem, mesmo em meio a crise, ao que tudo indica, não existe esse negócio de crise para os ricos e milionários do Brasil. Que seja! Eles compram nossos carros, nos enriquecemos ainda mais. Obrigada, elite brasileira!
- Então? Animada para a viagem? - perguntou Léo, meu melhor amigo desde a escola e que trabalhava comigo aqui na empresa, como contador também.
- Ah, não sei bem. Eu sempre quis ir para o México, mas não me sinto tão animada. - dei de ombros. Minha família havia inventado essa viagem de férias, a família de Julio também iria, cortesia do meu pai, que eles não foram bobos de recusar. Eu sei que deveria estar animada, mas sinto que meu casamento está em crise, e uma viagem dessas era a última coisa que eu queria agora.
- Se anima, menina! Que isso! O México é tudo de bom, eu nunca fui, mas imagino que deva ser. - eu rio - Ô lugar pra ter homem bonito.
- Aí, você não existe, Léo.
- E o seu marido? Conseguiu dispensa do trabalho para a viagem?
- Por incrível que pareça, sim, conseguiu. O engraçado é que pra viajar ele consegue tempo, mas para ficar em casa com o filho dele, não.
- Ele ainda está estranho, amiga?
- Está sim, e eu não sei o porquê. Mas eu não quero falar nisso, quero focar nessa viagem, já que estou praticamente sendo obrigada a ir. Eu queria muito que você viesse conosco, Léo.
- Eu?! Endoidou foi? Jamais iria me meter em uma viagem de família, eu hein.
- Mas eu estou te convidando, ora!
- Já disse que não me sinto bem, amiga, deixa pra próxima.
- Isso se tiver, né? Bom, vamos focar no trabalho e aguardar o final do expediente, já que amanhã
estaremos de férias.
- m*l posso esperar para esse dia passar logo.
- U.Uull.
O dia passou vagaroso, é claro, é sempre assim quando se anseia pelo final do dia. Entretanto, amanhã estaremos embarcando para uma viagem que promete ser inesquecível.