Capítulo 3

2842 Words
Neal Nem sei como cheguei à boate. Minha mente voava tão alto que me deixava completamente disperso. Estava enfeitiçado, para dizer o mínimo. Completamente de quatro por uma freira. Maldição de garota mais linda. Merda...o que eu faria agora? Pela primeira vez na minha vida eu não sabia como agir. Se eu fosse muito afoito com ela, seria fatal. E o pior de tudo, se bem me lembro, Evan diz que ela ficaria aqui um mês. Um mês! Era o prazo que eu teria para conquistá-la. Acho que vou precisar da ajuda da minha cunhadinha. Fui até a mesa e os olhares se fixaram em mim enquanto me aproximava. E de repente me senti mal, muito mal mesmo. Como eu poderia ter esses pensamentos com a Abby se eu namorava a Victória? Merda... como resolveria esse problema? Estava sendo muito cafajeste por pensar em terminar com ela? Ou muito burro? Mas que merda! Há algumas horas eu so pensava em me esbaldar com Victoria e agora sequer conseguia me imaginar ao lado dela. Que droga  de feitiço era esse? – O que foi? Perguntei encarando meu irmão. – Entregou sã e salva? – Evan... Você é irmão dela ou o que? Claro que está bem. Ligue para ela se quiser conferir. Ele fechou a cara, mas eu ignorei. – Claire, ela acabou esquecendo a bolsa no meu carro. Pegue comigo depois, sim? Claire deu um sorriso falso de dar inveja a qualquer atriz de cinema. – Claro. Antes de irmos você me entrega. – Evan, vamos dançar um pouco? Kelly se levantou sem dar tempo para que ele recusasse. Para mim ficou óbvia sua intenção de tirá-lo daqui. Assim que eles saíram Claire falou: – Fique com a bolsa. Amanhã, durante a festa em sua casa você devolve pessoalmente. Dei um sorriso largo. Não é que a pequena tinha boas ideias? – Não tinha pensado nisso. – Sei que não. E como foi? Tudo bem? – Eu a beijei. Jonathan gargalhou. – Putz. Esse meu irmão é um vagabundo mesmo. Mas ao proferir essas palavras eu me senti mal. Eu nunca fui infiel e abominava esse tipo de atitude. O que aquela ruivinha estava fazendo comigo? – E ela? – Acho que se assustou. Entrou correndo para casa. – Não correspondeu? Neguei remexendo a cabeça. – Merda. Que irmã burra – Claire, ela é uma noviça, não uma perdida feito você. – Jonathan! Olha o respeito. —Vociferou, mas voltou a me encarar. — E Victoria, Neal? –Onde ela está? Jonathan deu de ombros. – Não voltou desde aquela hora. Levantei-me. Eu precisava falar com ela e o quanto mais rápido fizesse isso, menos remorso sentiria depois. – Ótimo. Vou atrás dela. – O que vai fazer? – Terminar com ela, é obvio. – Jesus! O cara pirou de vez. Você ficou maluco, Neal? Victoria não vai entender nada. Aliás nem eu entendo. Você acabou de conhecer a garota. Eu parei por instantes. Em parte meu irmão estava certo. Eu troquei poucas palavras com Abby, não sabia nada sobre ela, o que gostava de fazer, suas músicas preferidas, filmes... nada. Como posso pensar em terminar com Victoria por causa de uma simples atração? Logo Abby voltaria para o convento e eu ficaria sozinho, afinal Victoria não perdoaria essa traição. Senti uma coisa estranha no peito ao pensar em Abby voltando ao convento. Não sei definir o que era, mas me senti sufocado. E então decidi que não havia outra coisa a ser feita. – Que se dane, Jonathan. Eu quero a Abby. E não vou ficar com duas ao mesmo tempo. – Sente-se, Neal. Claire falou tão séria que deu medo. Sentei-me imediatamente como se ela fosse minha mãe ou coisa parecida. – Tudo bem, eu admito que imaginei que você ficaria louco pela. Mas não imaginei que seria assim. Chegar ao ponto de terminar com a Victoria? – O que queria? Que eu continuasse ficando com a Victoria enquanto não consigo pegar sua irmã? Claire me deu um tapa no braço e eu me encolhi. – Olha como fala comigo. Atrevido. – Olhe, eu não sei o que houve. Mas...eu quero Abby para mim. Tudo bem que ela é gostosa, mas no momento nem estou pensando em sexo. – Jura? Perguntou me olhando totalmente descrente. – Juro. – Mas o que... paixão a primeira vista, mano? Olhei Jonathan sem realmente enxergar. Seria isso então? Uma paixão explosiva a ponto de me fazer terminar com minha namorada sem ao menos pestanejar? Pior era fazer isso tendo conhecido Abby há menos de duas horas! Será que eu realmente não estava confundindo as coisas? Não. Não poderia ser. Nunca senti nada tão intenso. Levantei-me sem dizer nada e sai andando atrás de Victoria. Para que adiar? Eu não teria sossego enquanto não colocasse um fim naquilo tudo. Era terminar com ela, ir embora e torcer para que chegasse logo a hora da festa em minha casa. Encontrei Victoria com um grupo de amigas, muitas das quais davam em cima de mim descaradamente. – Boa noite, meninas. Vic, preciso falar com você. – Algum problema, amor? Está estranho. – Vamos sair um pouco, por favor. Victoria levantou-se, visivelmente confusa. Levei-a ate o estacionamento e entrei no meu carro. – Está me deixando preocupada. – Vic... eu andei pensando. Acho que não da mais para continuarmos. Estou terminando nosso namoro. Ela ficou um tempo me encarando depois começou a rir. – O que pretende com isso? Transar comigo aqui? Sabe que não precisa de chantagem. Ela colou seu corpo no meu, as mãos espalmadas em meu peito. Mas por incrível que pareça aquilo não me excitou... não mais. Quer dizer... so um pouco, afinal ninguém é de ferro. Segurei suas mãos e empurrei-a delicadamente. – Estou falando serio, Victoria. Não quero mais. – Que palhaçada é essa, Neal? – Não é palhaçada. Tente entender. Você não é burra. Eu.não.quero.mais. – Só por que eu não quis dar uma rapidinha? – Pare de pensar apenas pelo lado sexual. Ela riu alto e me encarou com raiva. – Como se você não pensasse nisso o tempo todo. Apontou o dedo em minha cara. – Escute aqui, Neal... se estiver me deixando por causa daquela freirinha, verá o estrago que vou fazer em sua vida. – Freirinha? Do que está falando? Eu tentei disfarçar, mas Victoria era esperta demais. Eu que sou um ingênuo e acreditei que tudo foi tão rápido que talvez ela não tivesse percebido meu deslumbramento por Abby. – Pensa que não vi como olhou para aquela garota? Quase engoliu-a com os olhos. Se eu souber que estou sendo trocada por aquela coisinha insignificante vou infernizar a vida de vocês. – Vocês? Peguei-a pelo braço e sacudi levemente. – Não se atreva a chegar perto da Abby. – Uhu... Abby? Viu como eu tinha razão? Você não vale nada, Neal. – Victoria eu não queria que fosse assim. Pensei que fosse mais madura. Eu quero mais. Não quero apenas sexo sem amor. – Ah é? E posso saber como descobriu isso? – Chega, Victoria. Eu paro por aqui. Girei meu corpo e abri a porta, saindo do carro e começando a andar de volta a boate. – Vai se arrepender disso, Neal. Estou avisando. Dei de ombros e continuei andando sem olhar para trás. Ouvia os passos de Victoria atrás de mim, mas não me virei para olhar novamente. Daria um tchau para todos e iria embora. Percebi que Claire estava inquieta na cadeira e logo saquei que não passava de curiosidade a flor da pele. – E então? – Estou livre feito um passarinho. – Hahaha... livre? Já está preso nas garras da freirinha. – Cale a boca, Jonathan. Se o Evan ouve você... – Deixa que Kelly cuida do Evan, Neal. Agora tenho que pensar numa estratégia para amanhã. – Já te disse que é a melhor cunhada do mundo? Ela me olhou, debochada. – Agora ne? Eu gargalhei. Essa historia estava me agradando mais do que pensei. *** Eu estava nervoso. Lógico. Passei o resto da noite deitado em minha cama, sonhando com aquela garota. Patético para alguém da minha idade. Claire não deu nenhuma ideia, apenas disse que ia deixar rolar. Olhei mais uma vez a foto dela que peguei em sua bolsa. Foto que me fez companhia a noite toda. Era covardia. Uma garota daquela num convento? E quando ela voltasse para lá? Eu teria que dar um jeito. Tentar impedir isso. Mas como? Contando com Claire e Kelly, claro. Graças a Deus não cruzei com Evan em meu caminho. Ele estava atarefado com a preparação da festa, afinal o noivado era dele. Mas Jonathan estava no meu pé enquanto me arrumava. – Vá com calma, Neal. Por favor, não vá apavorar a garota. – Está pensando que sou o que? – Não estou pensando nada. Mas está tão maluco por ela que é capaz de fazer besteira. – Fique tranquilo. Não vou aprontar nada. – Espero que não. E ande logo que elas já estão chegando. – Já estou pronto. Desci com Jonathan e fomos direto para o jardim, onde um elegante Buffet foi armado. Vários convidados já tinham chegado e Evan os recebia. Parei ao lado dos meus pais, envolvendo o ombro da minha mãe com meu braço. – Está faltando você, Neal. Quando será seu noivado com Victoria? – Nunca. Os dois me olharam, atônitos. – O que? – Terminei com Victoria, mãe. – Mas por quê? Estavam tão bem. – A gente se dava bem, realmente. Mas não era amor. – Eu sempre soube que não era. Olhei para o meu pai e ele ria, debochado. – Poderia ter me avisado então, pai. – Para que? Eu sabia que cedo ou tarde descobriria. – Mas agora eu descobri e... Parei de falar ao ver as três mosqueteiras chegando. Claire, Kelly ...e Abby. Não me pergunte que roupas elas usavam, pois eu só tinha olhos para Abby. Linda num vestido rosa que marcava sua cintura fina. – Quem é aquela? – Abby... Eu falei quase em júbilo. Kelly se aproximou e apresentou Abby aos meus pais. – Encantada, Abby. Nossa, mas você é muito linda. – Obrigada, senhora Carter. – Nada de senhora e senhor aqui, por favor. Ela deu aquele sorriso lindo. Porra... eu ia morrer aqui. – Desculpe-me. Seu olhar desviou para o meu. – Como vai,Neal? – Melhor agora. Suas bochechas enrubesceram e senti vontade de mordê-las. Meus pais pediram licença, mas antes de se afastarem meu pai cochichou em meu ouvido. – Que excelente forma de descobrir que não gostava da Victoria, hein? Merda. Estava tão na cara que eu estava de quatro por Abby? Talvez aproveitando meu momento de distração Kelly se afastou com Abby e Claire veio ate mim. – Aguente firme. Nada de avançar o sinal. Espere minha ordem. – Tudo bem, chefe. Ela gargalhou e foi em direção ao Jonathan. E eu fui obrigado a obedecer. Porem, três horas mais tarde eu começava a ficar nervoso. Claire e Kelly não saiam do lado da Abby e isso estava me irritando. Até que vi Jonathan pegar Abby pela mão e começar a dançar com ela. Não aguentei e fui até Claire. – Que merda... Ela me interrompeu antes que eu começasse a xingá-la de todos os palavrões que conhecia. – Calma ai. É só uma armação, Neal. Deixe de ser burro. – Custava me avisar? Ela apenas rolou os olhos e claro, não me respondeu. Esperamos um pouco e depois Claire me pegou pela mão e parou ao lado do Jonathan. – Dance com Neal agora. Preciso dançar com meu namorado. Já foi afastando os dois e colocando a mão de Abby na minha. – Eu não... – Não faça desfeita no dono da casa,Abby. Pelo amor de Deus. Claire começou a dançar com Jonathan e se afastou. Segurei Abby, uma das mãos na cintura e a outra segurando sua mão em meu peito. – Não precisa ter medo de mim. – Não tenho medo. Já falei. – É? Fico feliz por isso. Apertei mais meu abraço em sua cintura e fechei meus olhos deliciado com a maciez de seu corpo. Cada célula do meu corpo tremia. Vontade de enterrar meu rosto naqueles cabelos e sentir seu cheiro delicioso mais uma vez. – Quanto tempo vai ficar aqui, Abby? – Um mês. Depois volto ao convento. – Será que volta mesmo? – O que quer dizer? – Nada. Ela ergueu a cabeça para me olhar e me perdi em seus olhos. Parecia que um ímã nos unia. Não conseguia desviar meus olhos e Abby também não desviava os dela. – Você é linda demais. – Você também. Acho que escapou sem que ela percebesse. Logo em seguida seu rosto ficou muito vermelho e ela me empurrou. – Vou procurar minhas irmãs agora. Ela se afastou, deixando-me estático. Vi que parou ao lado de Kelly. Mas algo se remexia dentro de mim. Ela sentia algo por mim. Podia perceber isso. Nem que fosse apenas tesão. – O que fez com ela? Claire estava ao meu lado junto com Jonathan e me olhava com expressão nada amigável. – Nada. Ela disse que me acha bonito. Acho que ficou com vergonha e se foi. Claire sorriu abertamente. – Olha só... vou levá-la ate seu quarto, sem que ela saiba que é seu, claro. Vou falar que vamos pegar a bolsa dela. Dê-me dois minutos e suba. Está na hora de dar uns amassos nela. – Pode pedir seu presente de natal, cunhadinha. Vou lhe dar o que quiser. – Ah é? Pode deixar que pensarei com carinho. Claire foi até Abby e em seguida entraram. Esperei um pouco e fui atrás. Parei perto da escada e esperei os dois minutos que ela falou. Em seguida subi. Parei, nervoso à porta do meu quarto, ouvindo enquanto conversavam. – De quem é esse quarto, Claire? – Do Neal. – Não deveríamos entrar assim. – Deixa de ser boba. Avisei para ele. Só não sei onde ele colocou a bolsa. Espere um pouco aqui. Vou perguntar a ele. – Claire, eu não... – Abby! Calma. Só vou perguntar a ele e já volto. Ele não vai ficar bravo por você estar aqui. – Tudo bem. Não demore. Claire saiu e me encontrou no corredor. – Neal pelo amor de Deus. Não a faça berrar como se fosse atacada por um maníaco. Vá com calma. – Fique tranquila. Vou tratar bem minha princesa. Claire revirou os olhos e saiu rindo. Inspirei profundamente e entrei. Abby estava de costas com meu porta retrato na mão. Uma foto da minha família. Quando ouviu a porta se fechar ela se virou e deu um pulo ao me ver, o porta retrato se espatifando no chão. – Ai meu Deus como sou desastrada. Fui até ela e segurei sua mão que se preparava para juntar os cacos. Novamente aquele arrepio que percorria meu corpo sempre que tocava sua pele. Eu preciso urgentemente entender o que realmente estou sentindo por essa garota, afinal eu não queria ser um canalha com ela. – Não foi sua culpa. Eu que entrei sem avisar. – Nada mais natural. O quarto é seu. Ajudei-a se levantar e assim que estávamos de pé eu puxei seu corpo para o meu. Ela ofegou, mas felizmente não fez nenhum gesto para me afastar. – Neal... – Abby... está me deixando maluco. – Por favor, não faça o que está pensando. – É mais forte que eu. Segurei sua nuca e busquei sua boca, rapidamente para não deixar chance para que recuasse. Novamente seu gosto doce e delicioso invadiu meu organismo me fazendo gemer. A boca era tão macia que me fazia salivar. E eu quase implorei. – Abby...Aceite meu beijo. Quase explodi de felicidade quando percebi que não ia precisar implorar tanto.Sua boca amoleceu e com a ponta da língua eu a abri ligeiramente. Dei pequenos beijos em sua boca antes de novamente cobri-la por inteiro, minha língua pedindo passagem, imediatamente sendo acolhida. Para minha surpresa seus dedos se enfiaram em meus cabelos. Apertei-a ainda mais quase fundindo nossos corpos. Separei nossos lábios apenas para olhar em seu rosto. Ela abriu lentamente os olhos, as bochechas coradas e então mordeu os lábios. Enlouqueci. Voltei a beijá-la e dessa vez ela permitiu timidamente que sua língua tocasse a minha. Minhas mãos desceram apertando a bunda firme e empinada. – Quero você, Abby. Quero você para mim. Maldita boca dos infernos. Bastou dizer isso e ela se remexeu em meus braços me empurrando. –Não posso. Não posso. Por favor me deixe em paz, Neal. Por favor. – Nunca. Você é minha, Abby. – Não sou! Ela gritou a beira de lágrimas. Que merda. Eu não queria isso. Eu fiquei atordoado por alguns segundos, sem saber como agir. Eu precisava fazê-la entender que foi paixão à primeira vista. – Tenho compromisso com Cristo. – Pois então vai se divorciar dele e casar comigo. Eu mesmo parei abruptamente, surpreso. Eu falei casar?
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