Como deve ser uma boa esposa…

3052 Words
- Então é isso? Vai mesmo casar com a filha do dono da fábrica de macarrão?- Perguntou Carina, nada satisfeita com aquela possibilidade. Estava bem a vontade na cama de Gregório, n.u.a dos pés a cabeça. Sentada entre os travesseiros, ela degustava uma taça de vinho, admirando a própria n.u.d.e.z pelo espelho logo na frente. O rapaz olhou rapidamente para os s.e.i.o.s firmes e médios de sua amante, não estava com vontade de gastar os seus minutos conversando, principalmente com aquele tipo de conversa. Cada segundo do seu tempo com Carina Bellini costumava ser muito bem aproveitado. Das viúvas que ele costumava ter um affair, aquela jovem era a única da qual tinha amizade, já que Gregório era muito amigo de seu irmão mais velho. Carina tinha em volta de seus vinte e três anos, e estava viúva há um ano. O marido dela era um jovem engenheiro, muito bonito, inteligente, astuto como uma raposa. Casou com Carina quando tinha vinte e oito, mas a união não chegou a durar muito, porque no auge de seus trinta anos, morreu de um ataque súbito do coração. Matteo Bellini sofreu um infarto, e como era jovem demais, as artérias finas do coração não resistiram. A jovem e bonita viúva rica ficou desolada, e foi no velório do falecido marido que tudo começou. Gregório foi com a família prestar seus pêsames, e daí que se aproximou mais da moça. Ele, sempre muito prestativo, principalmente com mulheres bonitas, se ofereceu para deixar Carina em casa. O consolo acabou se estendendo, e terminou como Gregório já esperava, na cama da viúva. Carina tinha um filho de quase dois anos, que ficava aos cuidados da babá, quando ela se entregava aos prazeres de seu mais novo romance. - O meu pai me colocou contra a parede. Acho que ele sempre teve interesse em expandir os seus negócios, e a fábrica de macarrão dá muito dinheiro, então fez uma espécie de acordo com o dono. Enfim, eu não tive como fugir dessa. Se eu não me casar com a Andréia, eu perco até a minha mesada. Não nasci para ser pobre, boneca.- Ele levou uma de suas mãos para a parte detrás do pescoço de Carina, acariciando-a bem no couro cabeludo. - Você é formado em economia. Podia ser o braço direito do seu pai nas exportadoras de vinho. Já imaginou? Poderia ser um diretor financeiro… Aposto que se parasse de viver de mesada ele te respeitaria mais.- - Confesso que gosto de trabalhar com números, sempre gostei de matemática por ser exata. Os cálculos não mudam, e não tem muita história por detrás dela. Não é difícil de memorizar.- - Viu? Tenha sua independência, Greg. Aposto como o seu pai desiste dessa ideia de te casar.- - Mas ainda assim, o meu pai não vai abrir mão do castigo. Não tem como viver com um salário de diretor.- - Um salário de diretor? Greg, um diretor de finanças ganha absurdamente bem. Além do mais você, filho do dono.- Gregório respirou fundo, começando a ficar incomodado com a insistência da mulher. - Meu bem, você não vai me entender. Eu tenho dificuldades em acordar cedo, cumprir horários… Meu pai é muito metódico com isso. Quando, um dia, eu assumir as vinícolas, as exportadoras… Aí, sim. Aí eu chego e saio na hora que quiser. Sou um explorador, sabe? Não nasci para ficar trancado em um escritório.- - Se você realmente se casar… Vamos deixar de nos ver?- Perguntou Carina, preocupada. Ela olhou para baixo, antes de subir os olhos pelo tórax n.u do homem. Seus dedos indicador e médio caminharam pelo tronco do rapaz, um deles circundando o p.e.i.t.oral direito. - Nunca. De você eu não abro mão.- Com um sorriso malicioso, Greg, que estava sentado de frente para a mulher, levantou-se do colchão e curvou-se até ela, deixando um beijo leve nos lábios da moça. - E como vai fazer para se livrar de sua esposa?- Murmurou Carina, agora sendo ela a pousar um beijo na boca dele.- Se bem que… Segundo o guia de como ser uma boa esposa, ela nunca vai poder reclamar quando você chegar tarde.- - Guia de ser uma boa esposa?- Greg franziu o cenho, ainda apoiando o corpo, com os braços, naquela posição. - Não soube? Mês passado saiu um manual de como ser uma boa esposa. Por sorte, eu já estava viúva. Não era tão dedicada ao lar quanto deveria, e seria menos ainda, se tivéssemos começado o nosso affair com o Matteo ainda vivo.- - O Matteo não precisaria saber de nada, aposto que nem perceberia. Todos diziam que ele era louco por você.- Gregório direcionou o rosto para a lateral da linha delicada do pescoço da jovem, depositando um beijo ali.- Além do mais, você não precisa ser recatada comigo, principalmente quando estamos dividindo a cama.- - Então chega de falar… Vamos comemorar o seu casamento do nosso próprio jeito. Mas, deixando claro que quero uma jóia bem valiosa como consolo.- Carina colocou o indicador no meio dos lábios dele, evitando que o mesmo a beijasse, enquanto não concordasse com sua proposta. - Tudo bem, uma jóia. Vamos conversar sobre isso, com certeza, mas agora estou com outros planos.- Sem mais delongas, Gregório levou uma de suas mãos grandes para a cintura esguia da garota, o polegar roçando com delicadeza sob a curva do s.e.i.o médio. Ele a engoliu com um beijo fervoroso, que prontamente foi retribuído pela jovem. As duas línguas se encontraram com dominância, se circundando. Ele se colocou por cima dela, e levou as duas mãos para as coxas esbeltas, apertando a pele de forma que marcas vermelhas registrassem a intensidade de sua vontade. Ele afundou o quadril por cima do quadril estreito dela, pressionando a evidência de seu desejo no meio da i.n.t.i.m.i.d.a.d.e feminina. Carina arquejou, agarrando as costas largas. As pontas de seus dedos também marcaram a pele dele, enquanto a mesma delirava em seu estupor de ardor. Ele beijou e mordiscou o pescoço delgado, antes de voltar a beijar a boca bem desenhada. Habilmente, levou uma de suas mãos para a parte posterior da coxa da moça, erguendo a perna, e dando a Gregório o acesso que ele precisava, para introduzir o seu m.e.m.b.r.o duro na f.e.n.d.a dela. Ele começou com estocadas leves e lentas, que foram se aprofundando a medida que a cavidade í.n.t.i.m.a da mulher o recebia melhor. Ele ficava totalmente dentro de Carina, e em seguida se afastava, voltando a se mover. Carina o prendeu em suas pernas, apertando o seu quadril contra o dele, ainda mais, apreciando senti-lo por dentro. - Por mais que seja casualmente, você é meu…- Murmurou Carina, ofegante, seus lábios roçando no lóbulo da orelha dele.- E não vou deixar que outra te tome só para ela.- - Não quero que deixe. Nada, no mundo, nenhuma mulher vai conseguir me prender. Eu…- Ele empurrou uma única vez, ficando dentro dela ao concluir suas palavras.- Sou do mundo.- … Como de costume, Andréia estava mergulhada em suas pilhas de livros, estudando incansavelmente sobre assuntos que poderiam interessar para a empresa. Vez ou outra, em seus momentos de deslize, a proposta indecorosa de seu pai ocupava os seus pensamentos. A voz dele ecoava na sua cabeça sempre que pensava no assunto. “ A salvação da nossa família está nas suas mãos, Andréia. Cabe a você escolher.” Era muita responsabilidade para alguém tão jovem. Como o seu pai foi se meter em tamanha enrascada? Se tivesse dado um voto de confiança para ela, não estaria passando por problemas financeiros, e não comprometeria o futuro de terceiros, como o dela própria. Ela teria bons conselhos de como o seu pai investir o seu próprio capital. Ela tinha boas ideias para alavancar a fábrica. A fábrica de macarrão era um sucesso, o país inteiro adquiria os produtos e as receitas da Collalto’s. O molho novo criado por Afonso, além das massas, em si, eram aprovadas em todo o Brasil. Até o macarrão instantâneo tinha uma alta saída. A fábrica poderia expandir, tinha porte e recursos para isso. Poderia chegar a ser uma superpotência, e dinamizar os negócios pelo mundo. Os Estados Unidos era uma potência mundial desde após o final da primeira guerra mundial. Há um pouco mais de vinte anos, em outubro de 1929, passou por uma crise conhecida como a “ Grande Depressão”, marcada pela quebra da bolsa de valores em Nova York, mas que, graças ao plano de recuperação econômica do presidente Roseevelt, conhecido como “ New Deal”, a economia do país conseguiu a voltar a apresentar resultados positivos. Nos anos seguintes, os Estados Unidos cresceram cada vez mais, voltando a ser um país evoluído. Andréia tinha planos ambiciosos para os negócios de sua família. Ela conseguiria fazer um bom acordo com os americanos e levaria a Collalto’s de Vigneto para o mundo. Andréia suspirou, saindo dos sonhos e voltando a realidade quando bateram na porta de seu quarto. Seu pai havia dado um dia inteiro para que ela pensasse naquela proposta, o que significava que na hora do jantar precisaria ter uma resposta definitiva. Anna, sua mãe, como sempre, não era capaz de esperar nada. Ela foi até o quarto de Andréia para garantir que sua filha mais velha faria a escolha certa. - Interrompo?- Perguntou Anna, colocando apenas a cabeça para dentro. - Eu estou estudando… Mas pretendia fazer um intervalo. Acho que preciso de um lanche.- - Ainda perde tempo com essas coisas? Andréia!- Anna bufou, adentrando o cômodo logo em seguida, e fechando a porta atrás de si, com uma das mãos livres, já que a outra ela usava para segurar um livro.- Deveria se concentrar em fazer um bom casamento, isso sim. O pretendente que seu pai arranjou está em falta no mercado. Já não se fazem homens do quilate de Gregório Salvatore.- - Sabia… Eu sabia. A senhora veio me convencer a terminar o meu namoro com o Enrico, e aceitar a tal proposta de casamento que o papai fez com o doutor Antônio.- - O Enrico é um bom rapaz, mas não tem um tostão furado. Não vai poder salvar a nossa família da ruína. Andréia… Você tem três irmãs moças, duas delas já em idade de casar. Pense no futuro das meninas… Principalmente da Beatriz, que ainda é menina. Pense em mim também, que estou prestes a entrar na velhice. Quer que sua mãe tenha uma velhice miserável?- - Chega, mãe. Chega de tanta pressão.- Disse Andréia, atordoada.- Eu tenho um prazo até o jantar. Até o jantar eu dou a resposta. Por que não perguntam a Theresa se ela não quer casar? Aposto que não negaria. Vive falando que quer ter um bom casamento.- - Você é a irmã mais velha! Ficaria m.a.l falada se suas irmãs mais novas casassem primeiro.- - Não me importo.- Andréia deu de ombros. - Seu pai não permitiria, seria mais um escândalo para a nossa família. São as tradições, Andréia. Além do mais, você é a filha que mais está dando defeito. Justamente você, que é a primogênita. Seu pai quer te encaminhar bem na vida.- - Sim, e fez isso… Preferindo ouvir estranhos do que a própria filha. Preferindo dar uma chance que era para ser minha, a terceiros.- - Vou torcer para que você não pense só em si mesma. Vou torcer para que coloque a família em primeiro lugar.- - Se o papai tivesse confiado em mim, na minha competência quanto ao mercado financeiro, ele não teria levado esse prejuízo.- - Andréia…- - Eu estudei para isso, mãe. Sou formada em economia, todos os dias me informo, acompanho os jornais, compro livros da área. Eu poderia dinamizar a Collalto’s, se tivesse uma chance.- Andréia suspirou, frustrada. Tinha tantos sonhos, mas parecia que todos eles estavam escorrendo pelo ralo. Até que… Ela arregalou os olhos, empolgada. Estava sendo um pouco egoísta, mas também precisava pensar no seu próprio umbigo. Antes dos seus sonhos, tinha a sua família. Antes dos seus sonhos, tinha o Enrico… Mas ela precisava encontrar uma oportunidade no meio daquela tragédia. - Eu ainda posso acrescentar uma pauta nesse acordo com o meu pai. Como não pensei nisso antes? É a minha chance! É a minha chance de realizar os meus sonhos.- A garota quase gargalhou mediante a sua empolgação. - Por Deus, Andréia, do que está falando?- Perguntou Anna, irritada por não captar o fio da meada. - Eu posso pedir uma moeda de troca. Posso me casar com o Gregório em troca de ocupar o cargo de diretora financeira na Collalto’s.- - Isso não vai ser possível, querida. O seu pretendente também tem formação em economia, e o seu pai já pretende colocá-lo como um dos diretores financeiros. Parece que o doutor Antônio não quer, por enquanto, misturar família com negócios.- - O meu pai pode me ceder uma vaga também. Ou posso trabalhar como diretora financeira do doutor Antônio, também não teria problema nenhum. Assim, o meu pai veria o meu desempenho, e se certificaria de que estou apta para tomar a frente dos negócios, e que não preciso de homem nenhum para isso.- - Você me assusta, Andréia.- Falou Anna, pálida. As vezes achava que sua filha tinha nascido com algum defeito.- Me pergunto aonde foi que errei.- - Por que tem algo de errado comigo, mãe? Por que o único futuro de uma mulher tem que ser se dedicar ao lar? Tem tantas mulheres que, assim como eu, têm uma formação. Tem tantas mulheres que querem algo mais.- - Já têm mulheres médicas e advogadas, mas nunca vi uma mulher ocupar um cargo como esse. Mexer com números, com finanças… Não fomos feitas para isso.- - Antigamente uma mulher não servia para nada, além do lar. Apenas as moças mais pobres trabalhavam em casas de família. Depois, as mulheres puderam ser professoras, até enfermeiras. Depois, advogadas, médicas… Aos poucos estamos ocupando o nosso lugar no mundo. Aos poucos estamos mostrando que podemos chegar aonde quisermos, e que o fato de não usarmos um par de calças não significa nada. Eu vou ser a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora financeira.- - Não existe essa denominação de “ diretora financeira”.- - Agora vai existir. É isso o que serei quando ocupar esse lugar.- - Olha… Eu te trouxe algo que vai te ajudar a colocar um pouco de juízo nessa cabeça do outro mundo.- Proferiu Anna, irritada, colocando o objeto em cima da mesa de cabeceira, antes de sair. A mulher estava tão indignada com as ideias progressistas de sua filha, que não perdeu a oportunidade de resmungar. - Nunca imaginei ter uma filha melindrosa. Uma mulher ocupando um cargo na diretoria financeira de uma fábrica… Nunca ouvi tantos absurdos.- Andréia bufou, contrariada ao ouvir os chiliques de sua mãe. Deu uma rápida olhada para o livro, fazendo uma careta ao ver do que se tratava. - Guia de como ser uma boa esposa. Não acredito que minha mãe comprou essa pataquada para mim.- Andréia segurou o objeto, torcendo o nariz antes mesmo de folhear a primeira página. “ Tenha o jantar sempre pronto. Planeje com antecedência. Esta é uma maneira de deixá-lo saber que se importa com ele e com suas necessidades.” - E quanto as minhas necessidades? Preciso viver até os meus últimos dias sendo a sombra do meu marido? É isso? Me dedico as necessidades dele e esqueço das minhas? Ora, que absurdo.- Falou a garota, para si mesma. No entanto, ela continuou lendo. “ A maioria dos homens estão com fome quando chegam em casa, e esperam por uma boa refeição (especialmente se for seu prato favorito), faz parte da recepção calorosa.” - Recepção calorosa…- Resmungou Andréia.- Pouco me importa que esteja com fome, por mim, pode devorar a própria língua. Ou então, a minha recepção calorosa pode ser escaldar aquele metido a besta do Gregório em um caldeirão cheio de água quente.- Ela já desceu para a terceira, sabendo que se irritaria ainda mais. “ Separe 15 minutos para descansar, assim você estará revigorada quando ele chegar. Retoque a maquiagem, ponha uma fita no cabelo e pareça animada.” - Se eu tiver que me ocupar o dia inteiro com essas coisas entediantes, vou acabar usando o meu laço de fita para estrangular aquele imbecil.- “ Seja amável e interessante para ele. Seu dia foi chato e pode precisar que o anime e é uma das suas funções fazer isso.” - A minha função é ser cozinheira, copeira, e agora também o bobo da corte dele. Ah, para o inferno. Não sei quem escreveu isso, provavelmente um homem, mas gostaria de enfiar esse livro no seu...- Andréia não teve a capacidade de completar aquela frase em voz alta. A cada frase que, ela reverberava de raiva e nojo. Mas as duas últimas a fizeram perder as estribeiras. “ Não faça-lhe perguntas sobre suas ações ou questione sua integridade. Lembre-se, ele é o dono da casa e, como tal, irá sempre exercer sua vontade com imparcialidade e veracidade. Você não tem o direito de questioná-lo.” “ Uma boa esposa sabe o seu lugar.” As bochechas de Andréia ficaram vermelhas como fogo, sua raiva bastante intensificada. Durante toda a vida ela escutou que mulheres deveriam reconhecer o seu lugar, não precisava um livro i.d.i.o.t.a repetir. Ela estava farta de sempre escutar os outros dizendo o que deveria fazer, ou como deveria agir, ou o que não poderia de jeito nenhum. Andréia jogou o livro no chão e o pisou diversas vezes com a ponta de seu salto. - Andréia, eu vim te perguntar…- Disse Theresa, assim que adentrou o quarto da irmã, sem bater na porta.- O que está fazendo?- Perguntou, ao ver a imagem nada inspiradora de Andréia pisoteando um livro. - O que você está fazendo no meu quarto? Ainda mais sem bater!- Perguntou Andréia, ofegante devido ao esforço. - É que eu vi a mamãe irritada ao sair daqui… Você já encontrou uma resposta? Não vai casar com o Gregório Salvatore?- Explicou Theresa, perguntando o que finalmente a interessava. - Como eu sei que vão ficar me importunando até o jantar, vou adiantar essa conversa. Já tenho uma resposta para o nosso pai.-
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