CAPÍTULO DOIS

1715 Words
                                                       Samuel trabalhou no dia seguinte ansioso para que chegasse logo o almoço para conversar com seu amigo. Novamente comprou dois lanches e refrigerante para dividir com seu amigo.  Foi uma tristeza que ele constatou que o amigo não estava no lugar de sempre naquele dia. Esperou até dar seu horário e voltou novamente para o trabalho.  Passou a tarde e começo da noite entristecido, e só melhorou seu humor ao chegar à igreja.  Era um dia em que sua igreja recebia membros de outra igreja, que vinham louvar ou fazer orações. Nesse dia,eram jovens de uma cidade próxima, a uns 100 quilômetros de distância, que vieram louvar.   Quando adentraram a igreja, todos haviam descido de um ônibus fretado para esse fim, todos já estavam sentados, e os jovens, uns 25, mais ou menos, se dirigiram para a frente da igreja, onde já estava as cadeiras próximas ao púlpito, que normalmente era onde sentavam os convidados.   Eram, na maioria homens, poucas mulheres, mas Samuel foi atingido quando, ao passarem por ele, uma jovem sorrindo para todos, olhou diretamente para ele.   Ele sentiu uma aceleração no coração incomum, como se ela o tivesse visto por dentro. Sentiu uma secura na boca, nunca antes sentido por apenas um olhar e um sorriso.   O dia que ele havia passado chateado, foi completamente esquecido.   Começaram os louvores. Primeiro era o grupo de jovens local e só depois seriam apresentados os convidados. Mas as horas não passavam e Samuel tocava a guitarra, mas não conseguia muito bem e, por vezes, errava alguns acordes.   Ele não conseguia tirar os olhos daquela jovem. Não era retribuído no olhar, porém era mais forte que ele.    Ele sempre gostou de ouvir seus pais dizerem como se conheceram, foi mágico, e para ele, ainda mais, pois por conta própria, ele adicionava ainda mais na imaginação a fantasia do amor de quando os pais se conheceram. Porém, apesar de existirem diversas jovens em sua igreja, e ele ser cobrado por muitos, inclusive de seus pais, ele jamais parou  para pensar em como seria quando se apaixonasse, ou se um dia iria de fato se apaixonar.    Sempre foi muito honesto, temente e sempre respondia que Deus saberia quem seria sua esposa um dia.    Mas esse dia, foi uma coisa inexplicável. Samuel estava sem entender o que estava acontecendo. Somente de olhar para ela, seu coração se  descompassava.    Era uma moça simples, cabelos castanhos na altura das costas, ela estava com uma tiara simples branca com algumas pérolas que destacava sua côr amorenada, usava uma blusa roxa de mangas curtas, saia longa branca e sandálias cor nude. A mais simples das moças que descera daquele ônibus, porém ao insistir em olhar para ela, era como se ele fosse atingido por uma pancada no peito.    Chegou a hora dos jovens convidados serem chamados a cantarem. Usariam playback, para a sorte de Samuel, que não precisaria acompanhar com a guitarra, e somente  curtir a canção.    Os acordes que acompanhavam a canção começaram, as batidas do coração do jovem rapaz acompanhava, e a impressão que ele tinha, era de que toda a igreja, apesar do início do hino ,poderiam ouvir seu coração, tão alto e rápido que socava sua caixa torácica.     Os rapazes cantavam de um lado, e as moças do outro, a  uns 2 metros apenas de distância.Todos começaram a cantar, a canção era divina e todos cantavam olhando para a igreja, somente ela, cantava, mas com olhos fechados ,como se não houvesse mais ninguém ali, uma das mãos sobre o coração e a cabeça voltada para cima. Ela estava enlevada com a canção, era como se cantasse apenas para Ele, o seu Deus.     Samuel ficou encantado e extasiado, só dava apenas alguns olhares para a igreja para ver se todos sentiam o mesmo que ele, mas todos acompanhavam a melodia normalmente. Os que sabiam a letra, acompanhavam, e os que não sabiam apenas ouviam, mas não como ele, com o coração.     Para ele, parecia que ela estava inclusive derramando lágrimas.     Ao término, todos acompanhavam os convidados ao ônibus e os congratularam. Samuel também os acompanhou animado, porém, só  pensava em uma forma de chegar até a doce moça.     Todos diziam que todas as canções foram lindas e bem cantadas, clichês normais que não eram para Samuel .Ele esperava que ela olhasse para ele e somente para ele como havia olhado ao entrar pelos corredores da igreja mas isso não aconteceu. Ela foi cordial com todos, assim como foi também com ele.    Isso era novo para o rapaz, ele não sabia como lidar com essa nova situação, como interpelá-la, iniciar um assunto que lhe chamasse atenção, e ao perceber que todos se despediam para entrar no ônibus, ele lançou o que lhe veio a cabeça:    —  Temos que retribuir a visita de vocês, nos apresentando e indo cantar também em sua cidade.    —  Giulia, meu nome é Giulia  –  disse ela já lhe estendendo a mão, sorridente.     Samuel ficou boquiaberto. Não só com o nome que achou lindo, como a eletricidade que ele sentiu atravessar todo seu corpo, quando apertou a mão pequenina de Giulia. Ela pareceu indiferente ao que ele sentiu, e,  após se recuperar, ele lhe perguntou:    —   O que acha, Giulia, de os jovens daqui retribuírem a visita de vocês à sua cidade? –  foi delicioso dizer em voz alta o nome dela.    —  Adoraríamos, é claro, muito obrigada pela recepção de todos e esperamos vocês, ok?     E assim ela se foi. O jovem passou os próximos dois dias revivendo na mente cada segundo em que a moça visitou sua igreja, seu louvor, sua pouca conversa, que o marcou, por ter se dirigido diretamente à ele.    O assunto com seu amigo da praça, foi apenas esse, nos próximos dias. Ele queria que seu amigo entendesse a beleza de Giulia , como ele a havia visto.      —   Acredito em você, deve ter sido bem impactante. –   disse seu amigo. —   Você já a viu novamente?       —  Não, não a vi mais, mas penso nela o dia todo. Seu novo amigo se chamava Gabriel, e a amizade crescia a cada dia. Gabriel morava próximo ao serviço de Samuel e era aposentado e viúvo, –  Samuel se lembrava de tê-lo ouvido falar sobre isso uma vez, ou talvez ele tenha preenchido isso na mente, era como pensava no amigo, um viúvo, não tinha certeza se já o ouvira falar de sua vida pessoal   e passava horas na praça. Muitas vezes jogavam no banco da praça, baralho, xadrez, damas. Após  uma sexta-feira, Samuel ter conversado muito sobre Giulia com seu amigo, decidiu que precisava vê-la. Falou com o pastor de sua igreja e também com o dirigente do grupo de jovens sobre visitarem a cidade dos jovens que haviam lhes feito a visita semana passada. Porém deixou apenas no ar, deixou que pensassem que a ideia tinha partido deles e m*l conseguiu dormir na semana seguinte, tamanha era sua ansiedade para a chegada do grande dia. E em um sábado à tarde, o ônibus fretado parou em frente a igreja para levá-los. Samuel não conseguiu inventar desculpa alguma que justificasse sua ida de carro. Em sua cabeça, ele imaginava após o término das apresentações e do culto, levá-la para um passeio pela cidade dela. Disse aos amigos que queria ir mais cedo para conhecer a cidade, mas saiu apenas alguns minutos antes deles.  Foram muito bem recebidos por todos. A igreja era na periferia, em um salão simples, mas de pessoas maravilhosas.  Cantaram várias vezes e ele tocou guitarra magicamente. Com certa vergonha, se pegou tocando e cantando para Giulia e apenas para ela, que como todos, bateu palmas, sorriu e glorificou. Com certeza, sua música não soou para ela, como a dela havia soado para ele. Ele só tinha olhos para ela enquanto cantava, mas ela, como todos, curtia. Ao final, ele a procurou. Foi parado por muitos, mas não por ela. Cumprimentado por tantos, mas não por ela. Quando chegou finalmente à porta, quando a igreja estava quase vazia, a viu, com uma mágoa que ele não conseguia controlar, entrando em um carro com algumas pessoas. Ele correu como quem não queria nada, e chegando ao carro, ela sorriu ao vê-lo, mas não desceu. —   Foi um prazer recebê-los aqui… desculpe, qual é seu nome mesmo? –   Samuel foi transpassado por um punhal no coração. Ela nem sequer lembrava seu nome. Disfarçou como pôde, mas não teve coragem de convidá-la para um passeio. Ela o convidou para voltarem novamente, disse que cantaram muito bem, mas o tempo todo, tinha pressa de ir. Nem sequer o apresentou às pessoas no carro. Foi educada e polida. O rapaz voltou para casa arrasado. Nada podia o animar. Arrependeu-se de ter ido sozinho no carro, pois não queria dirigir, queria ficar sentado pensando no fiasco que havia sido sua noite. Chegou em casa após a meia noite e sua mãe o esperava: —   Como foi? —  Bem, mãe, foi muito bom. Sua mãe o conhecia e percebeu que algo o deixava triste. Pela primeira vez, Samuel sentiu a dor de amor, e pela primeira vez, falou sobre isso com sua mãe. Da rejeição que havia sofrido e como estava triste e desanimado. —  Pelo que vejo, você não foi rejeitado, filho. Ela sequer sabe que você está interessado.  —  O que me sugere, mãe? —  Sugiro que você vá mais devagar, você a conheceu agora. Não sabe nada sobre ela. — Com você e papai também foi assim? —  Não, na verdade fomos apresentados por um amigo em comum e foi instantâneo. Mas nem sempre é assim. Ainda não surgiu da parte dela e talvez nem surja, filho. — Mãe, você não está me ajudando em nada, sabia? Eu a quero, quero conhecê-la, entende, mas não sei qual passo tenho que dar. —  Claro que entendo. Você gostou dela, mas ela não é obrigada a gostar de você também, você não concorda? Dê um tempo para a garota, procure vê-la mais, dê uma chance para que ela te conheça, e até mesmo você, conhecê-la melhor. —  Obrigado, mãe. Você é muito sábia. – ele se sentia melhor depois de ter conversado com sua mãe, como sempre acontecia, porém isso não diminuiu os pensamentos que ele tinha na doce Giulia.. Aquela noite sonhou com ela.
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