Enriquecimento era literalmente sobre enriquecer tirando dos outros. Os alunos estudavam técnicas de arrombamento de cadeados, segredos furtivos... - ou seja, era a aula favorita de Jay por motivos óbvios, afinal ele era um ladrão - , e o palestrante do dia era ninguém menos que o temível diretor da escola em pessoa, Doutor Facilier.
- Há vários tipos de ladrões - disse Facilier com um assovio leve. - Alguns gostam de roubar bazares, outros preferem roubar casas, e outros, uma carruagem. Mas esses, é claro, são exercícios triviais. Mera brincadeira de criança.
Jay quis argumentar, claro, pois estava com a gravata de Facilier em seu bolso. O que está chamando de brincadeira de criança, velhote?
- Mas um verdadeiro vilão tem ambições maiores: roubar identidade, a fortuna, a vida inteira da pessoa! Alguém pode me dar um exemplo desse tipo de vilania? Tal tipo de enriquecimento? - o bom doutor perguntou à sala. - Sim, Carlos?
- Minha mãe queria roubar 101 filhotinhos! - disse Carlos, quase uivando. - Isso era muito.
- Sim, esse era um sonho extravagante e c***l. - Doutor Facilier sorriu, e todos na sala se arrepiaram. - Mais alguém? Exemplos?
- Minha mãe roubou a magia de Rapunzel para se manter jovem - disse Harry Tremaine - Ela tinha... cabelos longos?
- Um exemplo muito bom, é claro, de enriquecer a si próprio abusando dos outros - assentiu o Doutor Facilier. Ele se dirigiu à lousa. - Agora, sei que os alunos mais avançados têm projetos em andamento na aula de Planos Malignos.
Alguns alunos concordaram, incluindo Jay e Carlos.
- Meu próprio plano maligno estava à altura dos nossos melhores exemplos na matéria. Alguém sabe?
A sala ficou em silêncio. Insultado, ele murmurou algo sobre "esses garotos de hoje em dia...". Facilier iria retornar à seu discurso mas aparentemente Ben resolveu fazê-lo por ele.
- Você transformou o Príncipe Naveen em sapo e jogou um vodu no criado dele para que se parecesse com ele. Seu plano era que o criado se casasse com Charlotte La Bouff e, uma vez que ele fizesse isso, você mataria o pai dela e ficaria com a fortuna da família. Se tivesse conseguido, teria roubado a identidade de um homem e a fortuna de outro.
- Um belo golpe de enriquecimento! - completou Facilier sorrindo.
Os alunos bateram palmas. Doutor Facilier, radiante, se curvou firme e rapidamente. Harry e Evie se entre olharam sorrindo enquanto batiam palmas.
- Exceto que o senhor falhou - apontou Carlos quando a sala ficou em silêncio.
- Sim - Facilier murchou, abaixando a cabeça. - É verdade. Falhei. De forma desastrosa, desafortunada e decidida. Fui um total e completo fracasso. Não ganhei nem a princesa, nem a fortuna. Por isso, fundei Dragon Hall, onde devemos aprender com nossos erros e ensinar a nova geração de vilões a fazer o que não conseguimos.
Evie levantou a mão.
- Como assim?
- Preparo! Pesquisa! Ser mais m*****o! Trabalhar mais rápido! Pensar grande! - o Doutor Facilier era convincente. - Para que, quando chegar assim a hora, quando a barreira se quebrar e a magia retornar - e retornará, minhas crianças, ela vai voltar, pois um m*l como o nosso n******e ser contido - , vocês estejam prontos.
Jay anotou aquilo em seu caderno. Ser mais m*****o. Pensar grande.
O Grande Troféu.
Mais uma vez, seus pensamentos se voltaram para o Olho de Dragão. Era o centro de Malévola, e recuperá-lo era a missão de m*l. Não era a missão dele, e não era problema dele.
Mas e se fosse?
E se devesse ser?
Mal tinha pedido sua ajuda, mas ele a tinha dispensado. E se ele dissesse que ajudaria? E se, quando eles o encontrassem, ele o roubasse bem debaixo do nariz dela? Ele roubaria uma fortuna e a identidade dela como herdeira da Malévola em uma tacada só, assim como Facilier tentou fazer.
E se, por acaso, o cetro ainda estivesse funcionando?
Seu pai finalmente teria seu Grande Troféu. Jay realizaria seu plano maligno. E eles encontrariam uma forma de sair da Ilha dos Perdidos, Abandonados e Esquecidos.
Eles não pertenceriam mais a este lugar, certo?
Jay sorriu. Ele enriqueceria. Até se tornar o Mestre das Trevas.
Mal e Alysson não apareceram naquela aula, mas surgiram na hora do almoço como se nada tivesse acontecido. m*l estava quieta, assim como Ben que encarava a herdeira da Malévola como se tentasse desvendar o que tanto incomodava a garota. Os quatros contavam a Alysson o que havia ocorrido na aula do Doutor Facilier.
Então Alysson, aonde você e m*l estavam? - perguntou Evie.
Mal se manteve em silêncio. Ela tinha coisas maiores com que se preocupar do que com o ciúme de Evie. Só pensava em quanto sua mãe queria o Olho de Dragão e em como Malévola não a veria de forma distinta (uma humana patética e mole, filha do pai) até que ela pudesse provar o seu valor. Mas agora tinha uma coisa a se preocupar, talvez? Bom, Ben era herdeiro da coroa de Auradon... ele estava destinado a governar Auradon um dia.
Alysson contou, bem que m*l jurava tê-lo visto em algum lugar, tantas vezes que viu Evie assistindo o Canal de Auradon, será que Evie sempre soube desde o início? Ou ela simplesmente com o ocorrido se esqueceu dele? O que ele realmente fazia naquela Ilha? Ou melhor, o que procurava? Por que não teve medo de se envolver junto dos filhos dos piores, ou melhor, dos melhores vilões? Agora m*l tinha que trabalhar mais a fundo sobre o príncipe.
- E quem disse que eu estava com a m*l? - Alysson arqueou uma das sobrancelhas.
"Ótimo", pensou m*l.
O sinal tocou finalizando aquele almoço e iniciando mais uma aula.
Todos se levantaram, menos m*l. Evie e Jay a olharam, m*l olhou de volta e juntou suas mãos em cima da mesa.
Nada do que eles dissessem adiantaria, m*l estava aprontando alguma, isso era fato. Todos caminharam a suas respectivas aulas, mas m*l notou que o príncipe ficou, ele estava em pé ao seu lado a encarando. m*l levantou mais a cabeça encarando os seus olhos, o coração dele bateu forte quando um flash passou naquele par de olhos verdes.
- O que quer, principezinho? - m*l disse sem muita paciência. - Quer que eu apresente a Ilha para você? Não sou guia, mas sei cada canto deste lugar. - m*l soltou.
Benjamin pensou um pouco. Seu coração batia forte. Ele realmente deveria aceitar a proposta da garota? Ele não via m*l algum na garota, mas depois da aula de Facilier ele duvidava de muitas coisas, tanto de Auradon quando da Ilha.
- Quero. - ele afirmou.
A filha da Senhora das Trevas se levantou. Ele deu um passo pra trás.
- Quer o quê? - ela sorriu de canto, o reflexo de seus olhos estava dourado.
- Quero que me mostre a Ilha... - ele falou baixo por algum motivo, deve ser por que acabou se perdendo diante da beleza da garota.
- Me espere no portão principal de Dragon Hall. - ela piscou e saiu andando para o que parecia o corredor das salas de aulas, mas não era ela que aparentava não querer ir? Benjamim ficou confuso.
A garota seguiu pensando sobre o cetro de sua mãe, talvez fosse uma boa ideia levar o príncipe junto. Assim poderia descobrir um pouco mais sobre ele se ameaçasse jogá-lo do pico de uma montanha. Ela chegou para a reunião com Madame Tremaine, ainda ansiosa e desorientada.
- Olá, professora Tremaine. Queria falar comigo sobre meu plano maligno do ano? - ela perguntou, batendo na porta aberta da tumba dos professores.
Madame Tremaine a encarou e deu um sorrisinho.
- Sim, entre e feche a porta, por favor. - uma garrafa térmica de vinho azedo estava em sua mesa, o que era um mau presságio. Madame Tremaine só bebia-o quando estava de humor azedo.
Mal sabia que estava em apuros, mas sentou-se à frente da professora.
- O que houve?
Madame Tremaine bufou.
- O que houve é essa... desculpa esfarrapada para um plano maligno. Truques de festa? Travessuras? Isso está abaixo de você, m*l. Eu esperava mais. Você é minha melhor aluna. - ela pegou o vinho e deu um gole, fazendo uma cara de nojo, bem apropriada.
"Você esperava mais? Você e todo mundo nesta ilha", pensou m*l, séria. Entre na fila.
- O que há de errado com meu plano maligno? - ela perguntou.
- Não é m*****o o suficiente - bufou a professora.
Mal suspirou. Madame Tremaine olhou para ela.
- Preciso que você entregue seu coração e sua alma sórdida. Invente um plano realmente tenebroso. Um que a leva às profundezas da depravação e às alturas de uma grandeza perversa de que eu sei que você é capaz.
Mal chutou a mesa, fazendo cara f**a. Ela achava que seu plano maligno era bem perverso.
- Como o quê? E como você sabe que sou capaz de uma grandeza perversa, afinal?
- Você é m*l, filha de Malévola! Quem não sabe disso? - Madame Tremaine balançou a cabeça.
"Você ficaria surpresa", pensou m*l.
Madame Tremaine continuou a bebericar seu vinho.
- Tenho certeza de que pensará em algo, querida. Afinal de contas, você é filha de sua mãe. Espero algo realmente terrível e lendário. Algo que vai entrar para a história - disse ela, entregando um papel para m*l. - Vou lhe dar um minuto para ter ideias, se isso ajuda.
Mal observou a proposta que tinha escrito. Ela se irritou com as críticas, não queria ouvir.
O que havia de errado nisso? Era maldade, pura maldade. E era r**m, não era?
E uma vingança era o tipo de plano maligno tradicional.
Vilania Clássica? O que tinha de errado nisso?
Mal queria amassar o papel em sua mão. Ela não tinha tempo para isso. Tinha outras coisas em mente... sua mãe, o Olho de Dragão, por exemplo, aquele cetro amaldiçoado idiota... e ainda tinha que investigar o príncipe!
Ei, espere um minuto...
O que minha mãe disse sobre o Olho de Dragão?
Quem tocar o cetro estará amaldiçoado a dormir por mil anos.
Malévola amaldiçoou o reino de Aurora a dormir por somente cem anos depois que a Bela Adormecida espetou seu dedo na roca de fiar. Essa maldição colocaria a vítima para dormir por mil anos.
Era, tipo, dez vezes mais m*****o, a não ser que ela tivesse errado as contas. Enfim, muito mais m*****o. Mais ou menos alguns zeros.
Talvez ele devesse embarcar nessa busca, enfim.
E se de alguma forma, no meio do caminho, ela fizesse com que Ben tocasse o Olho de Dragão...
Seria o plano mais sórdido e c***l da ilha! Três por um! Não, espere, quatro por um...
Ela derrubaria o príncipe e ganharia o respeito da mãe - além da competição da escola - de uma vez só. Além disso Auradon entraria numa guerra com a Ilha. Seria fácil tomar Auradon sem um herdeiro.
Madame Tremaine estava certa. Todos aqueles truques baratos que ela planejava fazer não eram nada comparados a isso. Se m*l fizesse Ben dormir por mil anos, o que seria mais c***l que isso?
Ou melhor: quem?
- Já sei! - disse m*l, pulando da cadeira e abraçando uma confusa Madame Tremaine, apesar da crítica (e do bafo) da professora. - Algo tão terrível que ninguém nunca viu antes, ou verá novamente!
- Que maravilha, minha jovem! Fico muito feliz de vê-la tão malvada - suspirou Madame Tremaine, levando um lenço aos olhos. - É o que me dá esperanças para o futuro. Exceto, é claro, por aquele abraço.
Mal sorriu triunfante. Nem mesmo um abraço i****a que havia escapado a atingiria. Ela não via a hora de começar. O m*l não esperava por ninguém.
Sua mente começou a girar.
Ela não podia embarcar nessa busca maligna sozinha. Se ia procurar uma agulha no palheiro, ou o Olho de Dragão na ilha, ela ia precisar de ajudantes, seus próprios capangas para comandar, assim como sua mãe. Ela precisava montar um g***o de ataque. Além disso, seria mais fácil trazer Ben junto se o principezinho fizesse parte do g***o.
Mas onde ela conseguiria capangas? É claro, sempre havia os filhos dos capangas de Malévola, mas aqueles caras do tamanho de javalis fediam muito. E quanto aos duendes e lacaios - bem, quem tomaria conta da Loja Enoja? Além do mais, como já havia percebido, ela não falava a língua dos duendes. Sem contar que sua mãe vivia falando o quanto eles tinham sido inúteis durante a missão de localizar a Bela Adormecida.
Próximo.
Mal tinha que encontrar seu próprio time. Sua própria g****e de pessoas que seriam seu braço direito... e um garoto particular.
Por onde começar?
Ela precisaria de alguém que conhecesse bem a ilha, de cima a baixo e para todos os lados. Jay.
Alguém com quem ela pudesse contar caso eles se metesse em apuros, sendo ele um grande problema por si só. Harry.
Alguém que soubesse colocar as mãos onde quisesse. Evie e Alysson.
Carlos seria fundamental nesse jogo, já que somente ele saberia como aquela máquina funcionava. Afinal, ele era o inventor, o criador, às vezes tão obsessivo quanto a mãe.
Ela só precisava convencê-lo. Talvez ela pudesse prometer algum tipo de recompensa.
Já estava escuro quando ela saiu da escola.
Benjamin estava ancorado no portão de Dragon Hall, ele estava vestido modo ilha dos perdidos. m*l parou o olhar nele, ele estava com uma touca azul, jaqueta de couro azul com detalhes pretos e rasgos, mostrando um estilo único como a g****e de m*l e havia um desenho de uma coroa em amarelo. A calça era azul com detalhes pretos e aparentava ser também de couro. Ela se aproximou com um sorrisinho de canto e com um das mãos apoiada na própria cintura.
- Okay. Quem te ajudou? - ela olhou novamente, mas dessa vez mais perto, o garoto de cima a baixo.
- Alysson. - ele disse desencostando do portão. - Então, por onde começamos? - m*l soltou um sorriso travesso com aquela pergunta.
Ela apertava os passos ao passar pelo Peixes e Frias da Úrsula, a um quarteirão da Baía dos Piratas, tiritando sob o vento frio de dezembro, quando ouviu o apavorante e ensurdecedor grito de uma... sirene?
Mal ainda se lembrava desse dia. Ela tinha somente 11 anos e já conhecia metade da Ilha perfeitamente, desde pequena ela aprendeu as coisas sozinha, claro. A partir dos 6 anos ela se juntou com o filho do Jafar, uma pessoa era ainda mais forte se soubesse manipular as outras para fazerem o que quisesse. m*l aprendeu a arte da manipulação cedo, e a treinou em Jay, o garoto era esperto, mas às vezes fazia o que a garota mandava sem perceber.
Os barcos que vinham de Auradon haviam acabado de chegar no porto dos duendes, que se localizava próximo dali. A garota correu no escuro, desviando de sem tetos e fazendo o mínimo barulho, afinal, o m*l agia melhor quando ninguém soubesse de sua estratégia. Ela estava escondida atrás da sombra n***a de um dos postes ali próximo. Seus olhos verdes brilhavam ao imaginar o que iria fazer.
Mas o seu plano não deu certo, pois Jay apareceu e estragou tudo. A garota de cabelo púrpura ficou enfurecida, mas não deu tempo de ela se vingar do garoto, pois a sua inimiga apareceu ali. Uma. Filha de Úrsula.
- Isso é uma boa ideia? - Benjamin soltou perto do ouvido da de cabelo púrpura a fazendo arrepiar. Ela não gostava daquela aproximação toda, não estava acostumada com aquilo, mas para Ben parecia algo natural.
- Quer provar o seu valor ou não? - seus olhos de esmeralda fitaram o garoto. Ele afirmou com a cabeça.
A dupla estava próxima ao Peixes e Fritas da Úrsula. m*l estava observando a entrada como se esperasse por algo. Ben viu os olhos da garota, eles brilharam quando ela avistou uma outra garota. Ele semicerrou os olhos para ver se já havia visto em Dragon Hall, mas não tinha jeito, ele não conseguia enxergar no escuro como m*l, mas soube pelo riso que o filho do Gaston, até onde ele sabia, estava presente com a garota.
Mal se virou se abaixando e o puxou. Ela o puxou para perto e sussurrou em seu ouvido.
- Roube-os.
- Não posso fazer isso. - ele a olhou e disse como um sussurro.
- Quer provar o seu valor para mim ou não? - ela recrutou.
- Como eu faço? Nunca roubei. - isso fez a garota rir e revirar os olhos. Era tão bom saber que podia facilmente manipular o príncipe, fazendo-o realizar qualquer coisa que ela quisesse.
- Dê o seu jeito. Roube qualquer coisa. Má sorte para você. - ele sentiu o toque da mão dela em seu ombro enquanto a mesma se levantava e saía. - Te vejo na Baía dos Piratas. - foi a última coisa que ela disse antes de sumir na escuridão.
O sentimento de culpa e medo invadia a mente do garoto. Ele não queria sujar suas mãos roubando, mas também não queria decepcionar a garota. Ele tinha medo de ser pego e acabar se dando m*l, mas a garota o salvaria se ele estivesse em perigo, certo? Afinal, sua reputação não seria a mesma quando Auradon soubesse de sua paixão pela filha da senhora de todo o m*l.
Benjamin tentou ser silencioso e enxergar o máximo possível naquela escuridão. Seu coração batia forte pela adrenalina, seu coração batia forte e rápido, teve que controlar a respiração para não ficar ofegante. Ele sorria, estava gostando daquilo, daquela sensação, até da dominância de m*l estava se sentindo maravilhado.
Ele tentou roubar algo do garoto, uma corrente, parecia ser verdadeiramente de prata, mas assim que o mesmo pegou o objeto foi pego. Ele virou quase o atingindo um soco, mas Ben foi rápido a ponto de se agachar. As luvas que a garota usava o chamou a atenção, ele ficou nervoso quando começou a aparecer pessoas observando-os, ele usou as correntes para prender as mãos da garota e a empurrar contra a parede, pensando-a na parede de madeira do estabelecimento de Úrsula.
Ele conseguiu derrubar o filho do Gaston enquanto tirava o par de luvas da garota. Assim que conseguiu ele saiu de perto deles, mas se esqueceu totalmente das correntes no pulso da garota, o puxão fez ficar uma marca vermelha, em carne viva. Ele tropeçou no pé dela e acabou caindo com o choque, ele estava perplexo, não estava acreditando no que acabara de acontecer. Ele não era assim. Ele era o príncipe do bem... não o príncipe do m*l. Talvez a filha da Malévola realmente o esteja influenciando muito.
Uma ia atingir ele em cheio, mas um vulto roxo fez com que ela fosse chocada para a porta de madeira e caísse dentro do estabelecimento. O vulto puxou o garoto o levantando. Ele ainda estava em choque.
- Vamos! - m*l gritou. Sua voz estava risonha. Parecia feliz. m*l agora sabia perfeitamente que o príncipe faria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa que ela mandasse.
Eles correram até sair daquela área para chegarem até um lugar, digamos assim, de m*l e de sua g****e.
- Então principezinho - m*l dizia sorridente, seus olhos brilhavam, triunfaram com tamanha conquista. - O que conseguiu?
Ele ofegante mostrou a corrente e o par de luvas. Ele se levantou e pegou na mão da garota. Ela por impulso deu um passo para trás.
- Fique tranquila - ele sorriu e colocou as luvas na mão dela. - Pra você.
- Saiba que só vou aceitar porque é da minha maior inimiga deste lugar. Parabéns principezinho. Você acabou de enfrentar Uma. Filha da Úrsula. - aquelas palavras o deixaram boquiaberto, mas ela sorriu de um jeito tão doce, que o fez ficar sem graça. - Parabéns. - ela disse e tomou a corrente de prata de sua mão, e tirou de seu bolso um pingente de dragão da cor prata. Era quase igual ao pingente de ouro em forma de dragão que ela carregava no pescoço. - Seu prêmio. - ela colocou a corrente nele.
- Obrigado... - ele admirava o pingente. Ela passou por baixo de um corrimão e tirou da mochila umas latas de tintas em spray e contornou a sombra do desenho da capa de sua mãe, que estava escrito Vida longa ao m*l. Aquele era o mesmo lugar que m*l estava quando o príncipe chegou. Enquanto ela retocava o desenho, Benjamin admirava aquilo. Ela. O desenho. Aquele talento e beleza toda estando num lugar como aquele.
- O que foi? - ela perguntou sem virar, como se ela estivesse sentindo o seu olhar.
- Posso tentar? - ele perguntou e ela deu de ombros. Ele passou por baixo do corrimão e pegou umas latas de tinta, roxa e verde. Ele foi até a outra parede da qual ela não poderia ver a sua obra.
Com a tinta roxa ele pichou m*l, a letra saiu perfeita e o grafite sem erros. Ele curvou uma das pernas do M, puxou o A e fez do L uma arte com curvas. O desenho estava impecável para uma primeira obra de arte. Com a tinta verde ele escreveu ao pé do nome de sua amada as iniciais B.F.
- B de Benjamin e F... de Fera? - perguntou m*l confusa e apoiou o seu cotovelo no ombro de Ben.
- Na verdade é Florian...
Mal não segurou os risos. Sua risada era gostosa de se ouvir.
- Não conte, viu? Tirando os meus pais, só você e a Layla sabem.
Mal foi parando de rir aos poucos.
- Ok principezinho. Mas quem é Layla? - ela tomou as latas de tinta de sua mão e o enfiou na mochila.
- Ela é a filha da Branca de Neve. Minha melhor amiga. - Ele foi para perto da filha da Malévola. - Mas é sério... não conte.
- Se te deixa mais tranquilo o meu nome do meio é... - ela bufou. - Bertha...
- Bertha? - ele segurou o riso.
- Minha mãe fez o que ela faz de melhor. - ela cantarolou. - Ser muito e muito má. m*l Bertha.
Ele deixou escapar um riso.
- Do que está rindo Florian?!! - ela brincou.
- É melhor do que Bertha, vai - ele riu.
- Tá legal - ela riu junto. - Vamos? - ela perguntou colocando a mochila nas costas. - Vou te mostrar a ilha e a arte dos roubos.
- Agora? De noite? - ele perguntou confuso.
- O m*l age melhor se ninguém ver a sua estratégia. E se for pelo escuro - ela deu de ombros. - A ilha está sempre escura.
- Como consegue roubar com a mochila nas costas? E se alguém te roubar. - ela riu.
- Ninguém é corajoso o bastante para me roubar. - seus lábios formaram um sorriso travesso e combinaram com o reflexo dourado em seus olhos.
- E se eu conseguir te roubar? - ele sorriu quase tão travesso quando a garota.
- Desafio aceito. Se conseguir me roubar você tem direito a um pedido. - ela se virou e começou a caminhar.
Mal apresentava os lugares em que eles iam passando. Desde as ruas, becos e estabelecimentos. Eles passaram pela loja dos duendes e roubaram uma bebida. m*l desafiou ele a beber sem cuspir aquela bebida que continha proteína de sapo cru. Ele quase cuspiu, mas conseguiu engolir e não vomitar. O gosto era h******l. Ele fez uma cara de nojo que provocou risos na garota. Ela estava amando vê-lo fazer o que ela mandava.
A garoa começou e eles entraram no meio de um tipo de feira. Para roubar, é claro.
- Má sorte. - disseram quase em uníssono com sorrisos de vilão.
Se seus pais estivesse o vendo, não seriam capazes de reconhecer o próprio filho. A garota o manipulava de uma forma única. O modo como ela seduzia com apenas um sorriso o deixava louco, mas agora ele sabia perfeitamente o que roubar da garota.
Ele passava pelas tendas procurando algo útil e valioso. Enquanto m*l roubava as pessoas que passavam apressada entre as tendas. Ben olhava uma tenda que continha jóias quando esbarrou em Jay. Ele não disse nada, apenas sorriu de canto e disfarçou o olhar. Ele sabia que m*l o estava manipulando.
O sorriso astuto do filho do Jafar foi a última coisa que Ben viu antes de ser puxado e a multidão começar a fugir de algo, uma simples garoa acaba se tornando uma tempestade. Eles correram para um beco escondido próximo dali e subiram uma escadaria ficando no alto. m*l fez sinal para Ben ficar em silêncio. Do alto ele avistou um par de chifres e um estilo de capangas que vestia gorro e roupas esfarrapadas.
Ele olhou para m*l. Os olhos dela encaravam o par de chifres sem desviar o olhar, o príncipe não foi capaz nem de ouvir a sua respiração, era como se ela prendesse a respiração por um momento. Naquele instante da chuva Ben não olhava mais para Malévola, ele perdeu o medo por um momento e fitou o olhar em m*l.
Os cabelos molhados colados em sua pele, os olhos dela eram o único brilho que ele via naquela escuridão toda que era a ilha dos perdidos. Ele sabia que ela seria a sua salvação desde o momento que começou a ver sua figura meia embaçada através dos sonhos. Ela foi a sua única obsessão, pois ele desejava tanto ver a sua figura completa. E quando viu, até em sonho o seu coração acelerou. A chuva ficava mais forte.
Ele tocou o seu rosto e o virou para ele. Ela estava vulnerável naquele momento, o seu olhar estava doce, ele tocou o seu jeito, ela não tirou o seu olhar do dele, e com um simples ato ele a beijou. Ele acabara de roubar um beijo da filha de Malévola. O primeiro beijo de ambos. Apesar de serem quem são, aquele momento era somente deles.