Dragon Hall

1859 Words
Se m*l vivia em cima de uma loja, Jay, o filho de Jafar, vivia dentro de uma, dormindo em um tapete gasto embaixo de uma prateleira cheia de televisores antigos com seletores manuais, rádios que não funcionavam e telefones com fios de verdade presos a eles. Seu pai tinha sido o antigo grão-vizir de Agrabah, temido e respeitado por todos, mas isso fora há muito tempo, e o feiticeiro do m*l agora era o proprietário da loja de quinquilharias do Jafar, e Jay, seu único filho e herdeiro, era também seu único fornecedor. Se o destino de Jay havia sido um dia se tornar um grande príncipe, apenas seu pai se lembrava disso. - Devia estar no topo de um elefante, liderando a parada, acenando para seus súditos - disse Jafar com pesar, pela manhã, enquanto Jay se preparava para ir à escola, colocando seu gorro vermelho sobre os longos cabelos castanhos e escolhendo seu usual colete de couro roxo e amarelo e jeans escuro. Ele ainda alongou seus consideráveis músculos ao vestir o par de luvas pretas sem dedos e com detalhes de metal. - Como quiser, pai - piscou Jay, com uma risada sinistra. - vou roubar um elefante, se cruzar com algum por aí. Porque Jay era um príncipe, é claro. O príncipe dos ladrões, enganador e cheio de truques, cujas mentiras eram tão atraentes quanto seus olhos negros. Conforme seguia seu caminho pelas estreitas ruas de pedra, esquivando-se dos riquixás puxados pelos cupinchas do Professor Ratagão, ele tirava vantagem dos passageiros assustados, que se abaixavam para desviar dos varais cheios de roupas úmidas e capas gotejantes, e tentava roubar uma ou outra bolsa. Úrsula saiu correndo atrás dele, sem sucesso, depois que Jay conseguiu pegar um punhado de batatas fritas gordurosas de sua lanchonete de peixe com fritas. O garoto ainda teve tempo de admirar uma coleção de jarros de plástico de vários tamanhos e formatos oferecidos pela loja da frente, imaginando se conseguiria esconder um deles em seu bolso. Todo tipo de lixo de Auradon era reciclado e readequado na ilha, de banheiras a maçanetas, e até mesmo os antigos artefatos mágicos dos vilões. O cartaz de uma loja anunciava VASSOURAS USADAS QUE NÃO VOAM MAIS, MAS VARREM MUITO BEM e bolas de cristal que agora só serviam como aquários para peixinhos dourados. Vendedores expunham frutas podres ou verduras estragadas sob suas velhas tendas. Jay pegou uma maçã machucada e deu uma mordida, com os bolsos cheios de outros tesouros roubados. Ele ainda acenou alegremente para um coral de bruxas de nariz em forma de gancho que estavam reunidas em uma varanda - as netas de Madame Min, que, embora estivessem aliviadas por estar fora do alcance das mãos atrevidas do rapaz, quase desmaiaram com seu cumprimento. Os capangas de Malévola, sujeitos que pareciam javalis com vestes de couro e seus típicos gorros de aviador quase cobrindo os olhos, sussurraram um ininteligível olá ao passar por ele a caminho do trabalho. Jay habilmente tirou os gorros de alguns deles sem que percebessem, escondendo-os dentro de sua calça, planejando vendê-los para os próprios donos no dia seguinte, como fazia toda semana. Mas resistiu ao d****o de fazê-los tropeçar. Não dava tempo de fazer tudo em um dia. Procurando algo para tirar o gosto amargo da maçã, Jay avistou um rosto familiar dando um gole em um copo com a marca da loja Enoja e abriu um largo sorriso. Perfeito. - O que é isso, em nome de Lúcifer? - disse m*l, assim que o copo sumiu de sua mão. Ela hesitou por um segundo antes de se dar conta. - Devolva, Jay - disse ela, com as mãos na cintura, falando com um espaço vazio na calçada. Ele deu uma risadinha. Era tão engraçado quando m*l ficava brava. - Me obrigue. - Jay! - gritou ela. - Obrigar a quê? Doer? Sangrar? Implorar? Hoje, quem escolhe é o ladrão. - Tá legal. Nossa - disse ele ao sair das sombras. - Hum, lama quente prensada, meu favorito. - Ele devolveu o copo para ela, entristecido. Mal tomou um gole e fez uma careta. - Na verdade, é nojento, pode ficar. Você parece estar com fome. - Sério? - perguntou, animado. - Obrigado, m*l. Eu estava morrendo de fome. - Não me agradeça, hoje está especialmente r**m. Acho que colocaram sapo cru na mistura - disse ela. - Bônus! Mais proteína! - Com ou sem anfíbio, Jay tomou tudo de um gole só, limpou a boca e sorriu. - Obrigado, você é uma grande amiga - disse com franqueza, embora ele e m*l não fossem exatamente amigos, mas, sim, parceiros no crime. Assim como o dele, o jeans de m*l e os bolsos da jaqueta dela estavam cheios de todo tipo de lixo furtado das lojas da cidade. Uma agulha de costura estava saindo de um dos bolsos enquanto o outro continha o que parecia um punho de espada. - Quer uma chaleira em troca dessa espada velha? - perguntou ele, esperançoso. Tudo que seu pai vendia eram coisas que Jay roubava de outros lugares. - Claro - disse ela, pegando a chaleira enferrujada. - veja só o que mais eu consegui. O colar da Úrsula. - Ela balançou a peça no ar. - Peguei hoje de manhã, quando a velha bruxa do mar me disse oi. - Muito bom - assentiu ele. - Tudo que arrumei foram umas fritas. É uma pena que o colar não possa capturar mais nada, muito menos a voz de uma sereia. Mal suspirou. - Ainda é valioso. - Se você diz… - Ele respondeu. Jay e m*l viviam competindo para ver quem era o melhor ladrão. Era difícil definir o vencedor. Pode-se dizer que eles eram unidos por causa de seu amor por roubar coisas, mas eles diriam que laços de qualquer tipo eram para os fracos. Ainda assim, foram andando juntos para a escola. - O que vamos fazer com o principezinho? - Vamos dar uma ótima estadia para ele, da nossa maneira. - m*l soltou um sorriso astuto, sendo acompanhada por ele. - E quanto a Evie? - disse Jay, fazendo a de cabelo púrpura bufar. Ela tinha se esquecido da azulada em r*****o ao príncipe. - Vamos colocar Carlos de vigia, ele não faz nada mesmo. E vá devagar, senão vamos chegar lá na hora certa - disse ela. Eles viraram na rua principal, em direção ao cemitério clandestino e desativado que serviam como gramado diante da fachada de Dragon Hall. A venerável escola de estudos avançados do m*l ficava em um antigo mausoléu, uma estrutura pesada e cinzenta com teto em forma de domo e colunas quebradas, com a inscrição do lema do colégio na frente dizendo QUE O m*l SEJA LOUVADO. Espalhadas pelo pátio, em vez de túmulos, havia pedras cravadas com inscrições horríveis. Na cabeça dos líderes da ilha, não havia ocasião nem local inapropriados para lembrar aos cidadãos que o m*l governava ali. - Ben! - m*l soltou o nome do príncipe como um grito. Era ele, Ben era o garoto que ela havia sonhado. Não podia ser. Por que justo ele? - Que foi, m*l? - Jay perguntou assustado, enquanto suas pesadas botas faziam barulho ao esmagar as raízes expostas no terreno do cemitério. Mal silenciou-se por um momento. Ela não podia contar o seu sonho… - Vamos atrás do príncipe, tive uma idéia - Ela disse, desviando de uma lápide que dizia É MELHOR NUNCA TER AMADO DO QUE SER AMADO. - Jay, procure o Carlos! - ordenou a garota, ao se aproximarem dos portões de ferro. A multidão que se reunia na entrada abriu caminho para eles passarem, e muitos colegas seguraram as alças de suas mochilas com mais força ao avistar a dupla de ladrões. Sinos. Tocando e ecoando pela ilha do topo da torre, onde Claudine Frollo puxava a corda, e era levada para cima junto, anunciando o início das aulas do dia em Dragon Hall. Jay e m*l sorriram. Eles estavam oficialmente atrasados. A primeira coisa que havia dado certo naquela manhã. Eles passaram pelo arco em ruínas, repleto de musgo e entraram na tumba principal, que estava borbulhando de atividade: havia os membros do conselho dos Ausentes colando cartazes para a promoção de comidas vencidas, os barulhos ensurdecedores da orquestra do 3° ano ensaiando para o concerto de outono, as bruxas do mar empunhado seus violinos. Alunos assustados se agitavam para sair do caminho enquanto m*l e Jay atravessavam o grande salão coberto de hera, passando pelo portão enferrujado que dava para as tumbas de aula subterrâneas. E então a dupla de ladrões avistou Harry e Ben, bloqueando a passagem da dupla. Mal parou de repente apertando os lábios. Jay empurrou ambos no chão e, sem perceberem, confiscou umas coisas de Harry. Harry tentou levantar, mas Jay colocou seu pé na barriga do filho de Madame Tremaine, impedindo-o de levantar. Enquanto a Ben, bom, ele olhava visivelmente para a de cabelo púrpura. Ela esticou a mão. Jay olhou para ela com o cenho franzido. Quando Ben tocou a mão de m*l, a própria puxou o seu anel de fera. - Ei! Me devolva! - Ele ordenou, e m*l sorriu balançando a cabeça. - Me obrigue! - Ela disse olhando e sorrindo para ele, um sorriso astuto e travesso. Ele se levantou e ela levantou a sobrancelha esquerda pela audácia do garoto. - Me devolva! - Ele se aproximou dela, mas ela não revidou. Nesse momento, uma roda de alunos se formou em volta deles. - Sério mesmo? Atrasado logo no primeiro dia de aula. - Ela balançou a cabeça parecendo decepcionada. - Que coisa f**a, Ben! - Ele saiu correndo procurando a sala e Harry correu atrás dele o chamando tentando dizer que não precisava chegar na hora. - Trouxa! - m*l falou colocando o anel no dedo - Vamos para a aula? Agora estamos perfeitamente atrasados. – disse m*l, olhando para Jay. - Até mais. Nas primeiras aulas a g****e era separada, o que dava tempo de m*l colocar sua ideia em ordem. Quando m*l chegou na sala, ela avistou Ben. Só pode estar de brincadeira comigo! A professora nem havia chegado ainda. E o garoto tinha uma expressão triste. m*l se aproximou dele. - Vaza do meu lugar! - Ordenou a garota. - Só saio daqui se você me devolver o que é meu! - Ele cruzou os braços. - Para de ser criança! - Ela revirou os olhos. Ele abaixou a cabeça e foi para a mesa de trás. Após disso, ela senta-se em seu lugar, ele se aproximou de seu ouvido e sussurrou um “Por favor”. m*l se arrepiou com esse ato. A voz de Ben era calma, mesmo parecendo estar com raiva. m*l cansou da brincadeira, tirou do dedo o anel e entregou para o garoto. - Por que se importa tanto com esse anel? - Ela perguntou. Ele não soube o que responder. Será que ele devia dizer a verdade para aquela garota tão linda? Ambos ficaram em silêncio quando avistaram a professora entrando na sala. Hoje o dia será bem longo, ambos pensaram.
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