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1274 Words
Helena Me sinto mais calma em saber que o Daniel aceitou esse filho. Não sei o que seria de mim sozinha com um filho. Eu nem sei cuidar de mim mesma. Mas vou aprender a me virar comigo, por mim só, e me esforçar pra ser uma ótima mãe. Daniel tá dormindo pesado. Fui pegar minhas malas e arrumar minhas coisas no guarda-roupa. Ele disse que eu podia ficar com uma parte e três gavetas. Daniel não tem muita roupa, o que faz o guarda-roupa ser pequeno e não caber tudo o que eu tenho. Arrumo minhas coisas e organiza as dele. Quando acabo, tomo um banho quente e rápido, já que se demorar, o fio começa a subir cheirinho de queimado. Me enrolo na toalha dele, visto um vestido soltinho branco, e deito no sofá da sala. Até procurei alguma coisa pra fazer, mas não arrumei nada pra fazer. Daniel foi criado no meio de mulheres, então sabe fazer tudo perfeitinho, não deixa as coisas jogadas. Cozinha melhor do que eu, passa roupa melhor do que eu e ainda deixa tudo arrumadinho e organizado. Só me resta ficar no tédio mexendo no celular. Depois de um tempo, escuto barulho de passos e a geladeira bater. Dn:Dormi muito? - senta do meu lado. Lena:Nem te falo como - rio nasal. Dn:Cansadão - esfrega a mão no rosto - Bora tomar um açaí. Lena:Vai descansar, deixa pra outro dia. Dn:Sempre que tu vem, tomamos pelo menos um açaí no Digão. Lena:Temos bastante tempo pra tomar várias casquinhas e açaís. Dn:Bora sair, distrair a mente, po. Lena:Me convenceu - me dou por vencida - Vou só colocar meu chinelo. Dn:Pega minha blusa, por favor. E para de andar sem chinelo nesse chão frio - fala assim que eu levanto e corro pro quarto. Calço meu chinelo e pego uma blusa preta pro Daniel. Entrego pra ele que pega e veste. Trancamos a casa e fechamos as janelas. Ele coloca as chaves no bolso e saimos da casa. Fomos descendo a ladeira e quase que isso não acontece. O garoto tem que cumprimentar todo mundo, o pessoa pra conhecer a favela toda. Encontramos com o grupinho dele e paramos pra conversar um pouco. Hq:A loirinha mais cedo precisou de ajuda. Vai passar uma semana inteira aqui? - brinca. Dn:Vai morar comigo, po. Gb:Agora é cunhada da Beck oficialmente. Beca:Sempre foi - me abraça de lado - Nunca vi o Dn tão gamado em alguém que nem na loirinha. Dn:Para de me explanar, po - brinca, fingindo que tá bravo, e rimos. Helena Gb:Pra onde os pombos iam? Dn:Vamos lá em baixo, nem pensem em ir atrás. Jess:Não podemos atrapalhar o programa de casal. Hq:Ainda bem que já tenho o meu - abraça a Beca. Beca:Meu cu que tem. Hq:É ele mesmo que vai pra rodo. Beca:Já não basta ontem? Você me... Jess:Fica quietinha. Ninguém quer saber o que ele fez - fala, nos fazendo rir. Hq:A loira tá quieta de mais. Lena:Você não perde oportunidade de implicar comigo, né. Hq:É legal. Você é quietinha demais - dou língua pra ele, que faz o mesmo. Gb:Duas crianças, puta que pariu. Lena:Você não foge. Hq:Ele é a puta. Gb:De um macho só - afeta a voz, e rimos dele. Dn:Tchau pra vocês. Tô levando - ele me puxa. Os meninos continuaram nos zuando e só rimos, os evitando - Tem algum problema falar da sua gravidez? - fala, entrelaçando nossos dedos. Lena:Não - estranho sua pergunta. Dn:Não falei porque pensei que não se sentiria confortável agora. Lena:Uma hora ou outra, a barriga vai aparecer. Dn:Acho difícil - brinca, me fazendo rir. Fomos até a sorveteria e pedi meu copo de açaí cheio daqueles trecos todos e Daniel só faz careta pra cada coisa que peço e por fim a calda. Sentamos nos banquinhos de lá de fora e começo a atacar o meu. Percebo seu olhar em mim, e ele rir. Lena:Por que tá rindo ?- o olho de canto. Dn:Se não for pra se sujar comendo, não é Helena - fala rindo. Lena:Para de rir e limpa - me finjo de brava. Dn:Toda estressada - ele pega um guardanapo e passa no canto da minha boca - Só tô vendo sendo mãe. Vou ter que limpar a boca da criança de papinha e a sua de açaí - fala, e faço careta. Lena:Tudo que tá acontecendo, é o que você queria? Dn:Sempre fui doido pra botar um cria na pista, mas não da forma que eu tô, tá ligada? Queria ter meu emprego pra sustentar teus mimos e o da criança. Lena:Você sabe que não ligo pra isso. Dn:Helena, você saiu do conforto do papai pra se envolver comigo. Eu não tenho nada de valor pra te dar, comigo você não vai conseguir ser feliz. Eu nem sei o que passou na minha cabeça quando fui te pedir em namoro. Tu é toda menininha, perdeu a sua inocência por minha culpa. Helena Lena:Daniel... - ele desvia seu olhar do meu. Viro seu rosto pra mim, mas ele continua olhando pra rua - Eu não ligo pra vida que eu levava. Sempre tive tudo que eu quis, mas nunca fui tão feliz como sou ao seu lado. Você me proporciona o melhor com o seu simples, você não sabe em como eu amo isso, não tem coisa melhor. Entenda que eu te amo. Dn:Entenda que não posso te dar o melhor, por mais que eu queira, Helena - ele me olha, e acaricio sua barba. Lena:Bota na sua cabecinha que eu te amo e vou sempre fechar contigo, pretinho - dou um selinho demorado nele. Ficamos ali por um tempo esquecendo de todo esse assunto doido até ele acabar com o seu copo de açaí. Dn:Vamos andando? - fala, depois de jogar o copo no lixo. Lena:Uhum - concordo e me levanto. Daniel coloca seu braço por cima do meu ombro e caminhamos de volta pra casa. Gb:Bando de filha da puta - grita assim que nos ver - Foram comer e nem chamaram. Beca:Eu quero - vem correndo na minha direção, abrindo a boca. Daniel bate em sua testa e ela resmunga. Dn:Deixa o bagulho da loirinha, po. Beca:Bagulho tá na boca. Dn:Do teu marido? Sei bem disso - brinca com ela que dá língua. Beca:Eu te amo cunhadinha. Lena:Deus me ama, você finge pra conseguir comida - falo rindo e dou uma colherada pra ela. Jess:Cheguei - fala, subindo a ladeira - Vocês ainda tão aqui? Beca:É que não fui dar ainda. Jess:Teu bandido vindo aí - Beca procura e ver Hq subindo. Beca:Trouxe comida, Henrique? - grita com o menino que vem já rindo dela. Hq:Esfomeada do caralho - abraça ela por trás. Beca:Me solta - se solta dele - Cadê meu cachorro-quente ? Hq:Bora pra casa e mando trazerem. Beca:Era pra você ter trazido. Hq:Chata pra caralho, hein. Bora pra casa, Rebeca. Beca:Num tô afim - ele revira os olhos. Hq:Esse short tá curto demais - fala, tentando abaixar o short dela. Beca:Desculpa meu short mostrando a bunda, é que a bunda é minha e o short também - debocha. Hq:Tinha irmã melhor não, Dn? Dn:Única que eu tenho, irmão. Hq:Porra, a fábrica podia ter feito outra. Quero encomendar uma nova. Beca:Filho da puta - bate nele que rir. Hq:Bora pra casa ou vai ficar com fome. Beca:Você não tem coragem. Hq:Isso é verdade - ele pega ela no colo e bota no ombro. Beca:Me solta, Henrique - se debate nele que rir junto com a gente. Hq:Valeu pra vocês - fala se despedindo e indo pra casa com Rebeca que grita do seu ombro.
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