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O LIVRO DE LAYKOS: A OUTRA HISTÓRIA DO LOBISOMEM

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APRESENTAÇÃO DO MONSTRO

Essa história que a vós será apresentada atravessou séculos na escuridão e no anonimato, por ter sido proibida de ser contada, para que a mesma fosse apagada de vez das bibliotecas do mundo. Mas não foi isso o que aconteceu. Ela ficou por tanto tempo esquecida, que para muitos, não passa de lenda; para outros, não passa de uma alucinação coletiva e, para uma minoria incrédula, não passa apenas de pura mitologia. Mas ela aconteceu por causa da coragem de uns poucos contadores, cuja fama de loucos os perseguiu durante anos. Loucos estes, que foram aos poucos juntando fragmentos de antigos textos traduzidos em várias línguas mortas.

Encaixando a verdade como ela de fato é, descobriu-se que há muito tempo atrás, nesta mesma Terra em que os homens até os dias de hoje, caminham e corrompem, existiram seres fantásticos que por incrível que pareça, ainda estão livres por aí vivendo entre nós. Seres estes que não se sabe ao certo se surgiram junto com a Criação, ou se vieram depois dela. Porém os relatos aqui contidos sugerem que a segunda opção seja a mais válida. Se o que você encontrará aqui é real? Aventure-se na leitura destes pergaminhos e descubra!

Lutécio Falu

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A MISSÃO DE LAYKOS
Era o décimo quarto dia do quinto mês do octogentésimo nonagésimo nono ano depois de Cristo e eu, Ibraim Saqqaf, estava entre os exilados sentenciados ao degolamento no centro de Hamadã, apenas para o deleite sádico dos extremistas que, por razões religiosas, não aceitavam que muitos dos seus fossem convertidos ao cristianismo. Eles eram degolados, enforcados, queimados vivos e os que viviam tinham suas mãos mutiladas, para que não tocassem em nenhuma escritura cristã. Enquanto ouvia os mártires, eu estava esperando o dia em que chegaria a minha hora de receber o pagamento físico da minha conversão no meio das praças da cidade, sempre permanecendo em oração e também no fundo dos meus pensamentos. Para mim, cujos dias são contados como areia em uma ampulheta me resta apenas a importante revelação sobre o Paraíso e o Inferno. Revelação esta que o ser humano constrói na própria intimidade, quando ninguém está olhando, ou quando achamos que Deus não está nos vendo. Isto porque tanto o Paraíso quanto o Inferno, por mais que os estudemos e nos enchamos de conhecimentos a respeito deles, ambos não passam de meros estados de alma que nós próprios, através do nosso livre-arbítrio, escolhemos caminhar em suas estradas no nosso dia-a-dia. A todo o momento, somos convidados a tomar decisões. Decisões estas que determinarão onde começa o Paraíso ou o onde começa o Inferno. É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros. Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior. Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância. Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança. A decisão de escolher entre o Paraíso ou o Inferno, depende sempre de nós mesmos. Eu estava no Paraíso carnal, mas com a alma caminhando para o Inferno. Somente ao me converter ao cristianismo, passei a experimentar o Paraíso a alma, mas minha vida se tornou um Inferno carnal, graças a Cristo e para a minha felicidade. Porque somente através da nossa vontade, cujo livre-arbítrio nos foi dado por Deus, dependerá o nosso estado íntimo. Por isso revelo aqui que criar Paraísos ou Infernos dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós, se não nós mesmos. Em uma noite quente, sem vento e sem nuvens, enquanto permanecia acorrentado na cela, esperando a hora do meu martírio, que se aproximava cada vez mais rápido, comecei a ouvir as vozes de Deus como um turbilhão ensurdecedor de vários martelos batendo ao mesmo tempo, me dizendo o tempo todo para que eu revelasse essa verdade que veio e que vem ao escriba Hari Laykos, cujos pergaminhos sobre toda a perseguição sofrida pelos cristãos ele já escrevia em segredo, para não ser também vítima do mesmo destino cruel que me tinham sentenciado. Laykos, que mesmo não sendo cristão, sentiu a mão de Deus tocar na sua para que escrevesse sem medo, começou a anotar tudo o que de meus lábios eram pronunciados, pois eram verdades que antes os escribas inspirados pela luz divina, nunca tinham antes revelado. *** E aconteceu no nongentésimo ano, no nono mês, no nono dia do mês, que estando eu Hari Laykos, no meio dos escribas do rei Ahamd I, vi um clarão nos céus da prisão, possível somente aos meus olhos, onde estavam os traidores de Alá que se diziam convertidos ao cristianismo. Vi os céus se abrirem, e eu tive visões da luz de Deus, descendo até um dos presos de nome Ibraim. Avisei aos demais escribas sobre a luz que se abriu no céu em cima da prisão e todos disseram que eu estava louco de tanto escrever sobre o rei. Curioso com tudo aquilo, corri para a prisão onde estavam os prisioneiros que traíram Alá e me deparei com o cego Ibraim, iluminado por Deus e falando em línguas estranhas. De um modo estranho, como se algo falasse dentro de mim, senti que deveria me aproximar. Assim que cheguei perto da cela onde estava preso e mesmo sem me enxergar, Ibraim sabia que eu estava lá, pois seu rosto estava voltado para a minha direção. Então assim que me aproximei, o os olhos do cego Ibraim se abriram e deles saíram um forte clarão. Após isso, Ibraim tocou minha mão esquerda e senti uma força poderosa por todo o meu corpo, como se eu fosse um jarro vazio e do nada uma água poderosa me preenchesse. Foi então que veio expressamente a palavra do Senhor a Ibraim, filho de Samad, o chefe da guarda do rei Ahamnd na terra dos persas, convertido ao cristianismo após ouvir o Evangelho de Cristo, cego e preso pelo próprio pai como sinal de vergonha por não aceitar Alá como seu único deus. E disse Ibraim: - Assim como o mundo precisa de verdades reveladas da mesma forma que a faca de um homem precisa de uma pedra de amolar, se ele quiser comer e se manter vivo, Deus, nesse momento, lhe deu o poder para escrever com as duas mãos, pois quando não quiser escrever com uma, escreverás com a outra, as revelações que lhes forem ouvidas e mostradas, sem nunca se cansar. Com a pena e o papiro em mãos, pois sempre os carrego comigo, as palavras reveladas a ele eram escritas por mim, Hari Laykos, como se sobre minhas mãos estivesse às mãos do Senhor. Comecei a escrever sobre o que Ibraim relatava, a respeito de criaturas místicas que viveram e ainda vivem entre nós, sendo que elas se mantém escondidas por entre os homens, a fim de não serem descobertas, com algumas saciando-se da carne e do sangue humano. Passei a vir todos os dias visitá-lo enquanto não chegava o dia de sua morte, sempre escrevendo tudo o que ele me relatava, dizendo aos guardas que se tratavam de relatos tolos oriundos de um homem cuja mente se tornou perturbada por estar lutando dentro de si para saber qual dos deuses deveria dobrar seus joelhos. Mas eis que, ao sexto dia do quinto mês do octogésimo ano depois de Cristo, sua sentença foi dada e o cego Ibraim Saqqaf fora degolado em praça pública, para que todos vissem o destino que os cristãos teriam ao renegar Alá, primeiramente nas terras do Oriente e depois em todo o mundo. Após a morte de Ibraim, estava saindo do palácio do rei Ahamnd, quando ouvi um barulho incessante, como o de milhares de pássaros voando ao mesmo tempo. Olhei para o lado e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, trazendo uma grande nuvem de poeira, que cobriu as vistas de todos, me retirando do meio dos persas. A nuvem me ergueu do chão e me lançou longe, até a montanha Damavand, para dentro de uma caverna oculta, repleta de pergaminhos em branco e penas com tintas que não chegavam ao fim. A voz de Deus então disse: - Ibraim foi ceifado pela maldade dos homens, porque duvidaste de sua missão. Mas tu, cujo poder da escrita foi passado dele para seu corpo, estás aqui protegido. Não terás fome nem sede e tua missão é escrever. Escreve! Escreve, Laykos: escreve as coisas que faltam ao mundo contar! E após ouvir aquela voz bradante, um fogo começou a revolver-se nas palavras, como se as mesmas estivessem tomando forma. Depois aconteceu um resplendor ao redor, e no meio das palavras havia uma coisa, como de cor extremamente branca, que saía do meio do fogo, mas que não era somente feita de luz, pois se assemelhava a algo ou a alguém. E do meio dela saiu a semelhança de um ser formado de pura brancura e envolto em fogo. E esta era a sua aparência: tinha a semelhança de homem, porém tinha quatro metros de altura. Uma imponência natural exalava de seu corpo, principalmente pelo fato de ter setenta e duas asas, distribuídas em doze pares de seis. Em seu rosto era possível ver um número incontável de olhos, dos quais precisa para executar sua enorme e vasta tarefa de velar pelo mundo inteiro. O ser também tinha mãos de homem debaixo das suas asas por todos os lados; e assim todos quatro lados do ser tinham seus rostos e suas asas. E, andando ele até minha direção, ouvi o ruído das suas asas, como o ruído de uma enorme queda d’água. E ao voltar a falar comigo, a voz do ser era semelhante à voz do Onipotente, mas como se possuísse a autoridade de um exército. A figura do ser era por demais incompreensíveis aos meus olhos, meus ouvidos e principalmente ao meu entendimento, me fazendo cair por terra. Então o ser diminuiu de tamanho, chegando aos dois metros e meio e começou a se assemelhar a um homem, mas sem perder seu esplendor, escondendo suas asas, seus olhos e seus braços, todos em um único par. E disse-me: - Hari Laykos, filho de Samir Ahmad, você foi escolhido como o continuador da missão de Ibraim, pois o mesmo duvidou do Deus de Israel e fraquejou. Põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim um poder nunca antes sentido, enquanto o ser falava comigo, e me pôs em pé, e assim pude olhar para ele e ouvir o que me falava. E disse-me novamente: - Filho da Pérsia, eu te deixarei aqui para que escrevas sobre tudo o que falta ao mundo contar, principalmente às nações que se rebelaram contra o Criador. Escreverás sem cansaço, fome ou sede, até contar-lhes a história de seus últimos dias. Escuta, escriba que muito se questionava sobre sua fé, ouve o que eu te falo, mas não tenhas medo como muitos antes de ti, tiveram: estende tuas mãos e as lava com a água que eu despejar. Então o ser estendeu a mão, e eis que uma mão de homem, bastante reluzente, se estendia para mim. E eis que nela havia um enorme rolo de livro reluzente, como se o papiro fosse feito de pura prata. E estendeu-o diante de mim, e ele estava escrito por dentro e por fora; e nele estavam escritas histórias que nunca foram contadas por ninguém. Depois o ser me disse: - Filho da Pérsia lava as mãos com esta água; estende as mãos e só pares de se lavar, quando a água acabar. Então estendi as mãos, e o rolo de livro começou a se derramar em minhas mãos, como se fosse água. E disse-me o ser: - Filho da Pérsia lava tuas mãos nesta água que te dou. Então eu comecei a lavar não somente as mãos, mas também o rosto e a cabeça, com a água que vertia do livro, que tinha um forte cheiro de ervas e flores. E o ser disse-me ainda: - Filho da Pérsia senta, pega um pergaminho, uma pena e começa a escrever as minhas palavras. Porque tu não vais escrever com letras de uma estranha fala, nem de língua difícil, mas em uma língua universal. Tu também não escreverá a muitos povos de estranha fala, e de língua difícil, cujas palavras eles não poderão ler; se eu, aos tais te mandasse escrever, eles não leriam essas palavras. Mas muitos não irão te querer ler, porque não querem dar ouvidos ao que falta ao mundo contar; pois algumas nações são incrédulas e duras de coração. Eis que faço incansável o teu corpo contra os dias, e forte a tua fronte contra as noites. Faço agora como diamante o teu corpo, para que enquanto aqui estiver, ele seja mais forte do que o tempo. Por isso não temas a sua missão, pois, nem te assombres com os dias amanhecendo e anoitecendo dentro dessa caverna, porque aqui nunca será uma casa rebelde. E o ser ainda disse-me mais: - Filho da Pérsia recebe na tua mente e no teu coração, todas as minhas palavras que te hei de dizer, e escreve-as nos pergaminhos, com teu próprio punho. Eia, pois, senta por entre os pergaminhos, pega uma pena e, às nações do mundo lhes escreverás tudo o que lhe contar e que vier em sua mente como inspiração. E após essas palavras, um clarão sucedeu-se novamente e eu ouvi o ruído das asas dos ser vivente, que tocavam umas nas outras, e o ruído delas, e o sonido de um grande estrondo de mar agitado. Então me sentei, peguei um pergaminho, uma pena e comecei a escrever amargurado, na indignação do meu Espírito; porém a vontade de escrever e a energia que me rodeava era bastante forte sobre mim. No começo, apenas testei os pergaminhos, escrevendo coisas sobre tudo, e percebi que o que escrevia nos pergaminhos, aparecia como imagens na minha frente. Foi aí que, escrevendo, fui a Hamadã através dos pergaminhos. Eu escrevia sobre como era a vida lá e fiquei ali sete dias vendo as imagens que surgiam enquanto escrevia e fiquei me sentindo como se estivesse no meio deles, tocava-os, eles sentiam mas não me viam. E sucedeu que, ao fim de sete dias, o ser reluzente que me havia levado até aquela caverna, retornou até mim, dizendo: - Filho da Pérsia: Eu te dei como dom, o poder de escrever sobre tudo o que lhe mandares escrever e tu, da minha boca, ouvirás toda a história sobre tudo o que ainda falta ao mundo contar. Quando eu disser escreve: certamente escreverás e tu não questiones, nem saias da caverna e reveles aos quatro cantos sobre essas palavras antes delas estarem completas, a fim de glorificar a sua vida, pois do mesmo modo que fostes escolhido para este propósito, posso te fazer ímpio, para que tu morras na sua iniquidade. Se assim o fizer, o teu dom, o mesmo que derramei em tua mão, de volta o requererei até setenta vezes mais. Mas, se receberes as palavras, e não as converter em letras sobre os pergaminhos, serás considerado iníquo e morrerá na sua iniquidade, mesmo se o Criador livrar a tua alma de tão aterrorizante desterro. Mas, recebendo as palavras, para que escrevas, e tu começares a escrever, certamente viverá todos os dias até terminardes tudo e muitos dias mais; porque as histórias lhe forem enviadas, escreverás todas e assim livrarás a tua alma de tão horrível fardo. E a voz do ser ecoou por toda a caverna, e ele me disse: - Levanta-te, e sai da caverna, e ali falarei contigo. E levantei-me, e saí da caverna, e conforme as sombras iam se dissipando, eis que a glória do Senhor estava ali por toda a extensão da montanha Damavand; e aquela força imensurável desceu do céu sobre o meu corpo, me fazendo cair por terra. Então uma forte luz apareceu no céu e o ser que antes falou comigo dentro da caverna e me deu dons, me pôs em pé, e falou comigo, e me disse: - Entra Laykos, encerra-te dentro da caverna e assume a tua missão. E quanto a ti, ó filho da Pérsia, eis que porão cordas por baixo da tua pele, e te ligarão com elas; não sairás, pois, da caverna enquanto não terminares de escrever tudo o que ao mundo precisa revelar. E eu farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, e ficarás mudo até os quarenta anos, para que eu não precise mais ser teu repreendedor; porque não estás aqui para ser um rebelde. Mas, quando eu falar contigo, abrirei a tua mente, e lhes escreverás tudo o que eu te inspirar, pois assim diz o Criador: “queres contar a vergonha que meus filhos fizeram ao criar os monstros místicos, Metatron, então conte. Mas quem quiser ler, que leia; porque os homens são livres e muitos se tornaram incrédulos e rebeldes”. E sucedeu que fiquei ali dentro da caverna, dois dias e duas noites, sem sentir fome, nem sede, muito menos cansaço, esperando que o ser, que agora tinha nome e se chamava Metatron, falasse comigo. Eu não deveria ter mais desespero em esperar, nem me preocupar com fome ou sede, pois isso tudo me fora suprido. Mas mesmo assim nessa nova condição, em mim ainda existiam desejos que eu não deveria ter e descobri que tudo existia apenas na minha mente e eram preocupações carnais que eu não deveria mais ter. No final do terceiro dia, início da terceira noite do início do meu exílio, eu estava sentado em uma pedra, por entre pergaminhos e penas, quando minha mente se abriu e Metatron, veio sobre mim, me mostrando a história por onde eu deveria começar. Na minha mente, olhei e vi uma figura como a de um homem, mas não era um homem por completo. Ele caminhou até perto de mim, mas começou a se transformar. Ele se parecia com um lobo, mas ainda mantinha traços de homem, principalmente ao permanecer sobre duas pernas. O ser que estava parado sem pronunciar nada, me encarava como se me estudasse. Seu olhar era aterrorizante e expressava puro terror. Então da pele dele começaram a sair chamas, tomando conta de seu pelo e ele começou a se transformar em uma criatura de puro fogo reluzente. O calor e as chamas eram tão fortes, que faziam a caverna toda arder como um forno. O ser então se afastou de mim e foi caminhando até a entrada da caverna, como se estivesse indo embora. Mas ao invés disso, deu meia volta e veio correndo rapidamente nas quatro patas até mim. Com medo, tentei correr, achando que o ser ia me atacar. Mas ele saltou e, ao invés disso, entrou em meu corpo e toda a minha carne começou a queimar, como se estivesse sendo possuído por um demônio. Eu via as chamas por todo o meu corpo, sentia o calor, o ardor, mas a minha carne não queimava. Só que a dor causada pelo calor era inevitável e ao mesmo tempo, insuportável. Eu gritava o mais alto que conseguia, me debatia no chão, tentando de tudo para diminuir a dor, mas nada do que eu fazia adiantava. Fiquei no chão e uma força novamente me pôs de pé. As chamas estavam diminuindo e, junto com elas, a dor. Só que elas estavam entrando no meu corpo através da minha pele, permanecendo dentro de mim como algo abrasador, começando a me motivar a escrever, pois o que antes pensava que seriam apenas revelações se mostrou ser algo ainda maior do que eu imaginava. Então fui suspenso entre o céu e a terra, com os braços e pernas como que presos, sem poder me mexer. Os pergaminhos e penas começaram a flutuar ao meu redor e quatro das penas apontaram para mim, vindo em minha direção como flechas. Seus bicos começaram a desenhar um círculo em meu peito, como se rasgasse a minha carne. Senti a dor da minha pele se abrindo com o bico da pena e após ter feito o círculo, a mesma fez também oito setas ao redor dele. Quando as penas terminaram o desenho na carne do meu peito, o mesmo cicatrizou, ficando a marca, cujo símbolo eu não sabia o seu significado. Após ter feito o desenho, as penas os repetiram nas costas e nas costas das minhas mãos, me deixando com quatro símbolos iguais em minha carne. Fiquei um tempo olhando aqueles estranhos desenhos ardendo em minha carne, até que eles começaram a brilhar. Do nada um clarão tomou conta do meu ser e era como se meus sentidos e minha mente começassem a se expandir, tomando proporções inimagináveis. Vi minha vida como escriba antes de me converter e via como as pessoas me odiavam. Não pelo fato de eu ser um escriba, mas pelo fato de eu ser um detentor do conhecimento. Foi então que me foi revelado que conhecimento e ignorância não são lados opostos. A ignorância é a preguiça que rejeita a ação libertadora do conhecimento. Porém, nem tudo o que é libertado pelo conhecimento está livre da ignorância. Se assim o fosse, não haveria reconhecimento da história dos povos antes e depois de lutas e glórias; e o mundo palpável não existiria, se não existisse o mundo que não podemos ver, mas sabemos que existe. O conhecimento atrai o conhecimento e expulsa à ignorância, como um apóstolo de Cristo expulsa um demônio do corpo de uma pessoa. A ignorância atrai o que não é conhecimento para forjar uma vida repleta de desejos fúteis e transforma o ser que é ignorante, em lixo de ouro. A ignorância tem um profundo desprezo por tudo que é ignorante. Todo ser humano tomado pela ação da ignorância tem profundo nojo por si mesmo, primeiramente, e por tudo o que não pode ser, pois sua vida é de apenas ter. E quando minha mente expandiu para que o conhecimento de tudo ao meu redor pudesse me ser alcançado, a dor cessou. Senti então uma vontade de escrever, como se meus dedos queimassem, tal como o fogo do monstro que agora habita em mim. Então peguei um pergaminho, uma das penas, fechei os olhos para poder enxergar melhor as verdades que me iam sendo ditas e eu, Hari Laykos, filho de Samir Ahmad, comecei a escrever e usar as palavras nestes termos:

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