Capitulo 3: Encontro

1857 Words
Eu poderia passar o resto da noite ali, sentada naqueles degraus, esperando que aquilo fosse um sonho ou melhor um pesadelo. Mas não era porque eu já havia me beliscado, nunca se sabe não é? Eu encarava o horizonte,  quando alguém atrapalhou minha visão, entrando no meio, observei os cabelos verdes claros, o sorriso de canto de boca, Iwadate acenou para mim, eu me perguntei quanto tempo havia passado ali. Ele parou na minha frente, eu o olhei vendo que estava de bom humor, como uma pessoa poderia estar sempre assim? Iwadate se aproximou sentando ao meu lado.  — Pronta pra ir? Eu o olhei, estava muita coisa, porém, pronta com certeza não, eu sorri sem graça tentando pensar em uma desculpa para meu devaneio. — Eu enrolei um pouco! Mas se quiser esperar e rápido? Iwadate deu uma piscadela para mim, eu entendi que era um sim, eu fiquei temerosa para chamá-lo para o meu pequeno apartamento, por quê? Eu não queria que Sasuke chegasse encontrasse com Iwadate, não queria que ele entendesse nada errado. Eu me sentia estúpida, porque ao mesmo que não queria, eu queria! Queria que ele sentisse ciúmes. Queria que o Uchiha Sasuke se sentisse uma vez na vida, como eu me sentia, quando tantas garotas se jogavam em cima dele na minha frente. Eu bati na própria testa sentindo a dor na minha testa, notei o olhar de Iwadate em mim, porém, fingir que nada havia acontecido. Porque eu realmente não queria ficar pensando no Uchiha, essa fase já havia passado, e eu havia superado. — Vamos. Eu o chamei vendo o sorriso em seu rosto aumentar, minhas bochechas ganharam um tom avermelhado, eu desviei o olhar dele caminhando até a porta. Eu enfiei a mão no bolso, tirei a chave da porta, quando abri notei que havia esquecido a luz da pequena sala ligada. Nem sequer tinha recordações de ligá-la. — Me espere aqui, Iwadate.  Deixei ele na sala, seguindo para a escada que levava ao segundo andar, caminhei com pressa para o meu quarto, prometendo que não ia  demorar. Entrei no meu quarto, vendo que havia esquecido a janela do quarto aberta de novo, hábitos. Peguei a toalha sobre a cômoda, caminhei para o banheiro, encostei a porta seguido para o box, tirei as roupas sujas, indo para debaixo da água quente. Meu corpo relaxou instantaneamente, deixei que o dia cansativo fisicamente e emocionalmente fosse lavado do meu corpo, passei um pouco de sabonete sobre o corpo, lavando. Porém, uma estranha sensação se apossou do meu corpo, era como se alguém me olhasse. Puxei um pouco o vidro do box, a porta estava entreaberta, mas quase certeza que havia encostado.  Voltei para debaixo da água, tirando a espuma do corpo, tentei sentir o chakra de Iwadate, estava levemente oscilando, porém, ainda estava na sala.  Saí do box procurando pela toalha, porém, não estava lá, olhei ao redor novamente procurando, tinha certeza que havia trazido a toalha. Peguei a blusa do chão, tentando ignorar a raiva, se era Iwadate de brincadeira comigo, iria soca-lo para invadir o banheiro enquanto eu tomava banho. Por sorte a blusa era comprida o suficiente, segurei o tecido puxando para baixo, aquilo era uma brincadeira sem graça, saí do banheiro vendo a toalha caída no meio do quarto. Olhei sem entender, eu havia deixado cair? Me aproximei agachando para pegar a toalha felpuda. — Você ficou diferente do que eu imaginava. Eu senti toda a força do meu corpo se esvair, eu virei encarando a versão mais nova de Sasuke em minha cama. Sentado confortavelmente no meio da minha cama, eu o olhei sentindo a veia saltar no meio da minha testa, o que esse projeto de defunto estava fazendo em minha cama? E ainda por cima me espiando no banho. Senti minhas bochechas corarem, sempre achei que o tarado era o Naruto. — O que você acha que está fazendo? Perguntei sentindo a raiva aumentar, enrolei a toalha sobre minha cintura, eu iria matar aquele moleque de merda. — Hm. Ele não pareceu se importar com minha aproximação, eu cheguei a beirada da cama, pronto para soca-lo e mandá-lo para o segundo andar. — Eu me pergunto o que eu fiz para você ficar assim. Eu parei sem entender, eu ainda lembrava de muita coisa, e muita coisa era dolorosa para mim, mas entendi o que ele estava fazendo. Sasuke Uchiha queria me provocar, queria que lhe falasse as coisas. — Tão amargurada. Ele falou, eu o olhei apenas para ignorá-lo, fui em direção ao armário, peguei a primeira roupa que vi, apenas ignorei a presença do Sasuke mais novo ali, fui em direção ao banheiro, mas dessa vez tranquei a porta. Vesti a blusa  de mangas compridas verde clara, a calcinha azul, e por fim a calça bege, olhei meu reflexo no espelho, estava com grandes olheiras, mas como ninja médica isso era normal, mesmo que dessa vez não fosse culpa do meu amado trabalho. Deixei o banheiro, passei pelo quarto fingindo não ter ninguém ali, quando descia as escadas entendi o motivo do  Iwadate estar com o Chakra agitado, Sasuke o mais velho lhe encarava com o sharingan ativado, sem nem ao menos disfarçar. Ambos se encaravam quase que mortalmente, eu me aproximei olhando para Sasuke, quase que automaticamente ele desativou o sharingan. — o quê está acontecendo aqui? Perguntei olhando para Sasuke, porém, ele desviou o olhar. — Seu amigo acha que eu não sou bom o suficiente para você. Iwadate falou com raiva aparente, nunca havia visto assim, por isso, eu sei que Sasuke havia falado algo mais ou feito. — O que você fez? Perguntei olhando para ele, vendo virar de costas, ele nem tinha passado cinco minutos aqui e eu já tinha me arrependido de ajudá-los. — Nada. Sasuke falou saindo de perto, eu encarei suas costas, seria uma difícil semana, senti os dedos trêmulos de alguém em meu pulso, Iwadate me puxou com delicadeza, seguimos juntos até a porta, ainda olhava para Sasuke quando a porta foi fechada bruscamente. Iwadate soltou meu pulso quando notou que ainda o segurava, pode vê suas bochechas ganharem um tom avermelhado, possivelmente não havia notado que me segurava tão firmemente. Ele começou a caminhar e o segui, sentindo o seu bom humor de antes quase inexistente, e eu encarei o rosto dele. A tensão em suas expressões faciais, o que Sasuke havia feito? — E ele não é? O cara que você tem tentado esquecer. A voz dele saiu triste e pesada, eu olhei para frente sentindo o incômodo no meu peito aumentar, pode notar ele me olhar de esguelha. — Uchiha Sasuke, o assunto proibido do Hospital ninja!  Assunto proibido? Era assim que Ino e as outras se comunicavam quando eu estava por perto, Iwadate não sabia muito sobre o Sasuke, eles nunca nem tinha se visto até hoje. — Ele vai morar com você? A pergunta saiu rapidamente de sua boca, eu encarei sem entender de primeira, como ele sabia sobre isso? — Ele disse que ninguém é bom o suficiente pra você! Que me mataria se fizesse algo com você. Sasuke estava me protegendo? Eu balancei a cabeça espantando os pensamentos sobre esse assunto. — Deixamos isso de lado! Eu quero que você conheça o novo restaurante de Konoha. Iwadate falou sorrindo levemente, tentando dissipar o clima r**m. Quando adentramos o restaurante não muito longe da minha casa, me arrependi de não ter escolhido ao menos um vestido para usar no meu momento de ódio. Observei o restaurante pequeno, porém, aconchegante, as mesas de madeira escura todas bem colocadas, afastadas umas das outras, ele me guiou para uma mesa perto da janela, um pequeno galho de cerejeira enfeitava a mesa. Iwadate se mostrou uma ótima companhia, conversamos por horas, a comida estava ótima, havia esquecido todos os meus problemas naquela mesa de restaurante, quando o jantar chegou ao fim. Viemos juntos pelo caminho da minha casa. — Então você no começo só estava na academia, para chamar atenção do Sasuke? — Não! Ele riu, me fazendo revirar os olhos, Iwadate riu ainda mais me deixando irritada. — acho que você não estava me ouvindo! Eu falei olhando para ele, havia contado a história da minha vida para Iwadate, claro nem tudo havia falado, principalmente as partes que envolviam Uchiha Sasuke. — Você entrou na academia ninja para provar que seria muito mais do que falavam! Ei olha só você, médica ninja, uma sannin, heroína da guerra, e muitas outras coisas que poderia passar a noite listando, porém, ali está a porta da sua casa. Ele apontou para a porta branca, e como um balde de água fria fosse jogado na minha cara, eu me lembrei do meu principal problema no momento. Não só um Sasuke, mas dois estavam na minha casa, eu tentei manter o bom o humor, Iwadate parou em frente a porta, eu segurei a maçaneta fria, quando destranquei a porta, fui surpreendida por um beijo rápido de Iwadate em meu rosto. — Boa noite, Florzinha. Eu não podia nem sequer responder, pois, ele se afastou com um sorriso contido no lábios, não conseguia entender o porquê do sorriso em meus lábios, eu fechei a porta. Senti meus pés levemente doloridos, por isso, deitei no sofá sorrindo feito boba. Havia sido um encontro adorável, havia me divertido muito mais do que poderia imaginar, isso me fez pensar que talvez deveria finalmente pensar em ter relacionamento. — Sakura. Olhei por cima do sofá, vendo Sasuke parado na beirada escada, ele pareceu receoso em se aproximar. — Eu e o meu… outro eu, iremos dormir no quarto de hóspedes. Sasuke pareceu ainda mais perturbado, sua mente parecia estar longe do seu corpo, e eu sabia o porquê. Aquele Sasuke antigo ainda lhe atormentava profundamente, a confiança foi quebrada por causa do seus atos no passado, agora que ele está reparando os atos ruins que fez, o passado volta para lhe assombrar.  — Boa noite. Ele disse por fim, eu senti meu corpo se mover para frente, me sentei olhando ele subir as escadas. — Sasuke. Minha voz saiu esganiçada, senti que estava fazendo a maior estupidez da minha vida ali. — fique no meu quarto. Ele me olhou com os olhos estreitos, eu senti minhas bochechas ganharam um tom avermelhado, não sabia ao certo o que ele havia pensando. — Eu fico de olho no seu eu mais novo, faço a vigia hoje, amanhã você faz. Ele pareceu pensar, mas pelo suspiro cansado que deixou escapar, ele não iria discordar. —Tem certeza disso? Ele consegue ser bem irritante quando quer. — Sim, esqueceu com quem você está falando? Eu sou a irritante número um. Sasuke arqueou a sobrancelha levemente, logo um mínimo sorriso surgiu em seus lábios. Sasuke subiu as escadas rapidamente, em direção ao meu quarto, louca ou burra? Qual dos adjetivos eu deveria me auto intitular?  Eu só teria que passar a noite com o garoto mais irritante e esnobe que eu conheço, e ainda por cima lidar calada com o turbilhão de sentimentos em meu peito.        "Burra" Com certeza era o que eu era!
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