Príncipe ou Sapo?

1930 Words
Gabriel: Mas, me conta como era onde você morava. - Gabriel pergunta, enquanto lava as louças do almoço e eu as seco. Titia havia ido se deitar um pouco para descansar. Agatha: Bem diferente daqui, com toda certeza. Sempre tinha lugares diferentes para visitar, era uma boa vida. Gabriel: Eu imagino que sim, mas, no centro da cidade também tem bastante coisa legal. É que você escolheu um lugar não para morar e sim se esconder. - Ele brinca e sorrio. Era bom estar ao lado dele, mas, ao mesmo tempo me sentia constrangida, como se faltasse em mim o que parecia sobrar nele. Agatha: Parece que sim. - Falo me sentindo triste de repente. Gabriel: Você fazia algum curso por lá? Agatha: Hum...sim, eu cursava direito, mas, não é algo que eu vá sentir falta. Eu comecei a estudar por causa dos meus pais. Gabriel: Poxa, deve ser chato ter que fazer algo sem ser aquilo que deseja. A Maria é a única pessoa que tenho mais próxima de família, sempre me deixou bem a vontade para escolher meus sonhos e projetos. Agatha: Você faz faculdade? Gabriel: Sim. Eu curso medicina, faço especialização em oncologia. Agatha: Nossa, é uma área bem especifica. Também sempre quis fazer medicina, mas, não sei em que área gostaria de atuar. Gabriel: Quando comecei também não sabia, fiz um semestre de fisioterapia, mas, depois a oncologia ganhou meu coração. Agatha: Estranho por ser uma área tão dolorosa, mas, tudo bem... não precisa ir mais a fundo. - Digo e o mesmo sorri, abaixando a cabeça por alguns segundos, voltando a falar logo em seguida. Gabriel: Se quiser posso te levar na faculdade amanhã, para conhecer...quem sabe não consegue um emprego, posso lhe ajudar com a mensalidade. sou interno no hospital. Agatha: Você já atua na área? Gabriel: Mais o menos, fico com a parte de altas, papeladas e as vezes consigo atender alguns pacientes, mas, nada tão incrível. Logo irei terminar e poderei fazer minha primeira cirurgia de transplante de medula. - Enquanto Gabriel falava, me sentia viajando em sua voz, em todos os sonhos que já tive de poder atuar nessa área tão linda, imaginava o quanto seria incrível ser médica. Agatha: Você nem imagina o quanto eu sonho em ser médica. Acho que desde quando eu nasci! Gabriel: Na segunda irei te levar até minha faculdade, não se preocupe com a mensalidade, sei que Deus irá prover todas as coisas. Agora preciso ir, tenho plantão. Agatha: Tudo bem, obrigada pela conversa. - Falo sorridente e o mesmo corre porta a fora. Meu coração batia tão forte, só de imaginar que eu veria uma faculdade de medicina, já me deixava com o estômago embrulhado de emoção. Não consegui me deitar, passei a noite toda limpando a casa de Maria, lendo livros estranhos religiosos que haviam em sua cômoda e observando meu celular, aguardando o momento de Gabriel mandar uma mensagem, dizendo que viria me buscar para irmos a cidade. Maria: Querida, precisa ir dormir. Não pode ficar a noite toda em claro. - Maria diz ao me encontrar sentada no sofá da sala. Agatha: Me desculpe, espero não ter acordado a senhora. Maria: Só vim tomar um copo d'água, agora vá para o seu quarto descansar. Ficar acordada, não fará o dia chegar mais rápido. Agatha: Tudo bem, boa noite. - Digo por fim. A mesma se aproxima e beija minha testa, sigo logo em seguida para o quarto. Eu ainda sentia tristeza, as vezes ela vinha e me lembrava de tudo que perdi, mas, haviam pequenos pedaços de alegria, e essas fagulhas eram o que estavam me mantendo de pé. O galo extremamente pontual, canta em meus ouvidos as seis horas da manhã. Me levanto, tomo um banho no chuveiro que permanece queimado, visto um jeans e um moletom rosa. Prendo meus cabelos, passo um leve rimel em meus olhos e sigo até a cozinha, onde Maria lê sua biblia. Maria: Bom dia...está com frio? - Indaga e sigo meus olhos até a janela, onde um sol forte ilumina a casa toda. Agatha: An...deve ser por causa do chuveiro, a água está um pouco fria. Maria: Ah querida, eu sinto muito. Vou pedir ao Gabriel para dar uma olhada. Agatha: Não precisa se preocupar, logo me acostumo. Gabriel: Bom dia moça, bom dia mãe. - O jovem lindo e alto entra pela porta, beijando a minha bochecha e também de sua tia. Sinto meu rosto queimar por alguns segundos. Maria: Estávamos falando de você agora, o chuveiro do quarto da Agatha está queimado. Agatha: Já disse a sua mãe que não precisa se preocupar. Gabriel: Imagina, posso dar uma olhada depois. Vamos a cidade agora, aproveito e compro um. - Fala comendo um pedaço de pão caseiro com manteiga e bebendo rapidamente uma xícara de café. Caramba, esse café estava pelando (Quente). Agatha: Se é assim, tudo bem...não posso pagar agora, mas, quando começar trabalhar lhe recompenso. Gabriel: Não precisa. Vamos indo? Tenho que pegar a primeira aula. Consegui uma sala para você assistir como ouvinte apenas. Agatha: É sério? Então vamos logo!! - Exclamo extremamente animada. Os dois sorriem achando graça de minha empolgação. Maria: Vão com Deus. - Maria se despede e seguimos para o carro de Gabriel, uma Hilux preta. Agatha: Seu carro é bem legal. Gabriel: Sabe como os garotos são, o primeiro dinheiro que conseguem, vão logo comprando um carro. - Brinca, enquanto abre a porta para que eu entre. Durante a viagem vamos conversando sobre coisas aleatórias, exemplo: Como o dia estava ensolarado, por que ruivos tem sardas, por que ele sempre usava xadrez como se fosse um texicano ou algo do tipo. Agatha: Chegamos? - Questiono ao pararmos em frente a um enorme prédio, com longas escadas e um campus grande o bastante para de perder. Era como se a casa de minha tia, fizesse parte de um outro mundo totalmente diferente do que estávamos agora. Gabriel: Sim. Vem, vou te levar até sua sala. Esse é seu cartão de visitante, nos encontramos no almoço. Agatha: Tudo bem então. Estou tão animada, Gabriel!! Gabriel: Não é nenhum segredo para mim. - Rimos e caminhamos pelas escadas, passando pela recepção, onde Gabriel cumprimenta a recepcionista que sorri muito receptiva para o mesmo. Entramos em um corredor onde existe várias salas e alunos entrando e saindo. Agatha: Queria que tivéssemos ficado na mesma sala, estou começando a ficar nervosa. Gabriel: Não fique, eu acredito em você. Aqui é sua sala, entre e seja feliz. Beijos. - Fala correndo até o fim do corredor. Adentro a sala de aula, com pessoas muito iguais as outras, era como se tivesse pegado todos europeus do mundo e colocado em uma sala só. Lucas: Ei gatinha, pode sentar aqui ao meu lado. - Um rapaz de cabelos loiros e olhos claros, sorri para mim de forma galante, como dizia os antigos. Agatha: Está falando comigo? - Digo em frente a porta, enquanto o mesmo está sentado na última carteira. Lucas: Você é a única gatinha que estou vendo por aqui. - Flerta e fico vermelha, pelo elogio. Caminho até a carteira que estava ao seu lado e me sento. Agatha: Olá, bom dia. Lucas: Bom dia, muito prazer. Meu nome é Lucas. Agatha: Sou Agatha Sullivan. Lucas: Agora tudo faz sentido, seu nome ser Agatha, por que parece com "gata". - Chaveca. Havia sido a pior cantada que ouvi em toda minha vida, mas acabo sorrindo pelo simples fato, de estar sendo cantada por alguém depois de tanto tempo. A aula fora incrível, todo tempo eu só sentia o desejo em mim aumentar. Eu precisava fazer aquela faculdade ou então de nada valeria a minha vida. Você já quis tanto algo, que sente como se sua vida dependesse daquilo para tomar um rumo? Agatha: Que aula incrível, quero muito fazer esse curso. - Digo ao final da aula, enquanto converso com Lucas na porta da sala. Lucas: Ei, quer ir a uma festa hoje? Vai ser no bar Dumont aqui perto, ou você é "irmãzinha"? Agatha: "Irmãzinha"? Não sei se posso ir, preciso ver com minha tia. Gabriel: Agatha, vem comigo!! - Sou puxada pelo braço, por Gabriel que caminha rapidamente. Agatha: Me solta Gabriel!! Lucas: Você ouviu a garota!! - Lucas empurra Gabriel, se pondo em minha frente. Gabriel: Agatha, vem comigo, por favor. Não fique conversando com esse cara. Lucas: Vá a merda irmãozinho! Agatha: Parou!! Gabriel, você não tem o direito de dizer com quem falo ou deixo de falar. Eu vou a festa, pode me pegar às vinte horas. Lucas: A hora que você quiser, gata! - Exclama, enquanto caminho rapidamente até o exterior da faculdade. Gabriel: Desculpa por ter lhe puxado, só não quero que se envolva com gente errada. Agatha: Não é você quem decide, caramba! Acho melhor eu ir embora sozinha. Gabriel: Para com isso, vem eu te levo vai acabar se perdendo. - O rapaz diz parando em minha frente, enquanto caminho. Agatha: Beleza, mas, nunca mais encoste suas mãos em mim! Gabriel: Tudo bem. Não vai nessa festa, por favor. Agatha: Gabriel, já deu. Eu sou de maior, me deixe decidir ou vou embora andando. - Falo por fim. O mesmo abre a porta do carro e entro. Seguimos até a casa de minha tia em total silêncio. Chegamos em casa e Gabriel nem mesmo entrou, fora embora me deixando a porta do fim do mundo. Entro para dentro de casa e titia faz croche. Maria: Ei mocinha, o que aconteceu? - Indaga ao me ver caminhar diretamente para o quarto. Agatha: Seu filho, sobrinho ou sei lá o que...ele pensa que manda em mim. - Adentro no quarto e bato a porta, ficando ali a tarde toda. Aproveito para guardar minhas roupas no armário e escolher um vestido para a festa que iria a noite. Nunca fora tão difícil escolher algo que ficasse bom em mim, meu corpo estava magro e extremamente vermelho por causa do sol. Próximo da hora que Julian deveria me buscar, tomo um banho lavando os cabelos, deixo meus cabelos soltos, visto um pequeno vestido preto de alças finas e passo um batom vermelho. A maquiagem sempre foi algo perfeito para esconder o que seu rosto realmente diz, mas, o vazio ainda havia dentro de mim e ficava lutando para se aparecer. Vou em direção a cozinha, encontrando Gabriel sentado no sofá. Agatha: An...Oi... - Sussurro envergonhada, tentando puxar o meu vestido para que ficasse maior. Sem nenhum sucesso. Gabriel me olha rapidamente, voltando seus olhos para a TV. Gabriel: Boa noite. Parece que se adequou bem aos novos amigos. - Zomba e reviro meus olhos irritada, caminhando até a porta. Agatha: Onde está a titia? Maria: Aqui Gath, você não vai levar uma blusa de frio? Pode ser que esfrie. Gabriel: Melhor um cobertor, para tampar essas pernas a mostra. Agatha: Não obrigada, estou ótima assim. Ah...eu uso o que eu quiser. Bom, o Julian chegou. - Falo ao ver um carro parado em frente ao portão. Maria: Vai com Deus, estaremos orando por você. - Maria e Gabriel iriam ao culto naquela noite. Agatha: Não precisa. - Sorrio e caminho até o carro de Julian, que me observa de cima para baixo de forma tão inadequada, que me senti nua por um momento. Lucas: Caramba, entra ai. - Abro a porta e entro em seu carro. Agatha: Estou bem nervosa. Lucas: Você vai adorar essa noite! - Grita sem nenhuma necessidade, enquanto dirige...deixando meu coração com Maria e Gabriel, que se encontravam abraçados na porta.
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