Enzo Narrando,
Eu sabia que ela estava certa, e que tudo que disse era a mais pura verdade, mas eu não conseguia seguir em frente eu perdi o meu irmão que era meu tudo e acima de tudo meu confidente, não quero perder ela também essa vida não é pra mim, eu não consigo lidar com as consequências dessa escolha, já havia se passado pouco mais de um mês e por incrível que pareça eu não vi ela, simplesmente sumiu do morro ou estava evitando me encontrar por aqui. A comunidade estava em silêncio e quase não se via as pessoas do movimento andando o que achei bem estranho, o QG estava fechado e a praça vazia, alguma coisa estava acontecendo e eu não tinha para quem perguntar, minha vó se sentiu m*l e eu estava acompanhando ela no posto na entrada do morro, até os funcionários estavam estranhos, poderia ser coisa da minha cabeça mas nada aqui parecia normal, enquanto minha vó esperava o remédio fazer efeito chegou vários carros e os caras do movimento começou a descer, deram início a uma correria e senti meu sangue gelar ao ouvir eles gritarem.
RÁPIDO POHA A PATROA FOI BALEADA.
Em fração de segundos tudo ficou em câmera lenta, colocaram ela em uma maca e ela passou na minha frente pálida e com a região da barriga cheia de sangue, os caras ficaram na mesma sala que eu de espera, mas eu permaneci quieto ao lado da minha vó que olhava tudo muito curiosa.
- O que aconteceu com a menina?
Armaram pra ela, estão querendo tomar o comando, mas ela tinha tudo sobre controle, mas apareceu uma criança correndo e ela entrou na frente para que ela não fosse atingida, e ela acabou recebendo o tiro.
- Que não seja grave, sem ela aqui essa comunidade não anda. - Fiquei somente observando a conversa, passou pouco mais de duas horas e o médico veio avisar o que tinha acontecido.
A cirurgia dela foi complicada, ela teve uma hemorragia no meio do procedimento a bala atravessou 3 centímetros da bexiga, descobrimos no meio do procedimento que ela estava gravida, nas primeiras semanas, mas não foi possível salvar o bebê, ela vai ficar em observação e sem visitas por enquanto. - As palavras gravida, e bebê rondavam a minha mente, ela estava esperando um filho meu, eu sabia que era meu, não sei como ela vai reagir quando saber disso, eu não sei o que estou sentindo nesse momento, eu preciso muito abraçar ela, eu sei que ela não vai receber nada bem essa notícia.
Tenho até medo do que ela vai fazer para se vingar de quem atirou nela.
-
Medusa Narrando,
Acordei assustada reconhecendo o lugar em que eu estava, permaneci em silêncio lembrando de todo o ocorrido, tudo ocorreu bem mesmo tentando me enganar, mas ai no final uma criança apareceu do além e eu não poderia deixar que se machucasse, sou humana e agi como um instinto, uma enfermeira entrou e me viu acordada fez algumas perguntas e chamou o médico, eu percebia que eles estava sendo cauteloso demais e pedi que fosse direto ou ponto, e me quebrou por inteira saber que o que eu tanto havia sonhado se foi, a relação complicada entre mim e Enzo é carregada de amor e medo, mas eu sei o quanto estaria disposta para que tido ficasse bem e que tudo desse certo, aquele dia no meu escritório não nos prevenimos, e a noite eu orei baixinho pedindo que tivesse um filho dele, mesmo que não ficássemos juntos um pedacinho dele estaria sempre ao meu lado, mas ele se foi assim como as minhas esperanças, eu preciso arrancar essa obsessão do meu peito, preciso reviver antes que esse amor me sufoque e me mate. Era fim de tarde quando a porta se abriu e le entrou meio acanhado, fiquei muito surpresa pois ele seria a última pessoa que imaginei ver.
- Como está se sentindo, sente muita dor?
O que faz aqui Enzo?
-Não sei, mas eu precisava ver você e saber como está.
Já viu, agora já pode ir.
- Não vou, era meu filho também.
Como você sabe?
- Eu estava aqui quando você chegou baleada, e permaneci aqui todos esses dias.
Porquê?
- Isso eu não sei responder, mas eu senti que precisava estar ao seu lado nesse momento.
Não precisa se sentir responsável por nada, hoje mesmo vou ter alta.
- Sei que deve estar com raiva, mas esse momento eu não deixar que passe sozinha.
As pessoas vão saber, não será bom para sua reputação, posso me virar sozinha, assim quando me virei sozinha na morte do seu irmão, baleada, sozinha e com o peso nas costas de achar que não fiz o suficiente, e ainda ter que lidar com a sua rejeição, então
Enzo eu não preciso da sua ajuda.
- Mas eu vou ficar, mesmo contra a sua vontade, era meu filho e essa dor não é só sua.
Faz o que quiser, eu já não me importo mais.
-
Enzo Narrando,
Ouvir ela disser que não se importava mais mexeu comigo, seria esse o fim dos sentimentos dela por mim, ele foi embora junto com a perda do nosso filho, eu me perguntava a todo momento, o porquê dessa mudança repentina, mas eu sabia que não era tão repentina assim, eu não correspondia aos seus sentimentos, e atribui a ela a culpa pela morte do meu irmão, chegou o momento em que ela cansou de esperar que eu me recuperasse do meu luto eterno, e que finalmente seguiríamos de onde paramos, mas ela nesse momento decidiu caminhar sozinha e sem nenhuma pretensão de me dar alguma chance novamente, senti isso nós seus 15 dias de repouso na qual eu lhe fiz companhia, ela não me deu nenhuma a******a, eu sentia a sua dor e queria partilhar a minha também, mas eu não era bem vindo ali.
- Já estou melhor e já retirei os pontos, pode ir para sua casa, obrigada por ter ficado mesmo seu eu querer.
Jamais te deixaria sozinha nesse momento, era o nosso bebê.
- Não precisa se esforçar assim, segue seu caminho Enzo eu não vou mais interferir na sua vida.
Desistiu de mim?
- Na verdade eu cansei mesmo, todo mundo tem um limite e eu já ultrapassei o meu, segue sua vida, faz como sempre fez finja que eu não existo. - Eu não consegui argumentar, olhei para ela por longos minutos e peguei as minhas coisas e sai dali, com uma sensação estranha dançando em meu peito, um frio na barriga e um amargo na boca, eu segui até em casa e as sensações permaneciam em meu corpo e assim persistiram por dias, semanas e messes, ela levou bem a sério, m*l via ela pela comunidade, e quando via ela não me olhava e quando acontecia dos nossos olhares se encontrarem ela desviava, e eu me sentia estranho e a cada vez mais estranho.
- O que está acontecendo com você meu neto, ultimamente só anda calado, ta com algum problema?
Nenhuma vó, só pensando em algumas coisas mesmo.
- Cuida que a vida não espera você tomar iniciativa sobre o que quer, se demorar de mais pode perder para sempre o amor da sua vida.
O que a senhora quer dizer com isso?
- Que é para deixar de ser sonso e ir atrás da mulher que voce ama.
Já é tarde demais vó.
- Nunca é tarde para recomeçar, ou para começar a amar, corre atrás enquanto ainda é tempo, faz o que tem que fazer, ou outro chega e faz tudo que você imaginou e não fez.
-
Medusa Narrando,
Eu o amava isso eu tinha absoluta certeza, porém ele precisava sentir que poderia me perder, esses tempo que passou não foi fácil, porém segui firme na minha decisão, eu comecei a perceber que o olhar dele mudou, que sua postura se desfez e que ele me procurava com o olhar quando estava chegando ou saindo da comunidade, eu estava sempre de olho mas agora de um jeito que ele não veria, eu entendia que ele passou por um trauma e não queria passar por isso novamente comigo, ele tem sentimentos mas também tem medo, porém eu não iria esperar por toda uma vida. Sua vó era minha amiga e estava sempre aqui em casa fofocando do neto, eu não demostrava, mas estava feliz com mudança dele, ou ele tomava uma atitude ou o nó talvez não fosse existir nunca mais.
E em uma madrugada chuvosa ele bateu desesperado na minha porta, assustava pelo barulho eu fui até a varanda armada e com uma lanterna ligada, ele encharcado pela chuva me chamava sem parar, abri o portão e o levei para dentro lhe dando uma toalha para que tomasse um banho, aqui ainda tinha roupas dele e estavam limpas, ele tomou banho e me olhava acanhado, talvez toda a sua coragem foi embora junto com o banho morno.
O que faz aqui a essa hora, vai ficar doente.
- Você não gosta de trovão e nem da chuva, tem trauma pelo acidente dos seus pais, eu fiquei preocupado fazia muito tempo que não chovia assim.
So por isso você veio?
- Não, eu vim, pois, preciso conversar com você, sei que a nossa história ainda não acabou e eu vou cuidar disso, mas há algo sobre a morte do meu irmão que eu descobri.
O que você quer dizer com isso?
- Eu finalmente fui até o quarto dele, vamos começar a desfazer das coisas e minha vó vai reformar toda a casa, eu encontrei uma caixa não trouxe pela chuva, mas lá tinha fotos dele com uma mulher, cartas de amor e alguns bilhetes de ameaças, ele não sabia mas estava envolvendo com o a mulher do chefe rival, aquela invasão não foi para tomar seu comando, foi para fazer um acerto de contas, a mulher ainda era casada com o cara lá, se envolveu na trairagem, meu irmão não sabia quem ela era, mas porque ela fez isso, o que eles queriam com o meu irmão ele não é dono do morro, qual era o intuito disso.
Muita informação, amanhã quando não estiver chovendo me mostra essa caixa, alguma coisa não está batendo aí, ainda tem o celular dele ou perdeu na invasão?
- Ta em casa eu coloquei para carregar, mas tem senha.
Se ele não tiver mudado eu sei a senha dele, eu vou descobrir e vou vingar a covardia que fizeram com ele.
- Não quero que você vá atrás de vingança, eu so queria te contar, eles podem ter usado ele como isca para chegar até você, podem te machucar.
Se eles quisessem me atingir eles teriam ido atrás de você, se foram no seu irmão tem alguma coisa que ele não me contou, e eu vou descobrir o que é.
- Não vou te deixar sozinha nessa.
Não preciso da sua ajuda.
- Não há nada que me faça desistir disso, nem da verdade sobre meu irmão e nem de você, nunca mais...
-
Enzo Narrando,
A chuva não diminuiu, e ela só aumentava, eu via que ela estava acanhada por conta do barulho dos trovões, mas ela não iria dar o braço a torcer não comigo, eu sabia que a atitude deveria ser minha e com isso eu fui até ela a abraçando por trás, ela tremia e eu a apertei mais em mim, sem dizer nada fiquei ali até sentir que ela estava mais calma, beijei o seu pescoço e senti ela se arrepiar mas não demostrou nenhuma reação, mas também não me afastou e com isso eu continuei, a virei para mim e a beijei, sem resistência eu continuei, apertava a sua cintura enquanto beijava o seu pescoço e se não estivesse tão perto eu não teria escutado o seu gemido.
Não se controla amor, se entrega para o seu amor, você sabe que sempre fui seu, eu errei em me afastar, mas nunca mas vou sair do seu lado. - Ela continuava em silencio, mas correspondeu ao meu beijo assim como os meus toques, o desejo era claro ela ainda me desejava assim como eu a desejava, viramos uma completa bagunça em cima da sua cama, as roupas estavam no chão e nos tocávamos com calma e saudade, a cada beijo e toque os gemidos se intensificavam, ao ponto de não resistir mais e nos amar como a muito tempo não acontecia, era intenso e ao mesmo tempo calmo, a madrugada chuvosa não importava mais, e o unico barulho a se ouvir era dos nossos corpos se dando prazer, o mundo lá fora não importava mais e ali naquela cama eu demonstrei todo o meu amor, não podia mais sufocar em meu peito, a vontade e o desejo de tela novamente em meus braços.
Eu te amo...