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DA.VIDA

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Blurb

"Viver Não parece ser uma tarefa fácil, ainda mais quando todos ao seu redor parecem mortos e indiferentes ao que você sente"

Davi nunca foi feliz, ele é capaz de contar os momentos em que sorriu desde que nasceu. Sua mãe morta o acompanha, em meio aos olhares indiferentes de seu pai e as demonstrações penosas de tristeza da sua irmã mais velha

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DA.VIDA I
Viver Não é uma tarefa fácil, eu sei e sinto isso todos os dias em meus ossos desde o momento em que acordo até os últimos segundos do tic tac do relógio. Eu já tive pensamentos ruins, coisas que imaginei fazer comigo mesmo e deixar de uma vez tudo isso para trás. Eu me levanto pela manhã, mais precisamente às cinco horas, tomo um banho e sinto minha pele arder, eu penteio os cabelos que se encontram até o pescoço, acabo pensando que ainda estão assim, pois mamãe gostaria do efeito que meus fios vermelhos fazem no sol. Coloco meu jeans escuro e o moletom da mesma cor, observo-me no espelho e me obrigo a sorrir como a placa logo a frente diz, demonstrando como a emoção da alegria deve ser feita. Pego minha mochila e desço às escadas, todos ainda dormem e isso parece perfeito demais para o começo de uma segunda feira. Tomo a bicicleta logo a frente da varanda de entrada e pedalo, sentindo o ar gelado invadir minhas narinas e arder minha face sensível pelas sardas. Paro em frente ao cemitério "Santo Agostinho" e caminho lentamente, após deixar a bicicleta encostada em uma das pilastras de entrada. Em minha mão tenho margaridas amarelas, minha irmã mais velha dissera que eram as preferidas da mamãe. Eu me ajoelho, mesmo sentindo todo meu corpo doer por aquela ação, ela merecia meu minúsculo sacrifício contra a ansiedade em meus ossos. — Mãe, às coisas não tem sido fáceis por aqui. — Eu digo, mesmo sabendo que ela nunca pode me ouvir. Conforme a ciência diz, o processo da morte se inicia no momento em que seus sentidos param, primeiro você para de sentir fome ou sede, depois perde a visão e por último a audição e o tato. Será que ela escutou meu choro antes de morrer? Eu espero não ter feito isso de forma estrondosa, não queria de maneira nenhuma deixá-la pertubada. — Eu só queria ter a senhora ao meu lado ou estar contigo. — Digo, sentindo meus olhos arderem. Tudo em mim era fraco demais, minha pele vermelha me impedia de viver os dias ensolarados e meus olhos claros, cobravam um tributo doloroso de minhas lágrimas. — Visitando sua mãe, Davi? — O jardineiro pergunta, enquanto apara a grama com uma máquina própria para o trabalho. Ele é baixo e usa um uniforme cinza com uma insígnia verde, escrito em letras pequenas "Auxiliar de Cemitério" e em letras maiores "Audacir". O seu nome me chamou a atenção, já que não era corriqueiro ver uma pessoa adulta com um nome que se adequasse a sua idade. — Sim, trouxe algumas flores e também decidir matar a saudade. — Respondo, me esforçando para parecer gentil e sociável. Ele ri, mas com um certo ar de deboche, talvez eu não tenha conseguido dar o meu melhor naquele dia. Respiro fundo e levanto-me, caminho até a antiga Caloi que ganhei em meu aniversário de quinze anos, Rebeca dissera que papai deu, mas alguns dias encontrei o comprovante de pagamento em cima do balcão da cozinha e nele havia seu nome. Respiro mais uma vez e percebo que ao sair de casa, não pegara minha mochila e agora precisaria falar com minha irmã e me esforçar ainda mais para ser comunicativo. — Davi, onde estava? — Rebeca pergunta. Observo a rua, agora está movimentada, já são seis horas da manhã e as pessoas cortam a grama e bebem café no quintal de casa como em um filme estrangeiro. Desço da bicicleta, deixando na garagem e caminho para o interior da casa. Moro com minha irmã desde os sete anos, quando papai e eu tivemos nossa primeira discussão. — Fui ver a mamãe, preciso me arrumar para a faculdade. — Falo, preparando-me para subir às escadas em direção ao meu quarto. Rebeca me puxa pelo braço e abraça meu corpo, mas não sinto nada, estava completamente imerso em minha tentativa de manter-me firme até o fim daquele dia. — Vai dar tudo certo, eu prometo. — Força um sorriso, ajeitando seus cabelos com alguns fios brancos. Rebeca nunca quis pinta-los, decidiu que quando o momento chegasse, aceitaria tudo que a vida lhe tinha reservado. — Obrigada. Apesar de não acreditar muito, eu agradeço pelo seu otimismo. — Lhe deposito um beijo na testa e me dirijo ao banheiro para tomar um banho. Eu já havia o feito, mas me sentia sujo novamente. — Baby, Baby, ieeeeeeh!! — Yasmin cantarola, penteando os longos cabelos castanhos. Ela sorri com pureza me abraça. — Você está acabado. — Também amo você, linda. Agora sai daí, preciso tomar banho. — Retribuo, lhe empurrando para fora, enquanto mostro a língua. "Isso porque dizem que pessoas com síndrome de down, são amáveis. Não conheceram a Yasmin." O rapaz pensa consigo mesmo. Lavo meu rosto, pois temi as feridas em meu corpo ainda abertas. Não era algo costumeiro, apenas quando encontrava Gabriel, meu pai. — Davi, quer o que de lanche?! — Rebeca exclama, passando pela porta e entrando no banheiro. Meus olhos se abrem. procurando algo para me cobrir. Usava apenas camiseta. — Rebeca! — Grito e a mulher ri, não entendendo o motivo de tanto desespero. — Eu preciso de privacidade!! — Exclamo. — Ah por favor, eu lhe troquei as fraldas desde pequeno. Não mudou muita coisa. — Zomba e suspiro, me enrolando na toalha. — Espera... — Ela volta e reviro os olhos. — Davi, você está fazendo isso de novo?!! — Grita, com os olhos cheios de lágrimas. a olho com tristeza. — Por que? Por que, está fazendo isso? — Me desculpe, Eu-eu não consegui, tentei me segurar. Quando o vejo, me sinto um nada. — Confesso e Rebeca se aproxima abraçando-me. Davi não consegue mais se manter indiferente, acaba chorando antes mesmo de enfrentar o aterrorizante primeiro dia, do terceiro ano da faculdade. A escola sempre foi aterrorizante para mim, quando pequeno eu sempre sofria bullying de todos ao meu redor por ter uma mãe morta e um pai ausente. No dia das mães, eu cantava para a mãe dos outros e no dia dos pais, simplesmente fingia estar doente para não ter de ir. Eu devo ser o cara mais triste de toda essa faculdade e isso nem me deixa tão mal, quanto antes. Após colocar o trinco em minha bicicleta, caminho pelo campus de entrada da Universidade na Capital Paulista. Minha irmã estudou aqui quando jovem e parece ter sido feliz. Ela sempre diz, que é um bom lugar para se arrumar um namorado ou namorada. Como se eu tivesse suporte financeiro e mental, para investir em outra pessoa. — Ah meu Deus, é o gato do MED 1. — Algumas meninas sussurram, enquanto caminho. Coloco o capuz em minha cabeça e nem mesmo olho para os seres humanos, ao meu redor. — Cuidado!!! — Ouço um grito e confesso não ter tido muito tempo para desviar, do que quer que fosse. Minha cabeça estrala e sinto um frio de repente. Olho para o meu corpo, ele está encharcado e ao seguir com meus olhos para o segundo andar, vejo uma garota de roupas coloridas a sorrir nervosa. — Desculpa. — Ela fala, como em um grunido, pondo a mão sobre o rosto e olhando para mim, fazendo isso repetidamente. Balanço às mãos, na tentativa inútil de me secar e suspiro, voltando a caminhar. — Ei você, espere!! — Exclama, descendo as escadas e vindo em minha direção. Paro por tê-la em minha frente, a observo. A garota usa vestido rosa com um cinto vermelho e tênis vermelho. Seus longos cabelos estão presos com um laço infantil e seus olhos enormes são claros cintilantes. — Me desculpe, Eu-eu estava ajudando as faxineiras, e... — Volto a caminhar. Não estava afim de ouvir suas explicações, só queria encontrar um jeito de me secar e voltar a minha invisibilidade tão preciosa. Acabo pisando no cúmplice de tudo isso, um balde azul caído no chão. — Merda!!! — Grito nervoso, ao quase cair para a frente. Sou segurado pela tal, ela está com seus dedos enfiados no meu braço ferido pelos cortes. — Meu braço!!! — Grito mais uma vez, eu sentia tanta raiva daquela garota, como ela pôde estragar completamente a ordem dos fatores que eu viveria naquele dia? — Me-me desculpe. Olha, eu vou limpar você. — Estende um pano e passa sobre minha roupa. Ela toca levemente sobre minha blusa, causando estremecimento nos ossos de minha barriga. — Chega! Não precisa me limpar, consigo sozinho. — Empurro sua mão e caminho rapidamente para a secretaria, tentando fugir daquela garota estranha. — Com licença... — Davi, oi! — Melissa, cumprimenta-me. Ela era amiga da minha irmã, na verdade, quase uma segunda mãe para mim. — O que aconteceu? — Oi tia, tem alguma camiseta para que eu possa me trocar? Acabei levando um banho de água fria, literalmente. — Faço um trocadilho e ela ri alto, pondo a mão na boca ao ver que às outras secretárias lhe olhavam. — Você é ótimo com trocadilhos. — Elogia e agradeço, fazendo uma leve reverência. Eu só fazia piadas para Melissa, essa era a verdade. — Vou pegar uma camiseta, pode ser branca? — Se não tiver outro jeito...tia, teria de manga cumprida? — Pergunto e Melissa me olha, da mesma forma que Rebeca havia feito mais cedo. — Teria? — Sim, vou pegar nos uniformes. — Diz por fim, caminhando para o quarto de roupas. Ao contrário de Rebeca, Melissa não costumava se desesperar muito, na verdade, ela sempre tentava me agredir, quando eu fazia algo do tipo. — Aqui está! — Empurra nas minhas mãos, dando um murro nas minhas costas. — Tia!! — Choramingo. — Oi mãe... — Isadora se aproxima, olhando a cena. Sua mãe, sorri como se nada tivesse acontecido e dá um beijo na bochecha da loira. — Mãe, está batendo no Davi de novo? — Indaga, se aproximando e passando às mãos em minhas costas. — Não se meta! — Resmunga, voltando para a secretaria e batendo a portinha de entrada. — Vão logo para a sala, estão atrasados. — Ordena e assim, fazemos. — Davi...eu-eu queria saber, se gostaria de sair comigo. — Isadora pergunta e a olho, tentando entender porque parecia ansiosa. — O que? Claro que sim, a gente sempre sai. É só dizer "vamos sair". — Brinco e ela sorri, levemente. — É claro, você está certo. Vamos sair, então. — Fala e concordo, pondo meu braço em seu pescoço e Isadora abraça minha cintura, um pouco mais apertado que o normal.

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