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Amizade colorida

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Pamela e Léo são melhores amigos inseparáveis desde que se entendem por gente. Ao descobrirem uma repentina e inesperada atração um pelo outro, Léo propõe para Pamela a única forma de cederem ao desejo sem estragar a amizade de anos: Uma amizade colorida.

Tudo começa a dar errado quando Pamela descobre que tem ciúmes de seu melhor amigo com outras garotas, entre elas, Sabrina, o caso mais recente e duradouro do rapaz. Obsessiva e interesseira, Sabrina faz de tudo para afastar Pamela de Léo. Com a ajuda de suas três melhores amigas: Virgínia, Ana Paula e Mirela, Pamela consegue lidar com a maioria dos obstáculos, mas chega um momento onde tudo parece perdido. No fim desse livro, você descobrirá se, por trás dessa amizade tão especial, existe ou não amor verdadeiro.

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Capítulo 1
Primeiro dia de férias após o término do terceiro ano do ensino médio deveria ser algo que, por lei, todo adolescente deveria ter direito a dormir o dia todo se necessário. Agora, era só relaxar até começar a faculdade em fevereiro. Pamela estava muito tranquila enquanto sonhava com aquele que jurava ser o amor de sua vida, Bernardo, o cara que invadia os seus sonhos, beijando-a em todos eles e jurando que jamais olharia para qualquer... Antes que o rapaz pudesse emitir o " garota", um som estridente de alarme repercutiu no âmago dos tímpanos da moça, fazendo-a desabar como uma manga madura no chão.  Deitada em seu tapete peludo, Pamela pensou que, se a velocidade que o som percorresse no ar fosse menor do que 343 m/s , provavelmente ela não estaria quase surda naquele momento.  Ela nunca foi boa em física, era uma tragédia na verdade, mas tinha a memória excelente para gravar números, e 343 foi a quantidade de vezes que conseguiu escrever o nome " Bernardo" em seu caderno, quando estava entediada na aula de sociologia.  - Era tudo um sonho? Ainda estou no ensino médio e atrasada para a aula?- Gritou, caída no chão, para ninguém em particular. Quando olhou para o seu lado direito, era apenas o Gabriel, o mala do seu  irmão mais novo, segurando com uma das mãos o celular da mãe deles. Pamela levantou com uma rapidez que seria considerada impossível para quem acabou de acordar, e correu em disparada atrás de Gabriel, que claro, também não perdeu tempo em correr, descendo as escadas com pressa. Gabriel acaba tropeçando na bola de Virgolina, a SRD deles,  e sai embolando escada abaixo, fazendo com que o celular voe longe, e caia no chão. - Meu Deus! O celular da mamãe!- Gritou a moça exasperada, esquecendo por um momento que perseguia o irmão. Ela ficou de cócoras no chão e avaliou a tela, verificando que, como por sorte o objeto caiu no tapete, nenhum dano aparentemente foi causado ao aparelho.  - Quebrou?- Pergunta Gabriel, preocupado - Sabe o que vai quebrar nesse exato momento?- Perguntou, colocando o celular em cima da mesa.- A sua cara!- Pamela o segura pela gola da camisa antes que consiga correr, acertando um beliscão generoso em seu braço esquerdo. Gabriel uiva de dor. - Que bagunça é essa?- Pergunta Ricardo, o irmão mais velho, chegando em casa com a esposa Camila e o filho Miguel de 1 ano. - Mamãe!- Grita Gabriel, correndo na direção de Estela, que acabara de chegar em casa junto com o outro filho, segurando uma sacola de compras em um dos braços  Estela piscou aturdida por não entender o que estava acontecendo, mas curvou-se para verificar o porquê de seu caçula chorar e esfregar uma parte específica do braço.  A mulher mais velha disferiu um olhar gélido e irritado em direção á Pamela. - Não me peça para sair durante uma semana, mocinha. Está de castigo. - Mas...- - Eu não quero ouvir nenhum " mas". Nada te dá o direito de agredir o seu irmão.- - Ele colocou o despertador no meu ouvido e me fez cair no chão!- A mais jovem abanou os braços em desespero.- Já pensou se eu tivesse quebrado o pescoço? Ou se eu tivesse... Deslocado a coluna e ficasse tetraplégica?- Estela olhou de um para o outro, parecendo apta a escutar as duas versões. - Eu achei que ela estava morta! Não se mexia!- Justificou Gabriel. - E ainda fazia um som estranho de bicho morto. Pamela olhou para ele com cara feia - Os dois, para o quarto. E Pamela... Você continua de castigo. Não pode simplesmente bater em outra pessoa como se fosse alguém sem civilização.- Pamela resfolegou, pisando duro nas escadas que dariam acesso ao seu quarto. ... - Vejo que alguém se deu mal por espancar o irmão caçula.- Leo, que com a permissão dos pais de Pamela adentrou o seu quarto, e sentou-se ao lado da garota em sua cama.  - Eu queria ser filha única.- Pamela coloca o computador portátil  em cima da mesinha de cabeceira, fungando, antes de apoiar a cabeça ao colo do amigo. - Deveria agradecer de ter um melhor amigo como eu, que vai passar o dia inteiro com você maratonando a sua série favorita.- Com um carinho fraternal, o garoto afunda os dedos nos cabelos macios dela.. - Existe a palavra " maratonando"?- Pamela fungou por mais uma vez.  - Se não existe, deveria existir...- Léo deu de ombros. - Vai abrir mão de suas férias perfeitas para ficar enfurnado comigo nessa caverna?- - Minhas férias não seriam perfeitas sem a minha melhor amiga.- Ele ergueu o queixo dela com o indicador, obrigando-a a olhá-lo. - Acho que eu te amo.- Ela abriu um sorriso desanimado. - E trouxe reforços.- Leonardo fez uma careta ao descer o corpo mais do que o permitido para segurar uma sacola transparente que continha vários quitutes. - O que seria de mim sem você?- Vidrada no conteúdo que Léo acabara de jogar em sua cama, Pamela se apressou ao segurar um dos pacotes para abri-lo. - Se eu fosse seu irmão, você ainda pensaria sobre querer ser filha única?-  - Você é o meu irmão... Só que de outra mãe.- Pamela levou um dos salgados á boca, afastando-o para o lado quando Léo fez menção de pegar um. - Ei, espera o episódio começar.-  - Impossível, eu sempre como metade da pipoca antes do filme começar no cinema.-  - Se fosse só a pipoca seria bom.-  Já tinha anoitecido quando Estela entrou no quarto para chamá-los para o jantar, e encontrou uma bandeja de pratos vazios na cama. Os dois amigos dormem profundamente, Pamela com a cabeça dentro do balde de pipoca, e Léo com a cabeça sobre a lateral do corpo dela. A matrona sorriu diante á cena, e cuidadosamente conseguiu tirar a cabeça da filha de dentro do balde, saindo, com toda a bagunça, para fora do cômodo.  A família de Pamela já estava acostumada com o Léo, que, só para enfatizar, já fazia parte da Família. Os dois eram melhores amigos inseparáveis desde a barriga das mães deles - como costumavam dizer Estela, mãe de Pamela, e Celia, mãe de Léo- e assim como o Ricardo e Gabriel, também era considerado como um irmão dela.  A diferença entre cada filho de Estela e Timoteo era de oito anos, o que livrou muito o irmão mais velho, que já tinha sua própria independência financeira, de conviver com o caçula.  Gabriel torturava Pamela todos os dias, e se ela passasse um dia ou dois fora de casa, ele dava um jeito de compensar. No dia seguinte, diferente do que decretara sua mãe, a garota já não estava de castigo e poderia finalmente curtir as férias como havia planejado. Ainda sonolenta, Pamela abriu os olhos com dificuldade, deparando-se com as costas de seu amigo, que continuava dormindo. Ele a espremia no canto da parede, então foi necessário que ela o empurrasse com o pé para o lado direito da cama, e só assim conseguiu se acomodar confortavelmente e voltar a dormir.  Talvez vinte, ou trinta minutos depois, a moça sentiu algo como cócegas em seu pé, e puxou a perna em direção ao quadril, irritada. - Gabriel, se for você... Eu juro que arranco o seu...- - Ainda bem que eu não sou o Gabriel.- Era a voz de Virginia, uma de suas melhores amigas.- E não tenho nada no meio das pernas que possa ser arrancado.- Ela deu de ombros, voltando atrás ao ponderar melhor.- Na verdade, até tenho... Mas seria um tanto trabalhoso.- - Ainda me pergunto porque a minha mãe deixa que vocês entrem no meu quarto.- Pamela cobriu a cabeça com um dos muitos travesseiros. - Porque ela sabe que depois do meio dia, você nos ama.- Virgínia não resistiu á piada.  - Ele está vivo?- Uma voz emitida do outro canto do quarto, cutucava as costas de Léo, que não se movia. Era Ana Paula, outra amiga de Pamela. Por mais uma vez, Pamela desejou que a velocidade que o som percorre o ar fosse qualquer número relativamente menor do que 343 m/s. Quem sabe assim tantas vozes não a incomodariam.  - Ana Paula... Eu juro que vou arrancar o seu dedo.- Resmunga Léo, com os olhos ainda fechados. - Como sabe que sou eu?- Ana Paula piscou aturdida, olhando para o próprio dedo como se ele não pertencesse ao seu corpo. - Porque você é a única que consegue ser irritante a esse ponto.- Léo respirou fundo, abrindo os olhos. Para Pamela, quando alguém abria os olhos era a clara derrota de que não dormiria mais.   - Eu amei o frasco desse perfume! Ele é mais delicado do que os outros.- Outra voz surgiu no meio da conversa, era Mirela, mais uma integrante do grupo. - Quantas de vocês estão no quarto?- Léo resmungou de novo. Virginia, que já tinha desistido de acorda-los e olhava a paisagem pela janela do quarto, virou-se de lado apenas para demonstrar irritação. - Somos só nós três.- Ela respondeu. - Só? Cada uma de vocês valem por mil pessoas, no mínimo.- Léo bateu com o travesseiro na cabeça de Pamela que cochilava de boca aberta. Ela sussurrou coisas incoerentes antes de sentar-se à cama com uma cara de que fora rendida pelo cansaço. - Já que não vão me deixar dormir... O que temos para hoje?-  - Está falando sério?- Virginia toca a testa dela para conferir se estava febril.- Hoje é o aniversário do Noah, lembra há quanto tempo estávamos esperando por essa festa? - Não sei se estou mais animada para ir. O Noah é super amigo da Raquel e eu tenho certeza que aquela...- Pamela respirou fundo.- Que ela estará lá. - Mas o Bernardo também estará lá.- Mirela senta na cama, segurando os ombros de Pamela como se fosse chacoalha-la.- Vai dá-lo de bandeja a Raquel? - Acho que vou escolher a minha roupa.- Pamela saltou da cama, quase esbarrando em Ana Paula que parecia cheirar o delineador que estava em cima da penteadeira. A dona do quarto apenas ergueu a sobrancelha que a dava um " quê" de interrogação. - O que foi? Está dizendo na embalagem que tem cheiro de morango.- Ana Paula ergueu o objeto para comprovar á Pamela o que acabara de afirmar.  Pamela apenas revirou os olhos, já estava acostumada com a excentricidade da amiga, e adentrou o banheiro de seu quarto  para fazer as higienes matinais. Léo entrou em seguida, para urinar. Enquanto ele está concentrado em controlar o seu membro para que não espirre nenhum líquido sobre qualquer alvo que não seja o meio do vaso sanitário, Pamela abre os botões de seu pijama azul-claro, revelando apenas a curva bem desenhada de seus seios quando Léo a encara prestes a dizer algo. Ele demorou meio minuto observando as ondulações emitidas por seu colo devido a respiração, e pela primeira vez durante muito tempo, sentiu-se incomodado por ver alguns centímetros de pele nua de sua amiga.  Não que ele tivesse o costume de vê-la sem roupa, isso só acontecia quando eram tão pequenos que ele achava que a única função do órgão masculino era urinar. - A Gisele é prima do Noah... Então eu acho que...Acho que vai á festa.- Ela piscou várias vezes, fixando os olhos na direção da porta que estava apenas encostada.- Dá pra ir logo? Quero tomar banho. - Já estou terminando. E sobre a Gisele, eu não sei, sempre acontece alguma coisa que nos impede de ficar.- -Vocês se falam todos os dias, não é possível... Dessa vez eu não deixo ninguém te atrapalhar.- Pamela termina de desabotoar a blusa, colocando-a sobre a pia do banheiro.  - Pamzinha, eu posso usar o seu p... Aí!- Ana Paula deixou escapar um grito fino, quase derrubando o objeto redondo que segurava nas mãos. - Quer usar o pai dela? Acho que deveria pedir permissão a tia Estela.- Léo esboça um sorriso malicioso. Ana Paula ainda cobria os olhos com uma das mãos. - Quer fazer o favor de cobrir a porcaria que você tem no meio das pernas.- A outra garota parecía irritada... E um pouco constrangida. - Porcaria?- Léo parecía ofendido.- Acha que está falando com os caras que costuma se relacionar? - Parem com isso vocês dois. Será que eu posso tomar o meu maldito banho em paz? Vocês estão engarrafando o meu banheiro.-  Léo já havia guardado o membro nas roupas quando Pamela o empurrou para o lado, para ter acesso a parte que estava o chuveiro. - Se vocês não sabem... A função da porta é para que ninguém veja coisas desagradáveis.- Ana Paula se vira para Léo ao falar a última parte, saindo do banheiro. - E se você não sabe, quando uma porta está fechada é preciso que você bata nela antes de entrar.- Léo parecía impaciente. Pamela bufou quando os dois finalmente a deixaram a sós, e então ela girou a torneira, esperando que a água quente do chuveiro caísse sobre o seu corpo. Enrolada na toalha, a anfitriã – mesmo que a contragosto-, presenciou suas amigas muito á vontade na cama que a pouco tempo era sua. Na verdade, a cama nunca deixou de ser sua, mas foi ocupada por três garotas inconvenientes que não a deixavam dormir. Três garotas inconvenientes que ela amava, e daria a vida se necessário.  -Será que hoje eu consigo ficar com o Bernardo?- Pamela irrompeu o silêncio do quarto, sentando á cama. - Talvez... Mas só se escovar os dentes primeiro.- Léo não resiste a necessidade de provoca-la. Ela olha para ele de cara feia. - Não escovo os dentes antes do café da manhã.-  - A pasta tira o gosto da comida.- Léo força uma voz irritante para simular a voz dela. - Eu não falo assim!- - Ei! Você está molhada.- Mirela empurra Pamela com um dos pés para fora de sua própria cama.  - Eu não deveria ser expulsa da minha própria cama.- - Você deveria aprender a se secar direito.- Mirela retrucou. Pamela revirou os olhos, contra isso não tinha argumentos. ... Horas mais tarde As meninas passaram o dia na casa de Pamela, e todas chegaram ao acordo de que seria mais prático irem á festa de lá – exceto Léo, que vivia na casa do lado.- - É por isso que vocês duas se atrasam.- Virginia fuzila Ana e Mirela, que estavam com a câmera do celular apontada para elas mesmas. Ao que tudo indicava, gravavam vídeos para alguma rede social. - A maquiagem já está feita.- Mirela deu de ombros.- A roupa é o menor dos males.- - E como já sabemos desde ontem o que vamos vestir...- Ana Paula achou que seria importante ressaltar. - Ana Paula, Ana Paula... Conheço você. Daqui a cinco minutos estará vasculhando o guarda-roupa da Pam atrás de outra coisa.- Virgínia apontou na direção dos móveis  - Humpft.- Ana fingiu que estava ofendida.- Você troca mais de roupa do que eu de calcinha. - Então a Virgínia não deve tirar a roupa do corpo.- Leo, que acabara de entrar no quarto, acabou escutando a última frase de Ana. Ele não resistia a ideia de irritar todas elas. Ana atirou um dos travesseiros na direção dele, mas Léo era rápido, e conseguiu se esquivar. - Não acredito que estão de roupão... Pu... - Olha a boca suja.- Pamela, que até então estava concentrada no traço preto que esboçava rente a parte superior dos cílios, o encarou de cara feia.   - Vocês têm noção da hora? Eu acho que não...- Léo bufou, sentando na poltrona que ficava próxima a janela.- Vocês sabem o pandemônio que é esperar quatro mulheres ficarem prontas?- - Não.- Respondeu Pamela. - Quatro mulheres...- Léo repetiu.- Levando em conta de que cada uma vale...- - Por mil.- Pamela o interrompeu.- Você já disse isso. - Tudo isso é por causa da Gisele?- Virgínia esboçou um sorriso malicioso. Léo olhou para Pamela como se pudesse matá-la. - Nem vem!- Proferiu a moça que recebeu o olhar de morte.- Você que contou no grupo do WhatsApp. Esqueceu?  - Acho que eu não estava em meu juízo perfeito.- Léo esfregou as têmporas. - A preocupação é de encontrá-la com outro cara? Porque claro... Sabemos que é bem possível.- Ana Paula sentiu que era o momento de se vingar.  - Alguém a faça calar a boca? Juro que irei pegar esse frasco de perfume e...- - Pode enfiar, contanto que me dê um novo.- Pamela achou que seria prudente tirar qualquer coisa de quebrar que estivesse próximo a eles. - Vou esperar as madames no carro... Vocês têm quarenta minutos.- - Uma hora.- Falou Mirela. - Não estou negociando.- Léo bateu a porta ao sair. - Quando foi que ele ficou tão azedo?- Virgínia parou por meio minuto o movimento que fazia com o batom em seus lábios. Ao chegar na casa do Noah com seus amigos, Pamela varreu o local com os olhos, assim como Léo. - Será que vocês poderiam ser menos óbvios?- Virgínia sussurrou ao pé do ouvido dos dois. - E Léo... A sua amada Gisele está na mesa das bebidas, então sugiro que se apresse. O amigo do Noah está interessado nela.- Mirela apontava para a garota ao falar. Léo caminhou em silêncio até o outro lado. Virginia foi sorrateiramente até o DJ, sussurrando algo no ouvido dele, e voltando em seguida para aonde estava. - O que disse a ele?- Perguntou Pamela. Ela até abriu a boca para falar, mas o som alto da música cortou suas palavras. - Acho que é o momento certo de chamar a atenção do Bernardo para você.- Sugeriu Virgínia. - Ah não... Eu não sei dançar.- - É claro que sabe.- Virgínia segurou Pamela pelo cotovelo, enquanto caminhava com ela para o centro da sala. Em apoio moral a elas duas, Ana e Mirela se juntaram ao que deveria ser uma dança. Para Pamela, seus movimentos desajeitados nunca pareciam capazes de chamar a atenção de alguém. Não de uma forma boa.  No primeiro minuto de música, o olhar de Bernardo pousou nas curvas exuberantes de seu quadril, e isso a fez se sentir mais confiante e mais feminina.  A troca de flerte entre os dois era nítida para qualquer um que quisesse ver, o que pareceu incomodar muito a garota morena que estava ao lado dele.  Virginia viu quando Raquel sussurrava algo no ouvido de uma de suas amigas, e habilmente a garota se aproximava delas na pista de dança. Não era bem uma pista de dança, mas acabaram transformando o meio da sala nisso. - Pamela.- Olivia cutucou no braço da garota que parecia distraída com o olhar de Bernardo. Pamela virou repentinamente, e devido a mão de Olívia estar propositalmente muito próxima do decote de seu vestido, o líquido amarelo que tinha no copo caiu no meio de seus seios.  O ar ao redor de Pamela tornou-se rarefeito, ela ainda não sabia que reação teria. Observou por mais de um minuto o líquido gelado derramado em seu colo, e quando levantou a vista para Olívia, que sorria com satisfação, a garota sentiu as orelhas crescerem. Pamela nunca soube se de fato elas cresciam, mas foi o que sentiu.  - Ficou maluca?- - Tecnicamente a culpada foi você, que se virou de repente.-  Pamela cerrou os punhos ao redor do corpo e trincou os dentes. Suas bochechas estavam coradas de raiva. Ninguém percebeu o que tinha acontecido, até Virgínia cutucar o ombro de Olívia e atirar a mesma bebida, de forma estratégica, no meio da roupa da moça.  - O que você fez com meu vestido?- Olívia gritou. - Tecnicamente a culpa foi sua, que bateu na minha mão.- Virgínia usou as palavras de Olívia contra ela mesma. Ana e Mirela continuavam paralisadas. Raquel e Marina, as amigas de Olívia, se aproximaram da confusão, e a maioria das pessoas que já haviam chegado na festa as encaravam. - Eu vou arrancar esse maldito cabelo tingido que você tem!- Gritou Olívia, fazendo menção de ir na direção de Virgínia, mas Pamela se coloca no meio e a empurra contra Raquel. - Você não vai encostar nela, tá me ouvindo?- A vermelhidão do rosto de Pamela passou para o pescoço.- Eu até tolero você implicar comigo, mas não vai se meter com as minhas amigas!-  Mirela foi a primeira a deixar o estado de transe, acariciando um dos braços de Pamela para que ela recuperasse o equilíbrio. Ana Paula, pouco depois, fez o mesmo. - Deixa ela vim... Eu vou fazer o favor de secar o chão do Noah... Mas com a cara dela.- Virgínia sorriu diabolicamente.  - Pelo amor de Deus, vamos embora!- Mirela se colocou no meio da confusão.- Não há necessidade de agressão!- Na última frase, a garota se virou para Olivia. - Agressão? As suas amigas que quase bateram na Olívia.- Raquel, que parecia se divertir com a situação, deu um passo à frente. - Mas quem vai apanhar é você, se por um acaso tiver o atrevimento de colocar lenha na fogueira.- Ana Paula aponta o indicador na direção de Raquel, mas é contida por Mirela.  - Ana, não... Duas já se torna bastante difícil, não vou ter condições de controlar três.- Mirela esfrega as próprias têmporas.  - Gente, que bagunça é essa? – Noah, como um anjo misericordioso, brota no meio das garotas. - Pamela e companhia quase bateram na Olívia.- Marina foi a primeira a acusar. - Minhas amigas não fizeram nada, Noah. A Olívia jogou bebida em mim e eu me exaltei.-  - Eu joguei bebida na Olívia apenas para defender a minha amiga. Se elas começam, eu termino.- Virginia, que estava irredutível, cruzou os braços.  Erroneamente, Pamela experimentou espiar os espectadores da briga. Todos a olhavam com curiosidade, e até certo divertimento. Se tornaram a atração da noite. - A briga encerrou aqui.- Proferiu Noah.- Cada uma para um lado e a festa continua.- Ele se virou para Pamela e depois para Olívia.- Vocês duas podem pegar roupas com a minha irmã, ela não vai se importar. Nicole, irmã do dono da festa, bom ser humano que era, emprestou um vestido as duas garotas que estavam ensopadas de bebida. Pamela, com o vestido aberto, olhou sua própria imagem no espelho e bufou de raiva. Era para ter aceito a ajuda de suas amigas quando a ofereceram, mas ela precisava de uns minutos a sós para se recuperar. Uma batida estridente ecoou do lado de fora.  - Tá ocupado.- Proferiu secamente. - Pam, sou eu... Me deixa entrar.- Era o Leo, então ela não hesitou em abrir. - Decidiu se isolar?- - A Olívia jogou... Alguma coisa muito forte na minha roupa.- - As meninas já me explicaram tudo, não precisa se desgastar...- Ele a percebeu cabisbaixa quando perguntou: - Você está bem? - Odeio o fato de ter que brigar por homem... E eu não briguei! Mas não ia permitir que me atacassem... Ou pior, atacassem as minhas amigas.  - Está preocupada com o que vão pensar, não é?- Pamela aquiesceu. - Só quem sabe o que verdadeiramente passa na sua cabeça é você mesma. Então não interessa o que os outros vão achar.- Pamela sorriu fraco, virando-se de costas para ele. - Poderia me ajudar a fechar?-  Léo engoliu em seco ao ver os centímetros de pele nua. Por um súbito momento, a vontade de deslizar os dedos e roçar os lábios naquela parte exposta do corpo de sua amiga parecia incontrolável. Mas aí ele lembrou a si mesmo que aquela era a Pamela, a sua melhor amiga de infância. Eles se trocavam juntos quanto eram muito pequenos. As mães dos dois eram amigas, o que praticamente resultou no fato de crescerem juntos. Depois que Pamela e Leo entraram na adolescência, eles perderam esse tipo de intimidade. Um já olhava o outro com um pouco de vergonha por entender as diferenças entre eles. -Léo?- Pamela o chamou pelo que seria a terceira vez. Ele se apressou em subir o zíper. - D-desculpa... Acho que me distrai.- - Eu sou mesmo uma egoísta, não é? Tagarelando dos meus problemas e esquecendo que você está abrindo mão da sua noite por minha causa. - Você vale a pena, Pam. A maioria das outras pessoas são bem menos importante.- Ela não evitou pousar um beijo na bochecha dele. Aqueles lábios quentes, macios e quase secos.  Com certeza um beijo seria capaz de umedece-los. - Por que está me olhando com cara de bobo?- - Estou?- - Aham.- - Não sei... Você está diferente.- Ele a via diferente, e sabia que isso não era bom.  - Acho que devemos ir.- Pamela girou a maçaneta da porta. Léo caminhou em silêncio, logo atrás dela.  Eles estavam na metade do corredor quando apareceu Bernardo, que acabava de subir as escadas. - Ah, aí está você!- Disse o outro. - Estava procurando por mim?- Pamela piscou aturdida. - Podemos conversar a sós?- Bernardo encarou Léo. Ele iria falar algo do tipo " pretende falar a sós com ela, ou comigo?", mas precisava urgentemente se afastar da Pamela. Aquele dia provavelmente era o mais estranho da sua vida, pois estava sentindo coisas que jamais sentiu. Por que tudo foi tão de repente?  Era a pergunta mais idiota que fizera a si mesmo. A atração não avisa quando decide chegar. Léo olhou para Pamela, que com um olhar recíproco confirmou que queria ficar a sós Bernardo. E então ele saiu dali. - Você está linda.- Comentou Bernardo, encurtando a distância entre eles. - O-obrigada.- Ela parecia nervosa, e gaguejava como uma imbecil. - Realmente não esperava que fosse brigar por minha causa.- Bernardo sorriu com malícia. Aquilo a enfureceu. - Não foi por sua causa. Raquel implica conosco desde quando nos conhecemos, no sexto ano.- Respondeu seca. - Ao menos você não foi embora, e eu poderei fazer o que estava com vontade desde quando chegou.- Bernardo levou um de seus braços a envolver o corpo dela.- E eu sei que é isso que sempre quis... É o seu sonho, não é? Era o sonho dela, de fato. Mas com ele repetindo isso de forma tão presunçosa, Pamela se sentiu enjoada. O Bernardo de seus sonhos, ela percebeu, era uma pessoa fictícia. - Eu estou com pressa, as meninas estão me esperando.- Ela se esquivou, caminhando até o topo da escada.  - Posso falar com você mais tarde?- - Pode.- Ela se apressou ao sair de perto de Bernardo. Não tinha gostado do modo que ele a tratou. ...  Na manhã seguinte - Pamela!- Diz Gabriel, puxando o queixo da irmã. - O que é?- Pamela responde, com os olhos preguiçosos e a voz sonolenta. Suas amigas ainda dormiam, em especial Ana Paula, que roncava. - Eu to com fome, vai fazer alguma coisa pra eu comer.- Diz Gabriel. - Você tem duas mãos, vai fazer você.-  - Vou dizer a mamãe que você me matou de fome!- - Você é tão inútil que não sabe abrir um pão e colocar queijo?- Pamela o empurra para o lado.- Va pedir a mamãe. - A mamãe viajou! Sua vaca!-  Pamela estava com tanto sono que apenas fez um gesto obsceno com o dedo do meio. - Eu faço um sanduíche pra ele.- Mirela sabia que enquanto ninguém fizesse o que Gabriel pedia, elas não teriam paz.  - Eu queria que a Mirela fosse a minha irmã!- Grita Gabriel. - Eu agradeceria a Deus todo dia.- Pamela cobriu a cabeça com o cobertor.  Gabriel bufou, irritado, acertando um chute de perfeita pontaria nas nádegas da irmã, que levantou da cama furiosa. - Agora você vai ver o pão de queijo que irei fazer com a sua cara de bola!- - Socorro!- Gritou Gabriel. Pamela correu para fora do quarto o perseguindo. - Que loucura...- Mirela respirou fundo, chacoalhando Virgínia com o pé. - Hummm.- Foi o som que saiu dos lábios fechados de Virgínia. - Está prestes a acontecer a terceira guerra mundial na sala, e vocês vão continuar dormindo?- - Sim.- Virgínia se virou para o outro lado. - Bom... Daqui que a Anna acorde... Só três guindastes e quatro elefantes para arranca-la da cama.  Mirela pisou duro para fora do quarto ao ouvir o barulho de algo se quebrando, seguido pelo grito de Gabriel. Os dois correram em torno do sofá, e Pamela, por ser mais espaçosa, bateu com o dedo do pé no móvel, segurando na mesinha que tinha um jarro para se apoiar. Devido ao cotovelo dela acertar o jarro, o objeto caiu no chão, e Gabriel paralisou ao ver os cacos de vidro bloqueando-lhe o caminho. Foi quando Pamela o agarrou pela camisa. A sua defesa foi segurar a almofada que estava sobre o sofá, e atira-la contra o rosto da irmã. -Mmf.- Foi o som que Pamela emitiu ao quase se engasgar com o tecido da almofada. Gabriel quase escapou. Quase. Mas ela estava determinada a devolver o golpe, então conseguiu agarra-lo de novo.  - Agora sabe o que eu vou fazer?- A garota sorriu com malícia ao imobiliza-lo.- Morder suas costas! - Não! Eu vou ligar para a mamãe e contar tudo!-Diz Gabriel. - Pam, solta o menino, vai ser pior para....- Mirela até tentou poupa-lo, mas a sua amiga não esperou que ela concluísse a frase. Pamela, vorazmente, cravou os dentes nas costas de seu irmão, que urrou de dor. - O chute que ele me deu também doeu..- Pamela massageou uma das nádegas com a palma da mão. E como o destino conspirava contra, inoportunamente, a campainha tocou. Pamela arregalou os olhos. Mirela arregalou os olhos. E Gabriel abriu a boca em um formato de " o" para gritar, mas uma mão a tampou. Pamela, que estava mais perto da porta, correu para atendê-la. - Atrapalho?- Perguntou Bernardo, puxando um buquê de rosas azuis das costas.

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