Amiga leal

1152 Palavras
Aos olhos de Nina Semanas depois — Cuidado com a ganância, sua mãe pode acabar desconfiando.— Orientou Babi. Estávamos no meu quarto, como de costume, sentadas nas poltronas que davam de frente para a varanda. — Eu escondo todos os presentes que o Alex me dá. Imagina… não falo dos brincos simples de ouro e prata que a Gabi me dá. Como eu explicaria todas aquelas jóias que valem um apartamento de luxo? Ou os perfumes de marca? Isso sem falar nos sapatos e nas roupas de grife? — O Alex já te deu tantos presentes em poucas semanas? Isso sim é um sonho. — Ele tem fetiches especiais e gosta que eu esteja sempre muito bem vestida. — E ele te mandou mesmo o valor da faculdade? — Mandou hoje, da mensalidade integral. Vou repassar metade para a minha mãe e guardar metade na poupança. — Não repassa.— Disse a Gabi, muito séria. — Mas não é justo que minha mãe se sacrifique pagando aquela fortuna quanto eu… — Ela vai desconfiar, sua mãe não é i****a. Por mais que a Grimaldi’s pague uma bolsa acima do mercado, ainda assim, você não teria dinheiro para arcar com a faculdade sozinha e ainda fazer seus passeios. Teria que viver trancada em casa. — Tem razão. — Guarda tudo na poupança. Quanto custa a mensalidade integral? — Dois mil e quinhentos. Se eu guardar esse dinheiro em doze meses, juntando com o dinheiro que já ganhei no dia das compras, no final do ano terei quase quarenta mil reais. — Tudo o que você ganhar agora será para vocês duas no futuro, sua mãe é tudo o que você tem. — Sim.— Concordei. — Esse homem é um investimento, Nina. Você não pode perdê-lo. — O Alex me proporciona a vida que eu sempre sonhei, sim. Mas gosto dele de verdade, sempre gostei. Sou apaixonada por aquele homem, Babi. Sou capaz de fazer loucuras para não perdê-lo. — Qual tipo de loucura? — Ninguém sabe responder isso até estar à beira do desespero. — As vezes você fala uma coisas… mas me fala, ansiosa com a viagem? — Penso nela todos os dias da minha vida. Imagina, só? Em breve estarei nas gôndolas lá em Veneza, ao lado do Alex e da Gabi. — A sua mãe não está nada feliz com isso. — Ela não pode interferir na minha vida, não sou mais criança. — Deus queira que ela nunca nem suspeite o real motivo. Acho que seria bem capaz de contar tudo a Gabi. — Eu pretendo ter uma relação com o Alex de verdade, sabe? Uma hora a Gabi terá que saber a verdade. De repente, a porta se abriu. Eu gelei ao ver minha mãe atravessando a soleira. — O que a Gabi terá que saber?— Ela cruzou os braços, questionadora. Engoli em seco, com a garganta travada. Com certeza a minha mãe percebeu o meu olhar de susto. — Isso não é forma de entrar no meu quarto. — Isso não é forma de falar comigo. Sempre respeitei seu espaço, mas ultimamente você não está fazendo jus a minha confiança. O que está acontecendo, Marina? Pelo visto não está escondendo coisas só de mim, está escondendo da sua melhor amiga também. — Você colocou na cabeça que estou escondendo coisas. Está me acusando sem nenhuma prova. — Ah, minha filha, esse argumento é típico de quem tem culpa.— Disse minha mãe, com ironia. — Todos os dias eu vou de casa para a faculdade, da faculdade para o trabalho e do trabalho para casa. Se não acredita em mim, pode ligar para a faculdade e para a Grimaldi’s. — Eu sei que você não está faltando a faculdade e o estágio, sempre foi muito aplicada. — Então qual a sua desconfiança? — Todos os dias você chega mais tarde e com um olhar preocupado, como se escondesse algo. Eu te conheço, Nina, sei que está acontecendo alguma coisa. Olha, se você tem alguém, não tem problema, a não ser que tenha motivos para esconder. Apertei o travesseiro com as unhas, mas na expressão tentei a todo custo disfarçar. — Eu não tenho ninguém. Sempre que fico até tarde é porque sou convidada para o jantar na casa da Gabi. Se não acredita em mim, confirma com ela. — Ela é muito leal a você, jamais diria a verdade. Só espero que você também seja leal com ela. — Está me chamando de falsa? É isso? Agora virei falsa? — Não estou dizendo nada, Nina, você quem está vestindo a carapuça. Pelo que ouvi da conversa de vocês, tem alguma verdade que você ainda não contou a Gabi. Faça jus a toda amizade que ela te dedica nesses anos todos, seja sincera com ela, já que comigo não está sendo.— Ela disse, antes de sair. Respirei fundo assim que minha mãe saiu do quarto. Quando tinha ficado tão insuportável? — Vai precisar encontrar com o seu “ dad” em dias específicos, prima.— Falou Babi, após ficar aqueles minutos em silêncio. — Eu sei, não posso continuar usando a Gabi como álibi. — Ainda mais estando com o pai dela.— Provocou Gabi. — Não fala isso aqui! — Desculpa, não pude perder a piada. Mas olha, tenho certeza que sua mãe não vai deixar isso para lá. Melhor inventar uma história para explicar essa frase que ela ouviu. — Se ela perguntar, digo que são rumores a respeito do ficante/namorado da Gabi. Sei lá o tipo de relação deles, uma hora é outra não é. Mas olha, foi bom isso acontecer. As paredes têm ouvidos, como já viu. Proibido falar do Alex aqui. — Combinado. Mudamos de assunto, como havíamos dito. Conversamos um pouco sobre a vida da Babi - ultimamente a minha estava muito no foco-. Tentei prolongar a presença da minha prima na minha casa, mas uma hora ela teve que ir embora e nessa hora minha mãe aproveitou para tirar satisfações. — Agora você não me escapa. Não quis criar uma cena na frente da sua prima. — Ah, não, mãe. — Ah, sim, Marina. Qual verdade a Gabi precisa saber? O que você está escondendo? — Não é sobre mim, é sobre a Gabi. Andam circulando rumores sobre a conduta do namorado dela. Não quero magoar minha melhor amiga, mas também não quero que ela seja feita de i*diota. Satisfeita?— Perguntei, sarcástica. — Não, não estou satisfeita. Ainda acho que está escondendo algo bem mais sério. — Você está implicando comigo. Acho que o seu problema é inveja. Está com inveja porque vou para a Europa, enquanto você m*al saiu de São Paulo. Fui surpreendida mais uma vez naquele dia. E dessa, foi a mão da minha mãe que se chocou contra o meu rosto. A lancei um olhar incrédulo. Ela o retribuía, irritada e magoada.
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