Um dia inesquecível

1366 Palavras
O pensamento de Ellie estava distante mesmo com Alex Fernsby na sua frente. Mais da metade das mulheres dariam tudo para estar no lugar, visto que, além de ser um bom partido em parâmetros financeiros, Alex era lindo como poucos. Ele percebeu que o olhar dela estava concentrado em um ponto fixo - propriamente a taça de vinho branco a sua frente- enquanto a sua mente divagava por vários outros lugares que não fossem ali. — Aconteceu alguma coisa que está te preocupando? Ela percebeu que não estava sendo atenciosa e os seus olhos logo trataram de desvencilhar a atenção para o rosto dele. — Desculpe, eu não estou sendo uma boa companhia. — Não seja tão severa consigo mesma, Eleanor Lowell. O que anda perturbando a sua linda cabecinha? — O meu problema tem nome e sobrenome. — Não seria Peter Fernsby, seria? — É muito difícil trabalhar com uma pessoa que é totalmente o seu oposto. — Eu lembro bem que ele disse que as diferenças de vocês se complementam. — Em raros casos. Mas não quero estragar o nosso almoço falando do Peter. Vamos falar mais sobre a sua proposta de parceria. — É exatamente como te adiantei. Te proponho uma parceria. Você apresenta os meus vinhos para os seus parceiros, obtendo um bom retorno, eu passo a fornecer os vinhos gratuitamente para os seus eventos. — Eu achei uma ótima ideia. Inclusive, o aniversário da Dynasty foi uma oportunidade de promover o seu produto. Vou pedir para minha equipe de marketing cuidar da divulgação, e no próximo evento faremos uma apresentação sobre a sua marca. — Será muito bom fazer negócios com você, Eleanor. Sempre te achei muito inteligente. Ela sorriu com o elogio. — Saiba que a recíproca é verdadeira. — E quando poderei te levar para visitar minhas vinícolas? — O que acha de irmos nesse final de semana? Estou mesmo com saudades de SunFlowers. — Combinado. Eu vou te buscar para irmos. — Á nossa nova parceria.— Ellie levantou a taça ao sugerir um brinde. Alex prontamente encostou a sua taça na dela. No final de semana, como o prometido, Alex foi buscá-la de manhã cedo. Os dois fizeram uma longa trajetória até o interior, para a visita das vinícolas. Durante toda a viagem eles arranjaram uma forma de se divertirem. Ligaram o rádio para cantar alguma música antiga que passava na estação, e foram a maior parte do caminho assim. Também fizeram uma parada rápida para um lanche, há muito tempo Ellie não fazia uma viagem como aquela. — Eu amava viajar de carro com a minha mãe, meu padrasto e a Claire, sempre íamos assim. Depois que eu tive que assumir a fábrica, m.al me sobrou tempo para nada. — Claire… Eu não lembro de ter conhecido a sua irmã. — Ah, ela não frequentava a casa do meu pai. Ele não tinha uma relação muito boa com o meu padrasto, e como a Claire é a filha do pivô da separação dele com a minha mãe… Bem… — É, totalmente compreensível. Ela ainda mora em SunFlowers? — Mora comigo em Londres. De uns tempos para cá não nos vemos direito. A Claire está de coração partido por causa de um homem que conheceu aqui, enfim, anda meio reclusa.— Ellie respirou fundo, parecia preocupada com a irmã.— Eu estou respeitando o tempo dela. Alex ficou repentinamente calado. Recentemente tinha conhecido uma Claire em SunFlowers do Sul. Claro que coincidências ridículas como aquela só existiam no livro, não tinha a menor possibilidade de a irmã caçula da Ellie e a moça com quem ele se envolveu, serem a mesma pessoa. — Ah, finalmente.— disse Ellie ao avistar a placa. O mesmo velho e bom letreiro escrito “ SunFlowers do Sul” - ou Girassóis do Sul, traduzindo para o português-. — Seja bem-vinda de volta, Eleanor Lowell. — Como eu estava com saudade dessa passagem.— Ellie suspirou ao apreciar o grande e extenso campo de girassóis, aquela visão a fazia lembrar de sua infância. Por inúmeras vezes seu pai a levou para o meio dos girassóis, para um piquenique. A vinícola do Alex ficava a poucos metros de distância da entrada, quando chegou, Ellie não perdeu tempo e foi diretamente para as plantações de uva. Os vinicultores trabalhavam com empenho, a presença da Ellie não fez a menor diferença nas etapas de produção. — Eu gosto de acompanhar de perto cada processo do meu vinho. Um dono não pode perder de vista o seu negócio. — Eu concordo totalmente. Que lugar lindo, Alex. Você fez uma ótima escolha ao decidir investir em uma vinícola daqui. Ele esticou a mão para pegar uma uva esverdeada e a levou na direção da boca da Ellie. — Uva Ortega. Usada para vinhos doces, com aroma de pêssego. Ellie fechou os olhos ao saborear a iguaria. — É maravilhosa.— ela suspirou, encantada. — Unrum.— Concordou Alex, seus olhos fixos no movimento dos lábios dela. — Eu amo quando tem a festa da uva, é uma pena que eu perdi nesse ano. — Hoje em dia eu não consigo imaginar você descalça, amassando as uvas com os pés. — Eu continuo a mesma Eleanor de sempre, Alex. Não me tornei outra pessoa porque agora estou morando em Londres. — Não foi isso que eu quis dizer. Só que agora você é uma mulher de negócios. Quem te ver assim, tão bem arrumada, não imagina que… Espere, o que está fazendo?— ele parou de falar de repente ao ver que a mulher tirava os sapatos. — Eu estou te mostrando minha verdadeira essência.— ela segurou os sapatos com uma das mãos e caminhou até a pequena adega que tinha no meio dos vinhedos. Alex foi atrás dela, como se fosse um turista seguindo o seu guia. Por conta própria, Ellie pegou um grande balde e coma ajuda de um dos funcionários, o encheu com uva roxa. — Eu não estou acreditando nisso.— Alex continuou parado próximo à porta, de braços cruzados e incrédulo. Ellie alternou os pés ao pisar e amassar as uvas, sem nenhum receio com a probabilidade de cair. Alex se aproximou, com receio de que ela perdesse o equilíbrio. Sem nenhum remorso, ela o puxou na direção do balde. — Eu imaginei que você fosse mais espontâneo.— ela provocou. — Ah, é?— Com um sorriso provocante ele tirou os sapatos. Logo em seguida adentrou o balde, não permitiria que Ellie o desafiasse daquela forma. O espaço era pequeno para os dois, Alex m.al podia se mexer e o seu rosto estava há pouquíssimos centímetros de distância do dela. No único momento que os dois olhares se cruzaram, Ellie se desequilibrou. Alex conseguiu segurá-la antes de que ela caísse. As duas mãos grandes e fortes segurando firmemente a cintura esguia dela. A respiração dela ficou mais rápida e mais devagar ao mesmo tempo, Alex conseguia ouvir o som do ar entrando e saindo. Aos poucos, com cuidado, ele aproximou o corpo dela do seu. Sentiu a curvatura macia dos s.eios dela, sentiu até o coração dela bater mais forte, porém, na hora que aproximou o seu rosto um pouco mais para frente, ela recuou. Suas mãos seguravam os ombros dele, quando o seu rosto virou para o lado. Ela não iria misturar as coisas. Também não achava certo beijar o Alex já tendo dormido com o primo dele. — D-desculpa, Ellie. Eu pensei que… — Me mostra o restante das vinícolas?— ela cortou o assunto e tomou a iniciativa de sair do balde. Alex foi logo atrás. — Claro, tem muita coisa para ver. Se terminarmos até o final do dia, podemos ir na Taverna do Campo. — Sabia que eu tenho muitas saudades do canelone com vinho que eles oferecem como prato da noite? Eu nem acredito… Pensei que demoraria mais para conseguir voltar. — Não se prenda tanto ao trabalho, Eleanor. No que depender de mim, se você confiar em mim, hoje será um dia inesquecível.— ele levou uma das mãos para a mecha solta que tocava o rosto dela e a prendeu atrás da orelha.
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