A festa havia sido mesmo um sucesso.
Ellie conseguiu conquistar o público que tanto desejava, as redes sociais da fábrica estavam fervendo, os novos representantes eram um sucesso.
Para encerrar a noite ela propôs um brinde com todos os presentes.
Peter, mesmo sendo contra aquela ideia, não se opôs a nenhuma sugestão da moça.
Ellie estava radiante, e ele gostava de admirá-la daquele jeito, o que deixava Sasha bastante incomodada com a forma em que ele a olhava.
Já Peter estava totalmente incomodado com a forma em que Alex olhava para Ellie.
Os dois sempre competiram pelas mesmas mulheres, Peter tinha vantagem na maioria das vezes, embora Alex e ele tivessem o mesmo nível de beleza.
A verdade é que as mulheres - em especial as Londrinas- se derretiam pelos Adônis de cabelos loiros e olhos azuis.
No entanto, Ellie nunca se deixou impressionar pelos belos olhos de Peter - exceto nas últimas semanas, em que foi acometida por uma súbita falta de controle-.
Como Alex não sabia deste pequeno detalhe, ele tinha certeza que as chances com Ellie eram grandes.
— Eu quero te propor um outro brinde.— Murmurou Alex, quando todos se afastaram e ele se viu a sós com ela.
— É mesmo? E a que se deve esse outro brinde?
— Á mulher incrível que você se tornou.— Novamente ele lançou aquele olhar de flerte.
Ellie não estava levando nada daquilo a sério, mas se divertia com as tentativas dele.
Ele levantou a taça, ela tocou a sua taça na dele.
— Vamos brindar a você também. Nunca experimentei vinhos tão bons iguais a esse.
— Sinta-se convidada para conhecer as minhas viniculturas em SunFlowers do Sul.
— Eu sou apaixonada por vinhos, Alex. Adoraria conhecer todo o processo de produção.
— Então está decidido. Assim que você puder tirar uns dias de descanso, eu te levo lá.
Ellie sorriu em resposta, embora que não tivesse tido tempo de responder mais nada, pois Peter chegou em sequência.
— Nós também já estamos indo embora. Posso te oferecer uma carona, Eleanor?
— Não precisa se incomodar, primo. Leve a sua linda acompanhante para casa. Eu posso dar uma carona para a Ellie.
— Eu não acho prudente, pois você acabou bebendo demais.
— Desde quando vocês dois respondem por mim? Além do mais, eu não vou com nenhum de vocês. Eu tenho duas mãos e o meu carro está no estacionamento. Eu mesma vou me levar para casa.— Ellie colocou a taça vazia na mão do Peter, em seguida, se afastou.
Se afastou, deixando os três para trás.
No caminho para a casa da Sasha, Peter percebeu que a garota estava um pouco séria demais.
— A noite não foi muito boa? Eu sei, esses eventos são mesmo chatos, ainda mais com todo aquele público estranho da Eleanor.
— Eleanor. Você não consegue ficar um minuto sem falar no nome dela?
— O que está acontecendo, Sasha? Por que está tão irritada?
— Foi perceptível que você ficou com ciúmes da Ellie com o seu primo.
— Que absurdo é esse, Sasha?
— Eu não sou mulher para servir de prêmio de consolação para ninguém, Peter.
— Consolação, Sasha? Você é uma mulher extraordinária, eu adoro passar cada minuto ao seu lado.
— Eu te proporciono prazer, Peter. Mas na hora que você me convida para ser sua acompanhante e presta suas atenções para outra mulher… Ah, isso, sim, eu considero uma ofensa.
— Me perdoa, me perdoa, eu não percebi que estava agindo dessa forma. Só me preocupa porque o Alex não é flor que se cheira, a Ellie é filha do melhor amigo do meu pai e de certa forma me sinto responsável….
— Acontece, Fernsby, que você também não é flor que se cheire. Acha que não conheço a sua fama com as mulheres? É tanto quanto, se não for pior do que a do Alex.
— Você hoje está realmente decidida a brigar comigo, não é?
— Eu estou abrindo os seus olhos.
Peter estacionou o carro de frente para o prédio da Sasha. Ele finalmente pôde olhar para a garota no intuito de continuarem com a conversa, mas Sasha não estava disposta a falar mais nada.
Abriu a porta do carro e prontamente saiu, deixando Peter sozinho e ignorado.
Ele respirou fundo.
Mais uma vez, graças a Eleanor, tinha se desentendido com a Sasha.
Ele bateu na direção com as duas mãos, contrariado.
— É, Peter… Pelo visto você vai passar essa noite sozinha.— Murmurou para si mesmo.
Ele deu partida no carro, saindo dali.
— A menos que você encontre uma outra companhia.— ele abriu um sorriso diabólico enquanto conduzia.
Não permitiria que Eleanor estragasse a sua noite, enquanto ela própria passaria muito bem acompanhada.
…
— Você é maluco, Alex. Como assim foi parar nos Himalaias? Vai me dizer que passou uma temporada sendo monge?— ela parou de caminhar pouco antes de alcançar o portão de seu casarão.
O homem fez o mesmo.
— Não exatamente.— ele respondeu, assobiando para fazer suspense.
Ela arqueou uma das sobrancelhas, questionadora.
— Eu vivi como monge durante um mês, foi o desafio. Afinal de contas, requer algumas abdicações das quais não estou disposto a cumprir.
— Eu não quero nem imaginar.
— Mas e você? Nunca saiu da Inglaterra?
— Ah, conheço a Itália e a França que ficam aqui perto. Uma vez fui até os Estados Unidos com o meu pai para cuidar de negócios. Bom, ainda não conheço tantos lugares quanto gostaria.
— Ainda… Porque se você permitir, posso te apresentar o melhor de cada um deles.— ele segurou a mão dela e pousou um beijo bem no dorso.
— Você é muito convincente, não é? Acabou conseguindo me trazer para casa.
— Na verdade, você quem me trouxe até a sua casa. Eu acabei pegando uma carona.
Ellie abriu um sorriso largo.
Alex era criativo, não tinha como negar.
— Bom, não me resta outra alternativa a não ser ter que me despedir de você. Eu estou caindo de sono e tenho muito trabalho para amanhã.
— Será que posso te convidar para um almoço? Amanhã, claro, para falarmos de negócios.
— Hum… Negócios? E porque uma exportadora de vinhos e uma fábrica de tecidos poderiam fazer alguma parceria?
— Você é uma mulher de negócios, Eleanor, pense mais à frente. Podemos fazer uma parceria para os eventos da sua fábrica. Se você conseguir uma grande quantidade de consumidores dos meus produtos, eu posso fornecer os vinhos grátis para vocês.
— É uma proposta interessante. Vamos almoçar, sim. Amanhã conversamos melhor sobre isso.
— Bom… Até amanhã.— ele pousou mais um beijo na mão dela, antes de se afastar.
Assim que colocou os pés em casa, Odete a esperava na sala de estar.
— Aquele gato era o Alex Fernsby, ou estou louca?
— Você lembra dele? Alex passou muitos anos morando fora, eu nem o reconheci de primeira.
— Ele sempre teve esses olhos verdes bonitos. Parece que os anos fizeram muito bem a ele.
Ellie riu com a empolgação da sua amiga e assessora.
— Vocês fazem um casal bonito.
— Ficou maluca? De uma coisa pode ter total certeza, eu não quero entrar para a família dos Fernsby.
— Está meio complicado acreditar nisso.
— E a Claire?— Perguntou Ellie para mudar de assunto.
— A sua irmã saiu com as amigas. Ela voltou meio estranha de SunFlowers do Sul, deve ser por causa daquele homem que ela não parava de falar sobre.
— Sim, o tal do Alex.
— Que coincidência. Um crápula desses ter o mesmo nome do Alex Fernsby, que é um homem tão educado, tão cavalheiro.
— Não sei não, Odete. O Alex nunca foi boa bisca, não é muito diferente do primo.
— Falando nele… Como está sendo conviver com o Peter depois dos dias que vocês passaram na casa de campo?
Ellie bufou, incomodada.
— Insuportáveis. Se arrependimento matasse eu estava dura e estirada no chão.
— Nossa… Por que tanto radicalismo?
— Porque o Peter não presta e eu permiti que ele me usasse. Como se não bastasse, agora a Sasha Thompson está no meu pé para cobrar ciúmes.
Odete arregalou os olhos, impressionada.
— Sasha Thompson? Aquela influenciadora digital famosa?
— A própria. Esqueceu que o Peter a convidou para representar a Dynasty na categoria dele?— ela revirou os olhos, irritada.
— Você competindo um homem com a Sasha Thompson. Isso, sim, é uma disputa acirrada.
— Alto lá, competindo vírgula. Eu não brigo por causa de homem, menos ainda pelo encosto do Peter.
— Você está podendo, hein, Ellie. Os dois primos Fernsby que sempre foram o sonho de todas as menininhas de SunFlowers, disputando por você.
— Eu acho que você anda lendo contos demais.— Ellie caminhou na direção das escadas.— Acorde para a realidade. A minha vida não é uma novela das nove.— Subiu os degraus depressa, deixando a sala.
— Está muito melhor.— Odete mordeu os lábios, ainda empolgada.