A possible enemy

2441 Palavras
Era noite e Ren acabou dormindo no sofá enquanto assistia ao filme com Damian. O alfa o deixou confortável no sofá e foi até a cozinha para saber se Kyoko precisava de alguma ajuda. Ela terminava de lavar a louça e acabou se surpreendendo ao vê-lo. - A senhora quer ajuda? O Ren acabou dormindo. - E o que um jovenzinho mimado poderia fazer? – resolveu implicar e viu o outro sorrir meio sem graça. – Me ajude secando a louça, acredito que possa fazer isso. – soou desafiadora e Damian concordou. De fato não era uma tarefa difícil. Mas mesmo que o alfa fosse visto como um jovenzinho mimado, coisa que ele era acostumado a ouvir, Damian sabia sim fazer coisas por conta própria. Passando por vários lugares ele percebeu que precisava aprender a ser independente, mesmo que houvessem pessoas á sua disposição. Então secar uma louça não era nada demais. Enquanto Kyoko lavava, Damian usava o pano para secar tudo. Trabalharam em silêncio até certo ponto, mas o alfa ainda queria entender o porquê a mais velha mentia para o próprio filho. - A senhora não gosta de fazer parte da linhagem dos lúpus? – perguntou enquanto secava os pratos e os empilhava no outro lado da pia. A alfa riu anasalado por achar o questionamento engraçado. - Você poderia ter feito tanta pergunta, mas resolveu fazer a que menos tem sentido. – dizia ainda achando aquilo engraçado – Mas respondendo, não tenho vergonha ou desprezo a minha linhagem. Eu apenas tento não deixar que os outros saibam sobre isso. - Por quê? - questionou. Se antes ele estava curioso, agora de fato estava ainda mais interessado. O seu tio pensava que revelar ás pessoas que era um lúpus lhe era arriscado, e agora mesmo, Kyoko que é uma alfa e lúpus assim como ele, pensava parecido. - Acredito que já tenha percebido que nesse país os lúpus são vistos como uma espécie desconhecida e na minha situação atual isso é ótimo. É o que eu posso te responder. – soava séria – Então por isso, não conte nada ao Ren. Quanto menos ele souber sobre esse mundo, melhor será para ele. - Está tentando proteger ou privar ele de viver? – questionou – A senhora sabe do que os lúpus são capazes e se quisesse não precisaria viver se escondendo. - Você ainda é muito jovem. – suspirou – Não ache que por ser um lúpus, pode fazer o que quiser e na hora que bem entender, não é assim que as coisas funcionam. – o olhou seriamente nos olhos – Você não deve ter tido a sua primeira transformação ainda, então não deve saber o quão perigoso pode ser. - Eu já li sobre isso e por termos essa habilidade, não significa que nós somos uma espécie mais evoluída? Nós somos melhores que os outros, podemos fazer coisas que- - Pare com esse tipo de pensamento. – soou ríspida. Damian notou uma aura superior vindo da mais velha e acabou engolindo seco – Você é mesmo ainda muito jovem e ingênuo. O seu pai não deve te alertado sobre isso ainda, então eu farei isso por ele. Não. Farei isso para que esteja ciente do perigo que você mesmo pode acabar causando á si mesmo e aos outros. - Como assim? - Na primeira transformação de um alfa lúpus você não tem controle sobre as suas ações, não consegue discernir o que é certo ou o que é errado. É o seu próprio lobo interior agindo, o seu lado animal. Se você estiver próximo de pessoas que ama e conhece nesse momento da transformação, não serão nada além de presas na sua frente. Você se torna um verdadeiro monstro. Não há relatos de alguém que tenha conseguido estar são na primeira transformação. - Mas nos livros que eu li- - Não importa o que leu, a vivencia é completamente diferente. E não é só a primeira vez. Se você mesmo não conseguir controlar, poderá ferir qualquer um que apareça na sua frente. Então como alguém que tem experiência, acredite em mim. Se continuar com um pensamento de que é superior por causa de uma coisa dessas, futuramente acabará se arrependendo. - Falando desse jeito, parece até que machucou alguém... - E eu machuquei.– sua feição mudou para uma de descontentamento – Ela carrega a cicatriz até hoje e mesmo assim ela continua me ajudando muito. É uma amiga e tanto. - Eu sinto muito que isso tenha acontecido. - Não sinta. Como eu disse, mesmo que tenha acontecido esse acidente, eu me orgulho sim da minha linhagem. Depois que eu consegui controlar essa habilidade de transformação eu tive muitas experiências boas, uma delas foi sentir o vento batendo no meu rosto enquanto eu corria pela floresta. Não tem nada que se compare a isso... - soava com certa nostalgia. - Faz tempo que não se transforma? - Faz anos que eu não corro em uma floresta. Eu fico tão preocupada em cuidar do Ren que acabei deixando a diversão de lado. Além disso, com o passar do anos os lúpus perdem a capacidade de se transformarem, então se eu tentasse fazer isso agora provavelmente nada aconteceria. - A senhora não parece ter uma idade avançada, então acho que ainda seria possível. – disse conseguindo fazer a alfa sorrir verdadeiramente desta vez – Então o sorriso bonito do Ren, veio da senhora. – soou como se fosse uma grande descoberta. - Você está mesmo interessado no meu filho pelo visto. – expeliu um ar pesado – Mas eu vou logo avisando, se continuar com esse pensamento minimalista, não poderei confiar plenamente em você para que fique tão próximo do Ren. Como mãe é meu dever zelar pelo filho e se eu perceber que está fazendo m*l á ele, terei que intervir mesmo que isso acabe machucando ele. Damian ficou pensativo. Se o que Kyoko disse era verdade, significava que ele tinha grandes chances de vir a machucar Ren um dia. Mesmo que sua intenção fosse de proteger o ômega de tudo. Ele ainda era jovem e ingênuo como a mais velha disse, então se antes estava confiante de que seria mesmo capaz de protege-lo futuramente, agora estava com um pé atrás. Será que estaria tudo bem eu continuar me aproximando desse jeito? Será que comigo poderia ser diferente? Será que o melhor seria se eu apenas observasse Ren de longe? Eram tantos questionamentos que fazia para si mesmo, que acabou parando para pensar um pouco no que seu tio pensava sobre se expor e chamar muita atenção. Talvez o seu jeito ríspido fosse por isso... Suspirou. - Como a senhora disse eu sou ingênuo, preciso aprender muitas coisas ainda. Mas mesmo assim eu farei o meu melhor e serei mais cuidado com a minha aproximação do seu filho. Mas eu tenho certeza de uma coisa, os meus sentimentos pelo Ren são verdadeiros e por isso espero que futuramente a senhora possa me ver como alguém que seja de confiança. - Bem, eu também espero isso, mesmo que você já tenha tirado o primeiro beijo dele sem terem um compromisso. – sorriu forçado – Mas eu deixo passar dessa vez, só porque você me lembrou de alguém por quem eu estimava muito. Suas personalidades são semelhantes, tanto que me assusta um pouco. - Então sou agradecido por essa semelhança. – soou sarcástico. Assim que terminaram o trabalho na cozinha, Damian se surpreendeu com a hora. Johan chegaria para busca-lo a qualquer momento. Foi dia de diversão e aprendizado para o alfa, que do seu ponto de vista acabou passando muito rápido. - Acho que já está na minha hora de ir embora. – disse logo recebendo uma confirmação em seu celular que Johan já o esperava na frente da casa – Foi muito bom ter conversado com a senhora, sinto que aprendi muita coisa. - Eu não gostei muito de você no começo, mas agora que está indo embora acho que posso dizer que comecei a gostar só um pouquinho. – dizia com um tom de sarcasmo – Tem certeza que vai agora? Não vai poder se despedir do Ren, mas acho que posso fazer um agrado e acordar ele... – soou pensativa. - Não precisa, deixe ele dormindo. Depois eu mando uma mensagem pedindo desculpas. Obrigado pela recepção que a senhora me deu. – riu – Ah! E também pela comida. Receitas de mães são realmente incríveis. - Não eleve ainda mais o meu ego, garoto. – acabou por rir – Mas já que gostou, leve algumas empadas e pedaços de pizza. Você não gosta de doces pelo o que eu percebi mais cedo, provavelmente seu paladar é sofisticado e só come doces específicos. - Não é isso, eu realmente não sou fã de doces. – tentou se defender, mas logo notou que a mais velha estava apenas brincando consigo. - Está tudo bem, não precisa ficar na defensiva. Irei preparar uma marmita, então espere só mais um pouco. Kyoko o acompanhou até aporta e se despediu de Damian. Esperou que sumisse da sua visão para então entrar em casa. Assim que trancou a porta encostou-se na mesma e expeliu um ar pesado. - Ele não parece ser má pessoa, mas tem algo nele me deixou inquieta. – soou pensativa apenas para si mesma – Olhos dourados. Será que era aquela criança daquele dia... Kyoko voltou a si quando viu o filho parado a sua frente meio sonolento. O ômega coçava os olhos por ter acabo de acordar. - Ele já foi? – a mais velha assentiu – Por que não me acordou? Eu queria ter me despedido direito. - bocejou. - Ele não quis te acordar. De qualquer maneira, vocês irão se encontrar na escola de novo. Agora vá tomar um banho, está com a mesma roupa que usou para sair de manhã. - Está bem. Mas antes disso, o que a senhora achou do Damian? Ele não parece ser uma pessoa legal? - disse esperançoso. - É um pouco ingênuo, mas parece ser uma boa pessoa. Mesmo que ela tenha vindo, ainda quero conhecer os seus outros amigos. – disse caminhando até o filho para afagar os fios alheios – Me parece que eles devem ser ótimas pessoas pela forma que falou sobre eles mais cedo. – disse mostrando-lhe um sorriso. - Sim! – concordou – Eu falarei para eles virem aqui quando a senhora tiver outro dia de folga. - É uma ótima ideia! Farei um almoço ao invés de lanche na próxima. - Lasanha? - Claro. . Damian estava no carro ainda pensativo sobre o que Kyoko falou consigo. Johan que percebia o estado que o seu jovem mestre estava, queria perguntar o que lhe atormentava, porém tinha receio de que pensasse estar sendo invasivo demais. - Johan, você sabia que a mãe do Ren... – pensou bem antes de falar. Ela queria manter discrição, então não seria certo da sua parte comentar com outras pessoas sobre o fato dela ser uma lúpus – É uma ótima cozinheira? Foi um lanche muito agradável e bem feito. O bolo com calda de chocolate, apesar de ser doce não estava enjoativo. Será que eu devia pedir a receita e tentar fazer eu mesmo? O beta ficou um tanto surpreso ao ouvi-lo falar sobre isso. - Bem, mesmo que consiga a receita, talvez não fique com o mesmo gosto. - Tem razão. Dizem que comida de mãe não pode ser copiada... - O senhor está bem jovem mestre? – acabou por perguntar – Por acaso está se sentindo m*l? Me parece meio abatido. - Só estou pensativo. - Entendo. - Johan, como alguém que sabe sobre mim e antes disso conheceu o meus verdadeiros pais, acha que eu sou parecido com eles? – questionou – Nunca vi uma foto deles. Meu tio nunca me deixou saber demais sobre eles também, por isso eu queria saber. - Bom, o jovem mestre sabe ao menos que sua mãe era uma ômega e também uma lúpus, certo? – assentiu – A personalidade dela não era fácil de se lidar algumas vezes, por isso acho que são parecidos nesse quesito. Porém se eu for pelo aspecto físico, o senhor puxou as características do seu pai. Assim como o jovem mestre ele era um alfa lúpus, mas a personalidade dele não chegava a ser tão explosiva quanto a da sua mãe. - Então eu pareço com eles... Você acha que o meu tio falou a verdade quando ele me disse que meus pais morreram em um acidente de carro? – soou pensativo olhando o trânsito pela janela do carro. - Por que o jovem mestre está perguntando isso agora? - Como eu disse, estou pensativo. – continuou – Meu tio me esconde muitas coisas, então por que eu deveria acreditar que eles morreram em um acidente de carro? Johan não lhe deu uma resposta e isso deixou Damian ainda mais incomodado. Quando chegou em casa, a primeira coisa que fez colocar a banheira para encher, enquanto isso aproveitou para trocar a água do Alex e repor a comida. O canídeo já dormia, então apenas fez um carinho na pelagem sedosa que tinha. - O melhor amigo do homem devia estar acordado quando ele chega em casa. – falou e logo foi para o banheiro tomar o seu banho. Não era muito de usar a banheira, normalmente optava pelo bom chuveiro, mas dessa vez precisava relaxar e por a cabeça no lugar. A primeira transformação... Suspirou. - Por que você não me contou sobre esse perigo tio? Por que não me conta quase nada? Não é que Damian não soubesse que tinha a capacidade de se transformar, ele tinha ciência disso porque leu em um dos livros da sua biblioteca secreta. Mas o que ele não sabia, era que a primeira transformação poderia ser tão perigosa. Pelo que ele sabia até agora, a primeira transformação poderia acontecer entre 16 e 18 anos e ele estava nessa idade, então isso o preocupava. Agora tinha alguém que queria proteger, mas sabendo do próprio perigo que ele mesmo poderia causar, pensava estar colocando Ren e os outros em perigo. - Será que eu pergunto para ele sobre isso? – molhou o rosto – Ele ao menos me diria a verdade? - soou duvidoso. Olhando para o teto ele pensou que talvez fosse melhor perguntar, mas não faria isso agora. Ele não estava sentindo nada de anormal, então por enquanto apenas ficaria em alerta. Na pior das situações, teria que se afastar de Ren por um tempo, até que conseguisse dominar completamente as suas transformações.
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