Capítulo 6

1502 Слова
  Leila estava quase terminando de comer sua torrada quando o celular de Kelvin apitou. "O motorista chegou," ele informou.   Kelvin encarou o celular na mesa por um ou dois minutos e depois o guardou no bolso da camisa. Sem precisar que alguém dissesse, ele sabia que Leila não aceitaria a situação.   Ela terminou de comer em silêncio enquanto ele a observava, se esforçando para disfarçar o desconforto que a presença dela lhe causava. Ela era linda. Daquele tipo de beleza que se aprecia melhor num segundo olhar, com uma pequena marca de nascença no maxilar que ele tinha vontade de beijar. Não esperava que ela aceitasse sua proposta tão facilmente. Ele estava preparado para usar outros meios para convencê-la, mas ficou feliz por não ter precisado ir tão longe.   "Terminei." A voz de Leila o tirou do transe.   A mesa estava vazia. Ele assentiu. "Vamos."   "Juntos?" Ele parou no meio do caminho até a porta e virou-se para encará-la. Claro que iriam juntos.   "Tem algum problema com isso?" Seu rosto suavizou quando notou que ela hesitou. Às vezes, ele não conseguia evitar. Estava acostumado a falar com seus funcionários de uma certa maneira, mas precisava lembrar que Leila significava mais para ele do que apenas uma funcionária. Sua flor do céu. "Você não quer?"   Leila se aproximou dele, colocou a bolsa no ombro e deu de ombros. "Mantenha a vida profissional separada da pessoal, lembra?" Ah, ele lembrava. E agora desejava não ter concordado com isso. "Eu vou me virar."   A porta já estava aberta antes que ele se recuperasse.   "Espera." Leila parou. Ela não se virou, mas ele percebeu a rigidez nos ombros dela. Ele abriu uma tela no celular e enviou uma mensagem ao seu assistente. "Vou pedir um carro para você. Espere um momento." Antes que ela virasse, ele sabia que ela iria discutir, então acrescentou, "Não é um pedido, Leila."   Quando seus olhos se encontraram, ela engoliu em seco. Seus lábios se moveram naquela forma peculiar que faziam quando ela tentava conter suas palavras. Kelvin quase sorriu.   Alguns minutos depois, seu telefone apitou. Seu assistente tinha encontrado um motorista de Uber. Leila tentou espiar por cima do ombro dele, mas ele afastou o telefone da vista dela e a repreendeu com um olhar. Ela murmurou um pedido de desculpas que soou falso aos ouvidos dele, mas ele não questionou, esqueceu a curiosidade dela e segurou a porta aberta para ela.   "O seu motorista chegou," ele disse. Ao assentir, Leila passou por ele, mas hesitou quando já estava do lado de fora. Kelvin sabia que queria beijá-la, mas não queria surpreendê-la. Sua mente ficou em branco quando os olhos castanhos de Leila se elevaram para seu rosto. Ele deu um passo para fora e depositou um beijo no rosto dela. "Tenha um bom dia, Leila."   As bochechas dela ficaram ruborizadas e ela mordeu os lábios. Kelvin riu enquanto Leila apressava o passo pelo corredor sem responder.   Sua esposa era uma graça.   Kelvin encontrou Amara, sua assistente, no térreo. Ela pegou sua pasta e eles continuaram a caminho do carro. Entraram no banco de trás e Amara lhe entregou um grosso arquivo azul.   O carro começou a se mover, ele apertou um botão ao lado de sua porta e uma divisória subiu para separá-los do motorista. Na privacidade do banco traseiro, Kelvin levantou o arquivo e inclinou a cabeça em direção a Amara. Ela pigarreou.   "O arquivo que você pediu," respondeu Amara à pergunta não verbalizada dele. Ele não tinha certeza sobre qual arquivo ela estava falando, já que lidava com muitos diariamente, mas acenou em agradecimento.   Um olhar de familiaridade surgiu em seus olhos ao abrir a primeira página.   Leilani May Collins.   A foto de passaporte parecia uma foto de prisão, mas ela ainda era bonita. Seus dedos acariciaram o rosto dela na imagem, ele suspirou e passou para a próxima página. Tudo o que precisava saber sobre a história dela no Vale do Silício estava ali.   "O que você acha dela?" ele perguntou à sua assistente.   Amara era uma das poucas pessoas que conheciam a verdadeira relação entre ele e Leila. Era ela quem marcava os encontros e reservava os restaurantes para os compromissos. Kelvin inclinou a cabeça na direção dela e segurou os joelhos, ansioso.   "Ela é trabalhadora." Ele já sabia disso. Sarah falava sobre ela o tempo todo. "E ela está liderando a apresentação hoje." Seus lábios se curvaram, mas ele não sorriu. Não era a resposta que ele procurava. "Ela é também muito inteligente e dedicada ao trabalho. Uma boa escolha."   Kelvin balançou a cabeça. Sua assistente estava repetindo a maioria, senão todas, as informações do arquivo de Leila. Se ele quisesse dados genéricos, não teria perguntado a ela.   Ele girou o corpo para ficar de frente para ela. "O que você acha dela como pessoa? Fale livremente."   Segundos depois, Kelvin estava convencido de que sua assistente não iria responder. "Acho que você não deveria ser tão rígido com ela," Amara disse. Sua voz tremia um pouco e ele ajustou os óculos. "Dê espaço para que ela seja ela mesma e logo ela estará mais à vontade." Amara cruzou as mãos sobre o joelho. "Esse arranjo é novo para ela."   Kelvin murmurou em resposta. Até agora, ele tinha sido apenas gentil e paciente com Leila, mas ela não era a mais acessível. Recusou o telefone que ele comprou para ela. Estava hesitante em aceitar sua ajuda. Era tão cuidadosa e ansiosa perto dele, o que o perturbava.   "Obrigado," ele murmurou enquanto folheava o arquivo distraidamente. Ele precisava que esse casamento funcionasse.   O carro deles passou rapidamente por outras filas de carros, ele se endireitou quando passaram por uma floricultura. "Que tipo de flores você gosta?" Ele se pegou perguntando a Amara.   Diferentes buquês estavam dispostos em uma mesa em frente à loja. Ele podia imaginar Leila com uma coroa de flores ou com uma das flores amarelas enfiada no cabelo. A imagem o deixou empolgado, e ele pediu ao motorista para encostar.   "Depende. Meu noivo compra baseado no meu humor."   Pela primeira vez no dia, ele realmente olhou para a sua assistente. A pele rica em melanina brilhava como sempre e seus cabelos estavam presos em um coque pequeno na nuca. Ela usava pouco ou nenhum maquiagem, mas ainda era bonita. Seus olhos baixaram para a mão dela, que ela levantou.   "Noivo?" Amara assentiu. As luzes refletiam no diamante do anel, e ele corou de vergonha. Ele não sabia nada sobre sua equipe. "Parabéns. É um anel bonito."   "Obrigada, senhor." O elogio o surpreendeu, e ele escondeu um sorriso enquanto ela tentava se recompor. "Meu noivo gosta de me comprar lírios quando estou de bom humor."   "Os lírios são os amarelos?"   Amara lançou um olhar para a loja. "Sim."   "Mande um daqueles para ela," ele murmurou. "Peça para escreverem um bilhete." Kelvin quase corou ao dizer as palavras, "Minha flor celestial."   Se Leila não tivesse sugerido esse anonimato no trabalho, ele teria mandado um bilhete escrito à mão. Mas ele queria respeitar a regra dela e também seguir o conselho de sua assistente.   A porta se abriu e Amara saiu, fazendo o ar frio entrar no carro. Kelvin bateu no bolso do casaco e franziu a testa, o telefone ainda estava lá. Ele apertou um botão e a divisória de malha preta baixou.   "Você tem filhos?" ele perguntou ao motorista. Ele não se lembrava do nome dele naquele momento. "Um filho já adulto?"   O homem tirou o boné de motorista e assentiu. "Sim, senhor. Uma menina."   Pegando o telefone Samsung, ele o entregou a ele. "Aqui. Dê isso a ela." Ele apertou o botão antes que o motorista pudesse agradecê-lo e a divisória os separou novamente. Amara entrou no carro sem as flores. "Onde estão?"   "No caminho para o escritório."   Ele não disse nada sobre isso e pelo resto do trajeto, ficou em silêncio. Eles saíram do carro assim que parou, suas sobrancelhas franziram ao avistar uma cabeleira preta flutuando sobre os ombros. Ele conhecia apenas uma pessoa com aquele cabelo, roupa e marca de nascença.   Kelvin deu uma olhada no Rolex no pulso. Pelos cálculos dele, ela já deveria estar aqui. Ele parou atrás dela e de uma outra moça que conversava incessantemente. Kelvin se lembrou dela de ontem, a que estava cuidando de Leila. Ele pigarreou e elas se sobressaltaram.   O rosto de Leila ficou vermelho. A amiga congelou. O elevador se abriu e ele entrou. Sua assistente o seguiu. Ele manteve a porta aberta para elas, mas elas ficaram ali paradas, olhando para ele e Amara.   "Vocês vão ficar aí o dia todo?" Suas cabeças se moveram para a esquerda, depois para a direita, como robôs. "Entrem."   Elas entraram, Leila ficou na sua frente, corpo rígido e coluna ereta. Kelvin teve vontade de se inclinar para frente e sussurrar em seu ouvido, mas sabia que isso poderia chateá-la. Então, ele fez a única coisa que sabia que poderia ajudá-la a relaxar, ele segurou sutilmente a mão dela e deu um leve aperto.
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