Até agora tudo bem, Leila pensou, até que a mão do marido escorregou para dentro da dela. Ela quase deixou a bolsa cair. Por um instante, não sabia o que fazer. Ele apertou sua mão e algo quente explodiu em seu peito.
Ela estava quase chegando ao seu andar quando ele a soltou. O elevador fez "ping" quando chegou. Lily saiu antes dela e Leila hesitou em sair. Ela não tinha certeza do que queria dizer a ele e não estavam a sós. No final, ela saiu sem dizer nada.
Se o motorista do Uber não tivesse pegado um caminho diferente que os deixou presos no trânsito, ela não o teria encontrado ali. Quem era a mulher com ele? Era bonita.
“Ele não é tão r**m,” Lily dizia enquanto elas viravam na esquina para o escritório. “E ele é sexy.”
“É,” ela respondeu porque precisava dizer algo.
O escritório estava mais calmo do que ontem, mas agora Susie estava em sua mesa. Susie levantou o olhar ao som da porta abrindo, puxou algo de trás dela e correu até elas. Leila não estava pronta para nenhum drama naquela manhã, mas forçou um sorriso e tentou passar por ela.
Susie não deixou barato. "Leila tem namorado," começou a cantarolar e logo vários olhares se voltaram para elas. "Leila tem um amante."
Um calor subiu pelo pescoço de Leila, e ela arrancou o cartão que Susie balançava para ela. A caligrafia era desconhecida, mas as palavras não.
Minha flor celestial.
Seu coração bateu forte ao ler aquelas palavras. Era ele.
“Onde você conseguiu isso?” ela perguntou a Susie.
“Leila,” Lily chamou. Ela estava na mesa de Leila com um buquê nas mãos. “Olha isso. O bilhete deve ter vindo com as flores.”
Leila massageou a nuca. Só podia ser o Kelvin. Ele era o único que a chamava de flor celestial. Não havia nada de celestial ou florido nela, mas o gesto aquecia seu coração. Ele a fazia sentir que significava mais para ele. Lily estendeu a mão para pegar o bilhete. Leila não queria entregar, mas evitar isso levantaria suspeitas. A contragosto, entregou.
“Minha flor celestial.” Lily fez uma careta de desgosto e Leila sentiu-se morrer por dentro. O bilhete não era tão r**m. “O que isso significa?”
Ela deu de ombros. “Não sei.”
"Você não sabe quem mandou isso?"
O tom da amiga estava cheio de insinuações, mas ela se recusou a cair na armadilha da Lily. Não daria motivos para fofocas. "Tenho minhas teorias, mas não estou certa." Estava mais do que certa que era o Kelvin. "Ninguém que valha a pena mencionar."
Lily esperou e esperou. Mas Leila não disse nada. Ela ergueu as mãos, frustrada. "É só isso? Amiga, você tem que me dar mais que isso." Isso nunca iria acontecer. "Quem é ele? Me conta."
"Não. Vai pra sua mesa." Ela arrumou o laptop e outras coisas na mesa e, assim que Lily virou as costas, ela levou a flor ao nariz e a cheirou. Ela não ligava tanto para flores, mas a pura intenção por trás disso e o remetente a fizeram sorrir. Ela adorou.
Leila começou a trabalhar no novo projeto. Ela havia sugerido iniciar um novo segmento voltado só para jovens e a aprovação veio na noite passada. Leila não tinha certeza se foi aprovado porque Sarah amou a ideia. Mas uma pequena voz em sua cabeça dizia que tinha a ver com Kelvin.
Isso não a desencorajou. Ela veria o projeto até o fim. Quando era adolescente, adoraria ver algumas das tendências que seriam discutidas em Stars Glow, o nome do segmento que ela esperava que o Tech Valley adotasse. Focaria em adolescentes e jovens adultos.
Ela pegou o celular e pausou. A rachadura ainda estava lá. Lily tinha voltado para a mesa, então ela mandou uma mensagem pelo w******p. Lily não respondeu, em vez disso, veio até sua mesa e Leila lutou contra a vontade de revirar os olhos.
"Por que você precisa de um consertador de celulares?" Lily perguntou.
A mulher curiosa olhou para as flores na janela. Um feixe de luz solar entrava, tingindo o topo das flores de um amarelo dourado. Leila pigarreou para chamar a atenção da amiga. Não queria que a conversa girasse em torno disso.
"Minha tela está quebrada," ela respondeu. E ela não se importava porque estava funcionando perfeitamente como fazia antes de quebrar. Mas Kelvin se importava, então ela precisava consertar. "Preciso trocar."
Lily bateu o dedo indicador no queixo. "Pergunta pro Kelvin."
"O quê... o quê?" Leila gaguejou.
Leila estava chocada por dois motivos. Primeiro, sua amiga chamou o marido dela pelo primeiro nome, como se fossem amigos. Segundo, como raios a Lily sabia que Kelvin sabia consertar celulares? Os lábios de Leila formaram uma linha fina de desaprovação que ela se esforçou para não mostrar. Ambos tinham algumas explicações a dar, especialmente Kelvin.
"Kelvin," Lily murmurou. Quando Leila continuou olhando para ela, ela suspirou e mostrou o celular para ela. "O cara do computador." Havia uma foto na tela de Lily. Um homem com cabelo cacheado. Era o Kelvin, mas não o marido dela. "Acho que ele conhece alguém que conhece alguém e por aí vai. Me ajudou ano passado."
Leila só conseguiu acenar. "Obrigada." Lily dispensou a gratidão com um gesto. Sua amiga se levantou, mas ela a parou. Depois de um olhar ao redor do escritório para se certificar de que ninguém estava ouvindo, ela perguntou em voz baixa, "O que você acha do novo chefe?"
"Você está interessada nele?" Lily provocou.
Por um instante, ela congelou. Não sabia como responder a isso. Claro, ela tinha interesse no marido. Os poucos momentos com ele garantiam que pudessem ter uma vida quase normal. Além disso, ele se importava. Ele prestava atenção. Ele comprava flores para ela.
"Ele não faz meu tipo," ela soltou de repente.
Lily começou a rir, caiu no assento e segurou o peito enquanto a risada escapava dos seus lábios. Isso irritou Leila. Algumas cabeças se viraram para elas e ela inclinou a tela do laptop. Susie já não prestava atenção nos arquivos em sua mesa. Ótimo. Leila olhou para a amiga que sorria de forma tímida, era hora de acabar com essa besteira.
"Esquece que eu perguntei," murmurou. "Você pode ir. Obrigada."
Lily deu uma risadinha. "Ah, qual é. Eu também estou interessada nele." Leila bufou. Seu marido estava fora de questão. "Queria saber quem é minha concorrente," ela disse com uma piscadela. Leila não achou graça. Ele era o marido dela e sempre falavam dele sem vergonha nenhuma.
"Boa sorte."
"Não preciso," Lily disse. Leila levantou os olhos e Lily deu de ombros. A confiança da outra mulher a irritava, mas tentou lembrar que ninguém sabia sobre eles. "Ainda não tenho uma opinião sobre ele," respondeu à pergunta inicial de Leila. "Parece ser legal e é muito gostoso." Ela piscou e Leila olhou para os pés. Ele era gostoso, mas seus beijos eram ainda melhores. Suas bochechas aqueceram com a lembrança, ela limpou o sorriso antes que Lily percebesse. "Eu ficaria com ele, com certeza."
Pronto. Chega. "Você acha que aquela é a namorada dele?" Leila estava se referindo a Amara, mas não sabia o nome dela. Lily ficou confusa, e ela descreveu a beleza de ébano que acompanhava seu marido. "Ela é um arraso."
Mais arrasadora do que a Lily. Talvez saber disso a impediria de tentar roubar seu marido.
"Muito," Lily completou por ela. Ela franziu os lábios, então balançou a cabeça. "Mas não acho que seja a namorada dele. O chefe parece alguém que não tem vida pessoal."
Se ela soubesse. Lily foi embora antes que pudesse fazer mais perguntas, balançando os quadris a cada passo. Leila riu, não sabia por que, mas continuou rindo até Lily chegar ao seu assento.
Quando a risada acalmou, ela retomou o trabalho no projeto Stars Glow. A apresentação com Kelvin estava marcada para as 15h. Ela queria que ele a apoiasse, principalmente porque ele adorava a ideia.
Leila se afundou no trabalho, adicionando e removendo coisas que não ajudariam em sua proposta. Ela não parou para fazer uma pausa até que o toque de seu celular a tirou do transe.
Quem ligava era ninguém menos que seu marido. Ela deu uma olhada rápida no escritório. Algumas mesas estavam vazias, outras tinham pratos de comida sobre elas. Como uma deixa, seu estômago roncou e ela envolveu um braço em torno dele antes de atender a ligação.
Kelvin não perdeu tempo com cumprimentos. "Vem aqui fora."