Melissa E Bruno

1748 Words
O casamento, a união de duas pessoas que se amam e desejam passar todos os dias de suas vidas juntos. Um filho, o que é a consolidação e complementação daquele grande amor, trazendo a tona a capacidade de expandir seus sentimentos e suas dores de cabeça, na maioria das vezes. Peço desculpas, deveria ter me preparado melhor para dizer palavras bonitas e expressar, o quanto meu casamento tem sido incrível nestes cinco anos e como Bernardo se tornou a minha razão de viver. — Bom dia, cheguei... — Bruno passa pela porta da cozinha, enquanto preparo o jantar, após passar o dia inteiro limpando a casa e arrumando brinquedos de nosso pequeno bagunceiro. — Papa!! — Ele grita, indo até seu pai que o abraça e coloca o jaleco sobre as costas do sofá, tira os sapatos e os deixam ali mesmo. — Bruno, poderia pegar os sapatos e levar até a sapateira? Quero manter tudo arrumado, pelo menos até amanhã cedo. — Melissa e sua mania de arrumação. — Resmunga, pegando os sapatos e caminhando até o fundo do corredor, com Bernardo pendurado em sua perna. Os sigo, para dar um banho em Bernardo antes do jantar. — Bruno! Você está sujo de hospital, não pode deitar na cama! — Exclamo e o loiro se levanta, bufando irritado. — Meu Deus, Melissa! Estou cansado e não posso nem mesmo deitar na minha própria cama? É só um lençol! — Um lençol, que preciso lavar e travesseiros, para tirar manchas! Poderia, por favor tomar um banho antes? — Mamãe, deixa o papai em paz. — Bernando retruca, como defensor de seu xerox. — Viu? Até nosso filho não aguenta mais sua mania de arrumação, relaxe um pouco. — Diz, pegando a toalha e seguindo para o banheiro, deixando as calças e camisa sobre a cama. — Claro, irei "relaxar" e deixar vocês dois cuidarem de tudo, vamos ver em quanto tempo, surge a família do ratatouille nessa casa! — Esbravejo, pegando a criança no colo e o levando ao banheiro que ficava entre a cozinha e seu quarto. — Mamãe, por que você também não trabalha? Só o papai fica o dia inteiro longe. — Bernardo comenta, enquanto lhe enxaguo embaixo do chuveiro. Respiro fundo, sentindo todo meu corpo fraquejar de tanto cansaço e imagino, como faria para explicar que cuidar dele e da casa, eram o maior e mais cansativo trabalho da minha vida. — Se quiser, posso dar o jantar a ele, para que tome um banho. — Bruno surge na porta e levanto, assentindo. — Ei... — Segura minha mão e suspiro, só querendo correr e entrar embaixo da água. — Sim, Bruno... — Pergunto e o rapaz força um sorriso de lado, maneando a cabeça. — Quer dizer algo? — Questiono mais uma vez. — An...não era nada, bobagem apenas. Pode ir tomar seu banho. — Diz por fim, seguindo até Bernardo. — Ei filhão, vamos ver o que a mamãe preparou de papa, hoje?! — Pega o menino enrolado na toalha, seguindo para o quarto do mesmo. Retiro minhas roupas, entrando embaixo da ducha que cai sobre meu corpo, como um delicioso unguento. Quando trabalhava fora, pensava chegar cansada em casa, mas, nunca imaginei que fazer homeoffice vulgo "dama do lar", era a total especificação do cansaço. Coloco uma camisola qualquer, seco meus cabelos e sigo até a cozinha, onde Bruno e Bernardo já comem o macarrão com bife que havia preparado. — Não aguentaram me esperar para jantar? — Indago, pondo um pouco em meu prato, já sem fome antes mesmo de comer. — A senhora demorou muito, mamãe. — Bernardo responde e finjo sorrir, sentando-me á mesa, levando o macarrão até a boca e logo o sentindo revirar em meu estômago, apesar de não te-lo provado. Corro em direção ao banheiro, enquanto Bruno e Bernardo me seguem. — Mamãe! Mamãe!! — Bernardo, vá buscar uma água para a mamãe...o papai irá cuidar dela. — Meu esposo diz e o pequeno obedece. Sento-me sobre aquele chão e um medo me invade, começo a chorar. — Mel, você está bem? — Eu...eu...não sei. Bruno, isso não pode acontecer novamente. — Me refiro a um possível filho e o mesmo me olha com confusão. — Não nasci para ser mãe de dois filhos, nem mesmo consigo dar conta do Bernardo. — Limpo minhas lágrimas e o menino surge com um copo sujo, cheio de água. — Aqui mamãe, pode beber. — Fala e agradeço, fingindo beberica-lo. — Bebe tudo e fica bem, tá bom? — Beija minha testa, seguindo para o seu quarto. — Sei que está cansada, mas, me parece estar fazendo um bom trabalho, ele só não sabe diferenciar um copo limpo. — Comenta sorrindo e faço o mesmo, pondo ás mãos sobre meu rosto. — Sei que estou distante, mas tentarei ser um esposo melhor e lhe ajudar com os serviços de casa. — Se manter limpo, já estará me ajudando...você chega e simplesmente deixa tudo jogado por onde passa, Bruno. — Ah Melissa, por que ficar sempre jogando na minha cara? — Se levanta e sinto que mais uma vez iríamos brigar por motivos fúteis. — Vou escovar os dentes, saia, por favor. — Me levanto indo até a pia e Bruno segue para o quarto, deixando-me mais uma vez em dúvida de quando havíamos chegado neste estado. No Outro Dia... — Tem certeza, que não irá atrapalhar o seu trabalho no restaurante? — Pergunto a Débora, quando lhe pego de carro em frente a Renascer. — Não se preocupe, irei apenas levar umas palmas da minha chefe, que por acaso também é minha mãe. — Zomba e damos risada, seguindo até a clínica de Guilherme seu namorado e obstreta. — Já que estamos indo ver o Guilherme, me conte quando este casamento sairá? — Dou uma de intrometida e Débora ri, balançando os ombros. — É mais fácil termos um filho primeiro, do que nos casarmos. Somos dois enrolados. — Ela comenta e finjo estar assustada. — Não deixe a Sara ou o irmão José ouvir isto, seu pai poderia rir, mas, sua mãe...bom, a dona Sara é bastante imprevisível. — Não se preocupe, quando eu for me casar seus filhos serão os pagens. — Diz por fim e sorrio levemente. Quando fui a casa de Rebeca lhe contar sobre minha possível gravidez, demonstrei alegria para não parecer ingrata em estar grávida novamente, mas, não sei se ter um bebê agora é o melhor momento, não quando eu e meu marido tivemos apenas essa noite há um mês atrás, simplesmente por estarmos encantados com as bodas de Agatha e Gabriel. — Que honra, ter duas mulheres tão lindas em minha clínica! — O jovem moreno e alto, sorri beijando os lábios de sua namorada, que o abraça apertado. — Você vê mulheres toda hora. — Débora resmunga e o mesmo lhe prende em seus braços, beijando-a mais uma vez. — Não chegam nem perto, da sua beleza. Todas horrorosas e chatas. — Brinca e sorrimos. — Mas, então...o que devo a visita? Débora, você está grávida?! — Põe às mãos no rosto. — Sim, Guilherme...Deus viu graça em mim, mas, disse pra eu criar sozinha, porque o pai é um tonto. — Fala irritada e Guilherme ri alto, olhando para mim. — Sim, sou eu novamente. — Levanto a mão e o mesmo aponta para que eu o siga. Me sento na maca e Guilherme prepara uma agulha. — Quando foi sua última relação e menstruação? — Pergunta, ainda preparando o exame. — Não se lembra? O dia da menstruação? — Questiona mais uma vez, por eu ter ficado quieta. — Há um mês, tanto a menstruação quanto a relação. — Digo, sentindo meu rosto queimar. Era difícil contar a um jovem, sobre minha "vida matrimonial". — Certo. — Ele diz, simplesmente. — Como o bebê ainda deve estar pequeno, vamos fazer um exame de sangue e daqui uns dois meses, seguimos para o ultrassom, tudo bem? — Hunrun, tudo bem. — Forço um sorriso, estendendo o braço e Guilherme retira o líquido vermelho de minha veia, pondo um algodão em cima. — O resultado sai ainda hoje, posso lhe enviar por e-mail. — Informa e concordo. — Deve estar feliz, com a possibilidade de ter mais um filho. — Hunrun, claro. — Falo por fim, seguindo para fora e caminhando até Débora, que acena para seu namorado e dirigi o carro até o restaurante e depois sigo para casa, pegar Bernardo na escola e começar mais uma vez meu eterno trabalho. Meu telefone toca e o atendo, pondo-lhe no suporte do carro. — Mel, sou eu...o Isaque. — Isaque, oi...tudo bem com a Beca? — Pergunto, parando em frente a escola. — Digamos que em partes. A Agatha que não está bem, teria como vir ao hospital do pastor Gabriel? — Claro, vou deixar o Bernardo na mamãe e irei até vocês. — Desligo o telefone, caminhando até a sala de meu filho e após pega-lo, deixo em Helena, que se mudou para a capital desde que tive Bernardo e o pastor Levi faleceu. Quis traze-la, pois esteve muito tempo sozinha e não merecia sentir essa dor novamente. — Mel, que bom que chegou! — Isaque me abraça e o cumprimento, observando a sala de espera abarrotada de gente. — O que aconteceu? Está parecendo um hospital público. — Sussurro ao mesmo, que suspira. — Ficaram sabendo, que a dona Agatha está internada aqui e vieram saber sobre ela. — Ele diz, observando a movimentação. — Será que estão preocupados ou apenas, querendo saber da vida alheia? — Indago e Isaque move os braços. — Está ouvindo isso? — O Pergunto, ao escutar o que me parecia risadas muito altas. — Sim, ah meu Deus, parecem da Agatha! Vem! — Me puxa pelo braço e corremos até o quarto de minha "tia", avistando uma senhora á gargalhar e chorar ao mesmo tempo. — Gente, o que tá acontecendo? Estamos ouvindo risadas lá fora! — Pergunto desesperada. — Isso não é Hilário? Eu ter quinhentos médicos na família e duas pessoas que já tiveram câncer e ainda assim, não percebermos que eu estava doente?! Gente, isso não é muito engraçado? O quanto nossos genes são podres!! — Ela grita, nos deixando completamente em choque. — Agora me diga, doutor Bruno e grande Gabriel!! Eu tenho quantos meses? — Para de rir, limpando seus olhos lacrimejantes e suspira, aguardando respostas.
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