Agatha E Gabriel

2751 Words
Uma Vez Ouvi Dizer, "Que Você Cresce, Enlouquece e Se Casa" Se isto for realmente verdade, agradeço pela minha incansável e duradoura insanidade. Não é todo mundo, que alcança o que temos hoje, um casamento de vinte e cinco anos, coberto por amor e compreensão. Gabriel e eu nos tornamos, aquilo que sempre esperamos ser: Exemplo para os mais jovens. Longe de mim dizer que somos perfeitos, mas, até mesmo nossas imperfeições são usadas para fortalecer nosso matrimônio. — Hoje é um dia muito feliz para mim, pois há vinte e cinco anos, prometi á Agatha que ficaríamos juntos por toda a vida. Foram vinte e cinco, falta apenas a eternidade, meu amor. — Gabriel sorri, pondo um lindo anel em meu dedo, quando renovamos nossos votos. — Sou grata a Deus, por ter nos dado força e sabedoria para enfrentar todas as adversidades, que nos foram postas nestes anos. Cristo nos fortaleceu e nos fez entender todos os dias, que fizemos a escolha certa ao entregar nossos corações a ele. Obrigada Biel, por fazer com que cada dia seja o melhor da minha vida. — Lindos!! — Rebeca exclama e todos aplaudem, ovacionando. — Por favor, se beijem!! — Melissa grita, com aquele jeito que só ela tem e Gabriel sorri, puxando-me pela cintura e beijando meus lábios com carinho e ternura. Éramos os velhos mais felizes do mundo, isso eu tinha absoluta certeza. — Eu amo, como vocês são perfeitos juntos. — Minha filha diz, abraçando a mim e ao seu pai. — Você e seu esposo também são perfeitos, nem pense em brigar com ele. — Gabriel fala e deposito-lhe um tapa. — Mas, papai... — A jovem choraminga e Gabriel, cruza os braços. — Ele não quer me dar um bebezinho. — Claro, você é o bebê que ele pegou para criar. Eu só lhe entreguei, pois estava ficando caro. — Zomba e Rebeca faz bico, vindo para o meu lado. — Querida, não ligue para o que seu pai diz. Ele é só um velho bobão. — Digo e Gabriel resmunga, como uma criança, apesar de já ter cinquenta anos. — Tudo tem um tempo certo, não se preocupe...quando menos esperar, estará grávida. — Lhe acalmo e Rebeca sorri, correndo até seu esposo que comia alguns quitutes da festa. — Eu já tirei a cama dela de nossa casa, não adianta querer voltar. Quero aproveitar minha velhinha. — Só pode estar falando de outra pessoa, pois o único velho daqui é você. — Informo seriamente e Gabriel sorri, me abraçando. Alguns Dias Depois... — Bom dia, querida. — Meu esposo, não mais tão jovem, mas ainda tão lindo quanto na primeira vez que o vi, cumprimenta-me. — Bom dia, meu amor. — Sorrio, beijando-o levemente, lhe entregando uma xícara de café. — Muito obrigado, realmente estava precisando. O plantão durou mais do que esperava. — Senta-se em uma das cadeiras á mesa e me ponho em sua frente, também com uma xícara de café. — Não deveria trabalhar tanto, está velho para se cansar demasiadamente. — Zombo e ele revira os olhos, levantando-se. — O que disse, minha senhora? — Pergunta, me puxando pela cintura e dou risada, sentindo cócegas, quando o mesmo beija meu pescoço. — Pare com isso, já lhe disse que está velho para esse tipo de coisa. — Brinco mais uma vez e Gabriel me pega nos braços, se preparando para subir as escadas. — Amor, meu telefone está tocando. — Esqueça este telefone, minha dentadura está no quarto, vamos busca-la. — Diz e dou risada, batendo levemente em seu ombro para que me desça. — Isso é tão errado, não acho que este casamento durará muito. — Resmunga e lhe deposito um beijo demorado o fazendo sorrir. — O que dizia? — Indago sorrindo de lado e o mesmo me abraça. — Vá subindo, lhe encontro daqui a pouco. — Tudo bem, vou pôr aquela samba canção que você adora, meu broto. — Dança, subindo as escadas e sorrio atendendo o telefone. — Pois, não? — Digo e a voz de Rebeca surge do outro lado da ligação. — Oi mamãe, desculpe ligar essa hora. Só quero saber, se já fez seu auto exame hoje. — Sim, querida. Meu auto exame está normal, não se preocupe. — Falo e Rebeca sorri aliviada. Minha filha se tornou enfermeira e vive a me tratar, como uma criança de cinco anos. — Quer tomar um café? Estou precisando conversar com a senhora. — Murmura e suspiro. — Não suspire assim, a senhora é minha mãe, tem obrigação em ouvir minhas lamurias. — Devo ter assinado o contrato sem ler, pois não vi nada disto quando assinei, aceitando ser sua mãe. — Brinco e a mesma ri, choramingando. — Tudo bem, vamos nos encontrar no restaurante da Sara. Preciso ir á ONG agora pela manhã. — Tá bem, amo você! — Desliga e sibilo também ama-la, apesar da mesma não ter esperado eu dizer. — E então, o que acha? — Gabriel desfila, ao me ver subir às escadas até nosso quarto. — Acho que, o tempo foi generoso comigo. — Sem sombra de dúvidas, pegar em bisturis causa um grande fortalecimento nos músculos dos braços e barriga. — Elogio seu corpo e o mesmo fica vermelho. — Não poderei ficar. — Como assim? Hoje é nosso aniversário de casamento. — Choraminga e também me sinto triste, pois amaria passar o dia inteiro ao lado de meu esposo. — Todo mês você usa essa mesma cantada, não cansa? — Questiono e ele maneia a cabeça, me puxando pelo braço para a cama. — Sua filha quer me ver. — O que?! Mas, não foi para isso que a casamos? Para que nos deixasse em paz? — Finge indignação e dou risada alto, deitando em seu peito. — Você é mesmo um bobo, a idade não lhe amadureceu em nada. — Sussurro o beijando e me levantando. — Tenho que ir, amo você. — Amor! — Ele grita e paro em frente a porta, aguardando o que iria dizer. — Já fez seu auto exame? — Sim, por que? — Pergunto e Gabriel me olha malicioso. Reviro os olhos e desço ás escadas o ouvindo rir. — Amo você, meu amor!!! — Grita de forma estridente e sorrio, pegando minha bolsa e caminhando até o carro, dirigindo á ONG "mãos que curam". A ONG "Mãos Que Curam", fora criada por mim há três anos, quando Gabriel e eu decidimos unir nossos trabalhos com a escola de Isaque e criarmos algo, que pudesse ajudar jovens órfãos a terem uma profissão. Nesta ONG, disponibilizamos aulas básicas de enfermagem e outras atividades médicas, que possam dar-lhes um caminho pelo qual querem seguir. Também temos cursos preparatórios para vestibulares em medicina e temos buscado, outras profissões para encaixar em nosso currículo e assim abranger a quantidade de jovens alcançados. — Dona Agatha, que bom encontrar a senhora...está tudo bem? — Bruno pergunta, caminhando ao meu lado e não entendo o porquê da pergunta envolvida em certa dúvida. — Pare de me chamar, de dona, Por que parece estar me examinando? — Questiono, tomando algumas apostilas de suas mãos. — O que? Não, senhora. Peço desculpas, apenas ossos do oficio, quero que conheça a nova sala que criamos para aulas de Cirurgia Geral. — Tudo bem, não aguenta ficar só no administrativo, não é? — Brinco e o rapaz sorri, timidamente. Caminhamos pela casa de tamanho mediano, com um laboratório e algumas repartições para as variadas salas. quinze carteiras, uma mesa cumprida e um projetor para as aulas teóricas. — Está lindo, eu amei. Diga a Melissa, que ela tem uma ótima mão para a decoração. — Como descobriu, que fora ela? — Indaga e aponto, para o esqueleto usando vestido colorido. Bruno ri e bate levemente em sua cabeça. — Minha esposa é mesmo uma figura, peço desculpas. — Responde, voltando a olhar para mim. — Bruno, diga logo...o que tanto me olha? Estou começando á ficar constrangida. — Mostro-me um tanto irritada e Bruno segue com seus olhos á minha barriga. — Estou gorda? É isso, que quer dizer? — Não é isso, dona Agatha, me perdoe sou um tolo...é que a senhora sempre foi tão magrinha, acabei estranhando os quilos a mais. — Fala com temor e reviro os olhos. — Oi tia! Nossa, está gravida? Seria a senhora, a nova Sara?! — Melissa interroga, abraçando-me e acabo ficando realmente irritada. — Do que estão falando? Pensam que são perfeitos? Tenho quase cinquenta anos, não é tão fácil assim manter o mesmo corpo de sempre! — Grito e sigo para fora da ONG, encontrando Isaque que sorri para mim. — O que é? Vai dizer, que estou precisando de dieta também?! — Bufo, seguindo pro meu carro e dirigindo até o restaurante, deixando meu genro com cara de "ué". Alguns Minutos Depois — Oi mamãe, que cara é essa? — Rebeca me abraça e lhe beijo a bochecha, a cumprimentando. — A Melissa e o marido perfeito dela, dizendo que estou barriguda. A gente cria, para ser tratada com desrespeito depois. — Falo de uma vez e Rebeca ri, apontando para que eu me sente em sua frente na mesa quadrada de dois lugares. — Está bastante cheio. — Observo o lugar. — Sim, muito. Os negócios da senhora Sara e do esposo, estão indo de vento em polpa. — Diz e concordo, olhando clientes animados, que saboreavam a deliciosa comida da mãe de Isaque. — Agatha e Beca, estava com saudades! — Débora exclama, nos abraçando e sorrimos a vendo puxar uma cadeira e se sentar ao nosso lado. — Me conte as novidades, quero saber todas! — A mamãe está grávida. — Minha filha zomba e reviro os olhos, negando para a jovem que ri. — Até minha mãe fica grávida, menos eu. — Choraminga, quase chorando. — Rebeca, não estou grávida. Tenho andado muito ansiosa com a expansão da ONG, devo ter exagerado na comida. — Informo e Débora faz bico, como se estivesse decepcionada. — Débora! Se ficar sentada na mesa dos clientes, ninguém será servido. — A chefe e mãe da garota informa e Débora se levanta, caminhando até os próximos clientes. — Me desculpem, preciso estar sempre pegando no pé dela. — Não se preocupe, entendo bem sobre jovens. — Digo sorrindo e Sara retribui, abraçando Rebeca. — Espero que aproveitem bastante, temos o delicioso feijão tropeiro com queijo qualho. — Aponta para o cardápio e agradecemos animadas. — Qualquer coisa, podem me chamar. — Se despede, caminhando para cozinha e sorrio para Rebeca. — O papai, não disse nada sobre "seus quilinhos a mais?" — Rebeca indaga, bebendo um gole de água em uma taça. — Acha que, estamos casados por vinte e cinco anos, por que? Ele nunca fala sobre meu peso. — Respondo e rimos juntas. — Faz muito tempo, que a barriga da senhora tem crescido? Talvez possa ser algum problema intestinal. — Minha doce filha, começa seu momento "enfermeira". — Não tínhamos vindo aqui, para falar sobre suas "lamurias"? — Mudo de assunto. Um garçom se aproxima, pondo os pratos em nossa frente. — Obrigada. — Falamos e o rapaz assente, indo até outro cliente. — Sim...queria conselhos sobre o Isaque, ele tem medo sobre o que pode me acontecer. — De certa forma, eu o entendo. Isaque passou tanto tempo se fechando do mundo, e só conseguiu voltar a viver depois que lhe conheceu. — Digo e Rebeca sorri. — Além do que, vocês só estão casados há cinco anos. — Meu Deus, que delícia! — Falo, comendo uma colherada do fejão e faz uma dancinha. Dou risada, concordando, enquanto também provo. — Não é querendo parecer invejosa, mas, todas minhas amigas já tem filhos. Melissa um e Alice tem dois! — Filha, você não pode querer basear sua vida na dos outros. Não está fácil, criar crianças ultimamente. — Eu sei, mãe. Mas, tenho conseguido ajudar em casa, desde que o Isaque saiu do emprego para cuidar da ONG. — Rebeca diz, um pouco triste. Desde que Isaque decidiu deixar o emprego e trabalhar em apenas alguns projetos, a situação do casal oscilava todos os dias. — Vocês precisam sentar e conversar, não existe casamento duradouro sem comuni...comunicação. — Sussurro, sentindo uma forte dor na região do meu abdômen. — Mãe, está tudo bem? — Minha filha mostra-se preocupada, ao ver meu olhar de desconforto. — Acho que, o feijão não me fez muito bem. Podemos terminar este assunto em um outro dia? — Questiono e ela assente. — Amo você. — Beijo sua testa, caminhando para fora. — Me ligue, para avisar sobre seu estado! — Exclama e concordo, entrando em meu carro e dirigindo rapidamente até em casa. Ao chegar, todo meu corpo parece querer se jogar dentro do vaso, me ajoelho vomitando até o que não havia comido, se fosse possível. Uma forte dor em meu abdômen, faz com que meus olhos se encham de lágrimas e me esforço para não desabar. O telefone toca e vejo que é Gabriel, escolho não atender, para evitar de preocupa-lo durante o horário de trabalho. Rastejo até o chuveiro, ligando a ducha e deixando que a água quente caia sobre meu corpo, na tentativa de diminuir as dores, ao longe posso ouvir o som de uma voz, mas, sem forças desmaio. — Onde estou? — Abro meus olhos com certa dificuldade, por haver uma luz forte em minha face. — Oi, meu amor. — Gabriel põe sua cabeça a frente da luz, permitindo que eu enxergue melhor. — Biel, o que aconteceu? — Sussurro, sentindo-me sonolenta. — Me deram algum calmante? Sinto meu corpo amolecido... — Um remédio para dor, apenas. — Força um sorriso e vejo, que seus olhos estão avermelhados e chorosos, como fazia tempo que não via. — Estava chorando? Biel, não me diga que estou grávida...nem tenho roupa para usar, em uma ocasião como essa. — Brinco, passando minha mão sobre seu rosto e ele tenta sorrir, mas, não consegue, começando a chorar. — Ei, por que está chorando? Gabriel, não me deixe assim no escuro. — Tento consola-lo, sem ao menos saber de que dor sofria. — Agatha, oi... — Vejo Bruno passar pela porta. — Pastor, por que não se senta um pouco? — O rapaz sugere e meu marido assente, sentando-se em uma poltrona, limpando os olhos com um lenço de seu bolso. — Bruno, o que está havendo? Por que o Gabriel chora tanto? — Pergunto, sem muitos sentimentos, pois o remédio que havia tomado me impedia de sentir qualquer coisa. — Dona Agatha, nem sei como lhe dizer isso...estou me esforçando, para ser totalmente profissional...para, não deixar que meus sentimentos tomem lugar... — Bruno respira fundo, engolindo às lágrimas que queriam descer e então entendo, não estava grávida, isso era certo. As pessoas costumam sorrir, quando estão esperando por um bebê. — Só diga logo, tudo bem? Aproveite que estou dopada por estes remédios e o baque não será tão grande. — Sorrio, tocando sua mão. — A senhora...a senhora está com câncer no ovário, eu sinto muito dona Agatha. — Diz e suspiro, começando a rir. — Agatha, meu amor... por que está rindo? Ela deve estar em choque, tragam algum outro remédio para ela. — Gabriel levanta-se vindo até mim. — Ah meu Deus, por favor, não me deem mais nada! — Esbravejo ainda rindo, sem conseguir parar. — Papai, eu vim o mais rápido que pude. — Rebeca entra rapidamente, observando minha incansável risada. — Olhem, um oncologista, uma enfermeira e um cirurgião geral! — Exclamo, sentindo dor em minha barriga de tanto rir. — Gente, o que tá acontecendo? Estamos ouvindo risadas lá fora! — Melissa passa pela porta junto de Isaque, e então uma gargalhada me envolve em meio à lágrimas longas e dolorosas. — Isso não é Hilário? Eu ter quinhentos médicos na família e duas pessoas que já tiveram câncer e ainda assim, não percebermos que eu estava doente?! Gente, isso não é muito engraçado? O quanto nossos genes são podres!! — Grito em uma risada estridente e ardente, observando os olhares assustados de minha desesperada família. — Agora me diga, doutor Bruno e grande Gabriel!! Eu tenho quantos meses? — Paro de rir, limpando meus olhos lacrimejantes e suspiro, aguardando suas respostas. Um Gostinho, para 2022...se assim, Deus nos permitir. Sejam muito bem vindos, ao DEPOIS DO SIM!
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