Aurora 3

608 Words
Eu não podia acreditar no que estava acontecendo comigo, eu estava sendo levada a força para longe do meu filho, dos meus pais, da minha vida e do meu país, para Deus sabe onde e para quê. Julio, eu nunca dei ouvidos ao meu pai, mas agora eu sei, o meu marido é um covarde, me trocou por uma promessa, uma promessa que nem sabemos que esse homem irá cumprir. Toda a beleza de Enrique ficou em segundo plano devido a sua tamanha crueldade, seus olhos negros me fitavam como se fossem me devorar, seus lábios carnudos diziam palavras que eu gostaria de esquecer. Onde já se viu, pegar uma mulher à força desse jeito, barganhar uma pessoa como se fosse um produto? Com certeza deve estar acostumado a sempre ter o que deseja e pegar na marra o que lhe é negado. Fui jogada por seus homens dentro de um carro preto blindado. Enrique está sentado ao meu lado no banco traseiro, ele não tira os olhos de mim, e eu não tiro os olhos da janela. Eu preferia estar morta agora, do que imaginar o que ele fará comigo quando chegarmos onde quer que seja. Contudo, ele não falou palavra alguma, algum tempo depois, chegamos em uma casa de campo, com muros imensos ao redor, tinha homens armados por todo o lado, o lugar era uma fortaleza, não imagino como alguém como entrar ou sair daqui vivo sem a permissão do dono. Fiquei parada, enquanto Enrique saia do carro e dava a volta, abrindo a porta do passageiro em seguida. - Já pode sair. - disse ele. Não obedeci. - Agora! - ordenou, me fazendo estremecer. Coloquei meus pés para fora do carro e senti minhas pernas bambas. Enrique me amparou. - Foi um dia agitado, não foi? Acho que você precisa descansar. - falou. - Tire suas mãos de mim. Ele riu e me soltou. - Eu quero ir embora. - Mas a sua casa agora é aqui. Lindo lugar, não acha? - Parece mais uma prisão, parece não, é. - falei com amargura. - Com o tempo você vai se acostumar. Agora, vamos. O acompanhei a contragosto, eu não sabia do que esse homem era capaz, então era melhor não tentar a sorte. Entramos na fortaleza e Enrique me conduziu para dentro da enorme casa. Moderna e requintada, a casa parecia ter sido feita sob medida para ele. - Vamos, quero te mostrar o seu quarto. - Eu não vou morar aqui. - Você vai sim. - disse abrindo uma porta e dando passagem. Entrei no quarto e engoli em seco, parecia mais uma cela de cadeia. - Eu sei que a decoração está fora de moda, mas você pode redecorar ao seu gosto. - falou de forma natural. - Porque está fazendo isso? Não vê que eu tenho um filho pequeno que precisa de mim? - disse, encarando-o. - Mas eu também preciso de você, Aurora, desde que coloquei meus olhos em você pela primeira vez hoje. - É assim que você age? Pegando a força tudo o que quer? - Eu só pego o que eu desejo muito, minha linda. Você deveria se sentir lisonjeada. - Eu me sinto enojada isso sim. - falei com desdém. - Você está estressada e eu entendo isso, tome um banho, mandei providenciar roupas novas para você. Te vejo no jantar. - disse, saindo e me deixando sozinha no quarto, trancando-o ao sair. - Ei! Não me tranque aqui, Enrique! Enrique! - soquei a porta por várias vezes, mas de nada adiantou. - ele me trancou aqui, essa será a minha vida de agora em diante.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD