Capítulo 2

1425 Words
A cada novo suspiro, mais eu apertava Holly junto ao meu corpo, percebendo que também aumentava meu ódio por Briggs. A sua tristeza era a minha também. A sua dor era a minha. Admito que por um tempo eu acreditei que dessa vez ela ia conseguir seu sonho de ter um amor verdadeiro. Acreditei burramente que aquele canalha nutria algum sentimento por ela. E no fim eu estava errado. Ele era tão cafajeste quanto todos os outros com os quais ela tinha andado ultimamente. Eu tentava evitar pensar nesse assunto, mas quando eu via a cena se repetir a cada novo namorado, era inevitável não tentar entender os motivos que levavam esses caras a trair minha amiga. Holly era incrível, linda, sexy. Isso sem falar nas características marcantes de sua personalidade que a tornavam única. Tão inteligente e dedicada. Tão alto astral, tão... tudo. No entanto, o pior de tudo isso era pensar que talvez eu pudesse ser o seu homem. Aquele em quem ela podia confiar, se casar, ter os filhos que tanto sonhava. E por que eu nunca tentei nada? Simples. Eu não fui capaz de fazê-la se apaixonar por mim. Na verdade, eu sequer cheguei a tentar. Se fosse parar para analisar friamente nossa situação, eu nem ao menos sabia quais os motivos que nos levaram ao afastamento após nossa primeira transa. De minha parte confesso que fiquei um pouco envergonhado de minha performance. Mas, por outro lado eu sabia que éramos inexperientes demais e não poderia ter sido de outra forma. Mas e ela? Teria sido tão ruim assim a ponto de nunca mais querer nada comigo? Essa pergunta me assombrava e por mais que fôssemos amigos e confidentes, eu nunca tive coragem de perguntar. Acho que toda mulher imagina que sua primeira vez seja linda, romântica, com aquela coisa toda de sinos tocando e tudo mais. Provavelmente Holly ficou traumatizada para sempre. Sim, meu ego e talvez um pouco de machismo enraizado não me permitiam fazer tal pergunta a ela e ouvir exatamente o que eu imaginava. Eu sei que esse era o sonho da minha mãe. Sempre tão romântica, acreditava que estávamos no caminho certo para uma grande história de amor. No fundo ela queria que todos tivessem uma história como a dela e do meu pai, que nasceram no mesmo dia e suas mães ficaram no mesmo quarto na maternidade lotada. As duas se apoiaram durante as dores, trocaram confidências e experiências e dai surgiu uma grande amizade. Com os filhos, ela e meu pai, aconteceu a mesma coisa. Cresceram juntos, se tornaram amigos e se apaixonaram. E aos dezenove anos eles se casaram, permanecendo juntos há trinta e cinco anos. Por isso ela acreditava que o amor nascia de uma amizade. Uma amizade como a minha e a de Holly. Ela não poderia estar mais enganada. Nos amávamos, sem dúvida alguma, mas não era o amor entre um homem e uma mulher. Holly não me via assim, infelizmente. —Por que tinha que ser justamente com aquela ordinária? Eu a odeio tanto... tanto. —Talvez a culpa nem seja dela, Holly. Eu me arrependi imediatamente das minhas palavras no momento em que senti seu corpo ficar tenso em meus braços, e então ela me afastou. Encarou-me com seus olhos inchados, vermelhos... e agora magoados. —É claro que vai defender aquela vagabunda. Está louco para se enfiar no meio das pernas dela. —Eu não... —Não minta para mim, Jay. Eu ouvi você conversando com o Brennan e dizendo que ia transar com ela. Eu praguejei baixinho, passando a mão em meu cabelo. Eu me lembrava daquele dia e em como achei estranho o fato de, de-repente Holly ter desistido de nossa sessão de terror e se trancado no quarto, dizendo para eu ir me divertir com seu irmão. —Ok. Eu disse isso realmente, mas não é como se eu estivesse com um tesão desesperado por ela. Ela é bonita e...bom, anda me cercando, então eu pensei, por que não? —Claro. —Não me entenda mal, por favor. O que eu quis dizer é que nem sempre a outra é a culpada. No caso de Eliza talvez possa ser pois sabemos que ela é... hum... —Piranha. Não concordei nem discordei. Apenas tentei mostrar a ela meu ponto de vista. —Que seja. Uma piranha tanto quanto Briggs. Holly... ele era seu namorado. Ele sim lhe devia fidelidade e não ela. Pelo amor de Deus, vocês precisam parar de culparem umas às outras. Vocês mulheres não são solidárias. Ela pareceu pensar por um tempo, e depois deu de ombros ao mesmo tempo em que permitia que novas lágrimas escorressem pelo seu rosto. —Pode ser que sim. Mas nesse caso os dois são culpados. Eliza não gosta de mim e fez isso para me provocar. E agora ainda vai conseguir ir para cama com você. Seu gostinho de vitória será ainda maior. Eu nem vou suportar olhar mais para cara dela. —Ei... quem disse que eu vou ficar com ela? —Você disse. —Isso foi antes de ela mexer com minha melhor amiga. Eu já disse, Holly... eu so pensei na possibilidade por simples curtição. Mas eu jamais ficaria com uma mulher que fez tanto mal a você. Ela está completamente vetada para mim. —Você não precisa fazer isso por mim. Rindo, eu me inclinei e beijei a ponta do seu nariz. —Iguais e melhores que ela, existem aos montes por ai. De mim ela não terá nada e ponto final. Holly me abraçou novamente, apertando seus braços macios em volta do meu corpo. —Eu te amo, Jay. Por que meus ex-namorados não podiam pensar da mesma forma que você? —É... por que, não é? Falei, mas minha mente gritava outra pergunta. Por que eu não poderia ser o seu namorado? Por que esse “eu te amo” não poderia ter um sentido mais profundo, do tipo me amar a ponto de querer me namorar? Não... melhor tirar esses pensamentos estúpidos da cabeça. Éramos melhores amigos. Eu amava morar com ela, compartilhar noites em frente a tv, alguns finais de semana a sós, cozinhando, rindo, falando besteira. Eu preferia isso a não tê-la mais em minha vida. —Mas agora é hora de deixar essa tristeza de lado. Já foram quarenta minutos chorando. Ele não merece isso tudo. Diga, o que preciso fazer para alegrar você, floquinho? —Bobo. Nunca vai parar de me chamar assim, não é? —Não mesmo. Tão pequena e branquinha... será sempre meu floquinho de neve. —Então que tal presentear seu floquinho com aquele sanduiche imenso que so você sabe fazer? —Estava pensando justamente nisso. Nada como comida para melhorar seu humor. Mas eu exijo que fique comigo na cozinha. —Nem por um momento passou pela minha cabeça não ficar. Eu sai da cama, puxando-a comigo e a colocando em minhas costas, o que fez com que Holly soltasse um grito assustado, mas rindo ao colocar os braços em volta do meu pescoço. E com ela montada em minhas costas, fui para a cozinha, onde a coloquei sentada na cadeira. —Quietinha ai agora. Não me distraia. —Sabe... eu deixei de ser um bebê há um bom tempo. Eu girei e olhei seu corpo de cima a baixo com a sobrancelha arqueada. Minha intenção era apenas ser debochado com ela, mostrando que eu sabia muito bem que ela não era mais um bebê. No entanto fui nocauteado pela visão daquele corpo estonteante mais uma vez, ainda que vestido com aquele ínfimo pijama. Engoli seco e virei de costas novamente, abrindo a geladeira. Quem sabe o ar frio que vinha de dentro dela não fosse suficiente para amenizar o súbito desconforto no meio de minhas pernas? —E como eu sei. Mas o que quis dizer com gestos e palavras é que você precisa ser mimada agora,ok? Então me deixe fazer meu serviço. —Ok, senhor mandão. Eu ri enquanto pegava os ingredientes e voltava a fechar a geladeira. Era desses momentos com ela que eu gostava e não estava disposto a perder por nada nesse mundo. Principalmente por causa de uma mulher que no final das contas nunca passaria de algumas horas de sexo. Holly deveria estar louca por pensar que, depois de tudo, algum dia em minha vida eu levaria Eliza para cama. Ela poderia até não saber, ou não acreditar, mas ela era muito mais valiosa para mim do que qualquer outra pessoa que ja conheci.
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