O Monte dos Mortos

1001 Words
Não ouso tocá-la sempre, temendo que o beijo deixe meus lábios queimados. Sim, Deus, um pequeno êxtase breve êxtase amargo, que se tem por um grande pecado; Porém sabeis quão doce é o sabor ofertado. - Algernon Charles Swinburne, "Laus Veneris". Foi durante a noite/madrugada que Harry decidiu sozinho ir atrás de Allison, durante o seu turno de vigia enquanto os outros dormia. Ele caminhou para dentro da floresta, sem consciência do mapa daquele lugar. Ele iria sem medo, contado que aquela escuridão tenebrosa o levasse até Allie. Suas botas pesadas quebravam os galhos secos do chão, fazendo o eco se espalhar por entre as árvores. A garoa se fez presente e o filho de Tremaine e de James Hook já não sabia nem sequer de onde ele teria vindo. O chão parecia ter afundado, a lama cobria os seus pés e a água beijava o seu joelho. Não houve arrependimento, até por que já não havia lembranças do caminho para desistir e voltar. Enquanto prestava atenção nos seus pés atolado, deu de cara com uma parede feita de galhos não modificados por homens, talvez por magia... mas ali estava a sua barreira. Ele conseguia ver uma luz, não de lanterna ou vela, mas como se fosse um farol em meio ao mar e aquilo o atraía de uma maneira amedrontadora. Tirou um gancho do bolso, um objeto simples e útil que o fazia lembrar de seu pai, e começou a cortar os galhos. Eles não pareciam estar podres, e isso significa algo feito por magia. Agora havia uma a******a estreita, uma passagem que dava nas águas negras e agitadas ao longe. Ele pode ver contornos escuros dos navios ancorados, como uma floresta de mastros, um pomar sem folhas. Em minutos ele atravessou aquela parede, caminhou mesmo com a água em seus joelhos que parecia subir a cada passo. Subiu em uma ponte de madeira antes que a onda o fizesse se afogar. Uma coisa o assustou, os navios não tocavam na água, muitos menos era real o suficiente para ele entrar, o caminho ficava cada vez mais escuro, isso fez com que ele tropeçasse, ainda encarando os navios fantasma, mas não fui uma pedra ou galho que o fez tropeçar, foi uma corda, tão fina que se partiu em meio as suas pernas e isso provocou uma iluminação que o assustou. Era como um parque de diversão, só que o terror parecia ser real até demais... Harry viu aquele "parque de diversão" ganhando vida, carrossel de dragões rugindo e cuspindo algo parecido com o fogo, navios fantasmas "navegando" em cima da cabeça dele, e logo ali havia uma taberna onde homens fanfarrões tomavam cervejas. Havia barracas de tiro ao alvo onde o trabalhador da barraca era considerado alvo pelos próprios piratas brutos. Havia também pequenas crianças correndo por entre a multidão. Um dos garotos, alto, forte e de cabelos negros, parecia perdido, seu t**a-olho estava torto e seu falso gancho estava m*l encaixado na mão. Ao seu lado estava um garoto um pouco menor que ele, e apesar de não aparentar peso algum, ele era forte, os cabelos castanhos claros, tinha uma badana na testa, e parecia estar mais atento. Harry sorriu vendo a cena, era ele o garoto de t**a-olho, mas antes que o próprio pudesse dar um passo para ir de encontro com seu passado, o céu mudou, uma ventania de uma extensa neblina fez o parque desativar. Ainda confuso, encarou suas botas ainda na água e foi surpreendido por um caminho de luzes, mas elas o estavam levando para as águas, ele foi e caminhou em meio ao nada, embriagado pela magia. Quando magicamente apareceu o reflexo de uma bela e brilhante lua, ele seguiu, olhou no local do mar em que a lua refletia, e por incrível que pareça, ele viu Evie, inconsciente e com algo a impedindo de subir. Ele tentou afundar para salvá-la, mas a lua não permitia. Começou a proferir xingamento e maldições em alta voz, e quando voltou a ter um pouco de consciência e parou de se bater nas águas, a correnteza o tinha levado até o farol. Ele andou pelas areias, dessa vez as botas simplesmente sumiram de seus pés, como se aquela noite o havia roubado. Seus pés pesados afundavam um pouco sobre a areia, ele entrou no farol, cansado, subiu as escadas, mas ela parecia apenas aumentar, e de repente ele se sentiu soando frio e o cenário mudou. Ele subia uma imensa montanha e o vento levava os gritos de Allie até seus ouvidos, parou por um instante ainda com a imagem de Evie em sua mente. As ordens de m*l pareciam corroer seu cérebro e o som da máquina de Carlos estava já o incomodando, deu um passo em falso e caiu de joelhos. Viu o punho de uma espada enterrada na lama, mas a ignorou. A voz de Allison novamente se fez presente, tomou todo o ar do pulmão para conseguir forçar para se levantar, e quando fez, fechou os olhos, tomando coragem para aquele local desconhecido. Quando voltou a abrir, caiu novamente de joelhos, estava no local de início, antes de cortar a parede mágica de galhos. Allie estava deitada, praticamente inconsciente, ele nem sequer soube da força que teve para se levantar com a garota nos braços e a levar até o g***o, o sol já nascia e parecia viver aqueles montes mortos ao longe. Ele não levou olhares negativos de nenhum deles, mas isso não significaria que estaria tudo numa boa. Quando Ben pousou a mão em seu ombros após ele deitar a garota no chão ele se assustou, quando Allison tomou o ar e abriu os olhos ele se permitiu dormir encostado na grande árvores sem folhas verdes. Ele não tinha certeza se acordaria naquele mesmo lugar, tudo ainda parecia uma ilusão. Se aqueles descendentes tinham alguma certeza, era de que aquele lugar amaldiçoado estava tentando enlouquecer qualquer ser fraco que ousasse invadir aquela imensa fortaleza da senhora de todo m*l.
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