Parceiros no Crime

3148 Words
m*l atirou pedrinhas numa das janelas da loja de Quinquilharias do Jafar. — Jay! Você está aí? — chamou ela, baixinho. — Jay! Apareça! Quero falar com você! — ela jogou mais algumas pedrinhas. — Quem está fazendo esse barulho infernal? Ninguém sabe mais tocar a campainha hoje em dia? — Jafar perguntou ao abrir a janela, esticando a cabeça para fora. Ele já ia começar a proferir maldições quando viu quem estava lá fora. — Oh, minha querida m*l — disse ele, com a voz tão suave quanto na época em que aconselhava o sultão. — Como posso ajudar? Mal já ia se desculpar, quando lembrou que feiticeiras nunca pedem desculpas. — Estou procurando Jay — disse ela, tentando soar tão exigente quanto sua mãe. — Ah, sim, é claro — disse Jafar. — Vou avisá -lo. Por favor, entre. — houve uma pausa e Jafar berrou com uma voz trovejante. — JAY! m*l QUER FALAR COM VOCÊ! — JÁ VOU! — Jay gritou de volta. — Qual é o lance com vilões e aves? — pergunto m*l ao entrar na loja e se deparar com Iago no ombro de Jafar. Ela pensou em como Malévola tratava Diablo com tanta afeição. — Nada, esquece. Jay apareceu. — Ei, m*l, que curioso você estar aqui. Eu ia mesmo procurá-la. Temos que conversar sobre aquele… — Aquele trabalho escolar — disse m*l, lançando-lhe um olhar penetrante. Ninguém mais podia saber sobre o Olho de Dragão. — É, isso. Trabalho escolar. Obrigado, pai, eu assumo daqui. — disse Jay, fazendo um sinal para seu pai sair. Iago gritava e voava atrás dele. — Tem algum lugar pra gente conversar? — m*l perguntou assim que ela e Jay ficaram sozinhos. Jay apontou para o saguão da loja. — O que há de errado com este lugar? Mal olhou em volta para aquela bagunça, notando algumas coisas que eram dela e pegando-as de volta sem comentar. De fato, não havia nada de errado em conversar ali — e, sinceramente, o que ela estava escondendo, afinal? Não que qualquer um fosse roubar o Olho de Dragão. Quem seria e******o o bastante para fazer isso…? Ela olhou para Jay, que estava analisando uma proveta que acabara de retirar do bolso. Seus olhos negros brilhavam. — Onde você conseguiu isso? — perguntou ela. — O que é isso? — Não sei. Estava na mochila de Reza. Ele estava sendo tão cuidadoso com isso que eu peguei — explicou Jay com um sorriso malicioso. Mal fez um gesto de impaciência. Ela queria começar logo a busca e não tinha tempo para distrações. — Olha só, sei que você acha que não vamos conseguir, mas precisamos descobrir como encontrar o Olho de Dragão. Quer dizer, ele pode comandar todas as forças da escuridão. Quem sabe? A magia pode retornar à ilha um dia. Jay levantou as sobrancelhas. — É, eu ia dizer a mesma coisa. — Sério? — perguntou ela, chocada por não precisar fazer esforço para convencê-lo. Ela começou a ficar levemente desconfiada. Jay bufou. — É, quer dizer, fala sério, se estiver mesmo aqui, precisamos colocar as mãos nele. Mas tem certeza de que sua mãe está certa? Ela é meio maluca daquela cabeça chifruda. Mal revirou os olhos. — Não dá pra negar que Diablo retornou. Ele tinha virado pedra, mas agora está vivo. E já comeu quase tudo da despensa! — Uau. — Não é? — Iago é igualzinho. Acho que ele come mais do que eu e meu pai juntos. Ambos riram do comentário. — Certo, ótimo. Quero começar a procurar o quanto antes — disse m*l, disposta a ignorar a hipótese de que Jay só tivesse concordado em ajudar por motivos egoístas. Ela podia lidar com isso. Jay ia dizer alguma coisa quando se virou, desconfiado. — Que barulho é esse? — ele perguntou, na mesma hora em que a porta dos fundos caiu e Jafar rolou sobre ela, com Iago sentado em sua barriga. — Eu avisei que você estava gordo demais pra se apoiar na porta! — disse Iago, zangado. Jafar ainda tentou mostrar um pouco de dignidade, colocando-se em pé e limpando o ** e os detritos de seu cabelo. — Ah, nós apenas queríamos perguntar se vocês querem jantar, não é, Iago? Mas não pudemos deixar de ouvir… me perdoe se eu estiver errado, mas vocês disseram que o cetro do Olho de Dragão da Malévola está perdido em algum lugar nesta ilha? — perguntou Jafar, com os olhos negros brilhando. Mal encarou Jay com raiva, repreendendo-o mentalmente por não ter encontrado um lugar melhor para conversarem a sós. Mas claramente era tarde demais e o pai do garoto já sabia de tudo. Jafar fitou os adolescentes de forma solene. — Sigam-me, é hora de termos uma conversa séria. Ele os levou até sua sala nos fundos da loja, um covil aconchegante com cortinas de pedras semipreciosas e tapetes orientais, almofadas de cetim com bordados e lâmpadas de latão e luminárias que lhe conferiam a atmosfera taciturna e exótica do deserto. Jafar se sentou em um dos grandes sofás, oferecendo para que eles ficassem à v*****e nos pufes. — Quando fui libertado da lâmpada do gênio e trazido até esta ilha amaldiçoada, enquanto a sobrevoava, vi o que parecia uma floresta comum, mas olhando mais de perto era, na verdade, um castelo escuro coberto de espinhos. — Outro castelo? — perguntou m*l. — Coberto de espinhos, você disse? Mas isso quer dizer que… O castelo verdadeiro de sua mãe. O castelo da barganha era alugado. Não era seu lar de verdade. A Fortaleza Proibida. Não era assim que o lar original de sua mãe era chamado? m*l nunca tinha prestado muito atenção, mas certamente soava familiar. E onde mais ele estaria, se não na Ilha dos Perdidos? Jafar acariciou sua barba maltrapilha. — Sim, mas não estou certo de sua localização exata. A ilha é maior do que vocês pensam. Podem procurar por décadas e nunca encontrá-lo, especialmente se estiver escondido na Zona Proibida. Lugar Nenhum, como era chamada pelos cidadãos da ilha. — Nunca! — repetiu Iago, agitando suas asas. — Foi o que eu disse — assentiu Jay. — Eu tinha me esquecido totalmente de ter visto a floresta, até agora, quando vocês disseram que Diablo havia retornado afirmando que teria visto o Olho de Dragão — disse Jafar. — Se a fortaleza estiver mesmo na ilha, talvez não seja a única coisa escondida nas brumas. — Mas por que estaria aqui? — Jay perguntou, ajoelhando-se e olhando para seu pai com atenção. — Essas coisas eram perigosas demais para serem deixadas em Auradon. Como a barreira torna a magia impossível, agora elas são inofensivas. Mas, se reclamarmos de volta o que nos pertence, talvez um dia tenhamos uma chance contra a barreira. — Diablo jura que o Olho de Dragão brilhou de volta à vida. O que significa que talvez a barreira não seja tão impenetrável quanto a gente pensa — disse m*l. — Mas ainda não sabemos exatamente onde está. Não existe um mapa de Lugar Nenhum. — Podemos tentar procurar no Ateneu do m*l — disse Jay prontamente. — Ate-o-que? — Na Biblioteca dos Segredos Proibidos, em Dragon Hall. Sabe, aquela porta trancada onde ninguém deve entrar. Com a aranha gigante na frente. Mal balançou a cabeça. — Acha que tem algo lá? Sempre achei que era só uma maneira de manter os alunos do 1o ano longe da sala do Doutor Facilier. — Bem, temos que começar de algum lugar. E eu me lembro de o Doutor F. falar na aula de Enriquecimento que a biblioteca contém informações sobre a história da ilha. — Desde quando você presta atenção na aula? — perguntou m*l, emburrada. — Você quer ou não quer minha ajuda? Jay tinha razão. Era um começo, e ela tinha aprendido mais sobre a ilha em um dia na Loja de Quinquilharias do Jafar do que em 16 anos. — Muito bem. — Vamos amanhã bem cedinho — disse Jay, empolgado. — Nos encontramos no bazar para pegar suprimentos, assim que o mercado abrir. Mal fez cara f**a. Ela odiava acordar cedo. — Por que não hoje à noite? — A orquestra fará um concerto hoje, vai estar cheio de gente. Amanhã é sábado, não vai ter ninguém. Fácil. Mal suspirou. — Tá bom. Aliás, obrigada pela ajuda, Jafar. — O prazer foi meu — disse Jafar com um sorrisinho torto. — Boa noite. Quando m*l foi embora, Jay sentiu seu pai deslizar para seu lado, fincando os dedos em sua roupa. — O que foi? — Jay perguntou, embora já soubesse o que era. — O Olho de Dragão — murmurou Jafar. — Eu sei, eu sei — assentiu Jay. Ia ser o maior troféu do ano. — Eu odiaria pensar que você pretende trair sua amiga — disse Jafar, com falsa cara de pena. — Não se preocupe, pai. Ninguém aqui tem amigos — disse ele com escárnio. — Muito menos m*l. Enquanto isso, no castelo onde se hospedava o príncipe Benjamin… Ben estava deitado na cama encarando o teto enquanto girava o seu anel com o desenho de fera sobre as pontas dos dedos. A sua mente se voltava para a noite passada, chegava a fechar os olhos e sorrir ao lembrar do momento com a filha da Malévola. Após terminar o beijo, as testas de ambos se encontraram, os corações de ambos batiam fortemente. m*l se afastou e se levantou. — Aonde vai? — perguntou ele. — Embora — ela disse ainda de costas, indo até a porta. — Não vá embora — ele se levantou e foi até ela. Ela encarou ele, braba, quando o próprio segurou a porta. — Tá querendo morrer? — ela falava séria. — E você tá querendo ficar doente? — ele se referia à enorme tempestade que caía lá fora. — Eu já estou muito bem acostumada com chuva. — ela tentou abrir a porta, mas foi em vão. — Fica comigo… por favor… podemos fazer algo juntos… — ele sorriu de canto. — Como o que? — ela arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços. Pra que eu fui perguntar?, pensou ela. Porque minutos depois estavam os dois na cozinha. De acordo com o príncipe, eles iriam fazer um bolo, mas a questão era: nenhum dos dois realmente sabia como fazer um bolo. — O que se usa num bolo? — ela perguntou abrindo as portas dos armários assim como ele estava fazendo. — Farinha… açúcar... fermento? — Achei o açúcar — ela disse após pegar um pote com finos granulados doces. — Eu acho que achei a farinha… Vê se encontra ovos, manteiga e óleo. — Ben! — ela o chamou com presa, foi ele se virar e ela tacou um ovo que atingiu em cheio a sua testa. — Ah, não. Você não fez isso! — ele disse de olhos fechados, podia ouvir a gargalhada gostosa da garota. — E aí? Vai fazer o quê, garoto puritano? — ela parou de rir um pouco ao ver o garoto sorrindo pra ela. E foi aí que ela lembrou que ele estava com o saco de farinha. — Não Ben! — ela ia se afastando, mas não conseguia parar de rir, a sua roupa ainda estava meio molhada por causa da chuva e a farinha não ia sair tão fácil. Segundos depois o garoto de Auradon e a garota da Ilha se encontravam correndo pela cozinha, farinha e açúcar estava se espalhado por toda a cozinha e grudando em seus corpos. Durante a correria, Ben escorregou em algo e caiu, levando a filha da Malévola junto. — Acho que encontrei a caixa de leite… — ele disse e riu junto dela. — Mas nessa guerra eu ganhei! — disse por vencida. — Eu ganhei! — ele franziu o cenho. — Você caiu primeiro! — m*l se sentia uma criança pelo tema dessa suposta discussão. — Mas te levei junto! — e assim eles ficaram por um momento, um olhando nos olhos do outro. — Vamos ficar aqui ou vamos terminar de fazer esse bolo? — ela disse tentando se levantar sem cair. Ele levantou em seguida. — Mão na massa! — ele gritou sorridente. — Você é tão criança — ela sorriu negando com a cabeça. — Você gosta! Admita! — ele sorriu convencido. — Vamos logo, Benjamin Florian! — Ok, m*l Bertha! — ele sorriu e ela o olhou semicerrando os olhos. Com todos os ingredientes já na mesa eles iniciaram o tão famoso bolo. — Pronto. Agora só esperar! — ele disse colocando a forma com a massa homogênea no forno. — E agora, como eu fico? — ela falou se referindo à sua roupa toda suja. — Bom. — ele riu. — Pode colocar uma roupa minha. — E se eu não quiser?! — Só tem essa opção, mas se quiser ficar sem nada… — ela acabou por jogar uma colher de madeira nele. — Aí! — p********o! — ela falou saindo da cozinha. — Vou tomar banho. Já que você não está fazendo nada, pode limpar essa bagunça. — Por que você não ajuda também? — Não tô afim! — ela sorriu e saiu da cozinha subindo as escadas e indo para o quarto do garoto. Enquanto ela escolhia as roupas que iria vestir, ele começava a limpar a cozinha. Minutos depois, m*l se sentia quente com a roupa do príncipe, as roupas dele não eram feitas de tecidos finos e gélidos como as roupas da ilha. Quando ela saiu do banheiro, o garoto estava com o peito nu, ele também trocou de roupa. Seus olhos mantinham-se fixos na garota, assim como os dela estavam nele. — É… wow… — ele coçou a nuca e pegou uma camisa se vestindo. — o bolo ainda não está pronto, quer fazer algo? — ele perguntou se sentando na cama. — Tipo? — ela se jogou ao seu lado. — Gosta de livros? — ele sorriu. Ela confirmou com a cabeça. Ele se levantou e deu a volta no quarto, abriu uma grande caixa. — Contos de fadas? Isso é sério? — ela revirou os olhos. — Vai ler a história do sapatinho de cristal ou da que dormiu por cem anos? — ela riu. — Não — ele riu com ela. — Vou ler meu conto preferido. — ela se sentou o olhando com curiosidade — Valente! — ele mostrou o livro pra ela, que pegou com delicadeza. — É sobre?... — ela perguntou. Ele sorriu com luxúria, apesar de ela não estar olhando diretamente nos olhos dele, sentia-o com os olhos brilhando. — Você verá! — ele tomou os livros da mão da garota e se encostou na cabeceira. Ela ficou do lado dele, encostou a cabeça no ombro dele e o viu abrir o livro. — É… sabia que eu tenho calça né? — ele não conseguia prestar muito atenção ao ver ela com as pernas nuas. m*l vestia um moletom azul escuro e apenas uma cueca box dele. — Eu não achei, Sr. Organizado! — ela revirou os olhos. Ela não tinha muita paciência pra ficar revirando as roupas dele. Ele riu. — Quer que eu pegue pra você? — Depois, agora eu tô curiosa com essa história. — ela fez um bico e voltou a encostar a cabeça em seu ombro. Ele negou com a cabeça e sorriu. Puxou o cobertor com o qual ela e ele acabaram por se cobrir. — E sua mãe acabou virando… — ele fechou o livro. — Ela virou o que? — os olhos da garota brilhavam. Ali já não se encontrava uma garota má. E ali nem um herdeiro da coroa. Eram apenas duas crianças. Ele sorriu. — Ela virou… — ela se levantou. — Um urso! — ele correu atrás da garota. — Ben! — ela ria. Assim ele conseguiu derrubar ela na cama e uma guerra de cócegas se iniciou. A risada da garota era como se fosse melodia aos ouvidos do rapaz. Sem dúvida ele a amava de todas as maneiras possíveis. Ele parou de fazer as cócegas de tanto a menina implorar. Ambos estavam com o rosto corados de tanto rir. — Por que fez isso? — ela ainda ria. — Eu gosto de ler essa história para a minha prima. E quando chega nessa parte eu faço isso. — ele sorri. — Ei! Eu não sou uma criança! — Seu tamanho diz o contrário — ele falou e logo foi atingido por um travesseiro. — O bolo já tá pronto? — ela perguntou. — Vamos ver. — ele foi até a sua cômoda. — Pode vestir — ele jogou nela uma calça moletom. — Valeu! — ela vestiu. Desceram juntos até a cozinha. — Até que pra alguém que tem tudo na mão você sabe limpar bem — ela falava enquanto analisava a cozinha. — Só porque eu sou herdeiro da coroa não significa que eu não sei limpar uma sujeira como aquela que fizemos. — ele riu e tirou o bolo do forno. Ele pegou os pratos e os talheres para eles e cortou o bolo em duas fatias grandes. Entregou um para a menor. — Você come primeiro. Vai que tá envenenado. Ele olhou ela sem entender. — Só se você envenenou… — ela negou com a cabeça sorrindo. Ele pegou o garfo e enfiou em sua fatia do bolo e comeu. — Até que pra alguém que nunca fez bolo, isso aqui tá uma delícia. — ele pegou outro pedaço colocando-o na boca. Ela provou. — Hm. Até que você sabe cozinhar. — Nós — ele sorriu. Após eles comerem, subiram ao quarto novamente. — E agora? — ela falou. — Tá com sono? — ele viu ela bocejando. — Não… — mentiu. — Vem! — ele deitou na cama e pegou outro livro. Ela arqueou uma das sobrancelhas. — Você está cansada. Sei disso. — ela não se moveu. Nem sabia o que fazer. Sua mente estava confusa. — É melhor eu ir embora, Ben… — sua voz saiu baixa. Ela não o olhava, seu olhar estava firme no chão. Ele se levantou e foi até ela, a abraçando. O abraço estava quente e gostoso. Ela o abraçou de volta. “Eu te amo”, ele sussurrou no pé de seu ouvido. Ela apenas confirmou com a cabeça. Deixou as lágrimas caírem. Ela não queria ser fraca, não queria ser como o seu pai. Ela queria orgulhar a sua mãe. Mas parecia que isso não seria possível com Ben em seu caminho. Ela estava decidida, ao partir em busca do cetro Olho de Dragão. Ele iria junto, e assim ele dormirá por cem anos e os vilões terão sua vingança contra Auradon. Já que m*l sabia bem que apenas ela poderia quebrar essa maldição…
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