Melissa Narrando,
O restante do dia foi um pouco estranho, os pacientes me olhavam intrigados e algumas mulheres bem debochadas, ouvi fofocas infundadas dizendo que eu era a nova ficante dele e por isso eu falei com ele daquela forma, mas pela minha ousadia eu ia rodar fácil, eu não entendia algumas gírias que eles usavam então algumas coisas martelavam na minha cabeça, eu estava terminando de tirar sangue de uma jovem que me olhava sem parar e isso estava me irritando já.
- Eu confesso que fiquei admirada com a sua coragem, mas se me permite um conselho não faça isso de novo, ele não é de dar segundas chances, todos sabemos ele ajuda a comunidade isso é fato, não deixa faltar aquilo que seria uma obrigação dos políticos, mas ele não aceita ser afrontado, a palavra dele é lei, e a maneira como ele ficou zangado sendo contrariado, eu confesso amei ver isso, mas ele não vai deixar passar.
Eu não tenho medo do que ele pode querer fazer contra, mas a minha opinião sera a mesma e eu debato e luto por aquilo que acredito, até o final do curso eu vou fazer serviço em comunidade, ele vai ter que aturar a minha presença.
- Eu realmente quero ver no que isso vai dar, ou vão se matar ou vão se amar muito. (Olhei indignada e ela saiu rindo era o cúmulo mesmo, quando foi horário do café minha supervisora me deu um alerta e pediu para que eu fosse embora mais cedo, mas eu não aceitei eu poderia até morrer, mas faria lutando por aquilo que acredito e fazendo o que amo, começaram anunciar que teria baile, pediram que quem pudesse ficasse pois em dia de baile sempre tinha alguma emergência, eu aceitei assim com a minha amiga Larissa, já que a Julia tinha o aniversário de casamento dos pais para ir, e tudo seguia tranquilo, o baile começou e o som era estrondoso).
- Mel eu não sei se aguentaria ficar em um baile assim, já até pediu um remédio minha cabeça ta latejando com esse som.
Me dá que eu quero também a noite vai ser longa.
- Agora já era, poderíamos estar em casa dormindo na maior paz.
Com certeza, mas me fala o que aquele outro cabeludo queria com você?
- Acredita que disse que eu era linda e que queria me conhecer melhor, nem me deixou responder, saiu e eu fiquei igual uma i****a olhando ele ir embora, vontade de grudar naquele cabelo e dar uns tapas.
Nossa vida ta mudando e eu não estou gostando do rumo.
- Acha que eles podem ser aqueles caras que obsessivos, lembra daquela Ana do último ano que foi fazer assistência e um cara na comunidade cismou com ela e não deixou ela ir embora mais, deu polícia e tudo.
Não lembro o que aconteceu com ela, ficou com o cara?
- Disse que se apaixonou e até engravidou, mas depois ninguém nunca mais ouviu falar dela.
Estranho. (Nossa fofoca foi interrompida com os cabeludos entrando no posto arrumados com uma criança no colo que estava espumando pela boca, a mesma havia sido envenenada pelo pai, agimos rápido uma lavagem estomacal, remédio soro, a correria de quando uma nova convulsão começou seguida de uma parada cardiorespiratória aconteceu, eu mantinha a calma já havia realizado esse procedimento antes então eu fiz tudo com calma, mas procissão pois cada segundo seria fatal, depois de quase 3 horas ele ficou estável mas ainda sim sendo monitorado).
- O que houve com o menor? (Fui surpreendida assim que sai da sala, o dono do morro me olhava atento e não tinha toda aquela marra de mais cedo, parecia mesmo preocupado, expliquei o que houve e todos os procedimentos feitos, as próximas horas ele continuaria em observação, e sem nenhuma objeção quando acordar logo teria alta).
- Ele vai ficar com alguma sequela, a substância era alta, e se eu não tivesse chegado a tempo ele não estaria mais aqui.
Isso é fato, mas só saberemos quando acordar, e sim você chegou a tempo, é algum parente seu?
- O menos é meu irmão, não o deixa receber visita principalmente se falarem que é o pai, esse é meu número me liga na hora, vou deixar um menor de guarda aqui, vou resolver isso agora depois eu volto. (Eu fiquei intrigada vendo ele ir embora atordoado e com muita raiva, logo chegou dois rapazes e ficaram do lado de fora do quarto, o rapaz estava estável e ficou assim por toda a noite, na manhã seguinte eu ainda estava aqui quando começaram a chegar os estudantes para assumirem os seus postos, eu estava cansada e com muita dor de cabeça, estava arrumando as minhas coisas quando ele apareceu com a roupa suja de sangue e os pontos que dei aberto e sangrando, eu respirei fundo puxando seu braço e limpando aquele sangue vendo que todos os 12 pontos estavam abertos, eu queria dar uma bronca nele, mas a fúria em seu olhar me fez ficar calada).
Tomou os remédios?
- Sem tempo patricinha. (Revirei os olhos e preparei uma injeção, ele me olhou feio e eu nem liguei, a mão estava bem inchada e aparentava o começo de secreção, isso inflamado daria muita dor de cabeça).
Arruma tempo, vem fazer curativo 3 vezes ao dia e os remédios agora serão de 6 em 6 horas, ta inflamando e se começar a soltar pus
você sentira muita dor.
- Estou acostumado com a dor patricinha, relaxa.
Estou fazendo o meu trabalho, você é o paciente agora se vai seguir a minha ordem é com você.
- Eu que dou as regras patricinha, aprende isso.
Não sou os seus, e eu não sigo suas ordens. (Chegou o cabeludo que conversou com a minha amiga mais cedo e trouxe café e ele tomou na maior tranquilidade, eles conversavam, mas pareciam ser em códigos, eu juntei as minhas coisas e fui saindo estava exausta e só queria dormir e esquecer esse cabeludo arrogante).
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Eu tenho uma leve impressão que esse cabeludo vai irritar muito ainda nossa médica afrontosa... Quem concorda respira haha