Não devo estar batendo bem da cabeça – ela pensou, depois de ter dito a ele que se depilava. Onde estava com a cabeça? Mas levantando-se de um pulo, se desesperou ao saber que ele estava vindo.
E se amaldiçoando por isso, olhou para a camisola de flanela que usava para dormir há séculos, correndo pelo corredor e indo para o quarto já arrancando a camisola pela cabeça. Ao chegar ao quarto, se amaldiçoou ainda mais por estar revirando as gavetas de lingerie procurando uma mais elegante. Retirou a velha calcinha que usava e a jogou no chão do banheiro, pegando um conjunto mais ousado que comprara há meses e não tinha usado ainda. Era um conjunto de calcinha fio dental, com um lacinho delicado na frente e quase nenhum tecido atrás, o soutien era de bojo e deixava seus s***s mais volumosos, adorava a cor preta e vermelha para lingerie e tinha ficado feliz com esse achado, onde as peças tinham as duas cores e era mais para o sofisticado do que para o sexy, e era justamente isso que ela tinha gostado, a maioria de suas peças de lingeries eram mais quentes, mais ousadas, não que esse conjunto não fosse, poxa vida, o fio dental deixava sua b***a arrebitada e o soutien dava uma sustentação extra aos s***s.
“ Afff, não acredito que estou pensando nisso!” – Se recriminou enquanto vestia as delicadas peças e não sem antes se mirar no espelho de tamanho natural do guarda-roupas e conferir se a depilação estava mesmo em dia. Estava. Graças aos céus!
“ Mas não estou me preparando para t*****r! É só, ah, emergência!” – claro que ela tentava disfarçar.
Entrou no banheiro e escovou bem os dentes, após vestir um vestidinho leve de tecido.
Andou uns minutos pela sala e cozinha. Não sabia onde ele morava, poderia chegar rapidinho ou levar mais de uma hora.
Quando o esperava há vinte minutos, pensando bem, correu ao quarto e retirou a lingerie que estava e colocou uma calcinha simples e um soutien que não combinava.
“ Tome jeito, mulher e sossegue esse facho. Que horror.”
Resolveu também vestir uma de suas velhas roupas de ficar em casa, afinal estava mesmo em casa! Não era uma adolescente cheia de hormônios esperando o rapaz, muito menos queria se exibir, estava em casa, afinal de contas. Não era um pavão para se mostrar e ele que se lascasse que ela não ia ficar bonita pra ele, ora pois não lhe faltava mais nada.
O barulho da campainha a assustou e, descalça, ela correu para a sala para atender.
Olhou pelo olho mágico e pensou: “p**a que pariu, tinha esquecido como ele é gostoso!”
Ícaro usava roupas simples, uma calça jeans comum e uma camiseta branca. Trazia nas mãos algo e ela tinha até se esquecido que ele traria algo para comerem, de tanto pensar em depilação e lingeries, ela tinha se esquecido completamente da comida.
Abrindo a porta, ela sorriu, lhe cumprimentando:
— Olá, socorrista. Eu estava quase pedindo uma pizza. Entre, por favor.
Mas Ícaro hesitou à porta e Lara sentiu um aquecimento em partes escondidas do seu corpo ao ver como ele olhava-a de cima a baixo com… desejo?
— Olá, eu, é, desculpe a demora, estava na casa de minha mãe e quando ela soube que eu iria comprar algo, ela me fez trazer coisas que tinha feito.
Ícaro entrou e olhava ao redor, para a decoração da sala dela.
— Que legal – ela não sabia o que dizer após o escrutínio dele e tinha perdido por uns segundos o fio dos pensamentos coerentes. – Me parece ótimo.
— Uau, sua casa é… diferente.
— Péssimo elogio, se é que foi um elogio – ela respondeu, sem saber o que fazer com as mãos, sentindo-se i****a.
— Foi um elogio dos piores, não? Como quando uma pessoa tem um nome incomum e a elogiam dizendo que seu nome é diferente. Que espécie de elogio é esse?
Lara sorriu, entendendo-o e voltou ao seu normal.
— Fique à vontade para olhar por aí. Patrick sempre diz que minha casa é uma explosão de cores. Sou péssima para decorar, só adquiro o que acho legal e bonito, sem pensar em combinação e o resultado é esse. O pior que fica difícil parar ou se livrar das coisas depois então sigo adquirindo e me afundando cada vez mais nas discrepâncias. Mas o que trouxe para nós?
Lara estendeu a mão para fuçar na cesta que ele trazia.
— Mamãe é como você com a decoração e, note que é um elogio! Ela havia feito várias coisas e só as juntou, sem ordem alguma e saiu uma explosão também discrepante.
Ele colocou a cesta nas mãos dela.
— Discrepâncias com comida devem ser ainda melhores. Venha, vamos para a cozinha, depois poderá olhar toda a casa, vamos atacar as discrepâncias.
Sem perceber que andando à frente dele com as simples roupas de ficar em casa, como o pequeno short que ela usava, dava a ele uma boa visão de suas curvas, Lara foi até a cozinha, seguida dele e colocou sobre a mesa a cesta amarrada com um tecido florido, desatou o nó e abriu a cesta.
— Minha nossa, o cheiro está delicioso! – Ela suspirou.
— Não é? – Ícaro olhava para os móveis dela, a cozinha era ampla e uma mesa para seis no centro da cozinha, continha um vaso de flores frescas. Os armários seguiam os tradicionais e viera na casa, dispostos por toda a cozinha, debaixo da pia e davam a volta em todo o cômodo. A geladeira era retrô e amarela, bem incomum. – Adorei sua cozinha.
— Obrigada. Poderia me ajudar colocando a mesa? Pratos e talheres ficam naquele armário, taças e copos naquele e ali tem uma garrafa de vinho. – Ela apontou e ele mais do que depressa seguiu as ordens dela.
Lara retirou vasilhas com deliciosos conteúdos de dentro da cesta. A mãe dele deveria ser ótima cozinheira e muito organizada, pois sete potes bem tampados e acondicionados de forma simétrica, estavam bem colocados e no primeiro que ela retirou, continha um cheiroso macarrão à bolonhesa e o cheiro a atingiu, fazendo seu estômago roncar. Lara então abriu todos e a cada um, mais animada ela ficava mais animada.
Ícaro pôs os pratos e talheres para dois na mesa e a ajudou a colocar um pouco de cada coisa nos pratos; Lara colocou os dois pratos no microondas e serviu aos dois uma taça de vinho.
— Você deve ser muito feliz com uma mãe tão boa assim. – Ela falou quando os dois estavam sentados degustando as variedades de pratos suculentos.
— Não só por ela cozinhar bem, mamãe é um ser humano maravilhoso, sabe. Minha cunhada e irmão moram com ela e ela adora cozinhar, todo dia preparar algo fresco e diferente. Estão com uma horta agora, então imagine como ela tem se divertido.
Ele falava com orgulho emanando. Lara gemia ao colocar na boca um garfo com um tutu de feijão saboroso.
— Nossa, delicioso, sério, Ícaro, dê a ela os parabéns e a agradeça por mim, por favor.
Ao abrir os olhos, ela viu que ele a fitava, o garfo a caminho da boca parado.
— O que foi? – Ela perguntou.
— Assim fica bem difícil, Lara. Por favor, não gema. Principalmente após me mandar uma mensagem dizendo que estava depilada e abrir a porta para mim vestida assim.
Layla engasgou com a comida na boca. O olhar dele parecia inflamado de desejo. O que diabos estava acontecendo com ele? E o que queria dizer com vestida assim?
— Eu… você só pode estar brincando, Ícaro.
Ela perdeu a fome instantaneamente. Já estava satisfeita e se sentia até cheia. Como uma lâmpada que se acende, ela estava ligada. Ligadona. Levantando-se e evitando o olhar dele, ela caminhou até a pia.
— Não. Quase não vim depois de sua mensagem. Desejo você, Lara, muito e nossa conversa por mensagem…
Ele falava baixo e ela devia se despedir E agradecer pela comida que duraria por uma estação toda e o mandar embora, se masturbar, usar seu vibrador por horas assistindo um vídeo pornô e pronto. Mas a verdade era que sentia sua sensibilidade pulsar de desejo por ele também.
— Se não o desejasse também não teria enviado aquelas mensagem, a última, principalmente. – Pronto, falou e que se dane. Ela era uma mulher adulta e o desejava, ele também a desejava. Mesmo tendo sido o babaca que fora no início, ela não se esquecia de como estava delicioso vestido com seu uniforme de socorrista, imponente. Agora também, estava lindo em roupas normais e exalava t***o, estava maravilhoso.