Capítulo 2.

5000 Words
Pego a estrada de volta para casa. Eu, meu pai, e meus avós moramos em uma casa á exatamente quarenta e cinco minutos de distância do centro de Field. Por ironia do destino, - ou tiro certeiro como eu costumo dizer, minha melhor amiga Kristen Barton, mora bem ao lado. É um terreno grande preenchido com grama verde, muitas árvores, e duas casa simpáticas bem ao meio. Meus tataravos escolheram o lugar onde qualquer sinal de vida é difícil, não há civilização perto, e a noite parecia chegar mais rápido naquele lado de Field. Eu passo pela estrada de barro enfeitadas com folhas secas no chão. Eu só consigo ver a grama recém cortada através da névoa que paira, por causa dos faróis da caminhonete que iluminam a passagem. Essa parte de Field também fora esquecido para serem fornecidas postes de luz. Meu avô estava colocando por contra própria. Eu viro à esquerda seguindo a linha de barro até o lado da minha casa. A luz alaranjada do alpendre ainda está acesa, e isso significava que meus avós ainda estão acordados. E meu pai. Deixo a caminhonete respirando fundo para o mar de broncas que eu levaria. Eu encaro as cadeiras solitárias enfeitando à área de piso acizentado antes de entrar. Estava vazio e silencioso, nem parecia que à alguns minutos atrás meus pais estavam quase se matando. O bolo ainda está lá, intactato sobre a mesa de cedro. As bolas ridículas se desprendem da parede arrastando no chão. Eu torço mentalmente para que a brisa ao lado de fora leve-as para bem longe. Eu movo meus pés pelo corredor esguio que leva para outra parte da casa, e viro a direita encontrando meus avós sentados à mesa. Minha avó beberica uma xícara de café, enquanto meu avô acaricia sua mão. Quando a minúscula senhora de cabelos de algodão me ver, ela larga a xícara e agarra meus ombros em um abraço apertado. - Ela se preocupa se você sair assim. - Meu avô diz dando um gole no café da minha vó. Ele não está bravo, talvez um pouco decepcionado. - Vó me desculpe eu.. eu não sabia o que fazer. - Assumo descansando o queixo em seu ombro. Ela se solta um pouco de mim, agarrando meu pulso em direção à mesa. - Essa era a forma dela de dizer que está tudo bem. Eu sento na cadeira à frente deles, encarando a borda da geladeira suja de molho. Isso indica que ele passará por aqui. Minha avó põe uma bandeja com dois tacos bagunçados na minha frente, e meu avô aproveita para pegar uma garrafa de refrigerante que ele serve em quatro copos. - Hora do parabéns. - Eu me viro na cadeira encontrando Kristen. Ela carrega o bolo em suas mãos caminhado cuidadosamente para mesa onde ela o põe bem no centro. Minha avó chacoalha a caixa de fósforo perdida para mim, me arrancando um sorriso. Ela liga a vela, e eu recebo uma onda de parabéns baixinho. Eu assopro às chamas recebendo cliques de fotos que Kristen tira na minha câmera fotográfica. Mesmo com medo de tudo aquilo acabar com à chegada repentina dele, eu tento afastar os pensamentos focado nas pessoas que estão ali por mim. - Sei que as coisas não estão boas, mas eu e seu avô estamos aqui. - Minha avó diz para mim. Eu deslizo minha mão sobre a mesa amassando os dedos da senhorinha minúscula de cabelos de algodão. Kristen sai por alguns instantes e quando volta carrega na mão a caixa de madeira que minha mãe trazera. - Eu peguei quando ele saiu. Deu para salvar tudo. - Eu pego a caixa desembrulhando o papel vermelho e lilás mentalmente. - já que o meu pai fez isso antes de mim, era o que me restava. A caixa de madeira estava pintada com rosas douradas. Minha mãe é uma péssima pintora, mas eu e ela costumávamos pintar flores na parede de fora quando eu era pequena. Eu abro a pequena caixa em forma de baú tirando uma máscara de cílios, uma sombra, batom e gloss. Eu abocanho um pedaço do taco, - o da minha vó era inconfundível. Olhando fissurada para a maquiagem. Eu não fazia ideia de como usá-las, mas deixaria guardadas até que estivesse pronta. - Estou muito feliz de ter vocês aqui. - Eu declaro para eles recebendo sorrisos carinhosos. Fora essas duas pessoas que me criaram e me amaram quando um furacão passou pela minha família levando minha mãe para longe, e meu pai amoroso para outra dimensão. Eu sou imensamente grata à eles, e eu os amo mais que tudo. No fim, minha noite não tinha sido ruim. Nós enchemos a barriga de bolo, refrigerante e tacos. Kristen tinha devorado quatro pedaços de bolos, eu guardo dois pedaços para os país dela e deixo o restante na geladeira. Horas mais tarde, meus avós se despedem logo após, pedindo para que eu não fique muito tempo no alpendre. - Eu e minha mãe ficamos preocupadas quando você saiu. - Kristen comenta me puxando para ficar ao seu lado na calçada. - Eu nunca sei como agir com eles. - Eu digo mais para mim mesma. - Ela tentou ir atrás de você quando você saiu. - Eu olho para Kristen com as duas pupilas brilhando. Eu costumo ficar em êxtase com qualquer demonstração de afeto da parte dela. Tudo que à envolvia era de grande importância para mim. - Eu não entendo ela. - Mais uma vez eu murmuro mais para mim, como uma confirmação em voz alta dos meus pensamentos. Meu pai tinha razão, disso infelizmente eu não podia discordar, ela nunca estava aqui. - Ela te ama. Talvez ela só não saiba ainda como conciliar você e a família nova. - Eu percebo a tentativa árdua de Kristen de me confortar, mas a única pessoa que poderia me responder isso estava agora colocando a filha dela para dormir. Como costumava fazer comigo. Eu encaro o chão por longos minutos afim de não falar sobre o assunto. - Mudando de assunto, você viu os gatinhos novos que chegaram na cidade? Um flash invade minha cabeça e eu me lembro do garoto de cabelos dourados de hoje mais cedo. As órbitas dos olhos amarelo brilhantes, a forma sexy que os cabelos estavam bagunçado no topo da cabeça, da sua voz petulante e sua grosseria. Dispenso a nuvem de pensamentos ficando um pouco irritada. - Eu acabei esbarrando em um garoto hoje mais cedo quando sair na caminhonete. Acho que eu nunca vi ele aqui em Field. - É, eu lembraria se tivesse visto. Kristen se joga na calçada ao meu lado, eufórica. - E como foi esse encontro? Você sentiu o choque na mão? Vocês se olharam intensamente? Se esbarrar é um clássico. Kristen é uma romântica incurável de filmes clichês. Tanto que na sexta série ela bateu de propósito em Jace, o garoto bonitinho da sala, derrubando uma pilha de livros da qual ele passou direto. Foi a primeira e última vez que vi Kristen com o coração quebrado. - Bom ele me chamou de maluca. - Eu digo, ainda um pouco irritada com a grosseria dele. Ela parece pensar, semicerrando os olhos para grama escura. - É assim que acontece todo bom romance. Ele te chama de maluca depois você está na cama dele. - Eu olho um pouco incrédula para ela que dá de ombros. - Você achou ele bonito? - Ela continua. É a minha vez de dar de ombros. - Não reparei muito. - Minto. Eu tinha conseguido capturar detalhes marcantes. Como o maldito piercing prata que prendeu minha atenção, os ombros largos e os músculos. - Porque você é tão anti-romance? - Ela reclama ficando de pé. - Eu não sou. - Eu me defendo. - Só não espero algo como choque elétrico. Isso me soa ruim. - Você precisa assistir uma seção de romances comigo. Tenho uma lista que te faria mudar facilmente de ideia. - Eu reviro os olhos divertida repousando minhas costas no chão da área. - Eu sei que você adoraria ouvir, mas preciso ir para casa, temos aula amanhã. Eu ajeito minha coluna recebendo um abraço de supetão de Kristen. - Feliz aniversário. - Ela me diz, voltando seus pés para a casa ao lado em passadas largas. Kristen não é muito boa com interações melosas, - ainda que fosse uma árdua fã de Romeu e Julieta. - Esteja pronta amanhã. Eu ainda fico no alpendre encarando o espaço escuro. Eu podia ver pouco da grama, mas as folhas amareladas se sobresaem no chão, envoltas nas árvores de galhos secos. Eu amava o silêncio desse lado, mas sentia falta do aconchego do centro. O barulho de carros passando pela estrada logo de manhã, a padaria bem na frente com cheiro pão fresco saindo do forno, e a facilidade de chegar na Whoodhy sem precisar de carona. Uma luz ao longe me indica que meu pai está chegando e que esse é o momento perfeito para que vá para o meu quarto. Eu levanto da calçada e sigo pelo corredor até a escada de madeira que leva ao médio quarto aconchegante. Escondo o pequeno baú debaixo da minha cama, colocando a caixa de roupas velhas na frente. Deito na cama puxando as cobertas até o pescoço e deixo que os pensamentos invadam minha cabeça até que o sono me vença. Eu ignoro a voz que soa na minha cabeça virando para o lado. Isso era um sonho, só podia ser. Eu coloco o travesseiro sobre a minha orelha, mas ele é arrancado de forma brusca. Relutante, eu abro meus olhos sentindo uma brisa fria percorrer para dentro do meu quarto. Eu encaro a visão embaçada do meu pai em pé na frente da minha cama, depois para o alarme que eu tanto odeio em cima da cômoda. Os números vermelhos exageradamente grandes, piscam indicando que são cinco e meia da manhã, e eu tenho que estar na escola às sete. - Aconteceu alguma coisa? - Eu pergunto me sentando, ainda sonolenta. Ele está com sua típica roupa do dia a dia: calças jeans, botas surradas, camisa xadrez suja de graxa e o boné branco de aba reta sobre os cabelos na nuca. - Aconteceu. Você está de castigo por ter saído daquele jeito ontem. - Ele me diz. Eu quero pensar que é brincadeira, mas sei que ele está falando sério. Encaro a figura patética do meu pai, colocando os pés para fora da cama. Eu já estava bem acordada nessa altura e esperava em silêncio para o sermão. - Desce e limpa a cozinha que eu sujei de molho sem querer ontem. Isso é pra sua disciplina. Sem querer. Eu repito de forma irônica na minha cabeça. Eu procuro meu celular em baixo da bagunça de lençóis, sem conseguir achá-lo, quando volto os olhos para o meu pai, ele está com o aparelho na mão. - Eu te devolvo quando você deixar a cozinha brilhando. - Se eu não terminar a tempo, o restante pode ficar para depois da aula? - Se você acha que não vai terminar a tempo, então é melhor se apressar. - Ele se vira para sair e eu não consigo me conter, as palavras arranham na minha garganta saindo de forma rápida. - Do que está me disciplinando exatamente? - Eu o observo virar com um sorriso vitorioso quase imperceptível no canto da sua boca. Ele estava esperando por isso, esperando a oportunidade perfeita para despejar seu ódio. - Eu e seus avós fizemos a festa pra você e é assim que você agradece? Saindo daquele jeito sem razão. - Ele cospe. - Sem razão? Foram vocês que começaram com a discussão. - Ela começou quando veio aqui. Ela nos abandonou, sorte sua que eu ainda quis te criar. - As palavras me machucam mais do que eu deveria estar acostumada. Ao longo dos anos, depois que ela partiu e deixou minha guarda com ele, eu ouvia disso para coisas piores. Eu pego a dor que me consome e coloco dentro de um pote no escuro da minha cabeça. Ele me observa satisfeito com o estrago do meu silêncio saindo do meu quarto. Eu olho novamente o relógio que marca 5:35. Nem parecia que ele tinha ficado só cinco minutos aqui, pra mim parecia uma eternidade. Eu me livro dos lençóis e vou para o minúsculo banheiro me despindo depressa da minha roupa. Enquanto deixo à água quente cair no meu corpo ensaboado, eu me estico sobre a pia sem sair do boxe e escovo meus dentes. De volto para o quarto eu dispenso a toalha depois de me secar. Procuro por uma roupa confortável, achando na pilha de roupas um shorts de elástico e uma blusa da mesma cor de mangas curtas. Prendo meu cabelo com um broche no topo da cabeça e me preparo para descer. Passo pelo corredor silencioso e vou para cozinha. Abro às janelas, depois pego luvas, um balde de água com bastante sabão e uma esponja resistente. Começo a esfregar o molho duro da borda geladeira, depois dou uma boa limpada na parte de dentro também. O bolo está destruído sobre a forma de papelão que o segura, e os dois pratos que eu tinha separado para os país de Kristen estão derrubados na prateleira seguinte. Eu limpo o chão, lavo o restante da louça e coloco as latas de cervejas espremidas, - que também nao estavam lá ontem, dentro de um saco de lixo. Meu pai chega na cozinha na mesma hora. Ele fiscaliza cada centímetro, com os olhos atentos à qualquer sujeira que possa me mandar de volta para limpeza. - Até que está limpo. - Ele balbucia jogando um palito de dentes no chão. - Agora dá uma boa lavada na caminhonete do seu avô. Eu checo o relógio redondo de aparência velha na parede acima do fogão. Falta trinta minutos para que eu esteja na escola. - Eu preciso ir a escola. - Eu digo ignorando completamente o palito. Ele segue para fora da cozinha, e eu piso duro atrás dele. - Da próxima vez, não faça tanta hora no banho. - Ele diz dando de ombros. No alpendre, Kristen me olha com os olhos arregalados ao me ver desarrumada. Ela está impecável com as calças jeans pretas e a blusa de gola alta rosa. Ela olha de mim, para o meu pai e faz uma carranca para ele relutante em ir para o carro de sua mãe, que buzina para ela. Meu pai não se importa, continua andando até a borda da grama sem se importar. - Eu chego logo. - Aviso para ela seguindo o meu pai. Ela corre até o carro ocupando o lugar do passageiro. Ela e Helena ainda ficam paradas na estrada me esperando, mas eu faço um aceno para que elas deem partida. Helena sempre me dá carona, e com a velocidade que ela dirige, sempre estávamos no horário certo. - Não adianta ficar me seguindo Beatrice, se quer ir logo faça o que eu disse. - Meu pai rosna me fazendo parar os pés subitamente. Eu encaro o rosto envelhecido do meu pai, com decepção carregada. Me viro de costas correndo de volta para o alpendre com as lágrimas caindo no rosto. Eu puxo a mangueira do fim do quintal ligando o jato de água na caminhonete. Não ficaria tão limpa quanto deveria, mas ficaria o suficiente. Eu molho a lataria vermelha tirando todo pó de poeira que consigo com a palma da mão. Quando termino, eu corro para dentro de casa, passando como um furacão pela minha avó que carrega um cesto de roupa. Subo as escadas e me enfio no boxe de novo tomando um banho rápido para tirar á areia. Desajeitada, visto uma calça jeans e uma blusa branca com um casaco por cima. Calço os sapatos da mesma cor e passo uma camada de creme em cima do cabelo para abaixar os fios teimosos. Corro escada a baixo pedindo as chaves da caminhonete para o meu avô, que não discute. Eles estavam acostumados com esse tipo de situação, ainda que que concordassem. Eu jogo minha mochila no banco traseiro da caminhonete e parto para Whoodhy. Meu pai não está no gramado quando eu passo pisando fundo no acelerador. Eu ainda não tinha carteira, mas Field não tinha tantos fiscais assim, e os que tinham deixavam você passar se soubesse que você está no controle certo do carro. Não tinha porque se preocupar, Field mal sequer tinha trânsito. Eu chego às sete e quarenta no estacionamento da Whoodhy. Mesmo acelerando, a caminhonete velha do meu avô, não tinha a mesma força que o croxfox de Helena. Eu coloco minha mochila sobre o ombro, e caminho para entrada. A Sra.Chapman está no portão, à minha espera. Me preparo para mais uma bronca no dia. A mulher jovial vira de costas para mim balançando as madeixas castanhas claras que caem lisas em cima e se enrolam no fim das costas. - Atrasada de novo. - Ela diz, pisando duro no chão com os saltos altos. Eu sigo a silhueta perfeita dela no terninho azul. - Desculpe, não vai acontecer.. - De novo? - Ela se vira para mim me olhando firme. Eu quase caio freiando meus pés subitamente. Ela se vira novamente e volta à estralar os saltos em direção à sua sala. - Quando você não está atrasada, você sai uma aula mais cedo. - Dessa vez eu vou deixar passar, mas se acontecer de novo eu vou ter que chamar os seus país para uma reunião. - Ela bate a porta sem me dar direito de resposta, mas eu também não tinha nenhuma. Eu caminho vagarosamente pelo corredor, pensando em como seria uma reunião dos meus pais com a Sra.Chapman. Seria uma boa reunião com xingamentos e trocas de livros arremessados. Eu dou um sorriso ao pensar nisso, mas ele se dicipa quando eu vejo a figura do garoto loiro da noite anterior, encostado na fileira de armários azuis escuros. A primeira coisa que vem a minha cabeça é, o que ele está fazendo aqui. E a segunda é que com certeza ele tinha tomado uma bronca da Sra.Chapman pela roupa. A camiseta regata verde musgo deixa seus braços à mostra, ele me olha de relance com um sorriso no canto do lábio, depois se vira para sair. Seu andar é extremamente confiante e irritante. Meu coração dá uma boa acelerada morrendo aos poucos como um carro velho. Eu me pergunto quanto tempo ele estava ali, e o que ele ouvira nesse meio tempo, e porque eu tinha ficado nervosa? Talvez fosse a lembrança de que eu fiquei á um fio de distância do pneu da sua moto noite passada. Eu tento ignorar completamente meus pensamentos sobre ele, voltando a vagar para o meu armário. Eu tenho que esperar o sinal tocar para poder assistir a próxima aula. A Sra.Nancy não permitia entrar na sala depois do toque. Eu abro meu armário e tiro os livros das aulas seguintes, empurro a porta de volta para fechar, e levo um susto ao encontrar dois garotos parados bem ao lado. O primeiro tem o cabelo escorrido sobre a testa e usa um boné virado para trás. Ele está com uma camiseta vermelha larga e calças jeans da mesma proporção. Eu tenho certeza que ele está usando roupas com dois números maiores que o seu. O outro tem o cabelo loiro baixo, com algumas ondulações. Não é loiro como os do garoto petulante, o dele é mais escuro. Ele está usando jeans rasgados e uma camiseta preta. - Oi, você pode me dizer onde fica à quadra? - Eu fecho a porta do conjunto de armários, colocando os livros na minha bolsa. - É só seguir reto e virar a esquerda. - Está me dizendo que aquela grama com teto é a quadra? - O outro diz, dando uma risada seca. - Bem é o que temos em Field, vocês não sao daqui, são? - Pergunto, afim de descobrir de onde estava saindo a fábrica de garotos bonitos. - Você por acaso se lembra de ter visto rostinhos tão bonitos assim por aqui antes? - O do boné diz. Eu reviro os olhos dando as costas para os dois. A sensação de curiosidade se desliza para fora de mim como se alguém tivesse arrancado e jogado no lixo. - Ei espera. - Um deles me chama me fazendo virar de novo. O do boné me alcança. - Ele só estava brincando. Você é bem irritada. - Não sou irritada. Só não caio nesse papo. - Eu digo dando de ombros. Ele parece me analisar, e seu amigo continua com os pés firmes no chão ao lado do meu armário. Eu continuo: - Tenho uma amiga que adoraria ouvir isso. - E ela está por perto? - Ele pergunta abrindo um sorriso. Não é um sorriso como o do loiro da noite passada, o dele é descontraído e nada sexy. Eu abro a boca para responder mas sou interrompida pela figura do loiro petulante. Eu não sei em qual momento ele nos alcançou com tanta rapidez e silêncio. - Anda logo com isso. - Ele diz grosseiro para o outro, ignorando totalmente minha figura. Agora de perto eu consigo ver o quanto ele era alto, o garoto de boné batia em seu ombro, e eu um pouco abaixo. Seu cabelo está bem cortado aos lados, e os fios estão devidamente no lugar. Nada como a noite passada, em que eles voavam com a brisa se espalhando pela testa. - Eu estava pedindo informação, diferente de você que só fica com esses fones. - Ele diz colocando o indicador no braço do loiro. Eu concluo que eles são amigos próximos. Caso contrário, o do boné já teria sido arremessado para longe. Eu estava com os olhos fixos nele, de novo, e quando percebo novamente o que estou fazendo eu desvio rapidamente. - Onde estávamos? - Ele volta para mim. O loiro petulante me olha como se tivesse me vendo ali pela primeira vez. Ele espreme um pouco os olhos para mim, mas vira o rosto antes que eu possa decifrar qualquer coisa que seu rosto transmite. Eu estou pronta para responder, mas, mais uma vez sou interrompida. Desta vez, por Collin Hayez. Ele passa seu braço pela minha cintura me agarrando para perto da sua barriga. - Hã, estou atrapalhando? - Ele pergunta. Eu não consigo ver o seu rosto, e nem quero, estou constrangida demais para querer olhar para ele agora. O garoto de boné coça a nuca um pouco sem graça, e o loiro petulante olha lentamente para o braço de Collin, depois para mim. Mais uma vez, ele desvia o olhar rapidamente sem me dar tempo para tentar decifrar sua expressão. - Vamos. - O loiro diz, puxando o de boné pela manga da camisa, que se despede meio desajeitado. Eles parecem dizer algo para ele que não dá muita bola, e minha cabeça começa a se encher de perguntas. Quem era ele, o que estava fazendo aqui, e qual o seu nome. Os três caminham para quadra, e eu me desvencilho do braço de Collin acenando para que ele me siga. - Quem eram? - Ele pergunta, eu puxo as alças da bolsa para frente ainda desconfortável com o que acabará de acontecer, eu não costumava ficar com Collin assim, na frente de outras pessoas. - Não sei. - Respondo parando em uma sala antes da que eu deveria entrar. Eu finalmente olho para Collin, reparando em como seu cabelo está mais bonito do que nunca hoje. Os cachos pretos caindo para frente, combinando perfeitamente com a camisa bege de gola alta. - Você deveria saber, é o representante de turma ainda não é? Parte de mim queria mudar de assunto drasticamente, e a outra estava curiosa para saber alguma coisa dos alunos novos. Ele me olha com uma linha reta na boca, e sem desfazer essa linha ele me responde: - Não tô sabendo. - Eu dou de ombros, encarando meu par de sapatos. Ele me encara com os olhos azuis cristais. - Tudo bem? Você ficou estranha. - É só que, eu não quero fazer isso aqui sabe. Meu pai pode acabar descobrindo e a situação já não está muita boa. - Faz um mês e meio, em que eu Collin estávamos nessa. Ele era meu melhor amigo, - que eu costumava beijar as vezes. Nesse meio tempo, eu não tinha conseguido sentir nada por ele, o sentimento de amizade com uma pitada de vontade de estar com Collin, não tinha evoluído para algo à mais, mesmo sabendo que ele não sentia o mesmo. - Me desculpe, você não vinha pra escola á algum tempo e eu não tive muito tempo de te visitar. Acabei me empolgando. - Ele diz alisando o elástico da pasta que carrega debaixo do braço. Collin é o tipo de garoto que meu pai gostaria que eu namorasse. Mas ele está solteiro, e minha mãe está com casada com outro então eu não poderia ser "feliz" antes dele. Bem, era isso que ele deixava claro quando tinha qualquer oportunidade de falar sobre garotos. - Tudo bem. - Eu digo dando um meio sorriso. Ele tira a pasta debaixo do braço e me dá. - Eu fiz isso pra você. São resumos das últimas aulas, vai te ajudar se você estudar. - Eu tiro o elástico e dedilho a pilha de folhas com as letras impecáveis de Collin de forma organizada. - Você é demais, muito obrigada Collin. - Eu digo sincera juntando a pasta ao meu peito. - Ei. - Kristen exclama, ela vem correndo do corredor onde os garotos sumiram à algum tempo. Tinha trocado as roupas de hoje mais cedo por shorts de elásticos e uma blusa regata amarela. Ela para ao nosso lado com as duas mãos no joelho respirando um pouco descompassada. Seus cabelos escorrem pelas costas e ela se endireita jogando o chumaço preto para trás das orelhas. - Acabei de ter uma excelente aula de Educação física. Os garotos novos estão com tudo. - Ela diz empolgada. Eu penso o que ela quisera dizer com "estão com tudo" poderia ter milhões de significados, e alguns que passam pela minha cabeça não são nada bons. - Eu estou indo para o Lemon com Bryan, agora. Eu olho um pouco incrédula para a garota morena dourada, e Collin me ajuda balançando a cabeça negativamente para ela. - Você tá me dizendo que vai cabular aula? Você tá louca? - Eu pergunto ainda incerta se é isso mesmo que Kristen quisera dizer, e pelo sorriso largo que ela abre eu tenho certeza que a resposta é sim. - Quem é esse Bryan? - É um moreno alto de olhos castanhos claros como os meus. - Ela abaixa os cílios sorrindo maliciosa. O sinal toca indicando que eu devo estar caminhando agora para aula de matemática na porta ao lado. O corredor se enche revelando uma porção de roupas coloridas e vozes alta que se dispersam muito rápido. Eu me volto para Kristen. - Seus olhos são castanhos escuros, quase pretos. - Eu digo para ela. - Você não sabe nem a cor dos próprios olhos e quer sair com alguém que não conhece? - Eu conheço ele á três dias que você falta. Ele e os três amigos. - Eu conhecia Kristen Barton o suficiente para saber que quando ela enrola uma mecha do seu cabelo nos dedos, ela estava nervosa ou mentindo. E nesse caso, é mentindo. Mas eu não me contenho quando ela fala dos três amigos em questão. - Três amigos? - Eu finco meus pés no chão. Eu queria saber o nome dele. Só pra ver se combinava com a pose arrogante, não é nada além disso. Collin me olha investigando meu rosto, mas eu finjo não ver. - Tem o loiro chato, o legal e um moreno bem humorado. O loiro chato se chama Charles, - Ela para um instante parecendo recapitular a cena, depois chacoalha a cabeça firme no que está falando. - isso mesmo, o chato se chama Charles, o outro loiro de cabelos meio ondulados se chama Dean e o moreno se chama Hero. Charles. Eu repito para mim mentalmente. Esse nome não combina nada com a arrogância badboy dele. Eu estava esperando algo como Dylan, ou Leornad, esses sim combinavam com ele. São mais fortes, e podem facilmente serem adicionados nomes como; Dylan problemas, ou Leornard confusão. Ou talvez eu estivesse louca. Eu percebo que Kristen repara nas mesmas coisas que eu, e eu quero saber o que ela achará de Charles particularmente. - Ah, e falando nisso, você tá ferrada em educação física, o treinador Rud pediu pra mim te avisar que ele quer falar com você depois da aula. - Eu bato na minha testa mentalmente. Ótimo. A verdade é que eu tinha perdido quase uma semana de aulas do Sr.Rud, e o pior é que eu sou péssima nas aulas práticas de educação física, e odiava a matéria, principalmente o basquete. - O queridinho do Sr. Rud. - Com isso, infelizmente não posso te ajudar. - Collin me diz sem graça. Ele é o mestre em geografia, biologia e matemática, mas em educação física é um perna de pal como eu. - Tudo bem, você já me ajudou com isso. - Eu abraço a pasta que Collin me deu como se fosse meu bote salva vidas, e ele parece gostar disso. Eu percebo que os alunos já saíram dos corredores à algum tempo, e isso significa que eu estou aqui à mais tempo do que deveria. - Vai direito para o Lemon e não desvia o caminho Kristen Barton, se você fizer isso eu vou saber. Eu vou estar lá assim que sair daqui. Eu deixo os dois.
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