Capítulo 2

3115 Words
— Sí, lo que desea? — Fala e para a minha total aflição e tormenta vejo quem era o rapaz moreno, de cabelos escuros e sorriso contagiante. Não podia ser, era improvável eu estava sonhando, um sonho de mal gosto mas, sonhando... — Miguel que cocô é esse? — Sim, essa foi minha demonstração de eternal indignação. Eu não podia acreditar, estava horrorizada com o destino. — Eu trabalho aqui, meu Deus que mundo pequeno não é mesmo? Como é bom te ver. — Diz vindo ao meu encontro para um abraço e me afasto. — Sinto por não poder dizer o mesmo, quer saber... Não sinto não!!! — Grito me dirigindo para a porta da casa com meu tênis à pisar sobre o esterco. — Ei! Espera Giovana, por que toda essa raiva dentro do seu coração? Pensei que estávamos bem, depois do casamento do Rafa. Poxa vida já faz quase um ano. — Desculpa, tenho experiência em guardar rancor, um dia eu mudo com quem merece! — Me afasto de suas mãos e continuo a andar. — Você Continua igual, totalmente imatura. Só quer falar e não se importa em ouvir. Parece não ter aprendido nada! — Ele grita e sinto uma lágrima quente descer pelo meu rosto. — Eu sinto muito se não amadureci, estava tão ocupada tentando me curar da depressão e da bulimia que me esqueci de lhe agradar. — Giovana eu amava você, sei que estava precisando de mim, mas, tive que escolher entre você ou o mundo inteiro, não podia ser egoísta. — E é isso que mais me destrói Miguel, que meu coração desejava tanto que por um momento você fosse egoísta, ao ponto de ficar e esperar que eu estivesse pronta para ir contigo. — Eu não podia esperar, você sempre soube que meu sonho era ir para o "Médico sem Fronteiras", aquela oportunidade poderia nunca mais bater em minha porta, Deus estava me dando uma chance de fazer a diferença. — Sabe, eu acredito que em primeiro lugar precisamos fazer "A diferença" nas pessoas que estão ao nosso redor, aí então poderemos mostrar a outros nosso amor. Mas, devo estar errada, como tu mesmo disseste sou aquela mesma garota imatura de antes. — Digo com o som de minha voz quase inaudível, eu poderia estar exagerando, mas, foram tantos meses tentando vencer aquela dor e a mesma havia surgido em minha frente proferindo as mesmas palavras de autoridade e mais uma vez lá estava eu no banco dos réus. — Ninã, e o leite? — Dona Conceição diz e coloco a caneca sobre a mesa subindo as escadas. — O peito da vaca secou. — Era a única desculpa que minha cabeça havia formulado e foi exatamente o que saiu pela boca. Deito na cama de mola barulhenta e meu desejo é chorar, me obrigar a ser vítima, fazer com que Miguel fosse o culpado de toda minha mágoa, mas não é o que realmente acontece. Meus olhos secos, mãos geladas e respiração ofegante, eu estava chorando, mas, de uma forma diferente. Joseph sempre me disse que existem feridas tão profundas que nem mesmo as lágrimas são suficientes para cura-lás. — Tudo bom? O que está acontecendo aqui? Ahh meu Deus, você virou mocinha? Dói muito, eu sei. — Catariana abre sua fábrica de falar, enquanto entra no quarto jogando a mochila para um lado e tênis para o outro. — O que? Claro que não, já tenho vinte e quatro anos garota. — Resmungo levantando meus olhos que com toda certeza deveriam estar inchados. — Oh Mio Dios!! Uma abelha picou teus olhos? Parecem duas bolotas de futebol. O que aconteceu? — Coisas de adultos, não precisa se preocupar. Só preciso chorar mais alguns litros e tudo ficará bem. — Tudo bem, será que poderia chorar enquanto me leva ao Shopping? Preciso comprar um tênis novo. Você já viu o tanto de esterco que tem neste lugar? — Indaga penteado os cabelos loiros e apenas aceno com a cabeça lhe olhando por cima de seus ombros. — Talvez seja uma boa eu sair daqui, o que poderia dar errado não é mesmo? É só um passeio no shopping com uma adolescente maluca por K-POP. — Digo com ironia e a mesma sorri compartilhando deste mesmo sentimento. — Porreiro! Vamos lá! — Ahh esse vocabulário singelo de portugual está destruindo meu lóbulo frontal. — Você dirigi! — Exclama jogando algumas chaves em minha mão. Desce cambaleando pela escada e dou de cara com um monstruoso Jipe verde que parecia ter sido usado para arar a terra. — Porreiro, nós vamos nessa coisa? — Falo sem nem mesmo saber o que significava a tal palavra. Sim, eu confesso que imaginei ambiguidades. — Sério que você achou essa coisa "legal"? Tudo bem então, brasileiro é tão maluco. — Fala e entramos no automóvel ambulante. Respiro fundo, ligo o carro e me dirijo ao Reino tão tão distante chamado centro da cidade. (...) — Chegamos finalmente, por que dirigiu tão devagar? No Brasil os instrutores são tartarugas da Amazônia? — Nossa, estou sofrendo xenofobia de uma adolescente que chama celular de Telemóvel. — Haha que engraçada! — Diz me empurrando e acabo caindo no chão de cara em sapatos que pareciam caríssimos. — Señorita, permíteme ayudarte a levantarte. — Um jovem rapaz se aproxima me dando a mão para que eu levante do chão, enquanto curiosos me olham ao redor. Parece ter gente fofoqueira em todos os países, não é cultura nossa, fiquem sossegados brasileiros. — Gracias Senõr. — Falo seguindo meus olhos até o homem de cabelos castanhos e olhos claros, pele bronzeada e sorriso galanteador, daqueles que você sabe que não presta e precisa ficar longe. — Pido disculpas por lo que pasó señor, mi primo sufre de las piernas. — A mesma diz tão rápido que precisaria de uma tecla SAP para entender o que havia dito. — Bueno, mi papá es dueño de un hospital, aquí está mi tarjeta, tal vez puedan ayudarla. — O Rapaz desconhecido diz e posso distinguir a palavra hospital, calma só tropecei pessoal não precisa se preocupar. — Oh Gracias, gracias! — Catarina diz e me puxa rapidamente para longe do mesmo. — Você viu, foi como 50 tons de cinza você caiu no chão e ele te ajudou a levantar. Tão Cristian Grey! — Quem é Cristian Grey? — Digo sem entender o que a garota estranha dizia. — Espere! Você não conhece Cristian Grey? É só o homem mais lindo do universo. — Ah Hollywood, por que faz isso com as adolescentes? Minha querida a única pessoa linda que conheço neste mundo com esse sobrenome é Meredith Grey, de resto não me importa. E outra coisa, eu não cai, você quem me empurrou. — Mas, é claro... Só é romântico se a Gaja cai na frente do Gajo... entende? — Olho para a mesma sem entender aquele pensamento de Calcitran da tão jovem garota. Preparo meus dedos aspas e digo: — Se a "Gaja" cai na frente do "Gajo" ela precisa tomar algum cálcio, pois está ruim das pernas. — Digo e começo a rir da minha primeira piada em Portugal. — Você é tão patética. Tome essa tarjeta, quem sabe não vai lá tomar um cálcio!! — Grita e joga um cartão em minha face. — Ei espere! Não se irrite vai, eu passei a viagem inteira pensando em uma piada de português, não me desanime assim!! — Falo enquanto corro atrás da mesma deixando o cartão no chão. Minhas pernas doíam, não sou a pessoa mais saudável deste país e muito menos acostumada a caminhar tanto em uma procura pela adolescente fujona. Catarina havia se irritado comigo e simplesmente desaparecido naquele minúsculo shopping, como pode alguém simplesmente evaporar em um lugar como aquele? Caminho cinco minutos e como mágica estou novamente na entrada, este lugar não pode ser real. Meu celular vibra, finalmente ela havia dado notícias... Catarina: Oi, aqui é a Cat...fui embora de ônibus. #bolada contigo. Seja feliz vindo de Jipe sozinha!!! Giovana: Oi, aqui é a Giovana. Você é maluca, jumenta de balaão? Não pode sair por aí sozinha, seus avós vão me matar. Catarina: Você já está morta por dentro, adeus. Poxa, essa magoou. Guardo meu celular dentro do bolso e sigo em busca do Jipe que já não se encontra mais onde eu havia estacionado. — Buenos dias, eu... eu deixei meu brum brum aqui. — Digo fazendo gestos como se estivesse mexendo no volante. A guarda olha para mim, sem entender absolutamente nada. — Tu auto ha sido multado. — Diz apenas isto, me entrega um folheto com a informação de onde está e a data de quando poderei pegar. AMANHÃ, é o que explicava os rabiscos. Olho ao longe, enquanto vejo a mesma seguir andando pela avenida. — Dios Mio, o que pode mais acontecer?!! — Grito e sou afogada por uma poça de água liberada por um carro de luxo. — Espera, quando foi que choveu? — Ahh me desculpe, não havia lhe visto. Fui tirar o carro e acabei arrancando de uma vez. — O mesmo rapaz, vulgo Cristian Grey diz olhando pela janela. — Uns olhos deste tamanho não conseguiu me ver? É meu brilho que lhe deixou cego? — Digo ironicamente. — Não posso dizer que não, afinal você é linda. — Fala e meu rosto queima. Sossega Giovana, vigia na terra. — Ahh que ótimo, se você faz isso com as lindas não quero nem imaginar o que faz com as feias. — Não existe mulher feia. Precisa de uma carona? Parece estar desprevenida. — Diz enquanto me olha de cima em baixo. — Não precisa, eu sei andar. Afinal, Deus me deu duas pernas foi para isso. — Falo e sigo andando, sendo seguida pelo mesmo que dirigia vagarosamente. — Ahh Claro, pensei que ele havia te dado pernas para chutar pobres rapazes que só querem lhe ajudar. — Posso usar para isso também, livre arbítrio sabe como é, né? E para de me seguir, vão pensar o que de mim? — Ora ora, vão pensar que és uma rapariga mui guapa e estou a lhe fazer um piropo. — Lhe olho assustada, horrorizada, querendo agredi-lo ali mesmo naquela rua em frente à todos seres humanos presentes. — Cantada, no falar brasileiro... piropo é cantada. Desculpa, me esqueci que não temos o mesmo tipo de português. Olha entra aí, eu lhe dou uma carona até onde precisa ir. — Você costuma oferecer caronas assim do nada? — Indago e ele ri, parando o carro e abrindo a porta para mim. — Vamos, entre logo. Está ficando tarde, não quero ser culpado da morte de ninguém. — Fala e entro rapidamente em seu carro, logo me perguntando se fora a melhor escolha que fiz. — Onde você mora? — Pergunta, com aquele forte sotaque de padeiro, um padeiro muito chique, mas ainda era um padeiro. — Na verdade não sei muito bem, me mudei para cá há pouco tempo. — Digo e o mesmo sorri, maneando a cabeça. — Mas, minha família sabe que vim até este shopping e estão me esperando em casa. — Completo lembrando-me que poderia ser assassinada ou traficada. — Não se preocupe, não irei lhe traficar. Já parei de trabalhar nisso faz algum tempo. — Zomba dando risada. "Ele tem uma risada bem gostosa" "Cala a boca!" — Bom, isso me deixa um pouco mais calma. — Forço um sorriso, dizendo. — Você sabe o nome do bairro? — Pergunta e pego meu celular, ligando para Joseph. — Só um minuto, vou ver com meu padrasto. — Disco o número de Joseph que atende rapidamente. Joseph: Alô? Não atendo nenhuma ligação internacional, muito caro! Giovanna: Joseph, sou eu a Gio! " Respondo gritando e o rapaz olha assustado com seus enormes olhos azuis." Joseph: Gioo, flor de lótus! Espere, vou chamar tua mãe. Marisaaaa!! Giovanna: Por que está gritando?! Pare de gritar! Joseph: Giooo, mamãe aqui!!! Giovanna: Mãe, apesar de eu estar em Portugual ainda falo baixo, não sou como o pessoal daqui. SEM Ofensas. — Peço desculpas ao motorista que ri. — Tudo bem, diga aos seus pais que lhes mandei um beijo! — Grita e mamãe ri maliciosa. Marisa: Filha, já arrumou um namorado? Eu lhe disse, estava precisando sair desse país, não tem nenhum gatinho aqui. Joseph: Como assim? Já esqueceu o braços largos? " Indaga e respiro fundo, sentindo meu rosto se queimar." Giovanna: Me digam, onde é a casa do vovô. Estou perdida. Marisa: Ao lado de um gajo? Impossível! — Obrigado pelo elogio, sou Antony Afonso de Castro, ao dispor! — Responde adentrando em minha conversa. "Pelo menos agora sabemos que ele tem setenta anos, só pelo nome" Marisa: Ahh quantos anos tem? Joseph: Marisa onde estão meus sapatos?! — Ouço papai dizer longe do telefone. Marisa: No quintal. Idade querido??! Giovanna: Mãe o nome do bairro. Marisa: Nome do bairro de lá, amor? Joseph: Bairro? O que é bairro? — Diga freguesia. Qual freguesia. — Pedro fala. Giovanna: Freguesia, papa. — Repito. Joseph: Ah sim, cabrela. Freguesia de Cabrela. Giovanna: Obrigada, tchau. Marisa: Nos ligue depois, mais uma vez. Giovanna: Tá, beijos. — Desligo, pondo o telefone sobre o painel do carro e o tal português gargalha, rindo de meus estranhos pais. — Espero que tenha entendido, onde fica o lugar. Meus pais são malucos. — Eles me parecem ótimos, não se preocupe te deixo lá. Infelizmente nesse horário as ruas não são muito seguras. — É sério? Pensei que não tinham ladrões em Portugal. — Revelo e o mesmo sorri, como se eu tivesse contado uma piada. Mas, havia sido sério. O rapaz dirige em silêncio por algumas ruas desertas, trazendo medo ao meu peito. Estava em uma cidade estranha, com um homem estranho (Bonito), mas, estranho. Sempre vivi muito amedrontada com tudo e todos ao meu redor, entrar em um carro com um desconhecido estava sendo a minha maior aventura em vinte e três anos completos. — Ah não! — Antony para o carro suspirando e o olho ansiosa. Meus olhos se arregalam ao vê-lo descer do carro e chuta-lo irritado. — Não acredito, ele vai me matar. — Penso em voz alta e o vejo voltar seus olhos para mim. Todos os meus temores são acionados, ele realmente tinha olhos bonitos demais para uma boa pessoa. — Gaja, teremos de parar por aqui. — O mesmo se aproxima e tento arrancar o cinto, sentindo ele preso em meu corpo. — Por que está assustada? — Por favor, não faça nada comigo. Eu imploro, ainda tenho tanto para viver. — Sinto meus olhos se encherem de lágrimas e uno às mãos em súplica. — Ei se acalma, qual seu nome mesmo? — Indaga, se aproximando mais e sinto o sopro da morte em minhas orelhas. — Seu nome, Gaja. — Giovana Lemes. — Respondo com a voz trêmula. — Tudo bem, Giovana. Eu sinto muito, mas eu levei o carro em um mecânico "Do piorio" e ele não fez um bom trabalho. — Por favor, gostaria de refazer o meu pedido. Apenas me mate bem rápido. — Peço já chorando. O tal homem suspira se aproximando e sinto meu corpo estremecer. Ele retira o cinto de minha cintura e se agacha a minha frente, em meio a rua deserta. — Logo mais a frente tem um motel... — Meus olhos se arregalam novamente. Não acredito que minha pobre e triste vida terminará assim. — É uma pousada. Podemos ligar para o guincho de lá, acabei esquecendo o telefone na empresa. — O senhor entende que toda essa conversa está extremamente suspeita? Não quero deixá-lo irritado, mas é impossível não pensar que irá me fazer mal. — Quer saber, fique no carro então. Eu irei até a pousada e volto para te encontrar. Só não posso prometer que ficará segura essa hora da noite. — Responde começando a caminhar e uma grande dúvida me toma, morrer agora ou depois? Eis a questão. — Vai ficar? — Não, eu irei. — Respondo, levantando-me e o seguindo. A noite estava gelada e meu corpo tremia do início dos cabelos da cabeça até o dedo dos pés mesmo escondidos no tênis. — Toma, vista isso. — Retira seu terno e joga para que eu pegue. Não recuso, pois tinha consciência de minha imunidade baixa. — Assim que ligar para um guincho poderemos voltar com eles e a levo em sua casa. — Comenta e simplesmente concordo com a cabeça. Ainda temia o que me poderia acontecer, eu estava perdida novamente. Uma luz fraca surge a nossa frente, é um pequeno conjunto de quartos com um estacionamento logo a frente. Antony se aproxima e passa pela porta principal que estrala com o sino a soar sobre ela. Ele move a cabeça, insinuando para que eu entre e assim faço. — Com licença, poderia me emprestar o telefone fixo? Preciso de um guincho, meu carro parou umas duas quadras daqui. — O guincho não vem para cá esse horário, eles funcionam a partir das oito da manhã. — Um homem com os dentes amarelos a mascar um cigarro, diz me observando. — Teria algum mecânico por aqui? Ou talvez alguém que pudesse me ajudar retirar o carro da pista? — Antony o observa e se coloca em minha frente. — Como eu disse, tudo começa a funcionar a partir das oito horas. Sou o único que funciona a noite inteira. — Ri, me olhando e cuspindo cigarro ao lado. — Tudo bem, vou querer dois quartos. — Fala e olho sem entender. — Não tem como saímos pelas ruas durante a noite, vamos dormir aqui e depois chamamos o guincho pela manhã. — Eu não posso passar a noite aqui, minha avó irá pensar que fui deportada. — Murmuro e Antony respira fundo. Ele parecia irritado, mas eu também não estava feliz naquele momento. — Vai querer o quarto? Temos apenas um. — Responde e nos entreolhamos, revirando os olhos. Só falta ter apenas uma cama, para se tornar ainda mais clichê. — Eu não vou dormir em um quarto contigo. Você é homem e eu sou mulher. — Sussurro e ele ri com certa zombaria. — Ficou bem nítido para mim, que somos de gêneros diferentes. Não se preocupe, você não faz meu tipo. Mas, talvez faça do cara ali. — Aponta para o tal velho, que me observa como um carnívoro em meio ao churrasco. — Deveria pegar as chaves. — Digo por fim e o mesmo concorda, estendendo a mão ao homem e cobrindo sua visão sobre mim com o próprio corpo.
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