Laboratório de Pesquisas.

2374 Words
No ano  de 1947  um objecto caiu num rancho próximo à cidade de Roswell , no estado do Novo México. Logo de início foi identificado como um disco voador. Anos mais tarde foi isso que deu origem a febre de conspirações. E todo mundo contou um pouco da história. A Força Aérea dos EUA e a  França logo desmentiram a bagunça toda. Se foi queda de balão de ensaio, ou um balão de vigilância de testes nucleares ninguém nunca teve a certeza. Tudo foi desmentido. A coisa toda não era bem o que parecia. E uma pequena cidadezinha mais ou menos próxima de Las Vegas tomou vida. Afinal, é a habitação  mais próxima da área  51 junto a Small Moutain. Rodovia Extraterrestre. As cidades cresceram de ínicio com a  mineração de tungstênio. E depos quando as minas cessaram por volta de 1988, os habitantes que viviam na maioria em traillers esperou o pior. Sam não apreciava nem um pouco das histórias que corriam por ali. Alguém vai dizer simplesmente que se trata de uma base da Força Áerea americana. Estamos falando de um  milhão de hectares. E muita coisa acontece por ali. A convocação para a invasão do lugar desapareceu de forma espantosa da página do Facebook depois de ter viralizado nas redes sociais. E ninguém ali, que pelo menos trabalhava nos subterrâneos estranhou a coisa. Sam era faxineiro exclusivo do lugar. Já era,muito ruim ter imigrantes para disputar vagas de emprego. Mas quando começou a trabalhar ali... ah, a opinião dele mudou bastante. -Mas um desses para o saco de lixo, cara. - um homem comentou com pouco caso enquanto mastigava distraído o sanduíche de atum. Não era apenas lixo. A coisa era um pouco pior. Um imenso laboratório no subterrâneo da construção. Sam detestava tudo aquilo. Odiava mais ainda a ala de luz vermelha. Ali ficavam os piores. Tinha que ser bem esperto para não ficar encarando uma daquelas coisas. Ou então se corria o risco sério de ficar sem uma gota de sangue. -Brincadeira. - ele resmungou, torcendo o nariz. - Por que não deixaram essa coisa para o pessoal queimar? Aquelas coisas fediam como cachorros sujos e molhados na sua opinião. As paredes brancas do lugar apenas oprimiam mais seu humor. Não era um laboratório simplesmente comum. Primeiro porque por todos os lugares havia celas reforçadas e um sistema de segurança que dava nos nervos. Qualquer coisinha e a porcaria do sistema disparava. Segurança reforçada. E mesmo assim, acidentes aconteciam como tinha sido com o rapaz que trabalhava antes no seu cargo. Uma distração boba e bam... Uma viagem sem volta.  Existiam celas com barras de energia de matéria negra. E também outras que ele nem queria descobrir o que eram. -Por que essas coisas não morrem simplesmente assim, homem. Protocolos. Não vai querer esbarrar com um desses, não é mesmo? Com certeza Sam não queria. estava ficando esperto. A primeira coisa que chamava sua atenção era saber se escamas ou pupilas verticais, tipo um lagarto estavam escondidas quando um novato chegava por aquelas bandas. Um maldito inferno a coisa toda. Humanos já eram suficientemente complicados. Agora eles... A maldita ...a pureza do sangue alienígena. Os miseráveis estavam em tudo que era lugar onde havia posição de poder. Hollywood, o Vaticano... A verdade toda era que uma poderosa elite governava o planeta. Controlavam de tudo: a mídia, a educação e movimentações sociais e políticas. Ah, os miseráveis alienígenas disfarçados entre os humanos. Pior parte eram as experiências.... se via de tudo pelo lugar que uma pessoa acharia que não passava de contos para assustar crianças.  -Misericórdia. Essa porcaria pesa. O que é? - Sam reclamou ofegando. O homem encolheu os ombros indiferente e deu uma enorme mordida no sanduíche, enquanto procurava pela etiqueta de identificação. Cobaia tipo dois. Significava espécies capazes de mudar de forma. Sam tinha escutado vagamente que o processo de hibridação de uma raça extinta com DNA humano tinha sido uma catástrofe.  Existiam coisas que assustavam quando criança. e você cresce para descobrir que vampiros, lobisomens e fantasmas não  existem. Aí, se for muito azarado arranja um trabalho que parece legal e descobre que a coisa não é bem assim. -Meus Deus. Essa coisa fedorenta... É um daqueles que se transformam em lobos, não é?- Sam torceu o nariz com o cheiro ruim.  O homem riu às gargalhadas. -Uau! Quer dizer que é um dos lobisomens, cara? Qual é? Dois anos por essas bandas e ainda não aprendeu a coisa toda? Cobaia tipo dois.  Acho que tentaram outra vez manipular o DNA daquele pessoal lá do fim do sistema de Zairon. Coisa de política. Típico da Confederação dos Planetas Unidos. E toda a história bonita de preservação de espécies ameaçadas de extinção, cara. Sam torceu a cara, pensando que ele podia muito bem ser um exemplar de uma espécie que em breve poderia estar extinta. Sempre tomavam cuidado de escolher o pessoal certo para trabalhar ali. Gente sem família e sem amigos. O típico cara que se sumisse ninguém ia dar falta ou fazer perguntas. -Maldição! Dê o maldito nome que quiser. Não vou pegar uma daquelas coisas, ouviu? Da última vez quase tivesse a garganta perfurada. Era o que dava não prestar atenção naqueles corredores. As piores cobaias eram do tipo Um. Predadores e sanguinários. O tipo de alimentação deles era de dar nojo.  O homem coçou a cabeça com um sorriso debochado. - Mas gostei de pensar que ia ser a trepado do século. - o comentário trouxe novos acessos de risos.- Só um idiota mesmo. Justo uma cobaia tipo UM. Teve muita sorte de não ter sido infectado. Belo escolha para uma foda, cara. Sam não concordava muito com isso. Além do ego machucado, só a lembrança lhe dava pesadelos. Era como se estivesse na maldita Matrix do filme que ele antes tanto gostava. Só que ninguém tinha oferecido a ele a oportunidade de escolha entre a pílula vermelha ou a azul. Não havia mais a chance de viver alienado. Também não era um escritório virtual, que trazia a experiência do escritório físico, com várias salas e espaços de trabalho. As pessoas podiam entrar e sair, mostrar onde estavam presentes, comunicar-se e fazer videoconferência. Nada disso. A verdade era pior. Existia um mundo que ninguém conhecia, ou pelo menos a maioria da humanidade. E o planeta Terra... Sam cuspiu no chão ao largar o saco limpando as mãos nos bolsos da calça jeans. Ele não estava melhor do que a maioria. Também fazia parte da coisa toda. A única garantia era que não ia simplesmente sumir da cama ou numa sala qualquer vendo brilhantes luzes que ofuscavam. -Como consegue agir com tanta naturalidade com essas coisas, homem? Isso não era nem para existir. Planeta Terra. Codinome para Planeta Azul. Com toda maldição era o centro de pesquisas mais avançado com cobaias em cativeiro para processos de clonagem e hibridação e  mais afastado da sede da Confederação.  E nem pense na visão de extraterrestres com o dedo brilhante do personagem do filme E.T. Existiam pelo menos quatro espécies (extraterrestres) que tinham visitado a Terra há milhares de anos. Sam já tinha visto de longe um Acturiano e outro dia esbarrado num repttiliano. Gente esquisita. Mas nada era mais estranho do que os Essassanis.   E não era nada do papo furado de homenzinhos verdes. - Por favor. Você está aí reclamando de um simples  lobisomem como gosta de chamar essas aberrações. Experimente trabalhar na ala do Conde Drácula e vai perceber que o tipo dois nem é tão ruim assim. Os casos de porfiria são os piores. Já vi alguns destes se cortarem para sugar seu próprio sangue. E o tipo  zero, cara... O tipo zero? As experiências de segurança máxima. O problema era que uma droga de guerra acontecia no universo. Sam ouvia muita coisa enquanto trabalha na faxina. Nomes como N'Tilay e K'Aldriants. Tudo uma bosta. - Vai chegar outra nave daqueles miseráveis por esses dias, não vai? Não era bem uma pergunta. Toda a segurança mais reforçada. A arrumação.Um lote de humanos cuidadosamente selecionado tinha sido colocado em animação suspensa em enormes câmaras frigoríficas. Pareciam  na verdade Câmaras Frias para Necrotério. E Sam nem queria saber muito que tipo de criatura chegaria por lá daquela vez. Mais ou menos como falar que o sinal "Uau" poderia ter vindo de uma "emissão de rádio que veio do hidrogênio que fluía fora de um cometa próximo. A tipologia extraterrestre era bem complicada. Podia ser qualquer coisa.  Tudo ia muito além da ficção científica. Não tinha mais o papo que espécies diferentes não podiam criar uma espécie híbrida. A tecnologia que aquelas coisas trazia era muita avançada. O governo humano lutava para criar uma raça híbrida meio humana, meio alienígena. Era difícil demais entender perspectiva multidimensional . Eles tinham dificuldade de lidar com nossa visão tridimensional do que é sólido. Claro que havia evidências abundantes, tanto antropológicas quanto arqueológicas, que confirmavam que civilizações avançadas visitaram a Terra no decorrer dos milênios.  Os governos sabiam disso, mas mantinham segredo. Mas saber que era mesmo verdade mudava tudo. - Trate de ficar no seu canto e tudo vai ficar bem, cara. - o homem de repente falou com  mais camaradagem. - Qualquer dia desses todo mundo vai virar sushi para essas coisas. Se existe mesmo uma guerra lá fora no espaço... Droga. Não somos apenas cobaias de um laboratório de pesquisas avançados dessas coisas. Não são sequer humanos. - Sam desabafou com revolta. - Mas mandam no pedaço, cara. Política é política aqui ou no espaço. Manda quem pode, obedece quem é esperto. - Acredita que vão levar o lote inteiro dessa vez? Mas que maldição, são humanos como nós. Não progredimos muito no tempo, não? Continuamos vendendo nossos semelhantes. A conversa tinha muito para render. Alguns poucos achavam isso. E os que trabalhavam ali se achavam mais sortudos que a maioria. E numa fração de segundo a segurança ilusória acabava. As luzes vermelhas estavam piscando de forma alucinada. Isso sempre indicava mais problemas. -Mas que merda. Quebra de segurança. Que porra de criatura escapou dessa vez?- o homem resmungou nervoso. Sam arregalou os olhos, sem querer saber daquilo também. Não fazia muita diferença se havia escapado uma cobaia tipo um ou dois. Nem bem falou alto isso e as luzes apagaram. Súbita queda de energia. Demorou alguns segundos para as luzes dos geradores voltarem no sistema secundário de reserva. E gritos começaram. Agitação. E silvos prolongados, ensurdecedores e agudos. Sam segurou a respiração no peito, sentindo a nuca eriçar com o nervoso. O homem ao seu lado berrou como alucinado quando a coisa apareceu no final do corredor. O que mais chamou a atenção foram os olhos negros e profundos. Alguém podia se afogar dentro deles como se caísse em queda livre no imenso nada. Os ruídos inarticulados não eram absolutamente humanos. A criatura não era humana. Sam ainda vislumbrou rapidamente a projeção do que pareciam espinhos enormes que se projetavam da base da nuca naquilo.Pernas e braços humanoides. Aparência bípede, e com jeito de  ótima resistência física e força. -Mas que merda!- o homem gritou. - A mais perigosa fase de sua evolução dessa coisa. Como conseguiu escapar da ala de segurança máxima, minha gente? - A  mais perigosa fase de  evolução? Como assim  a mais perigosa fase de sua evolução?- Sam gaguejou atônito. Um simples faxineiro. Ele olhava sem compreender ou assimilar  armadura exoesquelética. Estranhos zunidos. O piso de metal brilhantee branco  acentuava ainda mais a cor negra daquilo. O olhar do homem vidrado de horror foi para o mecanismo que existia em cada ala dos corredores. Aquilo podia fechar  com o sistema de segurança em emergência e eram portas duplas impossíveis de serem arrombadas. Olhou para longos dedos esqueletais que saiam do braço curto. A adrenalina corria a mil em seu sangue. Engolia grandes golfadas de ar sem conseguir respirar com um medo que o  faxineiro não compreendia porque não sabia que tipo de criatura era aquela. -Que diabo é essa porra? - Sam berrou. O homem esperava derreter a criatura  lançar-se contra eles com a garra em riste. Como num pesadelo incrivelmente real a porta da ala daquele corredor fechou-se hermeticamente. Uma batida surda ecoou no chão com o primeiro passo da criatura. A dupla alavanca no console na parede do corredor. Foi tudo o que o homem atônito conseguiu pensar no desespero genuíno.. Mais outro passo e novo tremor no chão.  -Abra a porra da porta... Vai nos trancar com essa coisa aqui? - Sam berrou ainda mais sem ação. A segunda porta fechou isolando todos três do restante do laboratório. Não era parte do protocolo a fuga daquela coisa. A inteligência artificial que controlava a enorme construção subterrânea com tecnologia avançada e alienígena captou e detectou a gravidade da ameaça. Ocorreu na mente de Sam pela primeira vez que ele também era uma cobaia no centro de pesquisa como o restante da humanidade. O homem começou a grunhir estranhamente quando mais uma vez as luzes de emergência apagaram. Veio então de súbito um gemido alto e profundo. Ecoou uma espécie de uivo, prolongado, de arrepiar os cabelos. O fedor nauseabundo deixou o ar impraticável de ser respirado. Logo houve gritos, de terror e de pânico. Todos os funcionários do laboratório recebiam imunização contra bactérias e vírus para doenças que atacavam as principais raças alienígenas. Mas não era ali um alienígena qualquer. Fluidos e sangue formavam uma esteira imunda atrás da criatura. Com a velocidade de um lagarto ela avançou e atacou. A porta dupla reforçada de vidro blindado a manteve isolada naquela secção. Todos os sistemas de segurança foram inoperantes para manter a criatura viva. Até mesmo a Confederação dos Planetas Unidos não tinha tecnologia tão avançada. E o sistema de inteligência artificial identificando e processando a gravidade da situação e possível contaminação deu o único comando possível. Em segundos o fogo se alastrou imenso tomando tudo , as chamas devorando com velocidade em meio aos uivos estridentes. Um k'Aldriants escapava da ala de segurança máxima depois de ter sido trazido para o laboratório. Erros de cálculos e escassez de informações sobre a fisiologia daquelas criaturas. Os resultados dos exames estavam errados. A criatura não  estava morta para surpresa de todos.
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