II

3810 Words
-  Eu serei… Abraçou a mãe e deitou ao lado do garoto. Não estava com sono, mas dormiu precisava destas horas de tranquilidade o dia seguinte seria difícil para todos naquela casa, não entendia como as coisas funcionavam nos EUA, após o funeral pessoas se reuniram na casa, e por se tratar de uma pessoa conhecida a cerimônia estava sendo tratada como um grande evento. O escritório estava resolvendo tudo, e como Elle tinha se juntado a cerimonia, então arranjos de última hora foram incluídos, mas a ela Amara que estava responsável e respondia pela irmã, só sobrou escolher a traje negro para o evento. A casa amanheceu em polvorosa, pessoas andando por todos os lados, o buffet arrumava os espaços na parte de baixo e nos jardins, se Amanda não estivesse atenta esqueceria que se tratava de um funeral. Quando se pôs realmente de pé deu de cara com sua mãe já mexendo em seu closet, esse gesto já alterou um pouco mais do seu humor, sim era o dia em que daria o adeus definitivo ao seu pai, não queria se preocupar com convenções, nem mesmo queria dividir a casa com as pessoas que ali estavam, não eram pessoas com quem gostava de estar, a maioria estaria ali pelo status, não pelo homem que fora seu pai, este poucos conheciam. A mãe falava ao longe ainda remexendo em seu armário, resignada resolveu dar atenção a senhora que não parava de falar. -  Sim eu sei que você vai detestar muito deste dia, mas espero que você passe por ele de cabeça erguida, são pessoas com quem você terá que conviver e este é só o primeiro contato. -  Conviver? Você está falando do que mãe? -  Do testamento minha filha, não acredito que você ainda não se atentou que é a única herdeira de seu pai. A mulher falou com naturalidade enquanto jogava um vestido preto sobre a cama. Amanda por sua vez apenas olhou o traje e voltou a encarar a mãe. -  Verdade, eu não me atentei a isso. Tem como eu evitar todo este imbróglio? -  Não. Não tem, mas vamos fazer isso juntas, a começar pelo dia. Vá se preparar. Vou descer para pedir um desjejum para você. -  Não precisa, temos convidados na casa, quero tomar café com eles. -  Eles já tomaram o café, você continua perdendo a hora para tudo meu amor. Só então Amanda se deu conta do horário e tinha menos de uma hora para se arrumar e seguir para a capela onde a cerimônia daria início. Desceu a escada da casa uma hora depois, vestida com seu tradicional traje negro, uma calça jeans escura, uma camiseta de algodão por baixo de uma jaqueta de couro, trazia nas mãos um óculos escuro que colocaria assim que atravessasse a porta e na outra mão uma maça vermelha, que perdeu todo o sentido quando deu de cara com Amara que a encarava num misto de chocada e admirada. De onde Amanda olhava via uma mulher linda em um vestido longo preto, seus cabelos de fogo presos num coque, de onde se desprendia de forma clássica alguns fios que não se permitiram prender, ao seu lado num belo terno infantil estava o jovem Jason, ambos olhando para ela de boca aberta. Automaticamente, ela olhou para si, e girando nos calcanhares falando ainda consigo que estava vestida de forma errada, teve a mão que segurava a maçã presa pelas de Amara. -  Não temos tempo. -  e cochichando em seu ouvido. -  Você está linda assim. Um rubor subiu pelo rosto das duas, as mãos continuavam entrelaçadas enquanto desciam os últimos degraus. Já a frente de Jason que também segurou a mão de Amanda, este disse com uma elegante calma. -  Eu vou ficar com você. Também estou triste a Elle era uma mãe especial. Diante destas palavras, Amanda se abaixou e abraçou o garoto, o gesto trouxe lágrimas aos olhos de quem observava. -  Vamos passar por isso juntos. Quando saíram da casa duas limousines esperavam por eles, Clara já esperava com cara de desaprovação ao ver a filha usando trajes normais, ao ver a mãe, ela sorriu e entrou no segundo carro. -  Você deveria ir com sua mãe. -  De jeito nenhum vou fazer este trajeto ouvindo sermões de como eu deveria me vestir e me portar. Estou indo enterrar o meu pai e ele sabe o quanto eu detesto este teatro. As palavras de Amanda mais uma vez fizeram Amara sorrir, de fato a mulher a sua frente não poderia estar envolvida em algo ilícito, era um ser muito livre para isso. Amanda também admirava a mulher ao seu lado, ela estava doce, delicada dentro do traje que mostrava toda a sua sensualidade apesar de sóbrio para a ocasião. Amara percebia que outra estava abalada, o emocional estava à flor da pele, num gesto automático segurou a mão dela, o que foi bem acolhida. Ela sentava no meio e do outro lado o jovem Jason também recebia o abraço de Amanda, ele também estava choroso, era uma criança e passar por uma perda assim tão jovem era dolorido, por que ainda é muito cedo para uma criança entender a morte. Quando chegaram a capela, realmente se assustaram com o volume de pessoas a espera dos familiares, foram direcionadas aos primeiros bancos, os corpos estavam presente, a mãe de Elle dona Iolanda e Clara já estavam a frente do púlpito, Amanda e Amara sentaram- se juntas a frente. -  Eu esperava que você viesse, mas não imaginava que traria sua nova namorada. Amanda foi pega de surpresa ao ouvir a voz tão conhecida. Tratava- se de sua ex- namorada, pessoa que não via há quase dois anos, e realmente não esperava vê- la ali. Não sabia se respondia ou se mandava a mulher embora. Gil trabalhava para o grupo empresarial de seu pai, se conheceram num dos muitos jantares que o pai oferecia para os funcionários. Foi um relacionamento conturbado e tóxico e ela se sentia feliz por ter saído deste relacionamento, Amara vendo o desconforto claro de Amanda ao perder- se em palavras e não dizer nada se adiantou. -  Oi prazer, este não é o momento se você não se importar, deixe para ter esta conversa depois. A Mandy falou de você, é Gil não é? Por favor, este lugar está reservado aos membros da família e convidados. -  Eu sou da família… -  Não. Não é. Por favor evite uma cena. Terminou a frase já acenando de forma imperativa para a cerimonialista que veio prontamente atender. -  Por favor direcione esta senhora para outro local, ela está no lugar errado. E mesmo querendo argumentar foi direcionada para um local mais afastado. Amanda agradeceu apertando mais uma vez as mãos de Amara e juntas sentaram- se a frente do reverendo que iniciaria a cerimonia. -  Bem, tudo aqui tem ouvidos, e você amanhã aparecerá nos tabloides como a nova namorada da herdeira. -  Eu não me importo com o rótulo. -  disse sorrindo -  Até prefiro, se você não se importar depois te explico. -  falou cochichando em seu ouvido. E claro que Amanda não se importava. Horas mais tarde naquele mesmo dia as pessoas se reuniram na mansão Schultz, grupos distintos. Os financeiros, acionistas, alta sociedade, os poucos amigos que dispensavam rótulos, Clara e Iolanda conversando ao fundo com algumas pessoas, e Gil conversando com outro grupo de pessoas que poderiam ser acionistas do conglomerado. Gil Hollander, é diretora financeira em uma divisão da Schultz Petróleo, conheceu Amanda em uma das muitas reuniões que Richard fazia em sua casa para os altos funcionários. Para ela, se relacionar com a filha do chefe era um cartão de visitas, portas se abriam só por pronunciar o sobrenome da namorada, não existia amor neste relacionamento, ela era dominadora, pois ter uma jovem inicialmente apaixonada e dependente dela era muito útil. Durante o tempo em que estiveram juntas, Amanda se entregou a paixão e em nome dela abriu mão de muitas coisas em sua vida pessoal, via menos os amigos, viajava pouco a trabalho e sempre estava a disposição de Gil, participando de eventos e reuniões que em nada tinha a ver com as suas escolhas pessoais. Gil a dominava, sugava dela todas as energias, a mantinha cativa de um sentimento que ela mesma nunca sentiu. Para Gil, Amanda era um meio. E quando a mesma se deu conta do quão tóxico era o relacionamento que estava vivendo resolveu se afastar, fez uma longa viagem e quando voltou pediu um tempo para Gil, este tempo nunca foi dado como oficial para o fim do relacionamento, pouco depois o pai se casou com Elle, e Gil não esteve na cerimônia, então oficialmente este era o primeiro encontro que ambas tinham depois de muito tempo. Gil de onde estava se incomodava com a bela ruiva ao lado do seu fantoche, este era o momento perfeito para ela fazer o papel de namorada preocupada e presente, mas seus planos foram frustrados com a mulher que se mantinha ao lado dela insistentemente. Ela notou que a ruiva também não tirava os olhos dela, achou que esta seria uma boa oportunidade de provocá- la, talvez marcar território e confiante no poder que ainda exercia sobre a moça dirigiu- se até a mesa onde as duas se serviam. -  Eu sei que o momento não é oportuno, mas você continua linda Amanda. -  Falou cochichando em seu ouvido, enquanto roçava a mão em seu ombro. A reação de Amanda, foi ficar vermelha e se encolher ante o toque. -  Obrigada Gil, realmente não é momento. -  Eu só queria me desculpar, dizer que sinto muito pelo seu pai e que estou aqui por você. Você pode contar comigo, como sempre. Ela estava muito próxima ao corpo de Amanda, suas palavras quase tocavam sua pele e ao terminar de falar beijou suave e provocativa o rosto dela, este gesto causou estranheza em Amanda, mas em Amara a reação foi realmente explosiva, ficou claro que Gil conseguiu o que queria, a respiração de Amara estava entrecortada, ela não sabia o que estava sentindo, um misto de raiva por saber que estava sendo provocada, tentava processar rápido a tempestade de emoções que a atingia. Estaria com ciúmes? Isso não poderia acontecer, saber que a moça era linda e envolvente era uma coisa, se sentiu atraída é verdade, mas elas se conheciam a dois dias, isso não era tempo suficiente para se apaixonar, e ela tinha consciência de que um envolvimento neste momento não era apropriado. Naquele exato momento elas encenavam um relacionamento, e ela precisava dizer para Amanda, por que não queria ser apresentada às pessoas como irmã da também falecida Elle. Ainda olhando furiosa para Gil, tomou Amanda pelos braços e a levou para um canto mais afastado. -  Entra no jogo. -  Disse a puxando para si. Tomou o seu rosto suavemente, acariciou a face com a mão esquerda, fazendo subir pelo corpo de Amanda um calor novo de puro desejo, instintivamente ela aproximou mais o corpo de Amara e se deixou ser tocada, o perfume do seu pescoço era aspirado enquanto sentia em si o leve toque dos lábios subir até seu ouvido, quando falou em tom secreto. -  Ela continua olhando, neste momento estou fazendo a cena de namorada possessiva e enciumada e vou te beijar. Amanda apenas consentiu com a cabeça, se dando conta que queria aquele beijo mais do que tudo, naquele momento não queria saber se tinha pessoas próximas, ela queria aquele beijo, mesmo que fosse uma cena, ela queria aquele beijo, mais do que um copo d’água depois de atravessar o deserto, o desejo era real. E o beijo veio quente, doce, possessivo e curioso, as bocas se exploravam, se buscavam, se apresentavam, se conheciam. Amanda empurrou Amara, mais para o fundo da biblioteca e deu mais ênfase ao contato de seus corpos, suas mãos buscavam as curvas que se escondiam sob o belo vestido que a outra tinha colocado naquela mesma manhã. Amara também cedendo ao desejo que dominava a situação se prendeu mais a Amanda, encaixando seus lábios no lóbulo da sua orelha e mais mordiscando o seu pescoço e deixando que o desejo entre elas tomasse vazão entre os suspiros. Ao longe alguém deixou algo cair, o barulho se fez alto e as duas tomaram consciência de onde estavam, e com muito custo se separaram, retomando o fôlego, se encaravam, sorriam enquanto arrumavam as roupas amassadas. -  Você tem esta marca de batom aí no canto do seu lábio. Eu queria limpar mas não sei se é seguro. -  Amanda estava provocando e Amara entrou na brincadeira. -  Não é. Mas acho que deixamos claro para a sua ex que ela é passado. -  Disse piscando, fazendo um gesto para lembrá- la das escutas pela casa. -  Você está com ciúmes? -  Sim. Mas só por que eu gosto mesmo de você. E Amara percebeu que não estava mentindo sobre o sentimento, precisou se segurar para não dar mais pistas sobre o que acabara de descobrir sobre si. Não sabendo que Amanda se sentiu da mesma forma, que também lutava para esconder o sentimento que estava aflorando com força. O que se quebrou não tão distante, foi uma taça que Gil soltou de suas mãos propositalmente, ela se incomodou com a cena, não por sentir ciúmes da morena, mas por temer não ter tanto controle sobre ela como já teve um dia. Para ela era um momento muito bom, encontrar Amanda frágil com a morte do pai, poder consolar e voltar para a vida dela era o plano, mas não contava com a misteriosa ruiva com olhar de fogo que tinha Amanda nos braços, ela viu que a entrega entre elas era verdadeira e que a mulher seria um espinho em sua garganta, teria que agir com calma, estava vivendo um momento ótimo tudo estava dando certo para ela, e Amanda voltaria para ela. Este era o plano. As duas voltaram para o salão principal, Amara se afastou discretamente de Amanda enquanto esta parou para conversar com conhecidos, mesmo dando atenção ao casal que falava de como o seu pai fora importante em vida, sua mente ainda estava presa no momento pouco vivido na biblioteca. Perguntas se formavam em sua cabeça e uma delas era. Por que Gil chamou a atenção de Amara? Do outro lado da sala, Amara também a observa, discreta mantinha a sua atenção nos convidados, fazia anotações mentais e sem ser percebida fazia fotos de algumas pessoas, usava o celular como se estivesse teclando, a maioria das fotos eram de Gil e seu grupo, por mais que se distanciasse o foco deles estava na casa, e em alguns pontos onde a detetive já sabia ter escutas escondidas, isso reforçava a sua suspeita de que o grupo sabia o que estavam buscando. Em dado momento já no final da noite quando restavam poucos convidados, ela percebeu Gil se aproximando de Amanda, a levando para a biblioteca e dois dos cavaleiros que acompanharam a economista o dia todo foram para posições opostas, o instinto dizia que algo aconteceria naquele momento, mas não poderia estar em dois locais ao mesmo tempo. Optou pelo que seria óbvio, seguiu os homens e ligou o celular no programa de escuta, desta forma poderia ouvir o que acontecia na sala. Colocou os fones no ouvido e tentando agir com naturalidade, seguiu na direção onde os homens sumiram. A casa é grande dividida em andares, onde na parte de baixo fica as áreas públicas, que estão sempre abertas aos convidados, salas de jantares e estar, tem pelo o menos três espalhadas no ambiente, mais a biblioteca onde Gil conversava com Amanda a cozinha ampla, onde o Buffet embalava seus utensílios. O que tinha de estranho nisso era que neste momento Amara seguia os homens para o segundo andar da casa, espaço este que não estava aberto ao público, eles sabiam para onde se dirigiam, e ela também já familiarizada com a casa, sabia que eles estavam indo para o escritório pessoal de Richard, este estava fechado a chaves, mas os homens não se intimidaram e com chaves próprias que traziam consigo abriram a porta, como estavam dentro do ambiente, para Amara enxergar o que faziam era difícil, ainda assim buscou acomodação por traz de um móvel alto e tentou ver o que acontecia na sala, uma vez que já tinha ideia de para onde eles se dirigiam. Em seu fone, chegava fragmentos da conversa de Gil e Amanda, que agora estava tomando novo rumo, as vozes se alteravam e ela resolveu dar um pouco mais de atenção. “ -  Você nunca mais vai fazer isso Gil, está louca? -  Só não entendo o que está acontecendo, meu amor, foi só um beijo. Nós não terminamos, só nos demos um tempo. Eu vi a seninha entre você e a ruiva e não gostei, você é minha. -  Não sou mais, eu estou com outra pessoa e gosto dela. -  Gosta como? Onde você conheceu ela? Em um ano que você esteve fora, não tive notícias suas com nenhuma outra pessoa que me causasse preocupação e agora você me aparece com ela. -  Não tinha como você saber de tudo o que fiz no último ano, nem tudo foi publicado, eu tenho uma vida pessoal reservada. -  Sim, e mesmo assim, ela não estava na sua vida antes. -  Mas está agora.” Ficou claro para Amara que Amanda vinha sendo seguida, precisava dar mais atenção a isso. “ -  Eu vi como ela te olha e pior vejo você olhando para ela, isso tem que parar! -  Gil, eu não estou mais com você, eu fico com quem eu quiser, se não for ela, será outra pessoa, você não tem mais poderes sobre mim. -  Se não for eu… Não será ninguém.” Um final de conversa dramático, quase como um discurso ensaiado, neste momento o telefone dela toca, assim como o dos dois homens na sala. Típico de ligações em conferências, Amara podia ouvir um dos homens atendendo o telefone, assim como Gil, o homem dizia que não tinha nada no cofre e que tinha a impressão de ter outros pontos de escuta no escritório, a voz do outro lado falou mais alguma coisa, e Gil respondeu de forma natural como se falasse com uma amiga, provavelmente para disfarçar diante de Amanda. “Ok vamos marcar uma reunião, para rever estes dados.” Era um código sem dúvida, e todos concordaram. Poucos minutos os homens saíram do escritório, voltando a trancar a porta, passaram por Amara, sem notar que ela se escondia atrás do móvel, no mesmo momento Gil se despedia de Amanda, de forma furiosa e tempestiva, para dar um pouco mais de impacto a sua encenação de ex ciumenta. Muita coisa ia na mente da detetive, pontos se encaixando no quebra- cabeças e agora uma nova personagem entrava em cena. Quem era a pessoa por trás da ligação? Na biblioteca, Amanda olhava para uma Gil saindo apressada e nervosa, em seu rosto guardava um misto de diversão e preocupação, ainda não tinha certeza se o que conversou na biblioteca com ela foi totalmente verdadeiro, mas o final realmente lhe pareceu uma ameaça. Estaria mesmo a mulher com ciúmes? Durante o tempo em que estiveram juntas nunca teve uma demonstração de ciúmes tão forte. Isso fazia ela se lembrar de quão tóxica e abusiva foi o envolvimento delas. Não tinha espaço em si, para reviver estes momentos. Olhou ao redor, e viu a mãe se despedindo dos últimos convidados, dois homens altos teve a sensação de reconhecer um deles de algum lugar, provavelmente da empresa, foram tantos os funcionários que estiveram por ali que nem deu muita importância. Buscava com o canto dos olhos o atual objeto de seu desejo, mas não a viu em nenhum lugar, em contra partida a mãe vinha em sua direção. -  Eu pensei que este dia não fosse acabar minha querida. -  Nunca esperei passar por este dia, minha mãe. -  Disse abraçando a senhora que estava a sua frente. O cansaço se fazia presente entre as duas, ambas se dirigiam para uma sala mais reservada, sentaram- se juntas no mesmo sofá e serviram- se do café quente deixado pouco antes por uma das empregadas da casa. -  Se ele tivesse ido por estar doente, eu aceitaria melhor esta perda. Mas um acidente, é algo que dói muito. Eu sei que não sou mais a senhora Schultz, mas eu gostava muito do seu pai e da sua filha. -  E por que então deixou que ele se casasse com outra pessoa, minha mãe, e o pior enterramos os dois hoje. -  Você ainda é jovem, minha filha, o amor se transforma com o tempo. E agora que eles não estão mais aqui, posso dizer que era um casamento de faxada, seu pai era um homem justo, digno e casou- se com Elle atendendo um pedido meu. E agora nenhum dos dois está aqui. -  Como assim a pedido seu? O que eu não estou sabendo. Seu coração estava acelerado, um nó se formava em sua cabeça, o pai se casara com outra a pedido da mãe. Como isso pôde acontecer? -  Uma longa história filha, quero poder te contar, mas não agora. Temos hóspedes, e ela está vindo para cá. E sim, eu vi vocês se beijando mais cedo, me explique isso mais tarde. Dando outro beijo na testa da filha Clara deixou a sala, passou por Amara e deu- lhe um beijo na bochecha o que pegou a moça desprevenida, que seguiu para a mesma poltrona onde Amanda estava sentada, sorriu para ela apontou o telefone e o ligou para embaralhar o sinal para que pudessem conversar. -  Onde você estava? Minha mãe estava me contando algo importante… -  Sim, por isso eu vim, precisava interromper a conversa, você se esqueceu que tem mais ouvidos nesta casa, é preciso tomar cuidado com o que se conversa por aqui. E mais, temos muito mais coisas para falar, eu estive investigando e você não vai gostar das minhas suspeitas, mas não pode ser aqui, estas falhas de sinal vão acabar sendo percebidas e eles vão saber que alguém sabe da escuta. -  E onde vamos conversar? -  Ainda não sei, te digo amanhã, vamos dormir. -  Só mais uma coisa. Gil, não está feliz conosco juntas e me ameaçou. -  Tem isso também. Eu gostaria de pedir para dormir em seu quarto, continuar a encenação, não precisamos dividir a mesma cama, mas não quero te deixar só esta noite. -  Será um prazer dividir meu espaço.  A moça concordou sorrindo e seguindo em direção às escadas que levavam ao seu quarto.
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