— Como seu amigo, posso afirmar que você se meteu em um vespeiro. Quer dizer que você passou os últimos dias com Eleanor Lowell, sua concorrente. Não satisfeito, retomou o seu caso com Sasha Thompson, a ferramenta que te faz ter uma estratégia tão poderosa quanto a da sua rival.— Opinou Edgar.
Os três amigos estavam no costumeiro bar gourmet que frequentavam durante o almoço, há poucas quadras da fábrica.
— Se os eleitores descobrirem esse “ affair” de vocês dois, pode se despedir do cargo. Tanto você quanto a Eleanor ficarão a ver navios. Sabe que isso é totalmente anti-ético.— disse Thomás, em seguida.
— Eu odeio esses malditos investidores. Eles querem ter mais poderes do que nós, que temos as maiores cotas da fábrica.— Resmungou Peter.
— Não é inteligente comprar uma briga com eles, Fernsby.— Opinou Thomás novamente.
— Dane-se, não vou ficar pensando no pior. O que aconteceu com a Eleanor ficou para trás, não vamos voltar a repetir isso, foi um combinado.
— Sei… Como se fosse simples e fácil controlar essas coisas.— Edgar chasqueou com os lábios.
— Eu jamais poderia imaginar que fosse me sentir atraído pela Eleanor, mas isso aconteceu no pior momento.
— Não sei porque não. A Eleanor tem umas pernas e um traseiro que…— Provocou Thomás, expressando com as mãos a estrutura do corpo da mulher mencionada.
Peter o lançou um olhar fulminante.
— Pode parar com essa falta de respeito. Ficou maluco de falar da Eleanor dessa forma? Ela é a chefe de vocês.— Rosnou Peter.
— Acha mesmo que é simples e fácil manter a Eleanor longe da sua cama, quando na verdade você morre de ciúmes dela? Não percebe, Fernsby, está apaixonado.— Provocou Thomás.
— Não seja i****a. Eu só não gosto que fiquem objetificando as mulheres dessa forma, ainda mais a Eleanor, que eu vi crescer.
— Sei… Vai me dizer que sente ciúmes de irmão? Porque olha… Esse sentimento só é fraternal se for de incesto.— Provocou Edgar, com um sorrisinho.
— Eu ainda não sei porque eu conto as coisas para vocês dois.
— Porque somos seus melhores amigos que você conhece a vida inteira. Mais ainda… Porque somos os únicos que não vamos entregar a sua cabeça para a forca por confraternizar com o inimigo.— Respondeu Edgar.
— Reformulando a frase do nosso amigo. Por confraternizar na cama do inimigo.— disse Thomás.
Peter apenas respirou fundo. De uma coisa tinham mesmo razão: Eleanor e Sasha no mesmo ambiente seria a receita perfeita para o desastre.
Ainda mais porque ele não sabia o que Sasha seria capaz de fazer com uma informação tão preciosa, caso ficasse sabendo dos dias que Peter passou com Ellie na casa de campo.
— Sabem o que eu preciso por hoje? Preciso apenas de outra dose. Enquanto mantiver a minha cabeça ocupada em ganhar o cargo no final do ano, não será Eleanor Lowell a atrapalhar o meu caminho.
…
Ellie estava saindo do estacionamento quando se deparou com Sasha na sua frente, como se a esperasse.
Ela lançou um olhar questionador para a outra mulher, que não parava de encará-la.
— Eu acho que nunca tivemos a oportunidade de ter uma conversa franca, tão frente a frente.
— E por que teríamos uma conversa franca? Você trabalha na equipe do Peter, não na minha.
— Não se faça de desentendida, Eleanor, sabe muito bem que não estou falando de trabalho com você. Quero falar sobre o Peter.
— Sasha, eu tenho muito o que fazer e perder minutos preciosos do meu dia falando sobre Peter Fernsby não está incluso nos meus planos.
— Você é uma mulher inteligente, Eleanor, é o tipo de rival que eu respeito e considero a minha altura.
— Vou agradecer o seu elogio e dizer que é recíproco, exceto pela parte em que estamos rivalizando algo.
— Não algo, mas alguém. Afinal de contas, nós duas queremos o mesmo homem, e para ser uma briga justa, você deveria começar sendo honesta consigo mesma.
— Sasha, eu acho que não estamos no mesmo compasso. Eu não me lembro de estar interessada por ninguém, você está alucinando.
— Eu sei que anda acontecendo algo entre o Peter e você. Eu vi quando vocês entraram juntos no banheiro.
— Eu não entrei no banheiro com ninguém. Aquele estrupício que foi atrás de mim para me infernizar.
— Eu estou de olho, Eleanor. Mas só quero te dizer que eu vou brigar pelo Peter com todas as minhas armas. Ele já foi apaixonado por mim uma vez, eu sei que eu posso reacender esse fogo.
— Se é por falta de um “ boa sorte”, vai em frente. O caminho para o Peter está totalmente livre, porque ele não me interessa.
— Você está certa do que está falando, Eleanor? Porque depois não vale voltar atrás.
Ellie engoliu em seco ao ouvir aquele questionamento.
— Não me interessa nada que diga respeito ao Peter, nada além da minha fábrica. A sua relação com ele é problema de vocês dois e eu espero não ser incomodada novamente por esse assunto.— ela fez menção de sair do estacionamento, mas Sasha segurou o seu antebraço, com força, fingindo que nada está acontecendo.
— Você não vai me deixar falando sozinha.
Ellie puxou o seu braço para trás com força e rispidez.
— Não volte a colocar as mãos em mim, Sasha, ou eu arranco os seus dois braços.— disse Ellie com frieza, antes de finalmente deixar o lugar.
— Você não vai ficar saindo pela lateral, Eleanor. Não vai mesmo.
…
No final do dia, após ter evitado cruzar o caminho do Peter o máximo possível, Ellie finalmente pôde voltar para a sua casa e fingir que aquele dia - junto os outros anteriores- não existiu.
Chegou em casa exausta, tinha muita raiva acumulada, mas não se achava no direito de ficar indignada.
Aqueles dias na casa de campo com Peter Fernsby não deveriam ter significado nada, no entanto, ela se sentia usada.
Tentava enfiar abaixo um copo de uísque quando Claire a encontrou em seu escritório, na sua casa.
— O que você está fazendo?— Claire observou a irmã, surpresa.
— Organizando os últimos detalhes para a festa de aniversário da Dynasty.— ela respondeu, sem tirar os olhos da tela do computador portátil.
— Desde quando você bebe uísque?— Claire fez uma careta ao pegar o copo que estava sob a mesa e cheirá-lo.
— Desde que eu tive a ideia estapafúrdia de passar algumas dias na nossa casa de campo com Peter Fernsby.
— Você parecia bem feliz.
— Hoje eu percebi que foi uma grande burrice.
— O que houve, Ellie?
— Fernsby é acostumado a jogar com as mulheres. Eu só fui mais uma para a coleção dele.
— Eu pensei que você não se importava em enxergar o seu caso com o Peter como uma diversão.
— Ninguém quer se sentir usado, Claire. Você também não gostou quando o seu príncipe encantado dos vinhos disse que não fica com a mesma mulher por mais de uma vez.
— Hoje você está insuportável.— Resmungou Claire, antes de deixar o lugar.
Ellie voltou a se concentrar nos seus afazeres, quando o seu celular tocou.
Era Peter que a ligava através do aplicativo de mensagens.
— O que você quer?
— Isso não é forma de atender o sócio, é?— Perguntou Peter, do outro lado da linha.
Pelo barulho, ele estava dirigindo.
— Não deveria fazer ligações enquanto está no volante, Fernsby.
— Está preocupado com a minha saúde? Ah, que comovente.— Retrucou o homem, com ironia.
— Por que você não fala logo o que quer?
— Apenas te desejar uma boa noite, já que não nos vimos hoje. Eu estou indo para um jantar.
— Suponho que com a Sasha.— ela deduziu.
— Bingo. Mas por quê? Te incomoda?
— Me incomoda a partir do momento que as suas amantes vêm tirar satisfações comigo.
— Não me diga…— ele a provocou com o seu ar de ironia.
— Espero que não tenha dito a ninguém sobre o que aconteceu na casa de campo. Até mesmo porque, eu já esqueci.
— Será que esqueceu mesmo? Algo me diz que não.
— Não seja ridículo e pretensioso, Fernsby. Se concentre no seu encontro e pare de me atormentar.— ela desligou na cara dele, em seguida.
Bufou, irritada, em seguida fechou a tela do notebook.
Não tinha mais cabeça para pensar em trabalho. Segurou o copo de uísque que já estava pela metade e o entornou de uma vez.
— Fernsby pensa que ele é o único que pode ter amantes? Eu posso ter quantos homens eu quiser. Veremos se ele vai cantar vitória por muito tempo. A noite da celebração do aniversário da Dynasty está chegando, e eu garanto que será uma noite cheia de surpresas.