Erro irreparável

1539 Words
Claire estava determinada quando foi na festa da colheita, na companhia de suas amigas. Ela não iria embora sem extrapolar todas as tentativas de ficar com o Alex novamente, ainda que por uma única noite. — Não é o seu querido Alex ali?— Murmurou Penélope, amiga de Claire. Ao voltar-se para trás, ela teve uma desagradável surpresa. Alex murmurava algo no ouvido de uma loira, que ao rir, aproximava-se mais dele. Claire deixou-se conduzir por um impulso raivoso ao caminhar na direção dele. Suas amigas tentaram segurá-la, mas foi inútil. — Alex!— ela colocou-se no meio dos dois sem pensar que estava sendo inconveniente. — Claire? Você ainda está aqui? Pensei que já tivesse voltado para Londres. — Quem é essa, Alex?— Perguntou Hayley, a outra mulher com quem ele flertava. — Uma amiga de Londres. Só me dá um minuto, boneca. Preciso me despedir da Claire antes que ele vá. A garota concordou, ainda que desconfiada. Alex conduziu Claire para o outro lado, não estava nada satisfeito com a intromissão dela. — Eu estou realmente para voltar para Londres, Alex. Tenho muito trabalho e não posso prolongar mais.— ela parou de caminhar, fazendo-o parar também. — Claire… — Eu quero uma despedida, Alex. Uma despedida exatamente como no nosso primeiro encontro. Eu só vim aqui para te ver, não teria sentido… — Claire, por favor, para, não faz isso com você.— ele levou o indicador para o meio da boca dela, fazendo-a ficar quieta. Ela acabou acatando os pedidos dele. — Você é linda, tem uma conversa incrível, é uma companhia maravilhosa, é uma moça muito inteligente… — Alex, eu não quero que você fique listando meus adjetivos. Não foi isso que eu vim falar. — Eu fui muito sincero com você antes de ficarmos. Eu não fico mais de uma vez com a mesma mulher, porque eu não quero criar vínculos com ninguém. Você disse que não se importava, Claire. Por favor, a situação está ficando constrangedora e isso está sendo péssimo para você e para mim. — Eu prometo que eu não volto a ir atrás de você. Mas será que não tem como quebrar essa regra só uma vez? — Claire. Tudo vai ser mais difícil se for assim. Não insista dessa forma, você não precisa se humilhar assim. Você vai achar alguém te mereça, alguém que te ame, mas essa pessoa não sou eu. Os olhos claros da Claire prontamente marejaram e Alex logo deu um jeito de ir embora, antes de que acabasse não resistindo. Ele não suportava ver uma mulher chorando. Claire deixou a festa nas pressas, sem conversar com ninguém. Ela voltaria para Londres com o peso de uma derrota nos ombros. O primeiro que fez ao chegar na casa de seus pais, foi tentar ligar para Ellie. Não demorou muito para que fosse atendida. — Ellie.— Murmurou Claire, com a voz de choro. — Claire. Você está chorando? Aconteceu alguma coisa?— Perguntou a outra, do outro lado da linha. Ao contrário de sua irmã, Ellie estava passando dias incríveis ao lado de Peter Fernsby. Naquele momento ela estava nua, coberta apenas por um lençol. Os dois estavam deitados sobre o tapete, entre almofadas e de frente para a lareira. Peter tinha ido buscar uma outra garrafa de vinho. O jantar que teriam naquela noite seria especial, feito por ele mesmo. — O Alex me dispensou. Foi horrível, Ellie. Eu percebi o muito que eu estava me humilhando. Na minha cabeça o que era determinação, na dele era insistência e conveniência. — Claire, minha querida… Você não tem muita experiência com homens. Esse tipo deve ser daqueles homens encantadores e com palavras bonitas que te enfeitiçou. Mas você vai dar a volta por cima, sabe por quê? Porque ninguém morre por coração partido. — Eu vou voltar agora mesmo para Londres, não tenho mais nada para fazer aqui.— Claire desligou a chamada, em seguida. Ellie respirou fundo, preocupada com a irmã. — Problemas de família?— Perguntou Peter, enquanto servia as taças. — É a Claire. Ela se apaixonou por um homem que não fica mais de uma vez com a mesma mulher. — Esse tipinho é o pior que tem. Chega com uma conversinha boa, trata a mulher como uma princesa e até diz que não fica com a mesma mulher por mais de uma vez. E claro, como vocês são criaturas movidas a um bom desafio… — Não generalize, Peter. Esse tipo de desafio não enche os meus olhos. Eu não perderia tempo com algo que eu sei que só vai me fazer m*l. Se um homem me colocar em uma sinuca de bico como essa, eu abro mão dele sem pensar duas vezes. — Será, Eleanor? Todo mundo fica burro quando fica apaixonado. É fácil falar quando você é a peça que está de fora. — Eu sou mais racional nesses assuntos. Não vou perder a minha dignidade por causa de um falso amor. — Você diz isso porque nunca se apaixonou de verdade. — E você, Peter Fernsby? Você já se apaixonou por alguém?— ela perguntou, já sabendo da resposta. Melissa, uma garota simples de SunFlowers do Sul havia sido a única pessoa por quem Peter havia se apaixonado, mas ela acabou o trocando por um fazendeiro da terra. Ellie conhecia muito bem essa história. Todos da cidade conheciam. Por isso, mesmo passando mais de dez anos, Peter continuava falando m*l da cidade que um dia havia sido o ponto de encontro do seu grande amor. Peter sabia que Ellie conhecia o motivo de toda a sua amargura, aquele era mais um motivo para tanta antipatia por ela. — Já, há muito tempo. E como todo mundo fui muito burro. Por isso eu tenho muito cuidado para não me apaixonar novamente. — Não acho que isso é algo que possamos controlar. Mas não concordo que para estar apaixonado por alguém precisa perder a sua dignidade.— Rebateu Ellie. — Eu prefiro não correr o risco. Sempre que sinto que vou me apaixonar por alguém, eu afasto a pessoa. Ellie parecia pensativa sobre o assunto. Por alguma razão, escutar aquilo a deixou desconfortável. — Bom, vamos continuar com o nosso jantar. Essa conversa é um tanto incômoda demais e não tem nenhum propósito para nós.— Ellie tomou a iniciativa de servir os pratos. Eles continuavam sentados no chão, usando a mesinha de centro como apoio. — Eu concordo, não tem nenhum propósito. Por isso eu acho muito racional o que estamos fazendo. Nós dois temos vontades e sabemos separar isso dos nossos sentimentos. — Sim, Peter. Eu jamais me apaixonaria por você e sei que é totalmente recíproco. — Um brinde ao “ jamais me apaixonaria por você”.— ele ergueu a taça. Ela também ergueu a taça que segurava para encostar na dele. Na manhã seguinte, os dois partiram cedo, foram direto para a fábrica. Peter já chegou enfrentando problemas. Ellie e ele chegaram na maior discrição. Entraram separados, cada um foi para um lado. Ele logo soube por um de seus amigos que Sasha havia pedido uma quebra de contrato, e que em poucos dias pretendia deixar Londres. Desesperado, Peter foi atrás dela. A mulher terminava de fazer algumas das fotos que faria parte da coleção, quando o homem adentrou o lugar. — Sasha! Por Deus, ainda bem que você continua aqui. Não pode me deixar na mão desse jeito, você é minha estrela. — Eu fiz algumas publicações nas minhas redes sociais promovendo a sua nova linha, mas foram as últimas. Pelo bem da minha saúde mental eu preciso voltar para Paris. Foi um erro misturar assunto pessoal com trabalho. — Se você reconsiderar, colocamos a condição que quiser, o que pedir. Sasha estreitou os olhos, parecendo pensativa, no entanto queria parecer difícil. — Eu não sei se confio em você. Quem mente em um âmbito da vida, mente em tudo. — Serei transparente com você, eu prometo. Podemos redobrar o seu cachê. — Não é só pelo dinheiro, Peter. Eu quero outro tipo de reconhecimento. Quero que você promova o meu trabalho e a minha importância com palavras. Quero que você seja totalmente sincero comigo. E o mais importante, não quero ouvir recusas para os meus convites. Sabe muito bem que eu odeio ter que lidar com um “ não”. — Fechado. Será que podemos comemorar a sua decisão de ficar? Posso te convidar para um almoço? — Não sei, preciso ver com meu assessor se já não tinha combinado um almoço. Mas um jantar eu consigo encontrar um espaço para você. — Perfeito.— ele segurou as mãos dela e pousou um beijo em cada dorso. Pela fresta da porta, Sasha viu quando Ellie ia passando. Sem demora, ela puxou Peter para um beijo. Toda a equipe de fotógrafos ficou bastante surpresa, inclusive o próprio Peter, que não foi capaz de recuar mediante o acordo de pazes deles. Ellie paralisou ao ver a cena, e por mais que se achasse i****a, ficou muito desconfortável ao presenciar aquilo. Cada vez o arrependimento vinha mais forte. Ter passado aqueles dias dividindo cama e mesa com Peter Fernsby foi um erro irreparável.
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