Dante olhou para a máscara por um instante, pensativo, e depois balançou a cabeça.
“É mais divertido provocá-la assim. Deixa como está. Já conseguiu as informações que pedi?”
Ao ouvir a pergunta, a secretária deu um passo à frente e complementou:
“Senhor, a Renee Gallo é uma moça bondosa e cheia de vida. Todos na vizinhança gostam muito dela. É uma boa pessoa, de coração.”
“E o senhor deveria ser bom com ela. Uma garota assim merece um homem decente”, aconselhou Chad.
Dante franziu a testa e refletiu:
Será que ele era tão r**m quanto diziam por aí?
“Quero ser bom para ela. Só não sei se vou conseguir.”
“Você consegue”, insistiu Chad.
Dante nunca ligou para o que os outros pensavam dele.
Claro, gostava que as pessoas tivessem medo e se curvassem a ele — mas, por sua futura esposa, estava disposto a tentar ser uma pessoa melhor.
Uma versão menos sombria de si mesmo.
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Renee se sentia bem melhor depois de descansar o dia todo.
No dia seguinte, já pensava em voltar para a faculdade.
Tinha acabado de entrar na universidade e já perdera vários dias.
Precisava recuperar o tempo perdido.
Desceu as escadas e viu Dante à mesa tomando café da manhã.
Segurava a faca e o garfo com as mangas levemente arregaçadas, revelando um relógio caro no pulso.
Cada gesto dele transparecia uma educação refinada, quase natural.
Não usava paletó, só uma camiseta branca que marcava bem seu físico — ombros largos, braços definidos.
Se o rosto não fosse marcado, seria o marido dos sonhos de qualquer garota: um príncipe encantado de cair o queixo.
Sabia, pelo mordomo, que Dante tinha 30 anos.
Onze anos a mais que ela.
Onze! Nunca imaginara ficar com alguém com tanta diferença.
Só esperava que dessem certo — caso contrário, a vida ao lado dele seria um tédio infernal.
Sentou-se ao lado dele e começou:
“Olha, preciso voltar pra faculdade. Já paguei o dormitório e tudo, então tenho que morar lá. Tudo bem pra você?”
“Tudo bem. Mas você pode me visitar nos fins de semana. Precisamos criar um laço antes de casar. Além disso, você disse que ia se acostumar com a minha cara — como vai fazer isso se sumir?”
Dante sabia o que ela tentava, mas não a deixaria escapar de novo.
Sua vida tinha ficado mais interessante com ela por perto.
Renee suspirou e calou.
Tinha se gabado de que superaria o medo, e agora ele a obrigaria a um “treinamento de coragem” todo final de semana.
Arrependida, baixou a cabeça e comeu o café sem vontade.
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Renee foi para a aula naquele dia, assistiu a algumas disciplinas e, ao meio-dia, resolveu dar um pulo em casa.
Estava fora havia dois dias e imaginava que a família devia estar preocupada.
Chegando à porta, ouviu as vozes de Aurora e Maria:
“Ainda bem que a Renee, tola, topou ajudar a família. Não suportaria imaginar você no lugar dela, amor.
Consegue acreditar que vai casar com aquela fera?
E o pior: mesmo sendo rico, ele não herda nada — é o terceiro filho!
O que você precisa, Aurora, é descobrir tudo sobre o Thiago Moretti, o primogênito do Gustavo.
Faça ele gostar de você e case com ele. Aí sim, vamos viver na riqueza pelo resto da vida.”
Aurora riu:
“Mãe, não quero casar com ninguém da mesma família que a Renee.
Fico feliz que ela finalmente vai embora. Não aguento mais dividir espaço com ela.”
“Aurora, você acha mesmo que a Renee vai conseguir se casar com essa família?
Não lembra como o Dante é c***l?
Tenho certeza que ele vai acabar com ela.
Enquanto isso, você vai conquistar o Thiago.”
“Tem razão, mãe. Ela não tem a menor chance com o Dante.”
Aurora sorriu e completou:
“Finalmente aquela insignificante some da nossa vista.”
Renee sentiu uma dor aguda no peito ao ouvir cada palavra.
Sempre soube que Maria não era sua mãe biológica, e Aurora, só meia-irmã.
Mas durante anos, as duas foram gentis com ela.
Pareciam uma família de verdade.
Se alguém dissesse que a odiavam por dentro, Renee nunca acreditaria.
Agora, a verdade doía — e doía muito.