Capítulo 6

799 Words
  Renee nunca conheceu a mãe biológica.   Maria sempre contou que a encontrou na porta de casa, ainda bebê, com um bilhete dizendo que era filha do Rico.   Na época, Aurora tinha três anos. Rico sabia que tivera um caso, mas com medo de perder Maria, mentiu e disse não saber de nada sobre a criança.   Maria insistiu no teste de DNA — que confirmou a paternidade. Só então Rico admitiu a traição e implorou perdão. Como a menina era dele, não teve escolha a senão dar-lhe um nome e criá-la. Com o tempo, foi criando afeto por Renee.   Mas Maria e Aurora nunca gostaram dela. Só fingiam quando Rico estava por perto. Durante anos, planejaram secretamente como se livrar da intrusa.   Renee ficou arrasada ao descobrir que nunca foram sinceras.   E ela ainda achava que estariam preocupadas com seu sumiço.   Soltou a maçaneta, olhou para a porta com tristeza e afastou-se devagar.   Não notou o carro estacionado do outro lado da rua — aquele que a seguia desde a manhã.   Dentro estavam Dante, seu secretário e o motorista.   “Ela tá tão cabisbaixa”, comentou Dante, observando-a pela janela.   “Em minhas investigações no bairro, descobri que a mulher que a criou não é a mãe biológica. Alguns vizinhos dizem que Maria foi boa com a Renee, outros a veem como pessoa falsa. Não é conhecida por sua bondade, então é difícil acreditar que trataría bem a enteada. Por isso acho que a Renee talvez não se sinta em casa ali”, explicou o secretário.   Dante manteve a expressão fechada, sem tirar os olhos dela.   Caminhava de cabeça baixa. Ele não gostou de vê-la assim.   Aquilo apertou seu peito.   “Avise à família Gallo. De hoje em diante, tratem-na como rainha — ela é a minha rainha, e ninguém tem direito de entristecê-la! Posso resolver a dívida do Rico, mas também posso destruir essa família se me provocarem!” disse Dante com frieza, cerrando os olhos.   O secretário anuiu.   ----------------------------------------------------------   Renee tinha o hábito de comer doce sempre que ficava triste.   Foi a uma confeitaria e pediu vários pedaços de tiramisu.   Enquanto comia, tentava se animar.   Era bom saber das verdadeiras intenções da madrasta e da meia-irmã.   Se não as tivesse ouvido, continuaria achando que eram uma família feliz.   Pelo menos agora podia se cuidar mais e se proteger daquelas pessoas.   Dante não conseguiu evitar um sorriso ao vê-la devorando os pedaços de bolo, balançando a cabeça e conversando sozinha como quem se encoraja.   Não ouvia o que dizia, mas parecia tentar se reerguer e recuperar a alegria.   Achou aquilo adorável.   Pensou que ela choraria, mas em vez disso, estava ali comendo bolo e já esboçando um sorriso.   Era tão resiliente — e ele se impressionava mais a cada momento.   Dante havia saído do carro e entrado na mesma loja, cobrindo o rosto com um jornal para observá-la.   Depois de um tempo, resolveu ir embora.   Mal se levantou e deu dois passos, uma criança esbarrou nele.   O menino olhou para cima, viu o rosto de Dante, caiu no chão de susto e pôs-se a chorar desesperado.   O choro foi tão alto que chamou a atenção de todos, inclusive da Renee.   Ela surpreendeu-se ao ver Dante ali, mas não imaginou que a tivesse seguido — só pensou que também viera comer algo doce.   A mãe do menino correu para abraçá-lo e, ao ver o rosto de Dante, gritou:   “Qual o seu problema? Gente como você devia ficar trancada em casa, não sair por aí assustando os outros! E se meu filho entra em choque?”   Em segundos, outros clientes se juntaram a ela, comentando em voz alta sobre as “cicatrizes horríveis” no rosto de Dante.   Mas ele já estava acostumado. Até gostava de assustar as pessoas com a máscara — a melhor parte era que ninguém desconfiava que não era seu rosto de verdade.   Renee percebeu que ele só ficou parado, calado, e sentiu que estava magoado com os insultos.   Não sabia como ele ficara com aquelas marcas, mas acreditava que ninguém merecia ouvir coisas tão cruéis.   Sem pensar, abriu caminho na multidão e colocou-se na frente de Dante, de braços abertos, como a protegê-lo de todos.   “Como têm coragem de falar assim com ele? Foi seu filho que esbarrou no meu namorado e ainda sujou o terno dele com creme! Você é que devia pedir desculpas!”   Dante olhou para ela, incrédulo.   Ela realmente o chamou de “meu namorado” em público?   “Seu namorado?” A mulher revirou os olhos. “Está louca? Não vê como ele é assustador? Ele traumatizou meu filho, eu é que deveria ser indenizada, e você me pede desculpas? Todo mundo aqui vê como ele é horrendo. Isso pode assombrar meu filho pela vida toda!”
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