Capítulo 7

1108 Words
  A mulher não se desculpou, mas continuou fazendo uma cena. As pessoas ao redor murmuravam sobre a situação.   "Ela tem todo o direito de estar brava. O homem parece um monstro."   “Fala baixo! E se for um psicopata? Já vi na TV gente que vira assassino por complexo de defeito físico.”   “É melhor eu calar a boca mesmo. Não quero problema.”   Renee ficou magoada ao ouvir aquilo, mesmo que não fosse direcionado a ela.   As cicatrizes de Dante pareciam resultado de queimadura — ela sabia que não era culpa dele ter aquele rosto, e que ele não merecia ser humilhado daquela forma.   As pessoas deviam tomar mais cuidado com as palavras.   Enquanto os murmúrios continuavam, Renee gritou:   “Calem a boca, todo mundo!”   O grito fez um silêncio instantâneo cair na loja.   Seus punhinhos estavam cerrados de raiva.   Seus olhos, agora frios, miraram direto na mãe do menino.   “Como eu disse, você é que devia ensinar seu filho a não esbarrar nos outros. E aviso a todos: se alguém mais disser alguma coisa contra o meu noivo, vão ver com quem estão mexendo!”   Talvez pela coragem inesperada, ninguém falou mais nada — só ficaram olhando, atônitos.   “Agora vou checar as câmeras. Se provar que seu filho esbarrou nele e sujou o terno, você paga o preço.”   Dito isso, Renee pegou a mão de Dante e foi até um funcionário pedir as filmagens.   Dante não disse uma palavra, mas um meio-sorriso apareceu no rosto.   Nunca ninguém o defendera assim na vida.   Não sabia que ser protegido por alguém pudesse ser tão… acolhedor.   Seus olhos se suavizaram enquanto observava as mãos entrelaçadas.   A mão dela era pequena, macia, quente — e suadinha na hora.   As costas dela, retas como um pinheiro que não se dobra.   Dante via que ela estava nervosa, mas determinada a defendê-lo.   Max, o secretário, quis intervir, mas Dante fez um discreto sinal para que ficasse onde estava.   Max balançou a cabeça — o chefe claramente gostava de ser protegido pela noivinha.   Engraçado ver os papéis invertidos.   As imagens das câmeras confirmaram: a culpa era toda da criança.   Ao ver o vídeo, a multidão emudeceu.   Dante não tentara assustar ninguém — estava na dele quando o menino esbarrou.   Não merecia os insultos.   A mãe revirou os olhos e tentou outra desculpa:   “Meu filho é só uma criança, ele não fez por m*l! Mesmo que seu noivo não tenha intencionalmente assustado ele, a cara dele já é suficiente pra causar trauma…”   “Chega! Eu ia deixar por ser criança, mas como você insiste em insultar meu homem, vai pagar pelo terno.”   “Quanto custa esse terno horroroso aí? Você acha que não conheço sua laia? Tá desesperada por dinheiro, né?”   A mulher zombou.   “Me passa a etiqueta que eu pago metade. Meu marido trabalha numa empresa, só pra você saber!”   Renee sorriu, maliciosa.   Virou-se para Dante e estendeu a mão:   “Fala pra sua secretária mandar a etiqueta. Não vamos deixar barato.”   Dante fixou o rosto bonito dela — as bochechas coradas de empolgação.   Parecia que defendê-lo a deixava feliz.   Enquanto ela estivesse por perto, ninguém intimidaria seu noivo!   Ele colocou a mão sobre a dela e apertou.   Renee tentou se afastar, mas ele não soltou.   Ela corou ainda mais.   “O que você tá fazendo? Eu quero a etiqueta, não sua mão.”   “Gosto quando você me chama de ‘meu homem’. Pode continuar.”   Dante sorriu carinhosamente.   Percebeu que ela era realmente a mulher certa para ele — e decidiu que passaria o resto da vida ao lado dela.   Nunca a deixaria ir.   Renee encarou os olhos profundos dele — pareciam águas escuras.   Não distinguia bem as emoções ali, mas não ousava olhar por muito tempo.   Sentiuse nua sob o olhar intenso dele.   Desviou o olhar, mas deixou a mão na dele.   Max já tinha a etiqueta pronta.   O terno era criação do famoso estilista italiano Lyon, que nunca colocava preço em suas peças — odiava comercializar a arte.   Mas Max conseguira uma cotação.   Renee ficou pasma ao ver o valor.   Contou os zeros várias vezes até confirmar: o preço mais baixo era 10 milhões de euros.   Metade disso seriam 5 milhões.   Ao ver o número, a mulher ficou branca e sem palavras.   Quando recuperou a voz, gritou que era fraude.   Renee ia discutir, mas Dante a interrompeu:   “Deixa com o Max. Ele resolve.”   Tirou o paletó e jogou para o secretário.   Depois, levou Renee para o carro.   Ela ficou nervosa quando a porta fechou.   “Para… para onde a gente vai?”   “Você tava se divertindo com seu bolo antes da confusão. Vou te levar a outro lugar.”   Ele partiu.   Levou-a a um restaurante japonês.   Ao caminharem para a entrada, Renee sentiu que as pessoas poderiam olhar feio para ele de novo — então segurou sua mão, em apoio.   Dante entendeu o gesto e se sentiu aquecido.   “Tá com pena de mim?” Ele sorriu gentilmente, e o sorriso suavizou a dureza do rosto marcado, tornando-o mais suave.   Se não fosse pela desfiguração, ele seria deslumbrante.   Ela corou e ficou sem graça.   Tentou se convencer de que o defendia por serem noivos — e noivos deviam se apoiar.   Fez beicinho e negou:   “Não tô com pena. Só acho que ninguém tem direito de julgar pela aparência.”   Ele sorriu e puxou-a mais perto.   “Vem. Esse restaurante é de uma das empresas da família.”   Renee sentiu alívio.   Pelo menos a equipe do lugar o trataria com respeito.   Dante era como um vampiro — não podia ser exposto ao sol sem ser destruído por fofocas.   Percebeu então que ele devia ter passado por muitas situações desumanas.   Certamente se sentia sozinho e deprimido.   Caminhando atrás dele, olhando suas costas, sentiu que Dante era como um menino vulnerável.   Decidiu que não deixaria ninguém mais zombar dele.   “A propósito… o que você faria se aquelas pessoas continuassem me insultando mesmo depois do vídeo?” Dante perguntou, brincalhão.   Ela ergueu as sobrancelhas.   “Enfrentaria elas.”   Dante riu. “E ganharia?”   “Mesmo se não ganhasse, tentaria. Nunca vou ficar parada enquanto falam m*l de você. Pode relaxar — você não precisa mais enfrentar isso sozinho.”   De repente, Dante parou na frente dela, e ela esbarrou nele.   “O que foi?” Ela deu um passo para trás.   “Você percebe que acabou de me fazer uma promessa?”   “Que promessa?”   “De que vai ficar comigo para sempre. Então não ouse me abandonar… ou vou te assombrar até dormindo.”
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