- Eu te disse que não era para chamar atenção. Não foi isso que nós concordamos quando me pediu para começar a estudar na Millennium Academy? – dizia Kurosawa Juuzen em uma chamada de vídeo com Damian – Todos vão começar a prestar mais atenção em você e daqui a pouco descobrirão que não é o meu filho de verdade. Se descobrirem isso-
- E o que tem demais eles descobrirem? Qual é o problema de saberem que eu sou um lúpus? – Damian rebateu vendo a expressão séria de seu tio – Eu não quero esconder o que eu sou. Então olhando por esse lado, por que eu deveria seguir o que o senhor me disse?
- Porque eu sou o seu pai! Você tem vivido sob a minha tutela, querendo ou não. E para sua proteção lhe impus aquelas condições. Então se quiser continuar nessa academia, tem que cumprir com o que foi decidido no nosso acordo.
- O senhor diz ser meu pai, mas nós quase nunca ficamos juntos um com o outro. E quando nos encontramos pessoalmente trocamos poucas palavras... Está certo que tem cuidado de mim todos esses anos, me sustentando até que eu possa cuidar de mim mesmo. Mas ás vezes eu penso que se o senhor realmente me visse como um filho, ou então um parente de fato importante, o seu sobrinho, talvez eu conseguisse acreditar que é mesmo tudo apenas para minha proteção.
- Damian. Eu falo sério quando digo ser tudo para a sua própria proteção. Não chamar atenção, diminui o quantitativo de pessoas que futuramente possam vir a tentar algo de r**m contra você. Você carrega o meu sobrenome justamente para que ao ouvirem, não tentem nada, mas se souberem que isso é uma mentira... – expeliu um ar pesado – De qualquer modo, seja mais cauteloso, porque caso se envolva em algum escândalo terei que te tirar da academia em que está. Lembre-se disso.
- Mas-
- Eu tenho trabalho a fazer agora. Se estiver precisando de alguma coisa fale com o Johan e ele providenciará tudo. Ah, quase me esqueci. O seu cio está previsto para acontecer daqui dois meses, certo? Não se esqueça dos supressores. E caso se sinta m*l também avise o Johan, assim ele irá entrar em contato com o seus médicos particulares.
Com o fim da chamada, Damian, por ter ficado irritado fechou o notebook e o jogou de qualquer jeito no sofá, consequentemente o aparelho acabou caindo no chão. Johan que estava de pé até então apenas observando, agiu para pegar o objeto do chão e coloca-lo sobre a mesa no centro da sala.
- Já me irritei antes mesmo de sair de casa. – disse o alfa usando a mão para pentear os fios negros para trás – O incidente aconteceu no inicio da semana, mas deixou para ligar na manhã de sábado. – respirou fundo – Isso faz algum sentido para você, Johan?
- O senhor Kurosawa ao menos ligou e me pareceu preocupado com o jovem mestre. – dizia o mais velho com a intenção de tentar acalmá-lo – Ele deve ter ficado ocupado com o trabalho, mas conseguiu alguns minutos para conversarem.
- Eu diria que foi mais uma discussão do que uma conversa... De qualquer forma, não posso deixar que isso atrapalhe o resto do meu dia. O carro já está pronto? – questionou recebendo uma confirmação do beta – Ótimo! Então vamos indo, temos que passar na casa do Ren ainda. Falei que iria busca-lo mais cedo, ele deve estar pronto até chegarmos.
- Antes de irmos, tenho que confessar uma coisa, jovem mestre. – o alfa que já havia se levantado e dado as costas para o outro, se virou e o olhou com uma da sobrancelhas arqueada.
Johan pensou bem no que diria ao alfa.
- Por que tanto mistério? – perguntou vendo que o beta parecia pensar demais – Tem algo haver como Ren? – o outro assentiu – Aconteceu alguma coisa ontem á noite quando o levava para casa? – questionou preocupado.
- Sim. Mas o jovem Ren não se machucou, nada de m*l aconteceu á ele. O erro foi meu na realidade. – disse acalmando Damian – Eu acabei comentando sobre o fato do senhor Kurosawa não ser o seu pai, mas sim o seu tio. – ao ver os olhos do alfa se arregalarem um pouco, se curvou na intenção de mostrar o seu arrependimento – Eu sinto muito, jovem mestre. O jovem Ren comentou que o senhor havia dito sobre o seu pai e que também o levou até aquele lugar, então eu acabei...
Damian expeliu um ar pesado.
- Levante a cabeça, Johan. Não faça uma coisa dessas na minha frente, mesmo que seja para pedir desculpas. – soou sério – Não se martirize por algo assim. Não há m*l nenhum o Ren saber sobre esse fato, até porque em algum momento eu mesmo acabaria falando sobre isso. O problema é que ele deve ter pensado que eu devo ser patético.
- De maneira nenhuma! – disse convicto fazendo o alfa rir – Não há razão para que o jovem Ren pense algo assim. Na verdade, tenho certeza que ele não pensaria isso em hipótese alguma.
- Será mesmo? – soou pensativo – Eu fiz uma coisa que talvez possa ter o deixado chocado. Talvez ele nem queira que eu me aproxime muito dele. – dito isso viu o beta parecer curioso – Johan, acha que teria sido muito precipitado da minha parte se eu tivesse beijado o Ren?
- Perdão. O jovem mestre... o beijou? – soou incrédulo .
- Sim. – respondeu simplista – Fiz errado?
- Como uma pessoal normal eu diria que sim, mas como é o jovem mestre, talvez não tenha sido. Qual foi a reação dele?
- De preocupação. – riu – Ele disse que talvez tenha sido uma experiência r**m para mim, porque havia siso o primeiro beijo dele. Isso não é fofo?
- Se esse foi o caso, o jovem mestre tem que tentar se conter um pouco. Por ser inexperiente, talvez o jovem Ren, possa acabar achando que está brincando com ele... É isso que quer?
- Mas é óbvio que não. Eu deixei isso claro para ele, tenho certeza disso!
- Mesmo que diga isso, pense no jovem Ren. Se ele nunca beijou antes, talvez signifique também que nunca esteve em um relacionamento, então tudo que fizer para ele e com ele, será novo. Pense nele como uma tela em branco; deve pensar muito bem no método que usará para preenche-la e também como a manterá em bom estado.
- Dizendo assim, parece até que eu irei estragar o Ren de alguma maneira... Bem, de qualquer forma essa não é a minha intenção. Meu propósito agora é cuidar dele e não deixar que ninguém o machuque, porque eu gosto dele.
O percurso até a casa de Ren, foi um pouco demorado já que o fluxo de carros nesse horário estava grande, mas nada que o impedisse de chegar na hora combinada, já que havia saído um pouco mais cedo de casa. Uma das coisas que Damian não gostava, era se atrasar para algo, independente de qual fosse o evento.
Assim que desceu do carro ligou para Ren dizendo que havia chegado e o ômega logo foi atende-lo. O alfa assim que o viu achou um tanto engraçado.
- Me desculpa. Ainda não estou completamente pronto, mas em cinco minutos eu prometo que termino! – dizia o menor em um tom meio desesperado e com o cabelo ainda bagunçado. Damian precisou se conter, para não acabar tendo uma crise de risos. – Se quiser entrar e esperar aqui dentro... Está muito frio.
- Está bem.
Assim que entrou no requinte, a primeira coisa que notou foi o aroma natural que Ren exalava tomando toda a casa. Já havia notado que o ômega possuía um cheiro doce que se destacava dos demais, mas talvez por ser um ambiente fechado estava mais forte que o de costume. Sua atenção se prendeu em Ren, que agora terminava de colocar o tênis.
- Estou pronto, podemos ir agora.
- Tem certeza? Não está se esquecendo de alguma coisa? – Damian questionou, esperando que Ren se desse conta do que faltava, mas o ômega parecia não fazer ideia. Caminhou até ele e levou a mão ao topo da cabeça alheia – O seu cabelo. Ele está bagunçado.
- Ah!
Damian acabou por rir quando o outro se apressou e sumiu de sua vista apressado para ajeitar os fios rebeldes. Quando Ren voltou, notou que ele parecia reparar ao redor da casa de maneira pensativa.
- E então, podemos ir agora?
- Hm... Eu acho que sim. Estou com os meus documentos, dinheiro, chave de casa, arrumei o cabelo. É, agora nós podemos ir! – soou animado.
O alfa fixou o olhar no menor por um tempo, o suficiente para perceber que ele havia ficado constrangido. Sorriu minimamente.
- Como eu pensei, vai ser difícil. – disse vendo a expressão confusa do outro – Terei que me segurar para não acabar te agarrando enquanto estivermos juntos.
- Hã?
- Você está muito fofo com esse moletom. – a verdade era que mesmo que Ren estivesse com qualquer tipo de roupa, Damian continuaria achando ele fofo.
- Onde que isso é fofo? É apenas uma roupa comum usada em dias frios... – murmurou.
- Será que eu poderia te abraçar antes de irmos? Sinto que se eu não fizer isso agora, não conseguirei me acalmar de jeito nenhum.
Ao dizer tais palavras Damian se surpreendeu com a ação do outro. Ren caminhou até si e o abraçou.
- Eu não consegui retribuir o seu abraço ontem, então eu estou fazendo isso agora. – dizia afundando o rosto contra o peito do alfa, como se fosse uma forma de tentar esconder sua vergonha.
- Ren... Olhe para mim. – pediu, mas o ômega continuou escondendo o rosto em seu peito – Por favor. – insistiu mais uma vez, conseguindo fazer ele levantar o rosto para olhá-lo. Encostou sua testa na do menor e ficaram assim por alguns instantes – Eu quero te beijar...
O alfa não esperava por uma resposta, mas Ren agiu e lhe deu um beijo rápido. Em seguida se desvencilhou do abraço, surpreso com as suas próprias ações.
- Bom, agora sim nós podemos ir certo? – dizia á caminho da porta. – Temos que nos apressar, senão chegaremos atrasados e eu não quero fazer a Hana e o Chris esperarem muito por nós.
Ele poderia ter se contentado com aquele simples gesto do ômega, mas não achou o suficiente. Caminhou a passos largos até o outro e antes que a porta fosse aberta, alcançou o ombro alheio e logo o virou para que ficasse de frente para si. Com Ren prensado á porta, o olhou bem nos olhos.
- Então me fazer esperar tudo bem, mas quando é sobre eles pensa diferente? – soou com o rosto próximo do outro.
- Não é isso, só...
Ren se perdeu nas orbes douradas e não conseguiu dizer mais nada. Aceitou o polegar do alfa dedilhar os seus lábios, sabendo que logo após poderia vir outro beijo. Ele não podia negar o fato de que o outro tinha um certo controle sobre si e mesmo percebendo isso, não via como um problema. Algo dentro de si ansiava por além de sentir os simples toques.
Damian mais uma vez foi surpreendido quando o outro tocou-lhe no rosto, podendo sentir o calor das mãos alheias. Mas outro fator chamou sua atenção, ao olhar nas orbes de Ren, viu o lilás daqueles olhos mudarem por uma fração de segundo para o dourado.
- Ren, você... - antes que pudesse questionar o fato, foi beijado.
Dessa vez não era um simples beijo, nesse momento, ambos estavam em sintonia. Damian sentia que Ren queria isso, tanto quanto ele. A mão que repousava em seu rosto deslizou pelo pescoço até alcançar sua nuca e automaticamente a própria que estava na cintura do ômega, alcançou a lombar e o trouxe para mais perto de seu corpo.
Ren arfou em resposta. Este mantinha os olhos fechados aproveitando desse novo tipo de contato. Era de certa forma excitante sentir o corpo alheio tão colado ao seu. Ainda que não tivesse experiência quanto ao ósculo, seguiu a dica de manter a boca um pouco mais aberta, o que facilitou na hora de tentar acompanhar o outro.
Mesmo os termômetros estivessem batendo 10°C agora, Ren, estava com calor. Se perguntava se era mesmo normal ficar assim apenas com um beijo. Quando se fez presente a necessidade de recuperar o ar, afastaram-se minimamente, mantendo as testas coladas uma na outra. Era possível escutar ar respirações ofegantes um do outro, que se chocavam por ainda estarem próximos.
- Foi uma evolução bem interessante. – o alfa comentou com a intenção de provocar, mas também via como uma forma de quebrar o silêncio entre eles. O fato que o deixava curioso de verdade, era ter visto a mudança na cor dos olhos do menor.
- Não me provoque desse jeito. – pediu – Já estou confuso ao ponto de não conseguir raciocinar direito. – suspirou – Eu devia ter me contido, era o certo mas... Quando eu penso em não fazer nada, eu acabo me entregando á você, porque alguma coisa dentro de mim parece falar mais alto. Nesse curto período que nos conhecemos, sinto que meu coração vai explodir só de vê-lo. Isso acontece porque nos encontramos uma vez quando éramos crianças? Está tudo bem as coisas estarem tomando esse rumo? Por que você me deixa assim?
Damian o abraçou.
- Não há necessidade de pensar demais sobre isso agora, Ren. Acredite em mim. O que precisa saber é que eu prometo que não deixarei nada de r**m acontecer com você.