Secret library

2114 Words
O motorista particular de Damian os esperava em frente a escola e assim que viu Ren, aparentemente meio emburrado, abriu a porta do carro para que ele entrasse. - Olá, jovem Ren. – esboçou um sorriso – Por favor, acomode-se lá dentro. – soou com toda a cortesia. Á princípio ele pensou bem antes de entrar. Não seria desrespeitoso fazer isso antes do Damian? Se ele era um “jovem mestre”, ele quem deveria entrar primeiro. - Por que ainda não entrou? – perguntou o alfa dando um susto em Ren ao ver que ele havia o alcançado – Você já conhece o Johan. Nós te levamos em casa na segunda. - Sim, mas... Você quem devia ir primeiro. – o outro riu – Por que está rindo? - perguntou inconformado com a risada do alfa. - Ren, não se incomode por coisas pequenas, apenas entre. – com certeza ele faria alguma outra provocação se não entrasse, então fez o que falou. Damian entrou em seguida. – Viu? Não acontece nada se eu entrar depois, ou se eu entrar primeiro, dá no mesmo. - Mesmo assim aind- - Ren, quero que me trate normalmente. Me veja como Damian, e não como o filho do dono da KG. Eu já te disse isso. Mesmo achando ter pedido algo simples, para Ren, isso era a coisa mais complicada que ele poderia atender. - Podemos ir, jovem mestre? - Sim. Foram cerca de trinta minutos até que chegassem na casa do alfa em Yokohama, cidade onde ele morava e era por essas proximidades que o ômega acreditava que sua a mãe trabalhava. Se Ren soubesse disso no dia em que havia sido levado até sua casa, com certeza teria recusado, já que onde ele morava era para o lado oposto. Mas agora, quando pensava nisso, se perguntava como havia salvado o alfa quando criança, se eles moravam distantes um do outro. - Sinta-se em casa. – ele disse assim que entraram na residência. Logo veio Alex correndo para a entrada. Damian se abaixou e o animal rapidamente deitou no chão com a barriga virada para cima para receber carinho. – Estou de volta, Alex! O moreno havia dito que o ômega gostaria do seu cachorro por terem algo em comum, agora Ren entendia o porquê. Alex tinha a pelagem branca e volumosa, que o fazia parecer com um bichinho de pelúcia. Ele mesmo estava se segurando para não abraçá-lo de tão fofo que o canídeo era. - Qual é a raça dele? - É um Samoieda. É uma raça de origem Russa e também possui uma ligação próxima com os lobos. – enquanto ele falava, Ren se ajoelhou próximo a eles. Alex foi até o menor e repousou a cabeça em suas coxas. Automaticamente começou acaricia-lo. – Ele gostou de você. - Você disse que tínhamos algo em comum. Era por causa do meu cabelo... - Sim. Ambos são fofos. – sorriu – Vamos para o meu quarto. Lá tem tudo o que precisamos para fazer o trabalho. No segundo andar da casa, era onde ficava o quarto de Damian. Aparentava ser um quarto simples, paredes pintadas de branco, um ventilador no teto, uma cama estilo royal no centro, um guarda-roupa, a televisão e uma pequena estante de livros. O alfa caminhou até ficar de frente para a mesma e pegou algo escondido por entre os livros. - Um controle. – falou Ren e o outro virou minimente o rosto na sua direção e sorriu. Ao apertar um dos botões, a estante de livros começou a se mover até revelar um caminho para dentro da parede. – Uma passagem secreta... – foi a única coisa que conseguiu falar. - Uma biblioteca secreta. – corrigiu. Em seguida foi cortês, gesticulando para que o ômega fosse primeiro – Cuidado com os degraus. – alertou. Se Ren não estivesse se beliscando nesse momento, provavelmente pensaria estar em algum tipo de sonho. As paredes eram cobertas por grandes estantes cheias de livros e pareciam na mais perfeita ordem. Mesmo descendo um lance breve de escada, mais abaixo haviam outras secções de livros. Algumas obras só seriam alcançadas usando uma escada especifica, já que as estantes semelhantes ao estilo antigo eram altas. O lugar com certeza poderia ser considerado um patrimônio cultural. - Construíram uma casa em volta de uma biblioteca? - Não. Construíram uma biblioteca dentro da casa. – corrigiu e Ren achou que ele pudesse estar brincando, mas demonstrava seriedade – Aqui contém livros de todos os tipos. Há contos de gerações, histórias que muitos dizem ter se perdido com o passar do tempo, informações que talvez nem mesmo os governantes desse País saibam. - Isso não é ilegal? – Damian riu com tal pergunta – Por que seria? Isso tudo pertence a minha família. - Parece mentira. Sinto que eu conseguiria encontrar os nomes dos meus antepassados aqui se eu procurasse. - Talvez encontre mesmo, se souber procurar. – soou simplista – Vamos descer mais. O livro que a gente precisa está na primeira fileira lá embaixo. De tanta coisa que pudesse acontecer, certamente o de cabelos brancos não esperava por algo como isso. Como será que conseguiram essa façanha sem que aparecesse na mídia? Levando em consideração da família que Damian vinha, tudo seria possível. Quando chegaram ao chão, no centro de tudo aquilo, havia uma mesa de madeira. Tinha um estilo antigo, mas aparentava boa forma, assim como as cadeiras. Damian pegou o livro que havia dito; The Order and the Doctrine of Pythagoras. - Essa versão está em inglês, mas acho que não é problema para você. Vi que consegue falar fluentemente na aula de língua estrangeira. - Fluentemente é uma palavra muito forte. Eu acabei estudando algumas coisas, sei o básico. - Se está dizendo... Esse livro conta um pouco sobre os pensamentos que ele tinha. Podemos usar algumas informações daqui para introduzir sobre a vida dele. - Tudo bem. Você já leu? - Sim. No mesmo dia em que decidimos fazer o trabalho juntos eu procurei por esse livro e comecei a ler. É um livro pequeno, então acabei no mesmo dia e aproveitei para deixar algumas páginas marcadas do que eu achei importante. Dê uma olhada e me diga o que acha. - Ok. Ren fez algumas anotações conforme lia o livro, enquanto Damian, permaneceu sentado ao seu lado lendo outra obra. Hora ou outra, Ren acabava parando a leitura para olhá-lo, um ar intelectual o rondava e parecia estar tão concentrado. Era o que aparentava... - Você e a sua mania de ficar me olhando. – disse ainda olhando para o livro – Não sei como ainda não tenho um buraco no meu rosto. - Você faz a mesma coisa comigo na escola! – rebateu – Então eu também posso. – depois de tal fala, Damian fechou o livro e o colocou sobre a mesa. O ômega pensou ter sido m*l educado e que talvez tivesse passado dos limites. - Eu não disse que não podia me olhar, Ren. – engoliu seco quando ele direcionou o olhar para si – Mas sabe, eu te olho porque te acho muito atraente. – se levantou da cadeira e ficou de pé a esquerda do menor, que por reflexo voltou-se completamente para a mesa. - E-é mesmo? – gaguejou. Damian encaixou o indicador e o polegar no queixo alheio e virou o rosto em sua direção. Se inclinou minimamente na direção do outro. - O que você pensa de mim? – aproximou-se ainda mais. Queria ficar bem perto para que Ren o analisasse – Eu pareço atraente aos seus olhos? – questionou, enquanto suas orbes transitavam do azul para o dourado – Me diga, Ren. – soou com uma voz aveludada, fazendo o ômega se sentir atraído por si. - Sim. O alfa sorriu minimamente. - Se lembra do que eu disse sobre passar dos limites, certo? Me repreenda, se quiser que eu pare. – o foco dos seus olhos foi para a boca desenhada do ômega. Ren não era ingênuo para não saber o que viria a seguir, estava ciente das ações alheias. Seu coração parecia que iria pular para fora a qualquer momento e o corpo havia se enrijecido naquela cadeira, mas mesmo que lhe dissessem para sair dali e tivesse condições, não daria ouvidos. Algo dentro de si ansiava por aquilo mais que tudo. Fechando os olhos, sentiu em seguida os lábios alheios tocarem os seus. Apenas uma sobreposição de bocas, um simples beijo, que foi como um estalo para o ômega. Algo dentro de si havia despertado, uma vontade dentro de si que até então era desconhecida... Um sentimento que nunca o tomou antes, o desejo. Um desejo de que aquele ato do alfa continuasse por mais tempo, mesmo que não tivesse experiência alguma com isso. Ao notar que Damian afastar poucos milímetros de si, achou que pararia, porém foi algo breve, tornando o simples beijo em um ósculo mais intenso. Ren apenas tentou acompanha-lo, ainda que fosse de forma desengonçada. Mas ao perceber que a temperatura do seu corpo estava se elevando muito, assustado, acabou optando por recuar. - Me desculpa. – foi o que conseguiu dizer com a sua ação repentina. - Passei muito dos limites? – perguntou o moreno voltando a sua postura. - Não é isso. – respondeu Ren – Eu nunca beijei antes, então... Achei que estivesse sendo uma experiência r**m para você. - Você é mesmo... – suspirou. Damian não esperava que a preocupação do outro fosse ser essa, se estava sendo r**m para ele. Achou um tanto engraçado, mas muito fofo também – Não foi r**m. Mas na próxima, abra só mais um pouco a sua boca. – dizia acariciando os lábios do ômega com o polegar – Se fizer isso te garantirei um beijo ainda melhor. Próxima vez... - Vai ter uma próxima? - Se depender de mim, haverão várias outras. Sem saber o que dizer, Ren tentou pensar em alguma coisa que pudesse tirá-lo daquela situação constrangedora, o que foi em vão, já que sua vergonha aumentou mais ainda quando ouviu a própria barriga roncar. Agora pensava que devia estar fazendo um cosplay de tomate, pois sentia as bochechas de seu rosto arder. - Desculpa, acho que foi a minha. – Damian falou, recebendo logo um olhar de desentendido por parte do outro. - Hã? - Vamos subir e comer um pouco, depois nós continuamos. Não consigo trabalhar direito minha mente com a barriga vazia. - Ah, claro! Quando subiram, Damian decidiu por para assar algumas mini pizzas e nesse curto tempo que assavam no micro-ondas, fez suco de laranja para acompanhar. Ao ficar tudo pronto, comeram na sala enquanto assistiam um canal de noticias na televisão. - Me desculpa. Eu dispensei a cozinheira hoje mais cedo porque ela não estava se sentindo bem, por isso estamos tendo que comer pizza agora. - Está tudo bem. Se tivesse me dito mais cedo, eu poderia ter me oferecido para preparar a comida. - Você cozinha? – perguntou surpreso e o outro assentiu – Que legal! Eu arrisco algumas coisas ás vezes, mas a minha especialidade mesmo é fazer suco de laranja. – soou decepcionado. - Um suco muito bom por sinal. – Ren disse tentando animá-lo e o alfa riu. - Agora que eu sei disso, irei cobrar. – avisou. O menor tentava não pensar sobre o beijo, mas era difícil. Principalmente quando este notava o olhar do outro sobre si. - Por que você me beijou? – acabou questionando sem pensar direito – Quero dizer, por que eu? - Porque você, é você, Ren. – respondeu simplista – Os lúpus vem de uma linhagem capaz de compreender seu lobo interior. Eu sinto o meu me dizendo que você é a pessoa certa para mim. - Lobo interior? – soou meio confuso e surpreso ao mesmo tempo. - Eu sendo um alfa lúpus tenho uma forte ligação com a alma do meu lobo interior, funciona como uma segunda identidade. É por esse motivo que as minhas emoções sempre serão mais intensas que as dos alfas comuns. Alegria, raiva, amor, ódio... Qualquer sentimento que eu venha a ter acabam sendo multiplicado por dois. - Então... Quando diz que o seu lobo acha que eu sou a pessoa certa, você quer dizer que... - Ele quer você. – concluiu – Nós queremos você desde a primeira vez que nos vimos Ren. – continuou com um olhar intenso direcionado ao ômega. Ren se perguntava quantas vezes mais ele iria sentir a pressão eu seu peito causada pelo alfa. Mais quantas vezes, o seu coração bateria em um ritmo desregulado quando trocassem os olhares...
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