A relação de mentira.

2774 Words
Enfim, desperta a bela adormecida! Diana: Acordei atordoada numa maca tomando soro, sinto uma dor de cabeça infernal e não consigo me lembrar do que aconteceu antes de eu apagar. Stefano está na poltrona ao lado dormindo como um anjinho enquanto sua mãe mexe em seus aparelhos médicos. - Eu... Estou assim por quanto tempo? - Pergunto meio tonta. Nada me vem à mente com muita clareza e estando grogue assim, não dá para pensar direito. Rezo para que eles não tenham visto minhas cicatrizes, estou sem as minhas roupas e isso foi a primeira coisa que pensei, não estou com cabeça para discutir sobre elas agora... - Até que enfim você acordou! - Disse aliviada. - Até que enfim?? - Retruco. - Mas por quanto tempo estou nessa situação? - Pergunto já com medo da resposta. - Você apagou por 5 dias. - Quase infarto ao ouvir a voz do Stefano. - Não! Não pode ser verdade. - Digo incrédula diante do que ouvi. - Você com certeza cairia dura de susto se soubesse quão doente está. - Diz Eliza olhando para uma prancheta. - Crianças por favor se comportem, vou a sala ao lado para ver mais um paciente e já volto. “Realmente, eu quase cai dura e se ela não voltar eu vou mesmo cair dura no chão!” - Quanto tempo tem esses cortes no seu corpo? - Seu tom de voz me deixou estática e olhando para o rosto dele sinto o sermão se aproximando. - Que? Mas que cortes? - Retruco tentando desviar o assunto. Devo estar igual a uma pimenta... - Você vai me forçar a isso? - Pergunta deixando sua mão em cima do meu cobertor. Com toda certeza ele viu tudo... Permaneci em silêncio, deixando que Stefano se enfureça de uma vez, estou envergonhada por tudo isso estar acontecendo, mas dessa vez ele não vai sair daqui sem uma resposta. - Vou abrir o jogo para você... Me diga, o que você quer ouvir de mim? - Cruzo os braços esperando resposta. - Eu não tive ajuda de ninguém, eu só queria... Queria acabar com todo esse inferno! É uma pena que nenhum desses cortes resolveu o problema para mim. - Depois do breve momento de coragem, abaixo minha cabeça e espero o que ele tenha para me dizer. - Eu vou ficar do seu lado. Não vou sair da cidade enquanto você não entrar naquela faculdade, vou me certificar que estará morando lá quando eu precisar partir... - Me diz uma coisa Stefano... - Digo interrompendo-o. - Em que merda você tá pensando? Eu só vou atrapalhar sua vida, porque você não me deixa me paz!? - Bom, agora... Estou pensando em te beijar até perder o ar. - Retruca, fazendo uma cara de bobo apaixonado. - Você não percebe que eu te amo Diana!? Eu não vou te deixar em paz, então para de tentar me afastar! - O que você... - Minha voz é um sussurro, mas dessa vez sou interrompida quando seus lábios encontram os meus. Esse beijo está me transformando em uma gelatina, é tão intenso e selvagem... Ao mesmo tempo que tira um peso enorme dos meus ombros, me faz ignorar tudo ao meu redor. Só nos desgrudamos quando a porta se abre e Eliza entra. - Eu lamento muito, mas vou ter que estragar o dia de vocês com o que eu tenho para dizer. - Deus me proteja dessa mulher! Com esse olhar de quem tá querendo me esfaquear, estou morrendo de medo do que pode ser. - Sua mãe tá aqui te procurando Diana, infelizmente ela não tá sozinha. - Maravilha mãe, estragou mesmo nosso dia com essa notícia. Eu vou até lá falar com eles. Ouvir isso acabou com todo meu dia... Eu não queria que o Stefano fosse até lá, mas também não pude segurá-lo e assim que ele saiu, Eliza se sentou ao meu lado, claro que para ferrar tudo, ela está com um semblante que está me fazendo piorar... Eu imagino sobre o que ela queira conversar, mas não estou afim de falar sobre o meu passado. O dia já está cheio o bastante e com aquele beijo tudo desandou... Agora com essa visita indesejada, estou decretando perda total de uma vez. - Quero que você saiba que jamais vou te julgar, mas porque escondeu aquelas coisas do meu filho? - Ela parece confusa, mas não está surpresa, com certeza já viu outros casos como o meu. - Escondi por medo... Eu não consigo me abrir com alguém, por pensar... Por achar que todos vão ser iguais a minha mãe... Além de não acreditar em mim, ela acha que sou maluca. - Digo com o sorriso mais triste que brota em meu rosto. Achei que ia receber sermão, mas consegui deixá-la muda. - Eliza, me desculpa, eu queria contar, mas depois de ser ignorada por todos ao meu redor, por pessoas que eu pensei que pudessem me proteger, decidi segurar tudo para mim até explodir. - Minha voz sai com um pingo de arrependimento. Sinceramente, espero que ela só esqueça de tudo que falei agora, minha cabeça paranoica acha que ela possa querer se aprofundar no meu passado e querer saber mais, eu odeio falar sobre essas assombrações que rondam a minha vida até os dias de hoje, então, que ela apenas esqueça disso. A conversa ia continuar, mas infelizmente, a porta se abre e leva embora a minha vontade de viver. - Minha filha, graças a Deus você melhorou! - Juro que nunca na minha vida, eu vi minha mãe ser tão cínica. - Com licença! Ela não melhorou e não estamos no horário de visitas. Os dois poderiam se retirar por favor? - Pede Eliza vendo que eles entraram aqui sem permissão. - E a senhora quem seria? Vim ver minha filha e você não vai me impedir. - O cinismo da minha mãe e a mania dela se achar superior aos outros me impressiona, é realmente muito incrível como ela se acha a dona do mundo. - Se me chamar de senhora outra vez, vocês dois sairão daqui a força entendeu!? - Eliza aumenta a voz. De um lado, a rivalidade das duas e do outro a rivalidade dos dois brutamontes... Isso não vai acabar bem. Stefano retribui com provocação os olhares assassinos do Thomas. - Da para ver quanto você se importa com sua filha Yonne. - Disse Stefano entrando na discussão. - Ela já está aqui a tantos dias e só agora você lembrou que tem uma filha? Esse falatório está me fazendo perder a paciência, estão aumentando o tom de voz enquanto eu estou aqui só olhando, a presença do Thomas nessa sala apertada está me deixando maluca e eu só quero fazer isso parar. As dores de cabeça estão voltando e eles não param de gritar, se eu não parar essa briga idiot4, minha cabeça vai explodir. - CHEGA! - Grito o mais alto que posso para atrair a atenção de todos e consigo, por isso continuei: - Mãe, que merda você está fazendo? Eu quero distância de vocês dois, o que mais eu tenho que fazer para que entendam isso? - Minha filha, onde estão seus modos? Ficamos preocupados e é assim que você nos recebe? - Tá brincando comigo né? Não consigo entender de quem foi que você puxou ser tão cínica e mentirosa! - Digo interrompendo-a. Dessa vez ela não vai sair por cima, antes da resposta sair da boca dela eu acrescentei: - Eu nem sei se posso te chamar de mãe, você nunca acreditou em mim... Por favor, sumam daqui agora! As coisas passaram do limite e já tá na hora de parar, antes que aconteça algo ainda pior. Não consigo acreditar que ela teve a coragem de levantar a mão para mim que mal consigo sair dessa cama de tão fraca, dá para ver que nem doente eu estou salva desses dois. Eu já estava esperando levar o tapa, mas rapidamente Stefano se levantou e cortou a graça da minha mãe. - Não se atreva! Toque nela e será a última vez que terá suas mãos... - Se você pretende manter seus dentes na boca abaixa esse tom. - Deu para ver que Stefano perdeu a paciência e para completar, acertou em cheio o rosto de Thomas que foi jogado no chão com a força do soco. - Foi mal, fiquei te devendo essa já que não tive tempo naquele beco, eu sugiro levá-lo para colocar um gelinho Yonne, ele vai precisar. - Stefano sabe como irritar os outros. - Você não vai fazer nada!? - Minha mãe grita achando que aqui ela vai mandar em alguma coisa. Com certeza dá para ouvir os gritos dela lá de fora. - Madame... Esse hospital é meu, atendo quem eu quiser e como já falei antes... NÃO É HORA DE VISITAS PORR4! - Eliza retruca gritando ainda mais alto. - Serei breve, sumam daqui, antes que eu chame os seguranças! - Eu nunca na vida achei que uma mãe teria coragem de fazer o que você fez, tentando agredir sua filha nesse estado, isso só prova que ela vai ter uma vida melhor comigo! - Afirma Stefano segurando minha mão. - Vai se arrepender disso moleque! Eu juro que farei você se arrepender! - É surpreendente a força que Thomas ainda tem para falar asneiras, mesmo estando com a boca tão machucada, ele ainda tenta incitar a discórdia por onde passa. - Vamos embora de uma vez, essa ingrata ainda vai voltar correndo para nós quando esses dois a deixarem na rua... - Não, minha senhora, te garanto que não vamos deixá-la na rua e me faça o favor de me acompanhar, umas pessoas precisam saber o que realmente houve aqui. - Eliza já sem paciência interrompe a minha mãe novamente. - Minha princesa, eu vou com ela, mas é rápido, volto já e assim podemos continuar de onde paramos. - Cochicha no meu ouvido e me dá um selinho enquanto aperta minha perna. Notei os olhares de ódio do Thomas de longe, sinceramente sinto medo do que pode me acontecer, eu sei que isso foi para provocá-lo. Espero que não demorem muito e que eu não tenha dado mais problemas para eles. Graças ao Stefano eu consigo sonhar novamente, quem sabe um dia eu vou poder ter a paz e o sossego que tanto procuro... Mesmo não conseguindo dormir por causa da dor de cabeça, viro para o canto olhando para parede enquanto continuo viajando em meus pensamentos, porém, a porta se abre... Fecho os olhos para fingir um cochilo, mas infelizmente, a voz é conhecida, agora o palco está montado, eu sozinha com o Thomas fechando a porta, é tudo que faltava para acontecer hoje. - Sabe? Esses riquinhos te transformaram em outra pessoa, nem se parece com a medrosa que eu conheço. - Engulo a seco ouvindo a voz dele. Novamente sinto aquele aperto na barriga. Entro em desespero, porém, ele é mais rápido tapando a minha boca. “Dessa vez ele vai acabar comigo...” - Aquele seu namoradinho cavou a sua cova, vou descontar toda minha raiva em você por ter deixado aquele maldito te tocar! Você é minha e sempre será MINHA! - Ouvir essas coisas me fez chorar sem parar. Um barulho no corredor fez o Thomas repensar suas ações, talvez pensando que fosse alguém. Ele estava saindo do quarto, mas do nada a porta se abriu e foi por outra pessoa, Stefano entrou no quarto com sangue nos olhos, não sei se ele ouviu ou não, mas isso não faz diferença agora, eu só quero que tudo isso acabe logo. - Eu sabia que você voltaria aqui seu verme, quer me contar o que disse a ela para fazê-la chorar tanto? - Disse com uma voz tão grossa que colocou medo até em mim. - Não vai falar? Tudo bem, vou arrancar de você a força! As lágrimas que percorrem meu rosto trazem junto com elas pensamentos horríveis que estão vagando pela minha mente. “Não quero voltar para casa" “Não quero viver” “Não consigo fazer nada para evitar isso” A pouca esperança que tenho vai se mudar a qualquer momento e também não consigo fazê-lo ficar, estou enlouquecendo... [...] - Deus do céu, Stefano! Saia de cima dele! - Ajuda a Diana e deixa isso aqui para mim. Sou tirada de um “coma” depois levar um safanão, sinceramente não sei dizer quanto tempo eu fiquei viajando, mas percebi que foi muito tempo depois de ver o que estava acontecendo, Stefano só parou depois de ter várias pessoas tentando tirá-lo de cima do Thomas. - Por favor Diana, me diz que ele não te tocou outra vez. - A voz dele sai tão desesperada. - Ele me ameaçou e... - Sem me deixar terminar, Stefano se deita comigo e me puxa para ficar junto com ele. - Vem cá... Eu não vou deixar nada acontecer com você. - Sussurra enquanto acaricia meus cabelos. Deitada com ele, consigo ver as marcas em seus punhos de ter dado ao Thomas o que ele precisava, fiquei triste que o impediram, não deviam ter feito isso e sim deviam ter deixado a surra continuar. Tenho certeza que Stefano está se culpando por algo que graças a Deus não aconteceu, sinceramente, eu não sei o que seria de mim, se ele não tivesse aparecido. Ficamos agarrados por um tempo, até que comecei a pegar no sono com as carícias dele, eu sou muito mole para isso, receber cafuné me faz dormir muito rápido. Se tudo correr bem, eu vou ter alta daqui uns dias e isso me deixou muito animada. [...] Eliza me acordou colocando uma bandeja cheia de comida no meu colo, deu para ver que estou piorando, arroz, feijão, legumes, duas maçãs, alguns cereais e algo que parecia ser uma sopa, tudo isso para que eu sinta vontade de tocar na comida, mas os remédios não fizeram efeito, na mesma hora eu senti uma água subindo e acabaram me dando um balde. - Você ainda não pode sair daqui assim, tem que comer alguma coisa. - Diz Stefano preocupado. - Eu estou me esforçando, mas não consigo, não sinto a mínima vontade de comer. - Tento disfarçar a angústia que estou sentindo. - Eu sei no que você está pensando, mas já te falei que não vou deixar você voltar para lá e vou cumprir com a minha palavra. - Esse indivíduo aprontou alguma coisa, ele terminou de falar e cutucou a mãe. - Vai contar para ela ou eu posso contar querido? - Engulo a seco enquanto sinto as minhas bochechas pegarem fogo. - Me contar o que? O que foi que eu perdi? - Pergunto curiosa. - Ontem, antes de sua mãe ir embora, discutimos outra vez e eu disse que você é minha namorada. - É melhor que você não esteja na minha frente quando eu sair dessa cama, vou te matar! - Falo segurando um sorriso. Esse filho da mãe é tão lindo que eu nem consigo ficar brava com ele. Stefano é um baita partido, eu o quero só para mim, mas quando partir, pedirei a todos os santos que não tenha me apegado demais para não quebrar a cara. Eu não quero sentir ciúmes, mas é impossível evitar, com um gostoso desses tão perto, a todo momento afirmando que me ama fica ainda mais difícil reagir, porém, dado a tudo o que sinto por ele, eu ainda consigo sentir medo de agir. - Mãe pode deixar a gente conversar? Por favor. - Pergunta. - Claro querido, só não vão se matar hein? - Pede sorridente antes de sair. - Eu mereço apanhar, sei disso, com esse olhar de pinscher raivoso, me deixa tentado a te provocar mais para ver se você me morde. Eu fiz para que te deixem em paz. Sou paciente Diana, se quiser voltar atrás com isso vá em frente, eu vou saber esperar. - Diz apressado, quando percebe que estamos sozinhos. - Eu sei que sou baixinha, não precisa esfregar na minha cara. - Outra vez me encontro segurando a risada. Ele adora brincar com o meu tamanho, sei que pareço um cachorrinho de bolso mesmo, então nem brigo mais por isso. - Eu entro nessa com você. “O que eu posso fazer? Daria tudo para ter esse homem só para mim, mas como não posso, irei me contentar com esse fingimento.” - Eu juro que você não vai se arrepender baixinha! - Disse todo animado.
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