Narrado por Luara
Entrei no morro, e fui andando com calma. A esquina não era muito perto da entrada não, e isso fez eu tremer de medo. Eu vi os vapores passarem rádio quando eu passava e sabia que a pessoa já sabia que eu estava aqui. Quando eu cheguei lá esquina eu vi um menino. Um garoto de aparentemente 16 anos, ali, me esperando. Na hora que eu passo a mochila para ele, eu escuto um estrondo. E esse barulho eu conheço muito bem. Estão invadindo.
O problema foi que eu achei que era o pesadelo e o canivete. Mais minha cara foi no chão quando eu vi os fardados entrando. Eu corri, por que tem bota que só sabe sair atirando, e eu não ia pagar pra vê se esses eram diferentes. Eu batia na porta dos moradores e ninguém abria. Até por que eles achavam que poderia ser os traficantes né. Fui subindo mais um pouco até que eu vejo uma mulher que estava mais abaixo de mim cair no chão com um tiro na perna. Eu pensei em ir me embora e deixar ela lá. Mais eu não podia fazer isso. Eu não sou r**m a esse ponto. Enquanto ela pedia socorro eu me aproximei dela e vi seu olhar mudar na hora. Eu passei um de seus braços pelo meu pescoço e a segurei pela cintura. Entramos em um rua deserta e com pouca iluminação. E put@ que pariu. A gente não podia ficar ali.
- Onde é sua casa?- perguntei para a Moça desisperada.
- Na entrada.- ela fala chorando de dor.
-m***a, m***a,m***a. - resmunguei.
Continuei subindo as ruas com cuidado, pós os tiros não paravam e achei um puxadinho.
- vamos ficar ali, deitadas no chão. É menos perigoso.- eu falei e ela concordou. Eu deitei ela no chão com cuidado, e deitei logo em seguida.
Vocês podem tá pensando, como assim ficar deitada no chão?
Se a gente continuasse andando, as chances de levar um tiro seria maiores. Então essa e a solução.
Logo eu escuto passos, vozes e tiros bem próximos de nós e me tremi de medo.
- Algumas de vocês duas veio fazer entrega de armas aqui?- um cara perguntou e eu fiquei com bastante medo de responder, porém o respondi.
- sou...sou eu.- falei
- Vem comigo, vou te levar pra um lugar seguro.
- Mais e ela?ela tá baleada.- falei. E então ele passa um rádio pra trazeres um carro o mais rádio.
Os carros chegaram e nós entramos com dificuldade. Dois tiros acertaram no vídro do carro porém ninguém se machucou seriamente. Só eu que fiquei com vários cortes no braço pelo fato de eu ter me jogado em cima da moça, para protegê-la.
O cara levou nós pra uma parte alta do morro e quando entramos dentro da casa, vi várias pessoas machucadas. Não sei oque me deu na hora mais eu só queria ajudar no que eu pudesse.
- trás gases, soro, ataduras e remédios para dor .- falei com um vapores e ele assentiu saindo.
Comecei a vê as situações de alguns e vi que todos que estavam ali, tinha pegado somente tiros de raspão, então estava tranquilo. A única que tinha ferimento mais sério era a moça que eu ajudei. Porém eu não iria tocar nela, pois eu não quero piorar nada. A única coisa que eu fiz, foi pegar uma camisa limpa para estancar o sangue. Na mesma hora o menor apareceu com uma mochila e jogou as coisas em cima da mesa. Eu comecei a lavar o local do ferimento de um deles e logo fiz um curativo. Dei um remédio para ele e ele saiu pra ajudar os parceiros contra os bota. Agora foi a vez de outro deles sem demora nenhuma em fiz o curativo. Dei remédio e ele ficou sentado no sofá que tinha aqui e eu percebi que ele estava assustado.
- você tem quantos anos?- perguntei para o rapaz assustado enquanto lavava o ferimento de outro vapor.
- 14.- ele fala e eu olho para ele o mais rápido. Meus Deus.
- Entrou pra boca por que?
- minha vó precisava de remédios. Mais ela não era aposentada e não aguentava trabalhar.- ele fala.
- Você tem v*****e de sair?
- não!- falou com firmeza.- essa é a minha vida agora.- ele fala e eu fico calada.
Os tiros rolavam a solta ainda e eu ficava me perguntando se o pesadelo ou o canivete estaria no meio disso. Eu so peço a Deus que não! não posso perder nenhum deles.
Toda hora chegava vapores com ferimentos leves e eu ajudava no jeito que podia. Os cara agradeciam e saiam logo em seguida. Eu estava bem orgulhosa de mim, eu não estava assustada ali, tudo que eu queria era dá o meu máximo e deixar todos confortável.
Depois de três horas, os tiros foram diminuindo e eu fiquei sabendo por um vapor que passou aqui, que somente o blindado estava dentro do morro. Então meu coração já acalmou em saber que tudo aquilo já estava perto de acabar. Como a gente estava em uma casa, eu fui vê oque tinha na parte da cozinha e me deparei com várias coisas e foi alí que eu comecei a preparar um panelão de sopa. Quando já estava quase pronta eu pedi para um vapor passar a informação que aqui tinha sopa quentinha e que iria fortalecer eles nessa noite fria e cheia de adrenalina. A moça que eu havia ajudado no meio do tiroteio já tinha ido para o hospital então eu tava tranquila
Os tiros pararam a mais ou menos uma hora atrás. Porém ainda era perigoso sair na rua. A casa aonde eu estou está com muita movimentação. Os vapores vêem, comem, me agradecem e sai para as rondas. Logo um cara bem sério chega e me encara.
- Tu que é a mina das entregas?- ele pergunta e eu assinto.- Tu tá ligada que tu tá toda cortada né? - ele fala e então eu olho para mim. Não estou com dor e nem estava lembrando.
- Eu cuido disso depois.- eu falo e ele assente.
- Vem comigo.- ele fala e então eu o sigo morrendo de medo é claro. Ele munta em sua moto e eu logo em seguida. Vejo que ele está descendo a comunidade então fico tranquila. Ele parou em frente ao carro do pesadelo e logo eu vejo os meninos saino as pressas do carro. Quando eu desço da moto o canivete vem e me abraça bem, mais bem apertado. Olho para o pesadelo e ele está parado encostado no carro com um olhar estranho.
- Guria, Obrigada por tudo que tu feliz aqui, pelo meu povo. Bem que todas as pessoas poderiam ser como você. Olha, tu tem acesso pra vim aqui na minha comunidade viu. Aqui todo mundo já sabe quem tú é e estão todos gratos. Valeu aí, tu é mó firmeza.- o dono da comunidade fala e faz toque comigo.- E vocês dois, cuidem desse guria aqui! Não é qualquer um que faz oque ela fez não. Fé pra vocês aí.- ele fala olhando para o canivete e para o pesadelo.
- valeu pela p******o cara.- canivete fala. E o homem assente. O pesadelo anda até o cara e chama ele para um lugar mais longe e eles falam algo. Durante esse tempo o canivete fica abraçado comigo e eu tentava acalmar ele.
- Fica calmo pow. Quem te vê desse jeito nem sonha que tu é traficante.- falei sorrindo da cara dele.
- Sou bandido mais eu tenho coração caralh0. Eu mó preocupado e tu zoando da minha cara, filha da put@.- ele fala sério e eu o abraço fazendo ele sorrir. É tão bom ter gente que se preocupa com você sabe. Mais oque eu queria mesmo era que o pesadelo tivesse vindo me abraçar.
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publicado dia 28/05/22 as 09:31am
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