A solidão do quarto era sufocante, e a escuridão parecia se espreguiçar como um predador à espreita. Eu me joguei na cama, tentando afastar os pensamentos que não paravam de martelar na minha mente. O que ele queria de mim? O que eu poderia fazer para escapar daquela situação sem perder a vida? A lembrança do meu filho me dava forças, mas também me paralisava de medo.
Com o coração acelerado, levantei-me da cama e fui até a janela. A luz da lua entrava pelas cortinas, revelando um pouco do que estava além daquelas paredes. Eu precisava de um plano. A ideia de me render a Enrique era insuportável, mas ao mesmo tempo, era preciso pensar em como poderia usar isso a meu favor. Ele tinha um ponto fraco, e eu precisava encontrá-lo.
Enquanto olhava para o céu estrelado, uma ideia começou a tomar forma na minha mente. Ele estava certo sobre uma coisa: eu não poderia simplesmente sair correndo. Mas e se eu conseguisse ganhar a confiança dele? E se eu pudesse fazer com que ele acreditasse que estava cedendo aos seus desejos, enquanto, na verdade, eu estava apenas esperando a oportunidade certa para escapar?
Naquela noite, decidi que não iria mais me sentir uma prisioneira. Se ele queria que eu fosse sua esposa, então eu iria interpretar esse papel. Eu precisava ser astuta, encontrar as brechas na armadilha em que estava presa. A ideia de me mostrar mais submissa, de provocar a curiosidade dele, poderia me dar uma vantagem.
Com essa resolução, deitei-me na cama e fechei os olhos, tentando relaxar, mesmo que o coração ainda estivesse em um ritmo frenético. O plano começaria na manhã seguinte. Eu teria que agir com naturalidade, mas com um foco claro: descobrir mais sobre Enrique e seu mundo, suas fraquezas e, principalmente, uma maneira de contatar alguém que pudesse me ajudar.
No dia seguinte, quando Enrique apareceu novamente, estava mais confiante. Ele me observou com um olhar que era ao mesmo tempo de possessão e expectativa.
- Dormiu bem, minha querida? - perguntou, com um tom de voz que misturava interesse e desdém.
- Sim... mas não posso parar de pensar em como sua vida é fascinante. - respondi, tentando parecer genuína.
Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso com minha mudança de atitude. O desprezo que eu mostrara anteriormente parecia ter se dissipado.
- Fascinante? - repetiu, como se estivesse avaliando minhas palavras. - Você está apenas começando a entender o que significa estar ao meu lado.
- Eu gostaria de aprender mais sobre você, Enrique. - disse, com um sorriso que não era totalmente sincero, mas que esperava que o enganasse.
Ele se aproximou, a tensão no ar era palpável, mas ao invés de recuar, eu permaneci firme. Se ele quisesse que eu fosse sua, então eu iria jogar esse jogo.
- Então você está disposta a me ouvir? - perguntou, com um brilho nos olhos.
- Sim, quero entender tudo. - afirmei, decidida.
E assim, começamos uma conversa que eu esperava ser o primeiro passo para conquistar sua confiança. Enquanto ele falava sobre seus negócios e suas conquistas, eu prestava atenção em cada detalhe, cada informação que pudesse me dar uma vantagem.
Mas, no fundo, eu sabia que esse era apenas o começo. Eu não iria me deixar levar pela sedução de suas palavras e promessas. A liberdade ainda era o meu objetivo final, e eu estava disposta a lutar por ela, mesmo que isso significasse dançar na corda bamba entre a submissão e a rebeldia.