Encontro na Escola

1702 Words
Ao ler a mensagem na tela do computador, meu corpo se arrepiou todo. “Isso não pode estar acontecendo”, pensei. Mas ao mesmo tempo, uma parte de mim não acreditava que aquilo pudesse ser real. Será que alguém estava tentando me assustar? Ou seria apenas uma brincadeira de mau gosto? Mas quem seria capaz disso? Certamente não era uma piada engraçada, pois estava me deixando assustada demais. Decidi afastar aqueles pensamentos e tentar ligar para Peter, meu amigo de longa data. Já fazia um tempo desde a última vez que tivemos uma conversa decente, mas eu precisava de alguém para me tranquilizar. As provas finais e toda a agitação em torno da formatura estavam atrapalhando nossas conversas, mas eu precisava tentar. Peguei meu celular e comecei a discar o número dele, torcendo para que ele atendesse. “E aí, Pete? Tudo bem?” – Perguntei assim que ele atendeu. “Oi, Nana! Estou bem, obrigado. E você, como está?” – Ele respondeu, e pude sentir sua simpatia através do telefone. “Não tão bem assim, Pete... Tenho passado por coisas estranhas nessas últimas horas.” – Respondi, um pouco cética. “Como assim, coisas estranhas? Conta pra mim.” – Ele incentivou. “Tudo começou com uma mensagem escrita que foi encontrada na cozinha, como se alguém tivesse invadido minha casa. Depois, tive um pesadelo horrível com um corredor sinistro, seguido de um apagão quando subia as escadas. E agora, ao ligar meu notebook, uma frase sinistra estava escrita na tela.” – Desabafei, sentindo o medo aumentar. “Nossa, Nana, que assustador! Você já pensou em chamar a polícia ou um técnico para verificar sua casa e seu computador?” – Ele sugeriu. “Não, não quero me precipitar. Mas acho que preciso fazer algo antes que algo pior aconteça.” – Respondi, ainda assustada. “Bom, se precisar de ajuda, é só me chamar, ok? Estou aqui pra ajudar no que for preciso.” – Pete afirmou, me tranquilizando um pouco. “Obrigada, Pete. Fico mais tranquila sabendo que posso contar com você.” – Agradeci, sentindo a gratidão em meu peito. “Claro, Nana. Você sabe que pode contar comigo sempre. Qualquer coisa, me avisa, tá bom?” – Ele reforçou. “Tá bom, Pete. Até mais.” – Me despedi, desligando o telefone e sentindo um pouco mais de alívio ao saber que não estava sozinha. Larguei o celular e encarei a penteadeira. Aquele móvel antigo de madeira maciça, com um espelho gigante e adornos talhados à mão, já estava lá quando nos mudamos. Nesse momento, senti algo se mover atrás de mim e um arrepio percorreu minha espinha. Virei rápido, mas não vi nada além do vazio. Meu coração disparou, eu sabia que não estava sozinha. Com medo, voltei a olhar para o espelho. Eu sabia que era uma ideia insana, mas tinha que confirmar. Foi então que eu a vi, nitidamente. Uma garota, da minha idade, pálida como a morte, vestindo roupas velhas e rasgadas. Seus olhos negros me encaravam através do reflexo, sem piscar. Eu não conseguia me mover, era como se eu estivesse presa ali, naquele lugar sinistro. De repente, ela ergueu o braço lentamente e apontou um dedo trêmulo em minha direção. Eu me encolhi, o coração na garganta. Não sabia se aquilo era real ou fruto da minha imaginação, mas o terror que sentia era palpável. O que estava acontecendo? Eu não sabia, mas tinha certeza de que algo muito ruim estava por vir. Minha respiração ficou presa na garganta quando vi a garota correndo em minha direção com um grito aterrorizante, cortando o silêncio da noite. Tentei me mover, mas meu corpo estava paralisado pelo medo. Ela estava cada vez mais próxima, parecendo ganhar vida a cada passo. Eu sabia que estava em perigo, que aquela não era uma garota normal. O meu coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca. Fechei os olhos com força, esperando o impacto da colisão, mas nada aconteceu. Quando abri os olhos, ela havia sumido. Fiquei petrificada diante do espelho. O vidro estava completamente escuro, mas eu podia ver meu reflexo. Olhei mais de perto e vi que o meu rosto estava distorcido em uma expressão demoníaca. A "outra eu" me encarava com um sorriso perverso. Eu não conseguia desviar o olhar, era como se estivesse presa em um transe. Era como se o espelho fosse um portal para o outro lado, e eu estava sendo atraída para dentro dele. ******** "O mais estranho", minha mente confusa tentou juntar os pedaços da noite anterior, "foi que não lembrava nada do que acontecera depois disso". Eu só sabia que acordei já no outro dia, com um sentimento de que algo estava errado. Estava muito atrasada para a escola, então rapidamente me arrumei, sem prestar atenção no meu braço ainda enfaixado e dolorido. "Isso parece um pesadelo", pensei, "mas algo é real". No meio do caminho para a escola, a sensação de que alguém me observava se intensificou. "Será que estou sendo seguida?", pensei enquanto olhava ao redor, nervosa. Então os vi: um jovem casal parado na calçada próxima à escola, olhando fixamente para mim. "Eles me conhecem?", minha mente gritou em pânico. Eles estavam vestidos de preto, com cabelos negros e olhos claros, a maquiagem escura da garota destacava sua pele quase pálida. Pareciam tão fora do lugar, tão diferentes de tudo o que eu já havia visto antes. "Isso não é normal", sussurrei para mim mesma, tentando me convencer de que não estava louca. Mas então, quando finalmente reuni coragem para encará-los, eles desapareceram como se nunca estivessem lá. "Isso foi bizarro", minha mente sussurrou, mas eu sabia que era mais do que isso. Algo muito estranho estava acontecendo e eu não tinha ideia de como lidar com isso. Felizmente, as aulas seguiram normalmente até o intervalo. Como perdi o primeiro tempo, no segundo tive matemática com a Srta. Adams, depois literatura, com o Sr. Smith. Essa última era minha aula favorita, pois sempre fui apaixonada por livros. Hora do intervalo. Estava na fila da lanchonete, quando vi que alguém se aproximou, todo sorridente. — Olá, menina nova! — Era Jeff, um dos meninos mais populares da escola, um dos quais eu já tinha repulsa, apesar do pouco tempo estudando ali. — Oi. — Respondi secamente. — E já estou há três meses nessa instituição, então automaticamente já não sou mais tão nova aqui. Jeff revirou os olhos. — Ah, claro, como se alguém fosse se lembrar de você aqui nessa escola gigante. Mas tudo bem, eu entendo que seja difícil competir com alguém como eu. — Ele sorriu convencido, e eu senti vontade de revirar os meus olhos. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou. — Enfim, vim aqui para te fazer um convite. Como sou uma pessoa generosa, decidi que vou te dar a chance de ir ao baile de formatura comigo. Já que você não conhece ninguém mesmo, seria uma honra para você ter a minha companhia. Eu já estava pronta para dizer um "não" para ele, quando olhei para o lado e vi o mesmo casal do início da manhã, ali sentados, olhando para mim. — Me desculpe Jeff... deixa para outra hora. Agora, com licença que eu preciso ir. — Disse eu, enquanto me afastava dele. Algo naquele casal estranho me intrigou desde a primeira vez que os vi. Decidi me aproximar lentamente da mesa deles, e tive uma sensação diferente, como se já os conhecesse, antes mesmo daquela manhã. Resolvi puxar assunto: — Oi, posso sentar com vocês? — Perguntei, tentando parecer casual. — Apenas se tiver coragem o suficiente para lidar com a verdade. — Respondeu a garota com um sorriso de ironia. Aquelas palavras me arrepiaram, mas eu não podia voltar atrás. Engoli em seco e me sentei, esperando uma explicação para aquele encontro incomum. — O playboyzinho estava te irritando tanto, que resolveu vir até aqui pedir ajuda? — A garota continuou, agora com uma voz mais séria. — Não posso mentir, não vou com a cara dele, mas minha real intenção é saber: Quem são vocês e o que faziam me encarando hoje pela manhã? — Perguntei, tentando manter minha voz firme. — Você não precisa saber quem somos, apenas precisa entender que não devia ter vindo aqui. — Respondeu o garoto, com uma voz ríspida e suave ao mesmo tempo. Senti um calafrio percorrer a minha espinha. Eles sabiam algo que eu não sabia, algo sombrio e perigoso. Tentei me levantar, mas algo me segurou na cadeira. — Você acha que é a única garota nessa escola? Podíamos estar olhando para qualquer um naquele momento. — Disse ele, com um tom ameaçador. Eu senti meu coração acelerar e minha mente ficar confusa. Quem eram eles? O que queriam de mim? Eu já estava ficando louca mesmo, ando vendo coisas onde não tem... ou será que não? Naquele momento, os dois deram uma risadinha irônica enquanto eu cruzava os braços e tentava entender o que estava acontecendo. Peguei minha bandeja e estava prestes a sair quando a garota me chamou: — Senta aqui com a gente. É melhor do que aguentar o Jeff. — Ela sorriu amigavelmente. — Ah, obrigada. — Respondi. — Vocês são novos por aqui? — Na verdade, não. Estávamos viajando e voltamos na semana passada. — A garota disse. — Eu sou Samya, e esse é meu irmão Samuel. Você é a Anna, certo? — Isso mesmo. — Eu respondi. — A tal da "Srta. Ninguém". — Ah, sim. Já ouvi falar de você... mas só coisas boas. — Samya me deu um sorriso reconfortante. Nesse momento, o sinal tocou, então me levantei para ir para a aula de educação física. — Bem, foi legal conhecê-los. Preciso ir agora. — Me despedi dos meus novos amigos e já estava saindo quando Samuel disse: — Até mais, Anna. E cuidado com as sombras. Elas podem esconder coisas perigosas. — Ele piscou um olho misteriosamente. A frase me deu arrepios, mas ao mesmo tempo, senti que eles eram legais e não tinham a intenção de me assustar.
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