Mistério no Sótão

1198 Words
Não posso contar tudo o que aconteceu desde aquela manhã, mas posso dizer que as coisas foram ficando cada vez mais sinistras. Naquele dia, saí da escola apressada como se estivesse sendo perseguida. É incrível como a vida pode mudar tão rapidamente. De um dia para o outro, tudo se transformou. Aqueles irmãos eram estranhamente sedutores, mas não no sentido físico. Ficar perto deles me deixava cada vez mais confusa e perturbada. E aquela frase que Samuel me disse... Ainda ecoava em minha mente como um aviso enigmático. Eu não conseguia me concentrar em nenhuma aula. Parecia que eles sabiam o que estava acontecendo comigo. “E se eles foram os responsáveis por hackear meu notebook e me deixar aquele bilhete perturbador?”, me questionei. “E se tudo isso não for apenas uma coincidência?” A ideia era assustadora, mas parecia ser a explicação mais lógica para todo o mistério que estava acontecendo na minha vida. Ao chegar em casa, segui minha rotina habitual: tirei os sapatos no hall, subi as escadas e joguei minha mochila em cima da cama. Deitei por alguns minutos de barriga para cima, encarando o teto. Estava prestes a pegar no sono, quando algo chamou minha atenção. A casa em Seattle era grande, antiga e parecia estar prestes a desmoronar. Ainda não tive tempo de explorá-la completamente, mas algo estranho estava acontecendo ali. Um borrão no teto atraiu minha curiosidade. Parecia que alguém havia passado uma fina camada de tinta naquele local, e já estava descascando, tornando a mancha ainda mais visível. Minha curiosidade se intensificou e fui até a garagem pegar uma escada portátil que meu pai usava para trabalhar. Depois de muita dificuldade, consegui posicionar a escada e retirei a cama do caminho. Subi lentamente, com medo de que a escada balançasse e caísse, o que seria desastroso. Com minha única unha comprida, comecei a descascar a tinta que já estava soltando, levando cerca de dez minutos para fazer isso. Finalmente, apareceu algo que me deixou ansiosa e curiosa: havia uma porta no teto, como uma entrada para um sótão. E estava lacrada. Meu coração acelerou e uma sensação estranha percorreu todo o meu corpo. O que poderia estar escondido ali em cima? Medo e ansiedade tomaram conta de mim. O que estava por trás daquela porta lacrada no sótão da casa antiga e assustadora em que eu morava? Enquanto encarava o cadeado, uma sensação de inquietação me tomou. Não sabia o que me aguardava do outro lado, mas minha curiosidade era mais forte do que o medo. O cadeado dourado, antigo e ostentando as iniciais "SS" talhadas em tinta brilhante, parecia ser um aviso para não prosseguir, mas eu não pude resistir. Com um grampo de cabelo, tentei abrir a porta e, após alguns instantes de tensão, ouvi o barulho do cadeado cedendo. Engoli em seco e empurrei a porta, revelando uma escada escura e empoeirada que levava ao sótão. Ao começar a subir lentamente, meus olhos se ajustaram à escuridão e pude ver a silhueta de caixas antigas e móveis cobertos por panos empoeirados. O ar úmido e mofado, que enchia meus pulmões, trazia um cheiro de abandono e esquecimento. "Que lugar estranho", murmurei comigo mesma, quase em um sussurro. "Como nunca o encontrei antes?" Mas, de repente, algo chamou minha atenção. Em um canto escuro e oculto do sótão, avistei um objeto que parecia um antigo porta-joias de madeira. Atraída pela curiosidade, me aproximei e toquei-o, sentindo os pelos do meu braço se arrepiarem e uma inexplicável sensação de presença por trás de mim. Ao virar, nada encontrei além do silêncio assustador. A tampa do objeto era talhada em ouro, com as mesmas iniciais do cadeado: "SS". Minha curiosidade aumentava cada vez mais. Ao abrir a tampa com atenção, encontrei diversos objetos antigos, incluindo um espelho bem conservado, porém coberto de poeira. Decidi levar o objeto para fora do sótão e examiná-lo com mais calma. Mal sabia que o pior estava por vir. Quando me levantei e virei para a porta, pronta para descer as escadas, me deparei com a mesma garota que havia surgido na minha penteadeira. Ela me encarava fixamente, e eu senti um calafrio percorrer a minha espinha. Alguma coisa naquela garota me era familiar, mas eu não conseguia entender o porquê. Então, como um lampejo, lembrei-me das mensagens misteriosas que havia recebido: "Seu fim está próximo", "Você não deveria estar aqui". Seria tudo uma conexão assustadora e sobrenatural? Com o coração na garganta, perguntei para a estranha presença que estava diante de mim: — Quem é você? — Minha voz mal saiu, mas eu tentei criar coragem para prosseguir. A figura continuou olhando fixamente para o porta-joias que eu segurava, com um olhar vazio e perturbador. Eu respirei fundo e tentei novamente: — Isso... é seu? Ela respondeu com um movimento afirmativo da cabeça. Eu tentei manter a calma e continuei a conversa: — O que aconteceu com você? Precisa de ajuda? — Foi quando seus olhos se fixaram diretamente nos meus, como se estivesse olhando através da minha alma. Eu senti um frio percorrendo todo o meu corpo, e soube que estava diante de algo que não era deste mundo. Decidi encerrar a conversa e sair dali: — Hum... então já vou indo, foi bom conversar com você. Foi nesse momento que o semblante da criatura mudou, ficando ainda mais sombrio. Eu tentei passar por ela e sair correndo do sótão, mas fui impedida quando ela soltou o mais horrendo dos gritos. O som era infernal, como se viesse direto do inferno, e me fez querer gritar junto de desespero, mas por algum motivo, a voz não saiu. Me joguei no chão e cobri os ouvidos com as mãos, tentando abafar o grito aterrador. Fechei os olhos com força e fiquei imóvel, até que o grito finalmente cessou. Quando eu abri os olhos, estava sozinha novamente no sótão, mas sabia que aquele encontro tinha sido apenas o começo de algo muito pior. Com o coração acelerado, desci as escadas do sótão o mais rápido que pude e fechei a porta com o cadeado. Precisava de um tempo para processar tudo o que havia acontecido. Sentada em frente ao meu computador, abri o porta-joias que havia encontrado no sótão. Dentre os objetos antigos, havia algumas fotos e cartões postais. E foi quando vi a foto da menina que havia aparecido no sótão que eu me arrepiei dos pés à cabeça. Era a mesma menina das fotos, com sua mãe. — Oh Meu Deus! É ela! — exclamei, em choque. Mas a minha surpresa não acabou ali. Ao olhar mais atentamente as outras fotos, comecei a perceber uma leve semelhança com Samya, a garota que havia conhecido na escola naquele mesmo dia. Todas as fotos tinham as mesmas iniciais: "SS". — Não pode ser... — sussurrei para mim mesma, perplexa. As fotos datavam de 1930, o que tornava tudo ainda mais assustador. O que havia acontecido com a menina da foto? E qual era a conexão entre ela e Samya? Muitas perguntas ainda pairavam no ar, e eu sabia que precisava descobrir as respostas o mais rápido possível.
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