NARRADO POR LUIZA VERLY
Voltamos para casa no domingo a tarde e começamos a nós arrumar para o evento da empresa.
O local estava lindo, a comida maravilhosa e encontrei muitas pessoas importantes que quiseram conhecer a minha empresa melhor.
Quando Matteo chegou, de sentou ao meu lado e começamos conversar com o resto do pessoa e sempre que dava eu dava uma leve encara em Hayd. Ele estava sério, observando tudo e irritado? não sei decifrar a expressão em seu rosto. Logo Matteo me chama pra dançar e eu me levanto.
Sentir as mãos de Matteo nas minhas costas não me causa nada! nenhum arrepio se quer, ao contrário de Hayd. Que qualquer toque, nem que seja o mais leve possível acorda milhares de borboletas em meu estômago.
São nove horas da noite e eu estou em uma praça com Hayd. A noite não estava boa como antes e eu queria ficar sozinha com o Hayd, por que com ele eu sou eu mesma. Não a Luiza Verly, filha do poderoso, Roman Verly. Com o Hayd eu sou só a Luiza. A Luiza que precisa de carinho, que gosta de comer comida tailandesa e que ama escutar música.
- A noite está tão linda. - Comentei olhando para o ceu.- Obrigado por não ficar encarando o Matteo hoje.
- Não tem de quê. - Ele fala ainda olhando para a rua.
- Mais eu sei que aquele copo não foi um acidente. Você é cuidadoso, nunca esbarraria em alguém por acidente. Você queria chamar a minha atenção.
- As mãos dele não paravam quietas e eu presumi que a senhorita não estaria confortável.
- Tem certeza que é só isso, Hayd?
- Oque mais poderia ser, Senhorita, Verly?
Antes que eu possa dizer uma palavra, no entanto, um tiro rasga a noite e o caos se segue. Um segundo atrás, eu estava de pé. No próximo, estou no chão, minha bochecha pressionada na grama enquanto Hayd protege meu corpo com o dele, e gritos ecoam pelo parque.
Tudo aconteceu tão rápido que meu cérebro leva várias batidas para acompanhar meu pulso acelerado. Jantar. Parque. Tiros. Gritos.
Palavras individuais que fazem sentido por si mesmas, mas eu não consigo juntá-las em um pensamento coerente. Há outro tiro, seguido por mais gritos. Acima de mim, Hayd solta uma maldição tão baixa e dura que sinto mais do que ouço.
— Na contagem de três, estamos correndo para a cobertura das árvores — sua voz firme acalma alguns dos meus nervos. —Entendeu? - Eu concordo. Meu jantar ameaça reaparecer, mas me forço a me concentrar. Eu não posso pirar, não quando estamos bem à vista do atirador. Eu o vejo agora. Está tão escuro que não consigo distinguir muitos detalhes, exceto seu cabelo longo e encaracolado no topo e suas roupas. Moletom, jeans, tênis.
Ele está de costas para nós, olhando para algo, alguém, uma vítima, mas ele poderia se virar a qualquer segundo. Hayd se mexe para que eu possa me apoiar nas mãos e nos joelhos, mantendo-me abaixada enquanto o faço. Ele saca sua arma e o homem rabugento, mas pensativo, do jantar desapareceu, substituído por um soldado frio como pedra. Focado. Determinado. Letal.
Pela primeira vez, vislumbro o homem que ele tinha sido no exército, e um arrepio percorre minha espinha. Tenho pena de qualquer um que teve que enfrentá-lo no campo de batalha.
Hayd faz a contagem com a mesma voz calma:
— Um, dois... três.
Eu não penso. Eu corro. Outro tiro dispara atrás de nós, recuo e tropeço em uma pedra solta. Hayd agarra meus braços com mãos firmes, seu corpo ainda me protegendo por trás, e me guia até o bosque de árvores na beira do parque. Não poderemos chegar à saída sem passar direto pelo atirador, onde não há cobertura nenhuma, então teremos que esperar a chegada da polícia.Eles têm que estar aqui logo, certo? Uma das outras pessoas no parque já deve ter ligado para eles. Hayd me empurra para baixo e para trás de uma grande árvore.
— Espere aqui e não se mova até que eu dê o ok — ele ordena. — Além disso, não deixe ninguém ver você.- Minha frequência cardíaca dispara.
— Aonde você está indo?
— Alguém tem que o impedir. -Um suor frio começa a tomar conta do meu corpo. Ele não
pode estar dizendo o que penso que ele está dizendo.
— Não tem que ser você. A polícia…
— Vai ser tarde demais quando eles chegarem aqui. — Hayd parece mais sombrio do que eu já o tinha visto.
— Não faça isso. Fique.
E ele se vai. Observo com horror quando Hayd cruza a vasta extensão de grama em direção ao atirador, que tem sua arma apontada para
alguém no chão. Um banco bloqueia minha visão de quem é a vítima, mas quando me abaixo, posso ver por baixo do banco e
meu horror dobra. Não é uma pessoa. São duas. Um homem e, a julgar pelo tamanho da pessoa ao lado dele, uma criança. Agora sei por que Hayd tinha aquela expressão antes de partir. Quem teria como alvo uma criança?
Pressiono meu punho contra a boca, lutando contra a vontade de vomitar. Menos de uma hora atrás, eu estava provocando Hayd. Agora, estou me escondendo atrás de uma árvore em um parque aleatório, observando meu guarda-costas correr em direção a uma possível morte.
Hayd é um soldado e guarda experiente, mas ainda é humano, e humanos morrem. Um minuto, eles estão lá. No próximo, eles se vão, deixando para trás nada mais do que uma
casca vazia e sem vida da pessoa que costumavam ser.
Pisco os olhos com o pensamento a tempo de ver o homem no chão virar a cabeça uma fração de centímetro. Ele avistou Hayd se
esgueirando atrás do atirador. Infelizmente, o pequeno movimento foi suficiente para alertar o atirador, que se virou e disparou um terceiro tiro ao mesmo tempo que Hayd disparava sua arma.
Um grito sai da minha boca. Hayd. Balas. Hayd. Balas. As palavras giram em meu cérebro como o mantra mais horripilante do mundo. O atirador cai no chão. Hayd cambaleia, mas permanece de pé.
À distância, sirenes da polícia soam. A cena inteira, desde a primeira tomada até agora, havia acontecido em menos de dez minutos, mas o terror tem uma maneira de esticar o tempo até que cada segundo contenha uma
eternidade. A festa parece que foi anos atrás.
O instinto me põe de pé e corro na direção de Hayd com o coração na garganta. Por favor, esteja bem. Quando o alcanço, ele desarmou o atirador, que ta sangrando e gemendo no chão. A poucos metros de distância, o homem que o atirador tinha como alvo também está sangrando, o rosto pálido sob o luar. A criança, um menino que parece ter sete ou oito anos, ajoelha-se ao seu lado, com os olhos arregalados e aterrorizados enquanto olha para mim e para Hayd.
— O que diabos você está fazendo? — Hayd grita quando me vê. Eu o examino freneticamente em busca de ferimentos, mas ele está de pé, falando e m*l-humorado como sempre, então não poderia estar muito machucado. O menino, por outro lado, precisa ser tranquilizado. Ignoro a pergunta de Hayd por enquanto e me agacho até ficar ao nível dos olhos do menino.
— Está tudo bem — falo suavemente. Eu não me aproximo, não querendo assustá-lo ainda mais. — Não vamos machucar você. -Ele agarra o que presumo ser o braço de seu pai com mais força.
— Meu pai vai morrer? — pergunta em voz baixa. Uma obstrução de emoção forma-se na minha garganta.
— Os médicos estarão aqui em breve, e eles vão tratá-lo imediatamente. — Eu espero. O homem está perdendo a consciência, e o sangue goteja ao seu redor, manchando os tênis do menino. Tecnicamente, os paramédicos estão chegando, não os
médicos, mas eu não vou explicar a distinção para uma criança traumatizada. ‘Médicos’ parece mais reconfortante. Hayd se ajoelha ao meu lado.
— Ela está certa. Os médicos sabem o que estão fazendo. — Ele fala com uma voz suave que eu nunca tinha ouvido antes, e algo aperta meu peito. Difícil. — Nós ficaremos com você até eles chegarem aqui. O que acha disso? - O lábio inferior do menino treme, mas ele balança a cabeça.
— Ok. - Antes que possamos dizer qualquer outra coisa, uma luz brilha sobre nós e uma voz retumba pelo parque.
— Polícia! Levante as mãos!