05° Qual foi seu último encontro?

1035 Words
LUIZA NARRANDO Algo mudou na noite de domingo. Talvez tenha sido o trauma compartilhado, ou o fato de Hayd ter voluntariamente se aberto para mim sobre seu passado, mas o antagonismo de longa data entre nós se transformou em outra coisa, algo que me mantém acordada tarde da noite e deixa meu estômago louco. Desenvolver sentimentos não platônicos por meu guarda-costas é a número um da minha lista de coisas complicada.Felizmente, minha agenda em Nova York me mantém tão ocupada que m*l tenho tempo de respirar, muito menos me entregar a fantasias inadequadas. (......) Matteo e eu jantamos em um adorável restaurante francês, onde eu me esforcei para não adormecer enquanto ele divagava sobre seus verões em St. Tropez. Hayd se sentou na mesa ao lado com um olhar tão sombrio que os clientes do outro lado pediram para mudar de mesa. Quando o jantar terminou, Matteo estava tão perturbado com a presença ameaçadora a menos de um metro de distância que derrubou sua taça de vinho, e quase fez um garçom derrubar sua bandeja de comida. — Está tudo bem — falo ao ajudar o Matteo envergonhado a limpar a bagunça enquanto o garçom mexe na toalha de mesa de vinho manchada. — Foi um acidente. -Olho para Hayd, que me encara sem um pingo de remorso. — Claro — Matteo sorri, mas a mortificação em seus olhos permanece. Quando terminamos a limpeza, ele deixa uma gorjeta generosa para o garçom e me dá um boa noite educado. Ele não me convida para um segundo encontro. Eu não fico triste com isso. Estou, no entanto, chateada com uma certa dor de olhos cinzentos na minha bunda — Você quase assustou Matteo até a morte — digo quando Hayd e eu voltamos para casa. Não consigo controlar a raiva que transparece na minha voz. — Da próxima vez, tente não enervar tanto meu par a ponto de derramar sua bebida em cima de si mesmo. — Se ele se assusta tão facilmente, não digno de ser seu par. — Hayd havia se vestido a rigor para seguir o código de vestimenta do restaurante, mas a gravata e o paletó não podem mascarar a masculinidade selvagem que emana dele em ondas potentes. — Você estava armado e olhando para ele como se tivesse matado seu cachorro. É difícil não ficar nervoso nessas condições. — Jogo minhas chaves na mesa lateral e tiro meus saltos. — Eu não tenho um cachorro. — Foi uma metáfora. — Solto meu cabelo e passo minha mão pelas ondas. — Continue assim e acabarei como uma daquelas solteironas de romances históricos. Você assustou todos os encontros que tive no ano passado. -Vou parar de assustá- los assim que você tiver um gosto melhor para os homens. Não é àtoa que sua vida amorosa está tão m*l. Veja os idiotas com os quais insiste em sair. - Eu me arrepio. Minha vida amorosa não está m*l. Está quase, mas ainda não está lá. — Você é quem fala. -Ele cruza os braços sobre o peito. — O que significa? — Significa que não vi você namorar ninguém desde que começou a trabalhar para mim. — Tiro minha jaqueta e seu olhar desliza para meus ombros nus por uma fração de segundo antes de retornar ao meu rosto. — Você dificilmente está qualificado para me dar conselhos sobre namoro. — Eu não namoro. Não significa que não posso identificar idiotas inúteis quando os vejo. -Faço uma pausa, assustada com sua admissão. Enquanto Hayd está sempre ao meu lado durante o dia, ele fica de folga depois que eu me deito para dormir. Às vezes está em casa, às vezes não. Sempre achei que ele estava... ocupado em suas noites fora. Uma estranha mistura de alívio e descrença percorre meu corpo. Descrença, porque embora Hayd não seja o cara mais charmoso do planeta, ele é lindo o suficiente para a maioria das mulheres ignorar sua atitude rude. Alívio, porque... bem, prefiro não examinar essa razão muito de perto. Mais ele fica mais tempo comigo mesmo, então essa é a minha vantagem. — Você é celibatário há dois anos? — a pergunta escapa antes que eu possa pensar sobre isso, e me arrependo instantaneamente. Hayd arqueia uma sobrancelha, sua carranca se transformando em um sorriso malicioso. — Você está perguntando sobre minha vida s****l, Luiza? -O constrangimento queima minhas bochechas, tanto com a minha pergunta inadequada quanto ao ouvir a palavra ‘s**o’ sair de sua boca. — Eu não fiz tal coisa. — Posso não ter frequentado uma faculdade chique como você, mas posso ler as entrelinhas — a diversão brilha naqueles olhos de bronze. — Para que conste, namoro e s**o não são a mesma coisa. Certo. É claro. Algo desagradável substitui meu alívio anterior. A ideia de ‘não namorar’ alguém me irrita mais do que deveria. — Eu sei disso — digo. — Eu também não namoro todo mundo com quem faço s**o. - O que estou dizendo? Eu não faço s**o há tanto tempo que fico surpresa por minha v****a não ter me processado por negligência, mas eu quero... o que, provar que Hayd não é o único que pode f********o casual? Que me irritei com ele? Nesse caso, funciona, porque seu sorriso desaparece e sua fala arrastada endurece. — E quando foi a última vez que você fez sexo sem namorar? - Levanto meu queixo, me recusando a recuar sob o peso de seu olhar fixo de aço. — Essa é uma pergunta altamente inadequada. — Você perguntou primeiro — ele rosna. — Responda à pergunta, Luiza. Exalo e endireito meus ombros, olhando para ele por baixo do meu nariz, embora ele se eleve sobre mim por uns bons dezoito centímetros. — Eu não vou. É aqui que terminamos a conversa — falo numa voz fria. Antes que saia dos trilhos. — Boa noite, Senhor Hayd. -Seus olhos me chamam de covarde. Os meus dizem a ele para cuidar de seus negócios. O ar pulsa com o pesado silêncio durante nosso olhar. Já é tarde e estou cansada, mas não me importaria se ele recuasse primeiro. A julgar pela postura otimista de Hayd, ele teve o mesmo pensamento.
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