Prêmio de consolação

1567 Words
— Entregue, como o prometido.— disse Peter, parado no meio da sala de estar da Sasha. — Se quiser ficar para continuarmos com o que não fizemos ontem, será muito bem-vindo. Já provou que pode me tratar como eu mereço.— Sasha caminhou na direção dele. Ela levou as duas mãos, cada uma para um ombro do Peter, antes de deslizar vagarosamente o seu nariz pela lateral do pescoço dele. — Eu jamais recusaria um convite de uma mulher como você…— ele segurou o rosto dela com as duas mãos, fazendo-a olhá-lo.— Se eu não tivesse que acordar extremamente cedo amanhã. Sasha suspirou, decepcionada. — Mas amanhã a noite eu te convido para um jantar especial. Ai, sim, eu serei todo seu. Sasha abriu um sorriso imediatamente. Ele tomou a iniciativa de beijá-la. Estranhamente, enquanto seus lábios apreciavam o gosto dos dela, a sua mente o traiu ao buscar a imagem de outra pessoa. Ellie, como um fantasma para assombrar os seus pensamentos, não a deixava em paz. Peter se afastou logo depois. A caminho de casa, pensava em tomar um banho bem gelado. Por infortúnio, não tinha como chegar na sua rua sem cruzar a rua em que ela morava. E lá estava a dita cuja, parada de frente para o seu casarão, conversando com um dos homens que estava no club. Fred Simpson era muito conhecido no mundo dos negócios. Mas também era muito conhecido por ser um colecionador de mulheres. Peter sentiu o sangue ferver ao constatar que Ellie tinha aceitado uma carona dele e teve mais raiva ainda quando Fred afastou algumas mechas escuras dos cabelos dela, para colocá-las atrás da orelha. Ele freou o carro de repente, chamando a atenção dos dois que estavam do outro lado da rua. Ellie recuou, assustada. Fred prontamente se colocou na frente dela. Nenhum dos dois reconheceram Peter até que o mesmo descesse do veículo. — Fernsby!— Exclamou Fred, aliviado. — Você ficou maluco de vez? Quase nos mata do coração! — Eu preciso falar com a Eleanor a sós. Você já estava de partida, não estava, Simpson? — Na verdade, eu convencia a Ellie a terminarmos a noite com um ou dois drinques… — Adeus, Simpson.— Peter o lançou um olhar gélido. Ele engoliu em seco, intimidado. Peter sabia ser bastante intimidador quando queria. — Vejo que vocês têm algo muito importante para tratar. Nos vemos em outro momento, Eleanor.— disse o homem, indo embora em seguida. Peter deu um sorrisinho vitorioso, o que deixou Ellie ainda mais furiosa. — Quem você pensa que é para mandar os meus convidados embora? — Fred Simpson é um canalha aproveitador. Ele só se aproximou de você para fazer exatamente o que faz com todas as mulheres. — E você é diferente, por um acaso? Não tem a menor moral de criticar a conduta dos outros. — Eu não estou criticando, Eleanor. Essa é a minha tentativa de te proteger. — Eu não estou pedindo a sua proteção. — Não seja ingrata. — E quer saber? Eu não vou perder meu tempo discutindo com você. Boa noite.— ela fez menção de se voltar para dentro de casa. Peter, no entanto, foi mais rápido ao puxá-la pelo antebraço e a pressioná-la contra o seu corpo. Ela não teve tempo de reclamar, Peter cobriu a sua boca com a dele. A princípio Ellie se debateu, mas como praticamente todas as vezes em que Peter a beijou, deixou-se levar. As mãos do Peter seguravam fortemente a sua cintura, mantendo-a com os s.eios pressionados em seu tórax. Ellie afastou-se um pouco apenas para recuperar o fôlego, uma das mãos do Peter foi parar detrás da cabeça dela, para beijá-la novamente. Ela o aguardava com os lábios semiabertos e quando o beijo recomeçou, foi com mais intensidade do que o outro. Ellie não sabia onde aquilo iria parar, se não fosse Odete chegar de repente. — Ellie?— ela perguntou, surpresa. Na hora do susto, os dois se afastaram imediatamente. — Odete?— ela perguntou, ainda com falta de ar. — Acho que está na hora de você dormir. Temos um compromisso amanhã cedo. A outra prontamente aquiesceu e entrou em casa, sem se despedir. Peter foi embora logo depois, também estava muito confuso com tudo aquilo. Por que diabos ele não continuou o seu caminho para casa? Por que precisou parar e interferir no flerte da Ellie. Por mais que seus pais fossem amigos de infância, por mais que tivesse muita consideração por Lowell quando o mesmo era vivo, não deveria se preocupar tanto com Eleanor. Ela já era uma mulher feita, sabia muito bem o que fazia. Do outro lado, Ellie estava super transtornada por ter fraquejado daquela forma. O pior é que outra pessoa foi testemunha da sua fraqueza. — Eu estou incrédula. Ellie… — Odete, por favor.— ela pressionou as têmporas, sua cabeça parecia prestes a explodir. — Olha, aquele beijo que eu vi lá fora foi um bombardeamento. Ellie, vocês estão apaixonados. — Não me diga um absurdo desses. Aquele canalha do Fernsby está usando todas as suas armas para me tirar do combate, mas não vai conseguir. — Aquele beijo não parecia nenhuma estratégia de guerra. Parecia um homem que desejava uma mulher, e uma mulher que retribuía esse desejo. — Bom, eu vou dormir. A última coisa que eu faria na minha vida é dar algum tipo de trela para Peter Fernsby.— Ellie logo deu um jeito de se afastar. Não perderia mais um segundo da sua noite falando daquele homem. Já era o suficiente que estivesse ocupando os seus pensamentos, e aquilo ela não tinha como controlar. Bastou deitar a cabeça no travesseiro que veio a lembrança daquele beijo. — Esquece disso, Eleanor. Fernsby não vai conseguir o objetivo dele. Ele não vai bagunçar a sua cabeça.— disse a garota para si mesma, se obrigando a dormir. Peter também se convencia de coisas parecidas. Precisou tomar um banho gelado, de casa, para tentar diminuir o calor do seu corpo e as formigações que incomodavam o seu m****o depois daquele beijo roubado. — Você não pode permitir que Eleanor Lowell confunda a sua cabeça dessa forma. Ela é só uma mulherzinha irritante que acabou de sair das fraldas. Isso é só uma estratégia para tirá-la do seu caminho. … No outro dia, Ellie acordou determinada. Ela não permitiria mais que Fernsby interferisse na sua vida daquela forma. Não perderia mais uma noite de sono por causa dele. Enquanto conduzia o seu volante para o restaurante beira-mar em que Peter costumava frequentar as segunda-feiras com os investidores e acionistas da fábrica, ela pensava em tudo o que diria para ele. Os planos era chegar um pouco antes para não criar uma cena na frente de ninguém. Por acaso, quando Ellie chegou, Peter já estava muito bem servido na companhia de Sasha Thompson. Os dois ficaram surpresos ao vê-la ali, já que a mesma não foi convidada. Ele ficou de pé assim que a outra invadiu o restaurante. — Eleanor? O que faz aqui?— Perguntou Peter, surpreso. — Vim fazer exatamente o que você fez ontem a noite, quando enxotou minha visita. Ou achou que a sua intromissão na minha vida não teria troco? Sasha continuou sentada e quieta no seu lugar, olhando de um para o outro. Por mais que quisesse tirar satisfações, ela sabia que não tinha esse direito. Afinal de contas, Peter e ela não tinham nenhuma relação séria. O que não significava que Ellie não sentiu o gosto da bile queimando na garganta de tanto ciúmes. — Eu te fiz um favor, Eleanor. Um favor, em consideração ao seu falecido pai que era o melhor amigo do meu pai. — O beijo que você me roubou também foi em consideração a ele?— Retrucou Ellie, com um sorriso malicioso. Sasha ficou sem reação, assim como Peter, que nem mesmo teve palavras para rebater. — Vou ver esse silêncio como uma concordância de que você não vai mais se meter no meu caminho. Da próxima vez, a cena será feita na frente dos acionistas. Até mais.— Ellie saiu logo em seguida. Peter permaneceu em pé, estático. As pessoas que estavam no local olhavam para ele, críticos e curiosos. Sasha levantou-se depressa e pegou sua bolsa. Não ficaria ali depois daquela humilhação. — Sasha… Sasha, espere.— ele foi atrás dela. A mulher caminhou depressa, parecendo irredutível em sua decisão. — Me deixa em paz, Peter. — Por favor, me escuta. — Escutar o quê?— Sasha parou de repente, voltando-se para ele.— Eu já te dei a chance de se explicar. Eu me recuso a ser um prêmio de consolação. — Do que você está falando? Prêmio de consolação? — Não se faça de i****a, Peter. Eu te perguntei várias vezes o que estava acontecendo entre a Eleanor e você, mesmo tendo certeza que todo esse ódio é muito suspeito. Peter ficou quieto. Ele não era dissimulado para negar o que a Eleanor falou. — Você não teve a capacidade de me dizer a verdade, Peter. Eu não sou burra e não admito que tentem me fazer de burra. Enquanto estiver nesse enlace com a Eleanor, esqueça de mim.— ela voltou-se para frente e caminhou para longe. Peter apertou os punhos com força. Aquela afronta da Eleanor não ficaria sem resposta.
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