Aquele era mais um jantar de negócios no qual Peter estava acostumado a comparecer.
Criou com o avô o hábito de frequentar o club do charuto pelo menos uma vez por mês. Ele não costumava fumar, detestava aquele gosto forte na boca, apenas fingia para socializar com os seus amigos que pertenciam ao meio.
Em sua mão tinha um modelo cubano que pertencia a um pequeno lote de Cohiba Talisman, no valor de dois mil dólares.
Peter teve a sensação que fumava os seus sapatos, já que o preço era o mesmo.
Do outro lado do salão estava Eleanor - totalmente deslocada- com um pequeno grupo de mulheres que não tinha nada a ver com ela.
Peter a observou durante todo o evento.
Uma moça do interior da Inglaterra, vinda de uma família simples que fez uma grande fortuna recentemente - nada comparado aos bilhões da família do Peter-, não se identificava em nada com aquele mundo.
Ela fingia se interessar pela conversa fútil das outras, olhava com atenção quando conversavam socialmente com ela, desviava com destreza dos homens que tentavam forçar uma i********e que não existia, e até tentou fumar um charuto, mas teve uma súbita falta de ar e precisou ir até o banheiro se recompor.
Um dos homens que circulava ao redor dela parecia gentilmente dispor a socorrê-la, mas Peter o impediu antes mesmo que cruzasse o corredor para o toalete.
Ellie passava um pouco de água no pescoço quando alguém entrou.
Seus olhos quase caíram da cara ao ver que Peter Fernsby estava ali - aparentemente mais sóbrio do que o restante das pessoas-.
A garota prontamente voltou-se para trás, na direção dele.
— Você não pode entrar no banheiro feminino. Se alguém te pega…
— A grande maioria está bêbada o suficiente para não perceber. O restante está mais preocupado com quantos charutos conseguirão fumar nesta noite.
— O que você quer?— ela cruzou os braços.— Vai ficar me perseguindo?
— O que está fazendo, Eleanor? Isso aqui não é lugar para você.
— Por que não? Porque eu não nasci com uma herança bilionária como você?— Rebateu a garota, com ironia.
— Você é muito inocente, Eleanor. As pessoas aqui são raposas velhas. Alguém te leva muito fácil na conversa.
— Eu acho incrível como você me subestima.— Ellie se afastou da pia para se aproximar dele.— Não esqueça que eu estou tocando uma fábrica. Não esqueça também que eu fui criada para ser uma mulher de negócios. E eu posso te garantir, Fernsby… Uma mulher de negócios não escuta qualquer conversa.
— Escuta quem tem mais experiência do que você. Se a sua mente fosse mesmo tão forte, você não teria quase se asfixiado tentando fumar um charuto.— ele arqueou uma das sobrancelhas loiras.
— Não sei do que você está falando.— ela cruzou os braços.
Com um sorriso malicioso, Peter se aproximou apenas o suficiente, de modo que o seu nariz alcançou a boca dela.
Ellie esquivou-se para trás, incomodada. Das últimas vezes que estiveram tão próximos, aquilo não terminou muito bem.
— O cheiro forte está na sua boca.— Peter caminhou mais um passo para a frente.
Ele encostou o nariz, dessa vez, no pescoço dela.
— E também na sua pele. Você cheira a charuto cubano, e ainda quer me convencer de que não pode ser influenciada? Em SunFlowers ninguém sabe sequer o que é isso.
— E claro, você não perderia a oportunidade de passar na minha cara que eu sou uma caipira.
— Você não me deixa outra saída, Eleanor.
— Escuta… Eu vi a sua ex namorada Londrina e influencier transitando por aqui. Por que não vai atrás dela e para de encher o meu saco?
— Falando assim, parece que tem ciúmes.— ele puxou o canto da boca em um sorriso malicioso.
Ellie engoliu em seco. Ele estava perto de mim, e era impossível não perceber o quanto Peter Fernsby era lindo.
— Não seja ridículo.
— Mais ridículo do que uma pessoa que está no clube do charuto, mas não fuma charuto?
— A maioria dessas mulheres não fumam.
— Mas estão acompanhando os maridos, que fumam.— ele fez menção de tocar na ponta do nariz dela.
Ellie afastou a mão dele.
— Eu estou cuidando do meu networking, da mesma forma que você deveria cuidar da sua vida.
— Eu só estou me preocupando com você, Eleanor.
— Esse nunca foi o seu papel.— ela fez menção em caminhar na direção da porta de saída.
Peter a segurou pelo antebraço e a puxou contra a sua direção. Os olhos azuis e profundos cobriram os dela naquele momento em que os dois se fitaram.
Ellie chegou a espaçar os lábios como se pretendesse rebater alguma coisa. Os olhos dele seguram os lábios dela, os olhos dela seguiram os olhos dele.
Peter a beijou antes mesmo de que Ellie pudesse tomar consciência de que estava prestes a ser beijada.
Uma de suas mãos grandes segurou a base do pescoço dela, antes dos dedos longos se enfiarem pelos fios escuros. Ellie o retribuiu com a mesma urgência, sem se dá ao trabalho de desviar do beijo. As duas línguas mornas se encontravam com domínio, enquanto Peter a conduzia para a parede que tinha logo atrás.
O topo da cabeça de Ellie alcançava o queixo dele, o que a fazia precisar ficar na ponta dos pés para poder beijá-lo.
As duas mãos dele escorregaram pelas costas estreitas e alcançaram a curvatura bem desenhada das nádegas, para apertá-las.
Peter a ergueu no colo para sentá-la sobre a pia e se colocou entre as pernas dela. Tornou a segurar seus cabelos, seu quadril encontrava o dela de forma a pressioná-la.
Ellie arquejou quando involuntariamente afastou mais as pernas para que Peter coubesse no espaço. Ele beijou a lateral do pescoço dela calculadamente até as clavículas protuberantes, quando desceu para o meio do decote discreto do vestido azul-turquesa.
Ellie puxou os cabelos loiros para trás, o suficiente para encará-lo enquanto o mesmo tateava as costas dela em busca do zíper fino.
Não chegou a conseguir puxar nada, Ellie se desvencilhou a tempo. A própria ficou surpresa com o auto-controle, porque suas pernas tremiam e algo parecia estranhamente úmido demais dentro da sua calcinha.
— O que foi?
— Você precisa parar de fazer isso.— ela saltou da bancada da pia.
Cometendo o grande erro de ficar próxima demais dele ao fazer isso.
— Isso? Isso o que? Está querendo dizer “ isso”— O nariz do homem tocava o dela, quando a beijou novamente.
Dessa vez Ellie o empurrou a tempo de evitar perder a cabeça.
— Eu vou voltar para o salão. Faça o favor de não vim atrás de mim.— Ellie praticamente fugiu do banheiro.
No meio do caminho ela havia topado com Sasha, a mulher aparentemente procurava por alguém que deveria ser Peter.
As duas praticamente se chocaram com o encontro repentino.
— Eleanor.— disse Sasha, não parecendo muito feliz ao vê-la ali.
Como tinha chegado há poucos minutos, não havia se encontrado com a outra.
Ellie não se deu ao trabalho de dizer nada. Ela pisou duro para longe.
Peter veio logo atrás.
Foi aí que Sasha entendeu o que estava acontecendo.
Ela não demonstrou ciúmes, era mais esperta do que isso.
— Ai está você. Te procurei por todo esse salão. Toma um drinque comigo?
— C-claro, será um prazer. Eu também estava te procurando, este lugar não tem a menor graça sem a sua presença.— ele estendeu o braço na direção dela.
Sasha esboçou um sorriso grato, antes aceitar envolver o braço no dele.
Os dois se afastaram dali.
Peter deu uma última olhada para trás, Ellie estava bem longe dele, conversando com um pequeno grupo de senhoras.
Ela não evitou a curiosidade de olhar na direção dele.
Ver Peter com Sasha só a fazia ter certeza…
Ele queria brincar com ela, assim como fazia com todas as mulheres que cruzavam o seu caminho.