O que ele sente por aquela mulher?

1370 Words
Os olhos de Peter insistiam em olhar para qualquer ponto da sala de reunião, embora algo muito sórdido insistisse para que ele olhasse para Eleanor. Aqueles beijos que eles trocaram haviam realmente mexido com o pouco de sanidade mental que ainda lhe restava. O pior de tudo foi que após o desentendimento que teve com a Sasha, ela havia desaparecido. Agora, graças a presença incomoda de Eleanor, ele tinha dois problemas para se preocupar. Naquele momento, os resultados das votações estavam sendo apresentadas, as redes sociais da fábrica explodiu nas últimas semanas com tanta movimentação. Ellie estava aparentemente entretida ao olhar para a tela do computador portátil da diretora de marketing. No final, foram elegidas três pessoas totalmente fora do que era considerado o padrão da Dynasty. A primeira foi Nina, uma moça n.egra que trabalhava de doméstica na casa de um dos funcionários da fábrica. O segundo foi Victor, um latino que veio fazer intercâmbio e acabou conseguindo um visto para permanecer no país, para trabalhar como vendedor. A terceira foi Theresa, uma moça com sobrepeso e que trabalhava de “ Call center”. Todas aquelas três pessoas jamais sonhariam em consumir os produtos tradicionais da Dynasty, mas agora, com Ellie trabalhando para mudar o público alvo da empresa, eles davam a cara perfeita para a linha popular que ela estava tentando implementar. — Eu quero que os três recebam um convite para o aniversário da Dynasty, eles serão apresentados para todos na ocasião.— disse Ellie, empolgada.— Também já teremos todo o catálogo montado. Eu sinto o cheiro do sucesso. — Devagar, Eleanor. Todos estão empolgados com a novidade, mas quando deixar de ser “ novidade” pode perder a graça. Ainda por cima, com essa sua ideia, corremos o risco de perder os nossos antigos clientes. — Eu fiz uma pesquisa antes de propor a minha ideia, Peter. Já tivemos essa conversa e eu me n**o a continuar sendo repetitiva. — Bom… Não tem mais o que discutir a essa altura.— Interferiu Edgar ao perceber que os humores estavam começando a se alterarem. — Já foi dito tudo o que precisava, não é? Não vejo mais necessidade da minha presença aqui.— Peter ficou de pé e saiu em seguida. Edgar e Thomás, vendo o mau humor repentino do amigo, foram atrás dele. — Se tratando desse assunto é bem comum que você fique assim, isso é fato.— Observou Thomás.— Mas algo parece diferente, não sei. Você parece atordoado. — É tudo acontecendo ao mesmo tempo. A Eleanor, a Sasha… — Os seus problemas com a Eleanor são velhos, mas com a Sasha me surpreendeu.— Comentou Edgar. — Por culpa da Eleanor eu acabei sendo grosseiro com ela. Os dois amigos o lançaram um olhar questionador. — A Sasha deu a entender que suspeita que eu posso ter alguma coisa com a Eleanor.— ele deu uma risada irônica.— Que ridículo. Tanto Edgar quanto Thomás se entreolharam com as sobrancelhas arqueadas. Ninguém parecia tão certo daquilo. A voz do Peter vacilava, nem ele mesmo estava convencido do que falava. — Não me olhem assim. Sabem perfeitamente que a Eleanor não é o tipo de mulher que me agrada. Além do mais, eu nunca suportei aquela menina. É um absurdo que qualquer pessoa ache que eu possa estar… — O que aconteceu entre a Eleanor e você, Fernsby?— Edgar cruzou os braços. Peter respirou fundo. — Ontem eu estava indo para a casa de campo e essa maluca bateu no meu carro. Daí se viu na obrigação de me dar carona, mas o carro dela atolou e por já ser tarde não tinha reboque. — Me deixa adivinhar… Vocês passaram a noite juntos.— Deduziu Thomás. — Não!— Exclamou Fernsby, exasperado.— Q-quer dizer, sim, mas não desse jeito. Ela passou a noite na casa de campo, mas não na minha cama. — Até aí eu acredito, mas é certo que algo aconteceu e você não quer contar.— Insistiu Edgar. — O problema é que a Eleanor é uma matraca. Quando ela começa a falar não para mais, então a única forma de solucionar esse problema foi dando um beijo nela. — Você beijou a Eleanor?— Perguntou Edgar, surpreso. — Beijei. Mas o pior é que não foi um beijo qualquer. Teve pele e parecia… Parecia que eu desejava ela. O meu corpo reagiu a esse beijo, se é que me entende. — É… Eu acho que você não odeia tanto a Eleanor como sempre pensou.— Brincou Thomás. Peter o fuzilou com os olhos. — Ah, mas eu vou reforçar aquela proposta que fiz para ela. Um ano é o suficiente para aturar a Eleanor com essas maluquices dela. — Já é hora de dar o braço a torcer, Peter.— Edgar aproximou-se um pouco, apenas para deixar um leve tapa no ombro dele.— O seu orgulho não pode fechar os seus olhos para a verdade. A ideia da Eleanor foi genial. — Genial.— Resmungou Peter, antes de caminhar para longe. Ele precisava ir atrás da Sasha e tentar recuperar o estrago que quase fez por culpa da Ellie. — É… Eu imaginei que isso fosse acontecer algum momento.— Comentou Thomás. — É sempre assim. O que não vai terminar bem é o envolvimento da Sasha nessa história. Sabemos bem como ela pode ser maquiavélica quando se sente usada.— Concordou Edgar. … Como Peter pensou, não seria fácil convencer Sasha a desculpá-lo, ela não era o tipo de mulher que aceitava grosseria a troco de nada. Ele até tentou se redimir. Foi pessoalmente no apartamento dela com uma garrafa de vinho e uma caixa com variedades de comida japonesa - exatamente o que Sasha gostava-. — Acha mesmo que pode agir como se não houvesse acontecido nada, depois da grosseria com a que você me tratou?— Sasha cruzou os braços. Ele ainda estava parada na soleira, de frente para o elevador que dava para o apartamento dela. — Será que você pode me dar uma chance de me redimir?— ele insistiu. Sasha apenas respirou fundo antes de dar espaço com o corpo para ele passar. Sabia que poderia barganhar algo interessante. — Espero que eu não me arrependa. — Trabalhar com a Eleanor tem sido um inferno. Ela faz tudo para destruir a tradição da Dynasty, e como se não bastasse, eu posso perder o cargo para ela no final do ano. Sasha arregalou os olhos, surpresa. — Uau. Peter Fernsby admitiu que pode perder alguma vez na vida. Será uma evolução espiritual?— Provocou Sasha. — Eu estou falando sério, Sasha. Não confiei dizer algo assim a ninguém. — Eleanor é inteligente e corajosa. Por mais que eu seja capaz de passar por cima dela como um trator caso se meta no meu caminho, não posso deixar de reconhecer. — Eu não deveria ter falado com você daquele jeito, Sasha, você não merece ser tratada com grosseria. Isso nunca mais vai voltar a se repetir. — É melhor que não volte mesmo, Fernsby. Se você me tratar m.al uma outra vez, eu desisto de trabalhar com você. Eu largo a campanha da Dynasty. — Então aceita a minha proposta de paz?— Fernsby ergueu a garrafa de vinho. Sasha prontamente segurou o objeto. Ela serviu duas taças, acomodando-se no sofá ao lado do homem. — Não vai mesmo me contar sobre o que está acontecendo entre a Eleanor e você? E não estou me referindo a esse briguinha sem pé e nem cabeça que vocês sempre tiveram. — Por que você insiste na hipótese de que aconteceu alguma coisa? — Não é uma hipótese, Peter. Eu sinto a tensão s.exual que existe entre vocês. Peter engoliu em seco. Aquilo dito em voz alta parecia um absurdo. Só se existisse vida humana em um outro planeta localizado em um universo totalmente paralelo. Aquela, sim, era a única forma de que pudesse existir alguma atração s.exual entre Ellie e ele. — Não vai dizer nada?— Insistiu Sasha. — Eleanor não significa nada mais além do que uma dor de cabeça. Jamais sentiria qualquer outro tipo de sentimento por aquela mulher.
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